As
fotos de Carlos Moskovics, colorizadas estupendamente pelo mestre Reinaldo
Elias, mostram as debutantes de 1944 na festa em benefício da Fundação Anchieta,
realizada no Copacabana Palace. Acho que, no Rio, já não se existem bailes de
debutantes.
Elsie
Lessa escreveu uma saborosa crônica sobre as debutantes, que resumo abaixo:
“Começa-se
com uns 16 anos de antecedência, está claro. Toma-se um “baby” bem-nascido, do
sexo feminino, uma babá de véu e avental engomado, várias dúzias de latas de
leite desidratado, um bom pediatra e um abecedário de vitaminas.
Ao
fim de alguns meses pode-se abandonar o leite em pó, conservando-se a babá, o
pediatra e as vitaminas. As viagens, se forem em hotéis e estações de águas de
luxo, também não são contraindicadas.
Depois
de alguns anos, conservando-se sempre o pediatra e as vitaminas, pode-se
substituir a babá por uma governanta alemã, francesa ou inglesa. Em seguida,
colégio de freiras e um pouco de dança clássica.
De
todos esses esforços conjugados costumam resultar certas adolescências, vestidas
de “tailleur” de tweed, a alva golinha esportiva enfeitando o “sweater” macio,
o fiozinho invariável de pérolas miúdas no pescoço, o sapato de salto baixo, o
cabelo descendo em ondas mansas até os ombros. Uma boniteza, enfim.
Quer
estudar Direito, mas não para exercer a profissão, está claro. Louca por
Tschaikowsky, leitora de Stefan Zweig, viagens à França, à Alemanha, à
Dinamarca, à Inglaterra, à Suíça. Frequentadora da Americana (onde toma um “malted-mild”),
do Country, de Petrópolis, acha Machado de Assis pessimista, Rebecca é um
grande livro.
O
moço que a ela gosta é outra boniteza, ombrão, paletó de camurça, cachimbo
inglês. Guerra, bombardeio, fome e destruição, acontecem longe, na terra dos
outros.
E
todos os anos o mundo para um pouco, olha vocês, meninas de quinze anos. Sois
um espetáculo que compensa, nos vossos tailleurs bem cortados, na seda macia
das vossas cabeleiras, na alegria doce, meiga e irresponsável dos vossos dentes
perfeitos.”
Assim
Elsie descrevia as meninas de 15 anos que debutavam de vestido branco comprido
no baile do Copacabana Palace.
Pela
pesquisa que fiz acho que eram estas as debutantes de 1944:
Gilda
Quadros Martins Ribeiro, Teresa Proença Pestana, Tute Burlamaqui, Yolanda
Bouças, Lia e Ligia Galvão, Lucia Continentino, Dalila Costa Coelho, Tereza
Correia do Lago, Elza Villela, Teresa Alencastro Guimarães, Maria Helena Lello.
PS: por que, na última foto, o cavalheiro à direita esconde o rosto do fotógrafo?
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Esse relato mostra a trajetória de uma jovem bem nascida na sociedade carioca em um tempo em que se privilegiava a educação e onde os bons hábitos e as boas práticas eram uma rotina nas famílias brasileiras. Os bailes de debutantes eram muito mais do que uma festa e sim um marco da entrada de uma jovem na sociedade. Quando no Século XXI observamos jovens de 15 anos praticando atos reprováveis com como se entregar à uma promíscua lascivia em bailes funk e baladas onde não faltam bebidas e drogas, e suas práticas sexuais abrangem parcerias de ambos sexos. Em 1944, essas jovens obviamente com elevada estatura moral e cultural, estavam prontas para desempenhar o principal papel suas vidas: O de mães e sustentáculos das famílias de então, um destino bem mais nobre do que a maioria das "nem, nem, nem", funkeiras, ativistas de drogas, da política, "fanchas", etc...
ResponderExcluirBom dia, Dr. D'.
