LOCUTORES E APRESENTADORES (Primeira parte), por Helio Ribeiro
A postagem de
13/05/2023 versou sobre programas de auditório e naturalmente citou seus
apresentadores, de passagem. A postagem de hoje é dedicada a alguns deles.
César Rocha Brito Ladeira nasceu em Campinas e iniciou a carreira em 1931. Ainda estudante de Direito, foi convidado pela Rádio Record para fazer um teste e, em vez de ler anúncios, proferiu um discurso contra Getúlio Vargas, ditador da época. Foi contratado não só por isso como por sua bela voz.
Durante a Revolução
Constitucionalista de 1932, a Record juntou-se à Mayrink Veiga para realizar
programas políticos, e César Ladeira era o locutor encarregado de fazer
veementes discursos contra o governo e exortar a população à revolta. Vencido o
levante, César Ladeira acabou preso, ocasião que aproveitou para escrever o
primeiro livro sobre rádio.
Em 1933 foi contratado
pela Mayrink Veiga como locutor e diretor artístico, mudando-se então para o
Rio de Janeiro.
Em 1948, já na Rádio
Nacional, estreou o programa “Seu criado, obrigado”, levado ao ar durante 10
anos, ao lado de Daisy Lúcidi.
Em 1956 foi fundador e
diretor da Rádio Relógio do Rio de Janeiro.
Morreu de hemorragia
cerebral em 1969.
CÉSAR
DE ALENCAR (06/06/1917 – 14/01/1990)
Hermelindo César de Alencar Mattos nasceu em Fortaleza e começou sua carreira em 1939, na emissora carioca Rádio Clube do Brasil, tendo passado para a Rádio Nacional em 1945, onde atuou em comerciais e narrações, com pequenas participações em radionovelas.
Com a saída de Paulo
Gracindo, passou a ter seu próprio programa aos sábados, tornando-se este a
maior atração da emissora, onde contava com a participação de Emilinha Borba.
A música de entrada do
programa fez história: "Essa canção nasceu pra quem quiser cantar / Canta
você, cantamos nós até cansar. / É só bater, e decorar / Pra recordar vou
repetir o seu refrão / Prepara a mão / Bate outra vez / Este programa pertence
a vocês".
O auditório lotava durante
a apresentação do programa.
A partir de 1948 gravou
vários discos e compôs algumas músicas. Em 1954 inaugurou em Copacabana a casa
noturna “A Cantina do César”, onde se apresentaram grandes nomes da Rádio
Nacional.
Na TV Excelsior, foi o
apresentador do Programa César de
Alencar.
Com a instalação do
regime militar em 1964, César de Alencar foi acusado de delatar vários colegas
da Rádio Nacional. Embora sempre tivesse negado isso, em depoimento prestado
por ele em 25 de maio de 1964 junto à Diretoria de Costa e Artilharia Antiaérea
ele reclamou de colegas esquerdizantes na emissora, citando vários deles. E na
Revista do Rádio de 16 de maio de 1964 ele deu uma entrevista comprometedora,
colocando-se ao lado da “defesa de democracia”.
Após esses fatos, sua
carreira declinou, seu programa da Rádio Nacional foi extinto e mesmo suas
tentativas posteriores de retornar à carreira artística deram em nada.
Morreu no ostracismo.
CHACRINHA
(30/09/1917
– 30/06/1988)
José Abelardo Barbosa de Medeiros, pernambucano de Surubim, teve uma vida merecedora de várias laudas. Aqui se encontra um resumo dela.
Carreira
Em 1936, aos 19 anos,
ingressou na Faculdade de Medicina de Pernambuco e no ano seguinte teve seu
primeiro contato com rádio, ao dar uma palestra sobre alcoolismo na Rádio Clube
de Pernambuco.
Após vários eventos, em
1939 resolveu embarcar para a Alemanha a bordo de um navio. Porém o início da
II Guerra o fez desembarcar na capital federal, onde se tornou locutor da Rádio
Tupi.
