sábado, 2 de março de 2019

FANTASIAS

Os concursos de fantasias, categorias luxo e originalidade, faziam grande sucesso, destacando-se, entre outros, figuras com Clovis Bornay, Evandro Castro Lima, Zacharias do Rego Monteiro, Mauro Rosas, Marlene Paiva e Wilza Carla. Os mais famosos eram os do Teatro Municipal, Copacabana Palace, Hotel Glória e Clube Monte Líbano.
A primeira foto mostra uma fantasia de Clovis Bornay, da década de 1970, que poderíamos denominar "Esplendor multicromático de um imperador oriental num dia qualquer". Aproveita a dispersão, refração, reflexão, interferência e absorção da luz, abusa do multicolorido etéreo, com traços fluidos e melífluos, integrando a incerteza do amanhecer com a pujança de um entardecer dourado.  A combinação do vermelho-sangue e do verde-piscina produz um amarelo volúvel que obrigou a um fundo escuro, sufocante e ameaçador, entremeado de lantejoulas lançadas ao léu. Um esparso bronze, como lascas de árvore morta, alterna-se com o branco, alvo como um giz, para formar delicadas figuras assimétricas. Sutis penas de pavão, criado em cativeiro, com amor e carinho, inspiraram o leque que remete a ociosas tardes em varandas de "haciendas" da América do Norte, sempre sacudidas pelo sopro oriundo de uma manhã perdida. O toque final é dado por um anel de lápis-lazúli, "by Mme. Simmons".

A segunda foto mostra as fantasias de Evandro Castro Lima e Marlene Paiva.
Ele, com a fantasia "Glória, Glória, Aleluia a um imperador bizantino", cuja magnificência exprimia a essência de um impulso íntimo, como se deixasse fluir uma imagem interior advinda da alma, canal condutor da infinita plenitude criadora e original. Representa a reconquista de Antioquia pelas forças orientais do Imperador Bizantino Emmanuel Gemnenus, que insistiu no esplendor do Trono de Antioquia como um retorno aos tempos primitivos. Notar o minarete estilizado que agrega um suave acabamento ao conjunto, lembrando as vielas e os mistérios da antiga Constantinopla.
Ela, com a fantasia "Perua pavoneante bailando em Versalhes", evoca o ambiente da corte de Luiz XIV, com suas plumas esvoaçantes de rabo de pavão imperial. O vestido, com canutilhos multicoloridos com predominância de azul (tipo azul-real lavável da Quinck), tendo uma base em lamê sobre milhares de sóis de Plutão. O corpete, bordado em chiffon, apresenta um decote, suave e casto, digno de uma das 11000 virgens. Acompanha uma máscara em vidrilhos verde-piscina, toda em veludo cotelê, simbolizando a saudade eterna de Paris.

A terceira foto tem Clovis Bornay em sua fantasia “Esplendor e Glória de Marte, Deus da Guerra”. Representa o filho de Juno e Bellona, pai de Rômulo e Remo, destemido, forte, corajoso e sensual. A fantasia exalta o tom avermelhado do planeta Marte, lembrando o sangue despejado por jovens guerreiros durante as batalhas. Marte representa ainda a ação impulsiva, a vingança, a raiva, a impaciência, a paixão e a virilidade. Os adereços de mão simbolizam as duas luas de Marte, Fobos e Deimos. A fantasia, confeccionada com tecidos importados da China, colorido artificialmente com óxido ferroso em tom vermelho rutilante, uma cor Yang, que gera sentimentos extremamente fortes, remete ao impacto de noites de luxúria e prazer nas ilhas do Caribe, à paixão enlouquecedora de um bacanal, ao desvario delirante de um amor proibido.
OBS: as descrições são "liberdades carnavalescas". É importante reconhecer o trabalho daqueles grandes carnavalescos e suas fantasias. 

12 comentários:

  1. Xii, alertado pelo madrugador Professor Pintáfona verifiquei que este "post" é repetição do feito há um ano. Sorry...
    O professor ficou de mandar um comentário.

