quarta-feira, 8 de agosto de 2018

LEMOS & BRENTAR



 
Duas destas fotos já apareceram por aqui. A primeira de hoje e o texto do Gustavo Lemos justificam o tema ser de novo trazido.
“Vemos a instalação no corredor de entrada da Lemos & Brentar de um Puma em 1968. Ele permaneceu aí até 1980, quando foi removido, mudou de cor, e transferido para a fachada do prédio à direita onde está o letreiro Formad. O carro era meia carroceria que a Puma enviara de presente para os novos concessionários no Rio e substituiu um Fusca que estava pendurado no mesmo lugar.
Na época eu tinha quinze anos e estava aí acompanhando a instalação. Meu pai está de costas sobre o muro, na altura do capô do táxi DKW. A foto provavelmente foi tirada pelo Albino Brentar.
Lemos & Brentar em três tempos. A primeira fase foi de 1957 a 1968, com o Fusca pendurado em 1959. A segunda com o Puma que foi de 1968 a 1980. A terceira de 1980 a 1986.
Em 57, Aluizio Lemos e seu sócio em uma locadora de automóveis, Edgard Torres, compraram uma oficina na Rua Jardim Botânico nº 705, telefone 26-4351, que se chamava Auto Super, para fazer manutenção dos carros da frota. Em 59 a sociedade foi desfeita e na partilha dos bens meu pai ficou com a oficina, que resolveu explorar com o sócio remanescente da Auto Super, Albino Brentar.
Foi criada a Lemos & Brentar, especializada em VW, principalmente em preparação e montagem de Kits Okraza no motor e lanternagem para companhias de seguro, com as quais Aluizio tinha ótimo relacionamento. A ideia de colocar o Fusca pendurado surgiu de um carro que deu entrada na oficina com o lado direito totalmente destruído e a seguradora deu perda total. Compraram o carro por uma ninharia no estado, cortaram ao meio e penduraram na entrada.
Não se sabe de qual dos dois surgiu a ideia, já que ambos discutiram a autoria até a morte. O fato é que foi um grande sucesso, que atraiu a atenção da VW, que tinha acabado de inaugurar sua fábrica de São Bernardo. Tornaram-se concessionários da marca.
A fase Puma começou em 1968, pouco depois do lançamento do modelo com chassis VW. A L&B tornou-se a segunda concessionária da marca no país, perdendo apenas para a Comercial MM de São Paulo, que pertencia a dois sócios da fábrica. Venderam mais de 6.000 Pumas até o fechamento da fábrica.
Em 1979, compraram o contrato de locação da Formad, loja ao lado do corredor de entrada, e resolveram trazer a concessionária de motos Honda que tinham na Gávea (Setemo) para o local. A nova loja foi inaugurada em 1980.
Em 1986 foi vendida para a Auto Modelo, que estava desesperada atrás de um local para a concessionária VW da Lagoa que foi desativada para construção de prédios.
Albino faleceu em 2001, faltando um mês para completar 70 anos. Aluizio, meu pai, em 2007, com 80 anos.”
Uma reportagem do JB dava conta que “Albino é o sócio técnico e Aluizio o financeiro. Os dois entendem de Volkswagen, pois inclusive Aluizio tem todos os cursos, mas como ele mesmo diz, “o Albino é mais profundo”. Albino também reconhece que Aluizio, em questão de contas e impostos, é melhor e assim vão vivendo, cada qual, porém, com direito de meter o bedelho na parte alheia.
Tanto um como outro, ou seja, o Lemos e o Brentar, são hoje sossegados chefes de família. Assistem corridas e confessam-se inquietos quando ouvem uma motocicleta passar roncando pela rua. Sublimam, porém, a paixão dos motores no trabalho da oficina. E concluem: um homem deve fazer aquilo de que gosta na vida. E nós gostamos de motores.”


25 comentários:

  1. Famosa no Jardim Botânico. Não havia quem ignorasse a fachada.

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  2. Bom dia a todos. Fachada bastante conhecida, chamava a atenção de todos que por ali passava. Pelo menos hoje obiscoitomolhado, não terá dificuldades para identificar os automóveis suspensos.

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  3. Não posso precisar mas tenho quase certeza de que havia uma "meio fusca" suspenso dessa mesma forma em um estabelecimento na Avenida Brasil nos anos 60. Não sei se era uma loja de peças um estabelecimento industrial, ou mesmo uma concessionária. Naquele tempo existia uma imensa quantidade de estabelecimentos industriais na Avenida Brasil, depósitos, etc. FF. Com relação ao comentário postado ontem às 13:35 recomendando que assistam aos vídeos de Alexandre Frota, esclareço que não se trata de vídeos pornográficos como foi insinuado, já que sou avesso à esse tipo de lazer. Me referi sim aos vídeos de cunho político que, de forma inteligente, desqualificam personalidades esdrúxulas do meio político e que lamentavelmente pululam na política brasileira. Ao contrário de elementos de viés esquerdista e que são afeitos a "certo tipo de divertimento", é imperioso afirmar que os valores familiares estão sempre em primeiro lugar.

