A foto foi, em seguida, colorizada pela craque Christiane Wittel.
sábado, 16 de julho de 2022
BONDE DA SÉRIE 1800
A foto foi, em seguida, colorizada pela craque Christiane Wittel.
sexta-feira, 15 de julho de 2022
quinta-feira, 14 de julho de 2022
PEQUENOS MERCADOS
Como contam Gorberg & Fridman, mercados regionais eram antiga reivindicação dos habitantes do Rio. Com a quase exclusividade no final do século XIX do Mercado da Candelária, que depois viria a ser substituído pelo Mercado da Praça XV, os lavradores às vezes não conseguiam vender seus produtos.
Em 1899 pequenos mercados foram autorizados
a funcionar desde que:
1)
Seguissem todos os preceitos de
higiene, fossem de ferro sobre base de alvenaria e destinados exclusivamente
aos produtos da pequena lavoura, peixes, aves, etc.
2)
Fossem construídos nos pontos
designados em terrenos próprios ou desapropriados da Prefeitura.
3) Tivessem prazo de concessão de 20 anos.
4)
Findado este prazo reverteriam para a
Prefeitura os mercados e os respectivos terrenos.
Foram autorizados os
seguintes pontos:
Distrito da Glória
vizinho à Praia do Russel.
Largo de São Salvador.
Aterrado vizinho ao Morro
da Viúva (atual Praça Nicarágua).
Perto do Largo do
Guimarães.
Praça General Osório
(Largo do Capim).
Vizinhanças das ruas Uruguai
e Conde de Bonfim.
São Christóvão próximo ao
antigo matadouro (Praça da Bandeira).
Praça Sete de Março em
Vila Isabel (Praça Barão de Drummond).
Praça da Harmonia.
No Méier perto da Estrada
de Ferro Central do Brasil.
Santa Cruz.
Inhaúma.
Mercado Público da Praça da Bandeira. Estrategicamente localizado para atender aos bairros do Rio Comprido, Tijuca, Vila Isabel, São Cristóvão e outros na direção da Zona Norte.
Esta foto faz parte do livro “Mercados no Rio de Janeiro”, de Samuel Gorberg e Sergio Fridman,
Mercado da Praça General Osório. Anteriormente o local era conhecido como Largo do
Capim. Ficava entre as ruas Uruguaiana
e dos Andradas, abrangendo as de General Câmara e de São Pedro. O local
desapareceu quando da construção da Av. Presidente Vargas na década de 40.
Mercado de Madureira. Vejam o comentário de 08:11 sobre este mercado.
quarta-feira, 13 de julho de 2022
BONDE 57
Hoje vemos o bonde 57, nº de ordem 1902, da linha Caju, abarrotado de gente. O Helio Ribeiro informa que, em 1957, o itinerário era o seguinte:
CAJU e CAJU RETIRO (ambas as
linhas):
Praça da
Independência - Constituição - Praça da República (igreja de São Jorge) - Presidente
Vargas (lado ímpar) - Francisco Bicalho - Francisco Eugênio - Figueira de Melo –
São Cristóvão - Benedito Otoni - Rua Praia de São Cristóvão - Gen. Sampaio. Daí
em diante, a linha CAJU seguia por General Gurjão - Ponta do Caju e a CAJU
RETIRO por Carlos Seidl (antiga Rua Retiro Saudoso), até o número 1293.
Sobre a Ponta do Caju podemos recordar que desde a década de 1840, com a construção do cais na enseada de Botafogo, havia um serviço de barcos a vapor da Ponta do Caju até lá. Este serviço de barcas era o principal meio de transporte do Centro a Botafogo, com barcas para o Saco do Alferes, para a Ponta do Caju, para o Cais do Brito, perto do Cais Pharoux, e para a Praia do Caju.
E nem podíamos imaginar o que este povo todo sofria perto do ponto final, como veremos abaixo.
Reportagem
do “Correio da Manhã” de 1957 dava conta que o trajeto do bonde 57, Caju-Retiro,
lembrava o tempo das diligências.