Em 1943 lançou na Rádio
Clube Fluminense o programa de marchinhas carnavalescas Rei Momo na chacrinha, que fez muito sucesso e a partir daí ele
passou a ser conhecido como Abelardo
“Chacrinha” Barbosa.
Nos anos 1950 lançou o
programa Cassino do Chacrinha, onde se
apresentavam músicas de sucesso na época.
Em
1956 estreou na televisão com o programa Rancho de Mister Chacrinha na TV
Tupi, uma série de faroeste infanto-juvenil, na qual interpretava o papel do
xerife. Naquela mesma emissora começou a fazer também a Discoteca do Chacrinha. Na década de
1960 seu programa foi exibido nas TV's Paulista, Rio e
Excelsior e em 1967 foi contratado pela TV Globo. Chegou a fazer dois
programas semanais: Buzina do Chacrinha, no qual apresentava
calouros, distribuía abacaxis e perguntava "Vai para o trono ou não
vai?", e Discoteca do Chacrinha. Cinco anos depois voltou para
a Tupi. Em 1974, teve uma breve passagem pela TV Record, retornando em seguida
para a Tupi. Em 1978 transferiu-se para a TV Bandeirantes e em 1982
retornou à Globo, onde ocorreu a fusão de seus dois programas num só, o Cassino do Chacrinha, que fez grande
sucesso nas tardes de sábado.
Ganhou o apelido de
“Velho Guerreiro” em virtude de uma música de Gilberto Gil que o citava assim.
Frases e bordões
Criou frases e bordões
que se tornaram famosos, como “Vocês querem bacalhau?”, “Quem não se comunica
se trumbica”, “Terezinha!” e “Eu vim para confundir, não para explicar”.
Origem do “Vocês querem
bacalhau?”
As Casas da Banha eram
seu patrocinador na TV Tupi e as vendas de bacalhau haviam encalhado. Ele então
teve ideia de criar a frase “Vocês querem bacalhau?”, após o que atirava peças
do peixe para o auditório, que as disputavam a tapa. As vendas explodiram.
Morte
Chacrinha tinha câncer
de pulmão e morreu de infarto do miocárdio e insuficiência respiratória no dia
30 de junho de 1988.
JAIR
DE TAUMATURGO (28/02/1918 – 04/09/1970)
OBS: Quase não há informações sobre ele na Internet. Inclusive a data de nascimento apresenta contradições: alguns sites citam o ano de 1918 e outros 1920.
Como radialista na
Mayrink Veiga, apresentava o programa Alô,
Brotos, destinado a cantores de rock. Por isso é considerado muito
importante para a Jovem Guarda, assim como Carlos Imperial, que tinha um programa
concorrente, chamado Brotos no 7.
Posteriormente, já na
TV Rio, apresentou os programas Festa do
Bolinha e Hoje é Dia de Rock, ambos
famosos na época, e neles possibilitou a fama de cantores como Roberto Carlos,
Wilson Simonal, Erasmo Carlos, Cely Campelo, Ronnie Cord e muitos outros.
Curiosidade: um dia foi
apresentado a Jair um conjunto chamado “Bacaninhas do Rock da Piedade”. Ele não
gostou desse nome e rebatizou o conjunto como “Renato e Seus Blue Caps”. E com
esse nome o grupo fez muito sucesso.
Em agosto de 1970
sofreu um infarto agudo do miocárdio e faleceu em 4 de setembro.
LUIZ
JATOBÁ (05/01/1915 – 09/12/1982)
Alagoano de Maceió, Jatobá se formou em Medicina. Tinha uma voz privilegiada, grave e cavernosa. Em 1940 foi convidado para ser locutor da CBS (Columbia Broadcasting System) em Nova Iorque, onde era o brasileiro que transmitia notícias sobre a II Guerra Mundial e apresentava trailers para a Metro Goldwyn Mayer.