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    1. Bolsonaro convidou o Alexandre Frota pra ser o ministro da "cultura" dele. Até que eles se merecem...

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  4. Bom dia.

    Tenho a vaga lembrança de ter visto um meio-carro, mas só a parte dianteira, em algum lugar. Em tempos mais recentes havia um Mini pendurado na fachada de uma concessionária na Avenida das Américas. Não sei se continua, porque já faz alguns anos que não passo por aquele trecho.

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    1. Boa tarde. Este Mini Cooper ficava pendurado na Caltabiano, na Av. das Américas. Não sei dizer exatamente quando, mas a mesma fechou...

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  5. Bom Dia ! Lembro de 1/2 automóveis presos nas fachadas das concessionárias em vários locais. Ainda hoje vemos carros inteiros,pendurados por grua a mais ou menos 20 metros de altura.A criatividade nas vendas sempre inventa novidades. FF: Assim não General! Você deu uma de Dilma. Vai ser um prato cheio para eles baterem estribados no politicamente correto.

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    1. Esta citação do general Mourão é igual a uma do Roberto Campos: "São três as raízes da nossa cultura: a cultura ibérica, que é a cultura do privilégio; a cultura africana, que é a cultura da magia; e a cultura indígena, que é a cultura da indolência. Com esses ingredientes, o desenvolvimento econômico é uma parada..."

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    2. Essa assertiva é parcialmente correta, já que "pode haver" a cultura da magia em relação ao negro, mas também e principalmente a cultura da indolência é um fato. O segmento da raça negra que existe no Brasil é da etnia da tribo dos bantos. Eram basicamente errantes, viviam em choupanas, viviam da caça e de uma agricultura rudimentar. Eram praticantes da magia e de sacrifício de animais. Quase 50% deles sucumbiam nos navios negreiros devido a uma espécie de depressão que ara conhecida como "banzo". Não são reconhecidos como "grandes praticantes da atividade laborial". Já o segmento negro que povoa os EUA são oriundos da região subsaariana, Etiópia, e Somália. São tribos mais civilizadas que aravam a terra, pastoreavam o gado, e eram muçulmanos, e adoravam Alah! Obviamente não praticavam qualquer tipo de magia negra ou feitiço. Daí a principal razão de que praticamente inexistem "cultos afro" em terras de Tio Sam, seja umbanda, quimbanda, omolokô, e candomblé. Há relatos da prática de magia negra na Roma antiga. Um deles é mencionado no livro "Fabíola", do Cardeal Wiseman, onde são focados os eventos que culminaram com a morte do tribuno Sebastião, mais tarde canonizado e que diga-se de passagem não morreu flechado.

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  6. Vou lembrar aqui de uma concessionária VW que ficava (ainda tem? não sei...) no Campo de São Cristóvão, na mesma calçada do Pedro II e da sede regional do SBT. Essa concessionária tinha dois suportes de concreto que se projetavam para fora da fachada, e o carro ficava ali em cima. Não era uma laje não, eram duas vigas paralelas, vazadas entre si, em que mal cabiam os pneus do carro (não sei o nome técnico dessa estrutura). Eu adorava passar ali só pra ver o carro lá em cima, "prestes a cair", rsrsrsrs. Ficava imaginando como eles faziam para colocar o carro ali, já que trocavam o modelo em exposição com frequência. Não era igual a essa engenharia do Jardim Botânico, mas era igualmente impactante e na mesma linha de "carros suspensos".

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    1. Não resisti e fui pesquisar no Street View e ao lado do SBT tem um prédio bem maior onde pode ser visto no alto da entrada da garagem duas vigas em balanço, de concreto, projetadas sobre a calçada. Provavelmente colocavam o carro ali através de uma abertura no 2°. andar.
      Atualmente no local fica a Caçula, uma espécie de armarinho gigante (se é que podemos dizer assim), que não utiliza as vigas.

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    2. Luiz Antônio, pessoal, boa tarde.
      Eu lembro deste carro suspenso. Eram duas vigas em balanço, engastadas em uma extremidade e livres na outra. Realmente, o problema seria mesmo "dirigir" o carro até o ponto exato, sem cair de lá de cima.

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    3. Waldenir, boa tarde. O cara tinha que ser mesmo bom de manobra, rsrsrs!!