“Na época em que o viajante se aventurava pelos territórios proibidos do Velho Oeste, sem a competente escolta na boleia, estava condenado a ser depenado pelos índios mal intencionados. E não havia cocheiro bigodudo que arriscasse o couro cabeludo sem a garantia de dois valentes, rifle a tiracolo, zelando pela sua saúde.
No Rio de Janeiro, neste ano da graça de 1957, as coisas corriam um pouco menos sanguinolentas. Os nossos índios da Praia de São Cristóvão e adjacências, embora perdoando as melenas dos condutores, motorneiros e passageiros que violavam noturnamente seus domínios, a bordo das diligências elétricas, frequentemente depenavam os bolsos de desses intrusos e recorriam ao castigo corporal para premiar sua imprudência.
Tantos assaltos sofreu a diligência encarregada de cobrir o percurso Caju-Retiro que, preocupada com a carcaça de seus veículos e funcionários expostos à rapinagem violenta desses comanches e mescaleros sancristovenses, Dona Light então decidiu só fazer os bondes trafegarem nesta linha durante o dia.
O estrilo da matrona canadense despertou os até então sonolentos “Vigilantes de Rio City” fazendo com que um par de anjos da guarda, fardados de cáqui, pau de fogo à cinta, fosse destacado para acompanhar cada diligência da linha Caju-Retiro em seu trajeto noturno.
Desde então, ao badalar das oito horas da noite, o trio solene toma posição na boleia do bonde que irá desafiar a ira das tribos do Caju, tendo ao centro um garboso motorneiro, mais sossegado e mais seguro em seus cultivados bigodes, com a garantia da santa proteção de Cosme e Damião”.
Nem tudo eram flores naquela época...
terça-feira, 12 de julho de 2022
BATALHA AÉREA NO RIO
Deparando-me com esta foto fui à Internet pesquisar sobre esta aeronave em vários “sites”. Os especialistas no assunto poderão fazer as correções necessárias, já que meu conhecimento nesta área é mínimo.
Durante a 2ª Guerra
Mundial, nos anos 40, várias bases norte-americanas foram instaladas no Brasil,
principalmente no Nordeste. Em 12 de novembro de 1943 um esquadrão de Martin
Mariner PBM-3S mudou sua sede para a Ilha do Governador, na NAF Galeão, no Rio
de Janeiro. Deixaram um destacamento de três aeronaves em Aratu. Para os
americanos, apesar da NAF Galeão estar mais perto da zona de caça aos
submarinos inimigos, as condições de vida eram consideradas “primitivas” e
frequentemente o lugar estava envolto na névoa no amanhecer.
O Martin Mariner PBM-3S tinha
menos armamentos que outras aeronaves: somente quatro metralhadoras, todas
manuais. A quantidade menor de armamento era compensada com uma carga maior de
combustível, já que o PBM-3S era uma aeronave antissubmarino de longo alcance. O
Martin PBM Mariner foi um hidroavião usado pela Marinha dos Estados Unidos nas
décadas de 1930 e 1940. "PB" significa "Barco de Patrulha",
sendo "M" a marca comercial da Martin Company, seu fabricante.
Vemos nesta foto o U.S.
Navy Martin PBM-3S Mariner of Patrol Bombing Squadron 211 (VPB-211) voando
sobre o Arsenal de Marinha em dezembro de 1943. Aparecem também vários destroieres incompletos.
Este aeroplano foi usado em 1941 na
Batalha do Atlântico, ajudando a afundar dez U-boats dos alemães. No ano
seguinte teve papel importante na ligação entre o Havaí e o Pacífico Sul.
Participou da campanha desde as Ilhas Marianas até Iwo Jima e Okinawa. Foi
muito usado nas operações de salvamento de pessoal da Marinha e da Força Aérea.
No final da guerra foi dos primeiros a chegar à Baía de Tóquio.