De volta ao Brasil, foi
para a TV Globo, onde era o locutor do Jornal
da Globo, junto com Hilton Gomes e Nathalia Timberg. Comandou a primeira
edição do Jornal Hoje, ao lado de Léo
Batista. Durante o governo militar sofreu perseguição, retornando aos EUA e
retomando a narração de trailers cinematográficos.
Era sua a voz cavernosa
que se ouvia durante a exibição de trailers nos cinemas brasileiros. Também
narrava parte do noticioso Hora do
Brasil.
Durante 45 anos atuou
no rádio brasileiro, época em que esse era o meio de comunicação mais usado no
país. Influenciou na geração de muitos locutores não apenas de rádio mas também
de TV, cinema e vídeo. Sua voz era considerada uma das mais célebres no
continente americano e certamente era o timbre masculino mais famoso no Brasil.
------------- FIM DA POSTAGEM -----------
O "Saudades do Rio" agradece a colaboração do Helio Ribeiro.
O rádio AM marcou muito os mais velhos como eu. Era realmente o companheiro diário em casa ou no carro na época em que a TV apenas começava.
ResponderExcluirDo Cesar Ladeira me lembrava que era casado com a vedete Renata Fronzi.
Do Cesar de Alencar nunca gostei por conta da fama de dedo-duro. Achava antipático.
O Jair de Taumaturgo apresentava o Hoje é dia de rock com o Isaac Zaltman. Este era um grande locutor também e apresentava noticiários.
O Chacrinha era uma figuraça e eu assistia seus programas. Uma vez fui assistir ao vivo num sábado na TV RIO.
O Jatobá tinha uma voz especial. Era uma das mais conhecidas do país.
Isaac Zaltman eu cheguei a pegar, não lembro se na Globo ou Tupi.
ExcluirBom dia, Dr. D'.
ResponderExcluirDos cinco, só não havia ouvido falar do quarto. O único que chegou aos meus tempos de assistir TV foi o Chacrinha. Não que fosse fã do seu programa.
Poucos se lembram do Luís de Carvalho que também apresentava programas de música na Rádio e na TV Globo. Wanderlea, Jerry Adriani, Wanderley Cardoso, entre outros eram convidados.
ResponderExcluirEra pai da Ana Maria, a “moça de branco” que vagava por Ipanema.
Luís de Carvalho morava na então rua Montenegro. Como muitos de sua época esteve envolvido em um caso de assédio a participantes de seus programas.
O tema do post é muito extenso. Podia-se falar do Blota Junior, Bolinha, Murilo Neri, Gontijo Teodoro, Heron Domingues, Aerton Perlingeiro, Flavio Cavalcanti, etc
Prezado Anônimo: alguns desses que você citou virão na postagem do próximo sábado.
ExcluirBom dia.
ResponderExcluirConheco todos de nome. mas só tenho recordações já da televisão do Luiz Jatobá e do Chacrinha'; rádio para mim era basicamente para ouvir a transmissão de futebol.
Esse anônimo 08:08 sou eu.
ExcluirJá os citados no último parágrafo do comentário do anônimo das 08:01, conheço todos da televisão.
ExcluirUma empregada que trabalhou na casa de meus pais nos anos 60 (Marlene) foi ao programa de calouros do Chacrinha mas infelizmente foi "buzinada" logo no início da música: lembro de assistirmos todos, acho que era ao vivo.
ExcluirDe todos, só não tenho lembrança do Cesar Ladeira, mas já tinha ouvido falar. Faltou dizer que o Luiz Jatobá narrou o Canal 100 antes do Cid Moreira assumir a função. Quanto ao Chacrinha, em minha avaliação, foi o maior comunicador da televisão brasileira, alcançando índices de audiência jamais batidos. Eu adorava assistir o Cassino do Chacrinha aos sábados a tarde, pois víamos os cantores e as músicas que estavam em evidência tocando nas rádios. Não existia ainda os vídeos clipes e por vezes, nem sabíamos como eram os rostos dos cantores e cantoras. O programa combinava música e mulher boa (chacretes). Tem coisa melhor? Com a morte do Velho Guerreiro, a Globo nunca mais conseguiu uma atração de sábado a tarde com tanta audiência como o Cassino do Chacrinha. Até os dias de hoje, ficou uma baita lacuna na programação.