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  2. Professor Hermelindo Pintáfona2 de março de 2019 às 06:54

    Dr. D´, na realidade a primeira foto mostra o Esfuziante, Alegórico e Refrigerado Carnavalesco Dudu B´, em todo o seu esplendor, com a fantasia "Borboletas Esvoaçantes ao Por do Sol na Praça do Lido.
    Acesso hoje o seu excepcional sítio internético de convívio virtual, aproveitando a fresca matinal. O dia hoje promete muito calor e esta canícula abissínica que nos assola compromete em muito a minha já claudicante capacidade de trabalho. Em minha tradicional residência primamos pelas cousas naturais e evitamos estas modernidades supérfluas como o condicionamento do ar, que tanto males causam. Com pé direito elevado, ventilação e árvores frondosas obtém-se efeito semelhante.
    As festividades do Carnavel nunca me atraíram quando jovem. A promiscuidade reinante nesta época, com a liberação dos baixos instintos, não se coadunavam com um mancebo de minha estirpe, com uma carreira científica à minha frente.
    Durante esta época calorenta e permissiva, eu e minha família tomávamos o trem para Petrópolis, onde possuíamos um palacete na Avenida Koeler. Meu amado e finado pai, Coronel Pintáfona, herói da Guerra do Paraguai, captor de Solano Lopez e amigo de Osório, mantinha relacionamento amistoso com a família Imperial e quando jovem privou da companhia de nosso Imperador Pedro II por diversas vezes em seu Palácio de verão.
    Depois do retorno de nossa família Imperial em 1922, reatamos esta amizade entre nossas famílias que perdura até hoje. Vez por outra nosso Príncipe João de Orleans e Bragança vem até a mim para aconselhar-se sobre temas de governança, fotografia e ecologia. Apesar da remotíssima probabilidade do retorno da Monarquia ao país, nosso Príncipe mantém-se pronto para assumir o trono, se o povo assim o desejar.
    Retorno agora à minha humilde biblioteca de 300.000 volumes onde preparo uma palestra sobre "A Festa da Carne e o Final dos Tempos" com o auxílio de meu pupilo Eusebius Sophronius. Minha alegórica assistente Mme Simmons me espera com um copo de suco de maracujá de nosso pomar e uns pães de queijo que muito me agradam.

    Despeço-me Desfilado e Fantasiado.

    Seu Criado,

    Dr. Hermelindo Pintáfona

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  3. Não faz mal a repetição, concursos de fantasias são tão antigos quanto os lampiões da Gonçalves Dias. E ninguém decora o fato.

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  4. Esse post merece uma reflexão. Clóvis Bornay, Evandro de Castro Lima, e Jesus Henrique, entre outros, eram alguns dos "artistas" que participavam daqueles concursos de fantasias e que hoje fazem parte de um passado distante, que ao contrário do que "alguns pensam", jamais foram "incomodados" pelo governo militar. Em um tempo em que ainda não havia televisão à cores no Brasil, esses concursos eram bastante assistidos. Os personagens citados obviamente eram gays e apesar disso, não havia qualquer postura acintosa ou promíscua, nem tampouco que chegasse às raias do deboche, do ativismo, e da "doutrinação" e da propaganda inerente à "tal condição". Eu diria que havia uma "respeitosa distância" entre o "pensamento vigente na sociedade de então" e aqueles "personagens carnavalescos". Atualmente esse quadro é bem diferente, onde um ativismo inadequado e espúrio é incentivado por partidos de esquerda e pela mídia por razões bem conhecidas. "Anormais" de ambos os sexos são cultuados e se exibem na mídia como se fossem "troféus da decadência" de uma sociedade doente e carcomida". Os "Pablos, os Jeans, as Tamys deveriam, se este país fosse sério, ser tratados de forma adequada aos doentes do corpo e do espírito. Ao contrário do que possa parecer, não sou contra gays ou homossexuais e tenho parentes e amigos nessa condição. Se querem adotar práticas e condutas homossexuais, nada contra, desde que o façam entre quatro paredes. O que eu combato de forma veemente é o ativismo e o proselitismo dessas práticas, seja em livros, nas ruas, na mídia, e principalmente nas escolas.

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  5. Bom dia, Dr. D'.

    Parece que o doutor exagerou ontem à noite. Carnaval não é um tema que me empolgue nos dias de hoje. Quando era criança até acompanhava os desfiles pela TV.

    Os desfiles de fantasias eramb transmitidos pela finada TV Manchete. E todos esperavam as edições da Manchete e Fatos e Fotos com as fotos da dita festa popular que saíam na quarta de cinzas.

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    1. Se não me falha a memória a Fatos e Fotos chegava primeiro nas bancas e era muito disputada nos anos 70, pelo bom nível das fotos coloridas e justamente pela falta da TV "a cores" nos primeiros anos daquela década ou mesmo depois por que o custo desse aparelho não estava ao alcance financeiro de muitos.