ResponderExcluirAo contrário que se possa imaginar, ainda existem bailes de debutantes. Claro que não no mesmo formato de antanho mas é até normal ver bailes coletivos em comunidades carentes, onde galãzinhos de TV contratados dançam com as moças.
Famílias mais resolvidas monetariamente ainda fazem as festas. A filha de um primo teve a sua pouco mais de dez anos atrás. A filha de outro primo pode escolher entre a festa ou uma viagem para a Disney, ano passado. Escolheu a viagem.
Dependendo da época e do lugar, 15 anos (ou menos) já era idade para casar.
Em primeiro lugar um dez para o trabalho do Elias.Show.Quanto as debutantes apresentadas parecem ter passado um pouco dos 15 ou 16 anos.Hoje aas mulheres estão em outra e nesta idade buscam estudar para brilhar ainda mais.Acabou o papo de "dona de casa",papel sempre ignorado por todos embora de grande relevância.As mulheres foram a luta e conquistaram o devido espaço.
ResponderExcluirEm tempo: até o final dos anos 60 os colunistas Sociais de Vix levavam umas debutantes para o Baile do Copa.Dizem que custava uma nota....
Não reconheço nenhum sobrenome de origem árabe (de "turco", como se dizia tempos atrás) na lista das debutantes, mas o perfil das meninas nas fotos faz lembrar o povo das Arábias e arredores.
ResponderExcluirBaile de debutantes há muito tempo que não ouço falar, pois devem ter saído da moda na virada dos anos 60 para 70, mas festões individuais acho que ainda tem por aí, embora uma ou outra filha de pais que podem bancar tenha preferência por passeio, principalmente à Miami e/ou Orlando na Flórida, EUA.
A moça da segunda foto certamente é de origem árabe e de uma beleza exótica. Nessas fotos que retratam o padrão de uma época, não se percebem piercings, tatuagens, e outras bizarrices, bem como moças de cabeça com um lado raspado ou "de mãos dadas" e sabem o por que? Porque era inadmissível por razões sabidas por todos. Moças assim eram raras, mencionadas de forma de forma velada, e denominadas de "paraíbas" no jargão popular. A coisa está tão complicada hoje em dia que o rapaz ao conhecer a moça atualmente indaga antes se ela é "hetero ou bi", ao passo que a moça ao se interessar por um rapaz, indaga antes não o que ele faz na vida e sim se ele "é viado". Sinal dos tempos..
ExcluirBailes de debutantes ainda existem. É um show da cafonice.
ResponderExcluirPropositalmente deixo o abraço do Biscoito para o WHM, debutante um pouco acima de 15 anos.
ResponderExcluirSe é o aniversariante do dia parabéns para o WHM.
ResponderExcluirSe é o aniversário do Walther, parabéns!
ResponderExcluirNunca mais ouvi falar de Baile de Debutante,mas sei que existem festas individuais com muita coisã tradicional: valsa,,padrinhos,priminho e outros babilaques do ramo.O negocio é que existem promotores que vivem disso na cola de casamentos e a grana é alta para manter aparências.O interessante é que o cara gasta 300/ 400 mil geralmente por uma festa brega e quando vai na minha igreja apresenta a tarja verde.Um espanto....
ResponderExcluirRsrsrs
ExcluirE fica mais brega ainda quando o pobre, coitado, ignorante dos reais e importantes valores para a sua vida, quer imitar o rico.
Perdoa-se, pois foram moldados assim, a consumir e a gastar, cuja condição obriga a substituir os acepipes finos por coxinhas, enroladinhos de salsicha e bolinhas de queijo. E a debutante, pimpona no seu vestido que custou uma "grana", entrega a sua real situação no primeiro sorriso de dentes cariados.
Rodinei merecia justa causa pelo gol perdido.
ResponderExcluirPostagem excelente, como de costume. Honrado por participar do seu blog. Abraços.
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