ResponderExcluirNão conheci o Jair de Taumaturgo.
ResponderExcluirDo César Ladeira era sempre lembrado pelos mais velhos da família.
Cesar de Alencar eu ouvi no rádio e vi na TV. Ele chegou a apresentar um programa no estilo do Aqui e Agora?
Chacrinha lá em casa não víamos sempre, minha avó era fã e lamentou muito a morte dele. No final da década de 60 o meu irmão participou de um grupo de dança de quadrilha que se apresentou em um dos dois programas dele.
A voz do Jatobá estava em quase todo lugar e deve ter muito trabalho dele no Youtube. Deve ter muita coisa dele em vídeos do Arquivo Nacional, provavelmente do período anterior à 1964.
E lembrei da Íris Lettieri, a "Jatobá" feminina. Uma senhora voz.
Até hoje tenho o costume de ouvir rádio, principalmente na parte da manhã.
ResponderExcluirEu também gosto muito de ouvir rádio. Só ouço a rádio Tupi, por ser a melhor em futebol. Ouvia quase todos os dias o "Show do Apolinho" e todos os domingos ouço o programa "Bola Em Jogo" que começa ao meio dia e tem uma mesa redonda muito boa, comandada pelo Eraldo Leite, tendo os comentaristas Dé, o Aranha e Gérson, o Canhotinha de Ouro, dentre outros.
ResponderExcluirÓtima postagem. Não sei se vai continuar, mas senti falta de dois mais "recentes": Hilton Gomes e Jorge da Silva, o "Majestade". Ainda tem Raul Longras e Aerton Perlingeiro. Murilo Néri entraria nessa categoria? E o Homem do Sapato Branco? E o Abraham Medina?
ResponderExcluirNo ouço falar se nos bons tempos existiam locutoras e apresentadoras de programas radiofônicos.
ResponderExcluirA Cidinha Campos foi uma pioneira da ala feminina do rádio?
Ela também atuou e apresentou na TV.
Também merece um Fundo do Baú como o de hoje, junto com a Íris Lettieri e muitas outras.
Tinha esquecido, teve a Daisy Lúcidi durante décadas no rádio e morreu de covid em 2020. Foi esposa do Luís Mendes
ResponderExcluirÍris Lettieri coloquei numa postagem que não sei se o Luiz vai postar. Parece que não.
ResponderExcluirLuiz Jatobá era o narrador de vários documentários do Jean Manzon.
ResponderExcluirHá vários apresentadores que merecem postagem, porém ficaria muito extenso e correria o risco de desinteresse.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ExcluirBom Dia ! Ainda hoje sou fã de radio . A emissora AM que gostava de ouvir aos sábados tinha programas de musica Portuguesa o dia todo. Essa emissora encerrou as atividades em AM, e meu aparelho de 40 anos de uso (sem nunca ter dado problemas) não pega FM. Acho que os programas portugueses não migraram para o FM.
ResponderExcluirMeus pais ouviam a Rádio Metropolitana, com músicas e programas portugueses, nos finais de semana. Algumas músicas com duplo sentido, tipo..."o bacalhau quer'alho, o bacalhau quer'alho"... lembro que era uma casal de portugueses que apresentava o programa por volta do meio-dia.
ExcluirEstou no hospital visitando meu genro. No final da tarde postarei um caso interessante ocorrido com o Chacrinha em 1980, conforme narrado por minha esposa.
ResponderExcluirBoa tarde a todos!