Vemos os PBM Mariner voando
perto do Corcovado em 1943. Em 31 de julho de 1943, um submarino alemão U-199
foi surpreendido na superfície, ao largo do Rio de Janeiro, atacado e afundado
na posição 23º54’S – 42º54’W, por cargas de profundidade, por um avião
americano PBM Mariner (Esquadrão VP-74 – Marinha dos EUA) e duas aeronaves
brasileiras (Catalina “Arará” e Hudson), resultando em 49 mortos e 12
sobreviventes.
Aqui vemos o PBM-3c do
VP-211 sendo baixado ao mar na rampa de hidroaviões do Galeão. O Pão de Açúcar
aparece no horizonte, bem no centro da foto.
A foto mostra um PBM-3c
do VP-211 decolando na frente da Base Aérea do Galeão.
Nos anos pós-guerra estas
aeronaves estiveram envolvidas na exploração do Ártico e da Antártica e na
Guerra da Coreia.
Aos interessados na
participação aérea do Brasil na 2ª Grande Guerra encontrei este “site” que
parece interessante:
https://www.abul.org.br/biblioteca/146.pdf
segunda-feira, 11 de julho de 2022
EDIFICIO PALATIUM
Outro dia a incansável pesquisadora Conceição Araújo comentou sobre o Edifício Palatium, sobre o qual eu não tinha conhecimento. Vários comentaristas se manifestaram e o prezado J.A.C. Maia conseguiu o livro da época do lançamento (foram impressos 5000 exemplares pela Empresa Edanee, de São Paulo), origem das fotomontagens que aparecem aqui hoje. Neste livro constam ainda as plantas dos diversos andares, além de uma homenagem ao Presidente Getulio Vargas nas primeiras páginas.
Fica aqui o agradecimento à Conceição Araújo e ao J.A.C. Maia por possibilitarem esta postagem.
Pesquisas que fiz no “Correio
da Manhã”, “Diário de Notícias” e “O Jornal” complementam esta postagem.
Os incorporadores
desejavam que o Palatium constituísse uma nova demonstração não só da
capacidade da engenharia brasileira, como da excelência da indústria nacional.
Evitariam, o quanto possível, a aplicação de material estrangeiro, usando
produtos da indústria nacional como a cerâmica, os azulejos, os aparelhos
sanitários, as ferragens, os mármores.
Na época os dois prédios mais altos da América Latina eram o “Cavanagh” em Buenos Aires, e o “Palacio Salvo” em Montevidéo, com 30 e 26 pavimentos, respectivamente. O Palatium superaria a ambos. Foi um sucesso de vendas quando do lançamento da obra.
O terreno onde seria
construído o Edifício Palatium, na esquina da Almirante Barroso com Rio Branco,
era onde existia o Teatro Phoenix e o Palace Hotel. Em 23/11/1940 foi assinado
o contrato para a demolição do Palace Hotel. Foram compradores José Coelho
Pereira Junior e Luiz Coatz (que já demolira os antigos prédios da Associação
Comercial, do Tesouro Nacional e do Teatro Lírico).
O projeto teria 32
andares, 160 metros de altura, 8 elevadores, lojas, cineteatro, 800 salas de
escritório, um hotel com 300 quartos com banheiros, etc...
Em 1941 foi feita uma
maquete de 2 metros de altura por 1,40m de largura que foi exposta no salão
nobre do Palace Hotel para visitação os sete dias da semana.
O Palatium teria uma
entrada única pela Almirante Barroso, com um “hall” de cerca de 20 metros de
largura por 12 de profundidade, sobre o qual se abririam 3 acessos, um para um
grande restaurante, outro no centro para os amplos elevadores dos escritórios e
o terceiro para os três elevadores do “apart-hotel”.
Os primeiros andares
seriam de lojas, os escritórios iriam até o 20º andar, a partir daí, com 3
elevadores exclusivos, haveria um “apart-hotel” até o 30º andar, tipo sala,
quarto, quitinete. O 32º andar seria ocupado por um grande salão e dependências
destinadas a um “night-club”.