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  7. Só mesmo "naquele tempo" para registrar uma cena como a da primeira foto.Sem nenhum quesito que possa ao menos lembrar segurança,vários indivíduos em uma manobra arriscada para suas vidas como se nada estivesse acontecendo.Fosse hoje estaria ali um caminhão munck e vários tipos de EPI para a realização do projetado com segurança para os trabalhadores e não a bagunça que se vê na postagem. É depois ainda acham ruim quando eu continuo afirmando que sou Do Contra.

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    1. Acho que o Sr. Do Contra precisa ir ao oculista, será que ele não está vendo que nesta operação foi utilizado um caminhão com vários muques, e no caso de algum deles vir a falhar, havia quase meia dúzia para fazer a substituição, e se o muque avariado necessitasse de manutenção urgente, o taxi já estava aguardando para o levar para a oficina.

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  8. Muito legal a postagem, Luiz. Obrigado. A concessionária de São Cristóvão citada pelo Luiz Antônio chamava-se Guanauto e pertencia aos irmãos Pedro e Paulo Capetto. Tinha um elevador que levava os carros para o primeiro andar, e em seguida o carro exposto era colocado sobre dois trilhos e projetado para fora mecanicamente. O Pedro Capetto foi o fundador e por muitos anos presidente da ASSOBRAV, instituição que existe até hoje e que representa as concessionárias junto às fábricas.

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  9. O Belcar que está na foto parece muito conservado .Gostei. Na minha igreja já pensei em colocar uma imagem da Bíblia trabalhada em neon para chamar a atenção mas com a crise o negócio desandou e tarja verde não banca nem folheto de indicação dos cultos.Fica como está...*** O tal do Alexandre Frota como Ministro da Cultura não deixa de ser um espanto,assim como Dilma e Aécio liderando pesquisas para o senado em Minas.A cada dia o negócio fica mais complicado.E o chamado Fundo Partidário bancando várias siglas....

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    1. Pastor, o ex-futuro-presidente desistiu da candidatura ao senado e vai de deputado mesmo. Mais fácil de manter o foro privilegiado... Aí no futuro se candidata talvez a primeiro-ministro.

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  10. Gilmar Mendes abriu a porteira e mais 3 presos pelo Bretas vão para a rua.O Barata levou uma colher de sopa e o Cabral tá todo assanhado.

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  11. Gugol, obrigado pela explicação! Não sei quem é o autor desta frase: "a versão é sempre melhor que o fato". Sendo assim, prefiro continuar com minhas memórias infantis e pensar que algum manobrista-malabarista colocava o carro ali. No meu tempo de jornalismo automotivo, entrevistei muita gente da Assobrav. Devo ter entrevistado o Capetto, mas não consigo lembrar agora. Paulo Roberto, tb fui ao Google Maps e revi as vigas, elas estão lá, parecem mais finas do que descrevi. E parecem também não tão altas (só o primeiro andar do prédio), mas na minha imaginação de garoto nos anos 70 e 80 o carro aparecia quase na laje do prédio, rsrsrs. A Caçula é uma espécie de Casa Mattos 3.0. Beletti, o Aécio vai tentar vaga pra deputado federal; foi o que lhe restou. Pra encerrar meu comentário (não queria terminar falando de coisas ruins), eu sempre achei que aquele trecho do Jardim Botânico com o Puma na fachada da oficina dava à região um certo ar de São Cristóvão. Como se a rua Escobar tivesse sido transportada para o coração chique da Zona Sul.

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  12. Alexandre Frota seria risível como ministro da cultura ou como ocupante de qualquer cargo no executivo. Mas a verdade tem que ser dita: como "agente ddesqualificador" é ímpar! Sua verborragia é mortal e é lançada de tal maneira que qualquer "redenção" se torna impossível. Expressões usadas ao se referir a Lula como "estuprador de cabritas" e "facilitador de falcatruas" são impagáveis.

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    1. A verdade tem que ser dita... Que verdade? Verdade de quem? Eu tenho também muitas "verdades"...

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    2. Se todas as verdades forem postadas aqui seria mais do que desejável, afinal "este sítio" há muito vem funcionando como uma espécie de tribuna. São "novos tempos"...

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  13. Falando em automóveis, hoje no Carro Etc saiu matéria sobre a exposição dos carros no Village Mall até domingo...

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  14. Conheci o Lemos e o Brentar. Em 1973, mandei preparar um motor 1.900 para o meu KarmannGhia. Conversei principalmente com o Albino que me deu várias opiniões sobre a preparação do motor. O carro ficou um sucesso! Aliás, ficou maravilhoso e seria destaque ainda hoje, tenho certeza. Agradeço pela honra de ter conhecido estes caras!

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