ResponderExcluirChacrinha, nessa lista, é o mais famoso de todos para mim. Já o via na TV Bandeirantes antes da Globo. Além das músicas populares (em enorme quantidade), as chacretes mereciam atenção quando davam "close" nelas, os jurados eram uma atração a parte, cada qual desempenhando um papel definido. O auditório bem eclético, com participantes bizarros, hoje vendo no YouTube algumas cenas do programa dá para dar boas risadas.
Dos demais tenho pouco ou quase nada de conhecimento prático, apenas ouvi falar.
Não foi citado aqui hoje, mas imagino que "Sílvio Santos vem aí, olê, olê, olá" no próximo programa, ou melhor, próximo sábado.
ResponderExcluirAntigamente havia o Programa Januário Ferrari, não lembro a rádio nem o dia, mas era fim de semana. Alguém lembra?
ResponderExcluirOpa! E o Haroldo de Andrade! Grande figura. Amigo meu participou de um desses programas de rádio em que havia roda de conversas sobre temas do dia etc. A certa altura foi probida a "política do abraço". O fulano teoricamente não ganhava nada, mas volta e meia mandava um abraço para, por exemplo fictício, "Luiz Darcy, do Blog Saudads do Rio que cresce em audiência e é o mais respeitado,. etc.". E aí era um tal de abraço pra dono de restaurante, sapataria, florista, etc. Era o abraço com jabá e o programa não ganhava nada.
ResponderExcluirEu era fã do programa do Apolinho, mas às vezes ouvia o do Orlando Batista. Lembrei dele ao ler o comentário do GMA.
ResponderExcluirO Orlando levava literalmente meia hora, todos os dias, saudando todas as categorias profissionais na abertura do programa.
Ele dava boa noite para os médicos, enfermeiros, maqueiros, nutricionistas, seguranças e motoristas dos hospitais. .
Boa noite para os porteiros, faxineiros, vigias, bombeiros, eletricistas,pintores de edifícios.
Boa noite para professores, estudantes, inspetores, secretários e tesoureiros das escolas.
E ia indo assim por meia hora. Depois iniciava as rondas dos clubes.
E mais os anúncios.
Espremendo, em uma hora de programa havia dez minutos de conteúdo.
O rádio AM aos poucos vai morrendo, migrando para o FM. Temos ainda pouquíssimas emissoras no ar, esperando pela migração. O FM ganhou uma faixa estendida, abaixo de 88MHz, onde eram os canais 4 e 5 de TV. Nem todos os aparelhos são capazes de sintonizar essa faixa.
ResponderExcluirOutra transmissão com dias contados é a da TV analógica via satélite, aquela das parabólicas de tela. Até o fim do ano todas as emissoras desligarão o sinal em Banda C, passando para digital na Banda Ku, das miniparabólicas.
Opa! Dominó kitsch! Tinha um filho figuracérrima, o Luiz Orlando! Numa mesa redonda faziam comentários pretensiosamente elegantes ;"Esta tarde Em Mário Filho...". Encontrei-o recentemente numa livraria (!) no centro, contando vantagens, com um blazer vermelho, sapato bicolor e muitas pulseiras douradas. Pedir para tirar foto com ele, ficou todo garboso. Vou mandar para o Luiz
ResponderExcluiro Blazer era azul, o sapato bicolor branco e vermelho
ExcluirEu lembro de uma mesa redonda com o pai e o filho na TV. Só não lembro agora em qual emissora.
ExcluirNunca vi um penalty igual ao de hoje.
ResponderExcluirMas a regra é clara. O árbitro acertou.
Como prometi às 12:40h, contarei uma história sobre o Chacrinha. Em 1980 minha esposa, então com 17 anos de idade, estudava num colégio e um professor passou um trabalho em grupo. A tarefa era entrevistarem alguém famoso, contando sua trajetória de vida e sua rotina diária.