Em 21/10/1940 foi
assinado o contrato de financiamento pela S.A. Martinelli, com tabela Price,
30% de entrada e prazo de 15 anos. Incorporadores: Cia. Imobiliária Rex e Costa
Pereira, Bokel Ltda. Projeto de Costa Pereira, Bokel Ltda. com a cooperação dos
arquitetos Mario Maranhão e Adalbert Szilard. Na mesa desta reunião estavam o
Comendador José Martinelli, ladeado pelos drs. Carlos Saboia Bandeira de Mello,
advogado da S.A. Martinelli, Nelson Almeida, da Imobiliária Rex, Roberto
Marinho, diretor de “O Globo”, Mattos Pimenta, presidente da Bolsa de Imóveis.
O custo total do Palatium,
prédio em estilo neo-clássico, seria de 150 mil contos de réis. As vendas,
realizadas exclusivamente por corretores da Bolsa de Imóveis (Av. Rio Branco nº
128), foram um sucesso.
Em maio de 1941 foi
publicado no “Diário Oficial”, Seção II, do dia 12, a aprovação pelo Secretário
de Viação e Obras da Prefeitura a planta do Palatium, “o mais sumptuoso edifício
da América Latina”.
Entretanto, em julho de
1941, após centenas de artigos e anúncios exaltando o empreendimento, o “Correio
da Manhã” noticiou que “As plantas aprovadas em maio sofreram tão profundas
modificações no projeto original por exigências da administração que os que
preferirem desistir da compra poderão comparecer à S.A. Martinelli para devolução
do valor investido.”
Entre as exigências da
Prefeitura constava construir uma galeria de 70 metros de comprimento por 7 metros
de largura cortando o edifício. Além da perda de 490 metros quadrados tal
galeria afetaria toda a estrutura do prédio projetado.
Mais adiante, conforme
conta o “Diário de Notícias”, nem mesmo o Palace Hotel foi demolido no início
dos anos 40, somente cerca de dez anos depois.
O projeto acabou
abandonado. Uma versão é que foi por veto do Ministério da Aeronáutica que
alegou que a altura do prédio prejudicaria a aterrissagem dos aviões no
Aeroporto Santos Dumont. Haveria que deixar de construir 10 pavimentos, o que
não seria rentável. Outra versão é que a Prefeitura não queria que hotéis
fossem demolidos.
Desenvolveu-se então um
litígio em torno do edifício do Palace Hotel, que foi desapropriado pela
Prefeitura, tendo em vista a carência de hotéis no Rio. Martinelli acusava a
Cia. de Hotéis Palace de não entregar o imóvel já pago, alegando a
desapropriação feita pelo Prefeito Henrique Dodsworth. Já o advogado do Palace
dizia que era a S.A. Martinelli que não manifestava desejo de recebê-lo,
solicitando sempre mais e mais prorrogações. Alegou que quando da
desapropriação depositou judicialmente a importância que havia recebido da
compradora, mas entendeu que não podia mais fazer a entrega do prédio.
E o “imbróglio” continuou
envolvendo a necessidade de hotéis no Rio, tendo como participantes o Prefeito
Henrique Dodsworth, o Comendador Martinelli e Octavio Guinle representante do
Palace. Estava em discussão a reforma do Palace Hotel e a construção de um
outro hotel em Copacabana. Em 1946 faleceu o Comendador Martinelli. E não sei
como acabou o litígio.
Como não encontrei
notícias de processos relativos à devolução do dinheiro suponho que a S.A.
Martinelli acertou tudo com os investidores, bem diferente do que aconteceu com
outros empreendimentos similares, como o Panorama Palace Hotel em Ipanema (com
entrada pela Rua Alberto de Campos) e o Gávea Tourist Hotel (na Estrada da
Canoa, em São Conrado, empreendimento da Companhia California de
Investimentos).
As fotomontagens abaixo mostram como o Edifício Palatium seria visto, na época, de vários pontos do Rio.