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    2. Boa tarde, Luiz, pessoal,
      Paulo, essa eu lembro bem. A Fatos e Fotos, prima pobre da Manchete, saía na quarta feira de cinzas, porque "fechava" a edição mais cedo, omitindo os bailes da terça feira e o resultado do desfile principal.Geralmente, a capa mostrava algum baile "daqueles".
      A Manchete saía na quinta, tendo, invariavelmente,na capa, uma panorâmica do desfile da campeã. E, na quarta da semana seguinte, saíam na capa fotos como estas de hoje, com os vencedores de luxo e originalidade todos reunidos no estúdio.

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  6. O texto da postagem já nos remetia ao Dr.Hermelindo,mas em pleno sábado de carnaval ele assina presença e faz referencia ao Dudu B.Perfeito.
    Entre os comentaristas,por certo alguém ja concorreu com estas feras....

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  7. Boa Tarde! Acho o Carnaval uma festa "mesmática"onde todo ano tudo muda para continuar tudo igual.

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  8. Lembro que minha avó gostava de ver esses desfiles de fantasia e ria muito dos afeminados do carnaval e dos humoristas, principalmente do Costinha, imitando a rapaziada de muitos trejeitos femininos. E só quando ela já tinha quase 70 anos, isso lá pelo ano de 1980, que alguém contou para ela o que os homossexuais faziam entre quatro paredes. Claro, achou tudo um horror.
    Desfiles de fantasia e baile de carnaval em clube, se ainda tem alguns, deviam ser preservados como relíquias culturais.
    E, lembrando o comentário do Dr. Pintáfona, viva Dom João Henrique de Orléans e Bragança e fora Dom Luís Gastão e seu irmão.

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  9. Os concursos de fantasia eram uma febre nos anos 60 e 70. Duelos acirrados entre Clovis Bornay, Mauro Rosas e Evandro Castro Lima, que levava pequena vantagem na categoria luxo masculino. Como bem lembrado pelo Augusto, tais concursos recebiam grande atenção da TV e das famosas revistas da época, como Manchete e Fatos & Fotos. Marlene Paiva reinava absoluta entre as mulheres no luxo feminino e nem concorria na categoria originalidade, que, invariavelmente era vencida por Wilza Carla sempre com fantasias muito criativas. Os caras eram gays, desmunhecavam mas eram respeitados e apareciam somente na época de carnaval, não buscando freneticamente os holofotes no restante do ano como esta turminha de hoje. Certa vez, nos anos 80, estava eu no Terminal de Cargas do Galeão, onde trabalhava diariamente. quando me deparei com Clovis Bornay. Claro que puxei conversa e ele me contara que era museólogo e estava ali para atestar a veracidade de algumas de móveis antigos que estavam sendo importados como tal. Ele era credenciado pela Receita Federal para analisar móveis, quadros, tapetes e todo tipo de utensílios antigos. Fiquei espantado com sua inteligência e conhecimento técnico. Era um cara agradável de se conversar e divertido.

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    1. Clóvis Bornay era um homem culto e com enorme bagagem cultural. Um ministro da fazenda e "homem forte" no governo militar era gay e nem por isso era desrespeitado. Clodovil era um homem extremamente educado e gentil. Travestis como Rogéria, Valéria, e Roberta Close, sabiam se comportar como pessoas educadas sem descambar para a baixaria ou vulgaridade. Inadmissível é tolerável indivíduos como Pablo Vittar e Jean Wyllis que afrontam o bom senso e os bons costumes com seu comportamento imoral e indigno de conviver com famílias. Até o ano passado a Globo acalentava um projeto de lançar um programa infantil sob o comando de Vittar. Isso aconteceria caso as eleições de 2018 fossem vencidas por Haddad. ## Se fosse vivo, Costinha não mais poderia se apresentar, já que a maioria de sua piadas era de "Viados", "Crioulos", "anões", "paraíbas", etc... E nunca ninguém reclamou de suas piadas ou foi alguma vez processado em razão delas. Como se pode ver, o governo militar era tolerante com orientação sexual e com a etnia de cada um desde que houvesse respeito. Chamar alguém de viado ou crioulo era corriqueiro, mas a violência e o desemprego eram mínimos, bem como os hospitais públicos eram fartos e de bos qualidade, sem contar que as escolas eram ótimas. Hoje em dia chamar alguém de crioulo ou de viado "é crime hediondo", mas os homicídios e os estupros "são corriqueiros e habituais", não existem mais hospitais públicos, e o desemprego está na casa dos Quinze Milhões.

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