ResponderExcluirAs garotas do grupo da minha esposa resolveram entrevistar alguém da TV Globo. Dirigiram-se ao Jardim Botânico. Porém todos que chegavam ou não eram tão famosos ou alegavam pressa. Depois de muito tempo ali postadas, minha esposa viu um carro chegar e dele desembarcar o filho cadeirante do Chacrinha, que ela conhecia por ser fã do programa. Logo a seguir desembarcou o Chacrinha. Minha esposa, a mais cara-de-pau do grupo, aproximou-se dele, chamando-o como “Seu Abelardo”. Ele se virou. Ela então explicou o motivo de estarem ali. Ele perguntou se demoraria muito a entrevista, ao que elas disseram que não. Então ele concordou.
Uma das garotas havia levado um gravador. Fizeram então as perguntas, que ele respondeu prontamente. Depois mandou alguém buscar lá dentro da Globo um monte de revistas que contavam a trajetória dele. Ao final bateram um retrato juntos, mas ele pediu que não o publicassem.
Com esse material em mãos, elas apresentaram a gravação ao professor, para comprovar a veracidade da entrevista, fizeram o trabalho e ganharam nota máxima.
No ano de 2000 eu trabalhava na IBM e fui a Porto Alegre para uma reunião. Na volta, o saguão do aeroporto estava cheio de participantes da novela “Laços de Família”: Vera Fischer, Debora Secco, Lília Cabral e José Mayer. Por acaso, vieram no mesmo voo que eu.
ResponderExcluirAqui no GIG estavam me esperando minha atual esposa e as suas duas filhas, na época com 15 e 10 anos, respectivamente. Quando o pessoal da novela desembarcou, as garotas resolveram pedir autógrafos. E aí, como foi? Contarei uma a uma.
Lília Cabral foi muito simpática e deu o autógrafo.
Debora Secco foi fora de série. Ela já estava embarcando num carro quando as garotas a abordaram. O cara que estava com ela fez cara feia, mas ela deu bronca nele, desembarcou e atendeu ao pedido das garotas.
Vera Fischer ser recusou a dar o autógrafo, com uma rabanada. Quando minha esposa viu isso, subiu nas tamancas. Ela não admite que façam pouco caso das filhas. Aproximou-se da Vera e das garotas e disse:
- Não quero que peguem autógrafo dessa drogada.
A Vera Fischer olhou com cara feia para minha esposa, mas não disse nada e foi andando. O José Mayer, que estava ao lado dela, gentilmente consolou as garotas a respeito da atitude da Vera e deu seu autógrafo.
Quanto ao Carequinha, já contei aqui o fato que narrarei novamente. Uma tia da minha atual esposa morava em Niterói. Um dia minha esposa, então uma garota talvez com uns 10 anos de idade e que era fã do Carequinha, foi visitar essa tia. Quando estavam andando pela rua, viram um cara em pé do lado de dentro de uma casa, apoiado no muro, olhando para a rua. A tia falou que era o Carequinha. Minha esposa disse que ia falar com ele. A tia desaconselhou, dizendo que ele não era simpático. Mas minha esposa insistiu e foi até lá.
ResponderExcluirDiante do sujeito, disse radiante “Carequinha!”. Ao que ele respondeu que só era Carequinha na TV e ali era outra pessoa. Minha esposa ficou tão chocada que voltou atrás. A tia dela disse: “Não te falei que ele não era simpático?”.
Daquele dia em diante, minha esposa nunca mais assistiu aos programas dele.
Esses fatos provam como uma frase ou atitude de uma pessoa pode gerar sentimentos em outra. Quando eu trabalhava na VARIG, havia implantado um sistema e o usuário com quem lidávamos era uma assessoria da Contabilidade, lá em São Paulo. Meu relacionamento com o chefe dessa assessoria tinha altos e baixos. No fim do ano de 1981, estava na fase de baixos. Tínhamos tido alguns pegas. Ele era um pouco turrão, eu era muito turrão.
ResponderExcluirNas vésperas do Natal, meu chefe me chamou dizendo que havia chegado um rádio (na VARIG chamavam telex de rádio) lá do tal assessor. Entrei na sala do meu chefe já imaginando mais um pega. Porém o rádio era uma mensagem de feliz natal e próspero ano novo para mim e para o pessoal que trabalhava comigo.
Fiquei tão sensibilizado que dali por diante meu relacionamento com aquele assessor e sua equipe passou a ser muito tranquilo. E assim foi até minha saída da VARIG, três anos depois.
Em contrapartida, em 1968 eu estava fazendo o vestibular para faculdade e por acaso na minha rua morava um cara que também estava na mesma turma que eu no curso. Passamos a ir e voltar juntos às aulas, estudávamos juntos na minha casa ou na dele, lanchávamos um na casa do outro, minha mãe o tratava com toda a consideração. Ele morava com uma tia, não sei bem o motivo disso. Nunca me falou dos pais.
ResponderExcluirFizemos as provas juntos para faculdade (já era Cesgranrio), passamos para a mesma faculdade, na mesma turma, estudamos juntos durante os anos de 1969, 1970 e 1971. Durante a faculdade, fazíamos trabalhos e relatórios juntos. Em 1970 ele me deu a dica da prova para escrivão de polícia. Fizemos as provas, ambos passamos. Como se vê, éramos muito chegados um ao outro.
Um dia, em 1971, ele estava lá em casa estudando comigo e fez um comentário sobre mim com minha mãe. Fiquei muito ofendido, mas não disse nada. Porém cortei completamente os laços com ele. Sem entender o que tinha havido, ele pediu a um colega em comum, um peruano de nome Jesus, que me perguntasse qual o motivo do meu afastamento. Não contei.
Nesse mesmo ano ele ficou noivo e levou lá em casa o convite de casamento. Por acaso eu tinha ido à praia e não o vi. Você foi ao casamento dele? Mandou um telegrama ou um cartão? Nem eu.
Nunca mais o vi ou falei com ele. Para mim, morreu ao falar o que falou.
De certa forma eu sou perigoso porque me desligo facilmente das pessoas. Para terem ideia, há 22 anos não falo com minha filha. E não sinto falta.
ResponderExcluirDa mesma forma, fiquei 16 anos sem falar com o ex-marido da minha atual esposa. E éramos quase amigos. Fui fiador dele num imóvel que ele alugou, eu e minha esposa íamos à casa dele convidados para churrascos, ele ia até nossa casa visitar as filhas. Participamos juntos dos 15 anos de cada uma delas, sendo que eu e minha sogra arcamos com todas as despesas. E na hora de entrar com a filha mais nova dele, na festa dos 15 anos, eu até incentivei que fosse ele a conduzi-la. embora ela estivesse tentando um meio de evitar um constrangimento para mim, talvez evitando essa tal entrada. E não me opus que minha esposa (ex-esposa dele) entrasse junto, ele e ela ladeando a filha.
Um dia ele também falou algo de que não gostei. Isso foi no sábado da semana do Carnaval de 2007. Cortei os laços naquele momento.
Quando minha esposa ficou em coma por infecção hospitalar, em fevereiro/março de 2008, ele tentou se reconciliar comigo. Caguei pra ele.
A partir daí, quando por acaso comparecíamos a festas, eu o tratava como se não existisse. Nem sequer o olhava ou cumprimentava. Ignorava-o completamente. Foi assim durante 16 anos.
Só em junho do ano passado voltei a falar com ele, para alívio e satisfação das minhas enteadas, que viviam preocupadas quando por acaso nos encontrávamos em festas de aniversário delas, com medo de eu discutir com ele. Muitas vezes elas comemoravam o aniversário num dia com ele e em outro dia comigo.
Quando me viram falando com ele no tal dia das pazes, ficaram apavoradas pensando que eu estava discutindo. Ao constatarem que não era isso, respiraram aliviadas e até comentaram com minha esposa que ficaram muito felizes com a reconciliação.
Agora estamos de boa novamente. Ele alugou uma casa com amplo terraço e já estive lá várias vezes, em festas e inclusive no Natal do ano passado. Na Páscoa desse ano comemoramos lá com comida e guloseimas à vontade.
Não deixe essa contagem chegar a 23 anos não, Helio.
ExcluirChance zero, eu diria.
ExcluirMais um causo sobre o Chacrinha: Na década de 60 (acho que foi 1963) descobriu que tinha um cancer de pulmão. Na época foi operado pelo Jesse Teixeira que era o maior nome da especialidade de então. Depois da cirurgia recebeu o prognóstico sombrio que não teria mais que 6 meses de vida. Em vista disso, pensou, já que vou morrer logo não preciso pagar pela cirurgia e decidiu por dar um solene calote. Como já se sabe viveu mais de 20 anos após o tratamento e o médico famoso ficou a ver navios.
ResponderExcluirOutro dia li entrevista de uma atriz que era novata em novela há uns 15 anos e ela falou que a Lília Cabral era a única atriz simpática com os principiantes. As demais, que ela preferiu não revelar os nomes, esnobavam as iniciantes do elenco.
ResponderExcluirNesse quesito de antipatia com principiantes Suzana Vieira ganha medalha de ouro disparada por unanimidade.
ExcluirÉ comum os "famosos" darem calote nos médicos.
ResponderExcluirPor falar em "famosos", o critério para classificar alguém como tal tem hoje em dia o sarrafo bem baixinho ...
ResponderExcluirSó para registro: Lembro de um programa na Rádio Nacional que gostava de ouvir aos sábados pela manhã. Era o "Onde Canta o Sabiá" , apresentado pelo Radialista Geral dos Santos - 27 Out.1929 - 24 jul. 2022 . Era um programa apresentado ao vivo e sempre com a presença de figuras em destaque das musicas do passado como comentaristas.
ResponderExcluirEm tempo: "Radialista Gerdal dos Santos" para corrigir.
ExcluirOm Joel tá sumidão, para alegria de alguns....
ResponderExcluirFaz falta porque conhece bastante o Rio antigo. Deve estar de férias.
ExcluirDe certa forma você não está errado, pois minhas férias foram "forçadas": eu fiquei cinco dias internado no Hospital Clínica Grajaú em razão de uma forte infecção urinária e pouco peguei no celular.
ExcluirBoa e rápida recuperação para você, Joel.
ExcluirMelhoras, Joel.
ExcluirBoa tarde.
ResponderExcluirBoa tarde Saudosistas. De todos os locutores e apresentadores acima, somente assisti programas do Chacrinha, muito mais por que meus pais gostavam de ver o seu programa, pra mim não fedia nem cheirava na época.
ResponderExcluirNão me vejo na situação de pedir um autógrafo a quem quer que seja, não sou daqueles que veneram ídolos.
Me lembro ainda pequeno, que um grupo de alunos entre eles eu, vimos a cantora Wanderléia na porta da CBS, que ficava em frente ao colégio Tiradentes, e todos deram cadernos a ela para obter o seu autógrafo, menos eu, mesmo assim ela deu um autógrafo para mim na folha de caderno, eu não fiquei com ele muito tempo, pois já na escola vendi o autógrafo para uma menina por Cr$ 10,00.
FF. O lance do pênalti do jogo do Flamengo X Criciúma, é qualquer coisa de surreal, só no Brasil acontece uma coisa dessas.
ResponderExcluirInédito pode ser em relação a ser dentro da área. A Band mostrou um lance em 2016 fora da área, com marcação de falta e aplicação de cartão amarelo.
ExcluirSó mostra que a grande maioria (jogadores e imprensa) não conhece a regra. Torcedor médio não é obrigado a saber.
Prezado Lino, eu também não me vejo pegando autógrafos de ninguém. Na verdade, as garotas pediram isso dos artistas por farra. No dia seguinte já tinham jogado fora os autógrafos.
ResponderExcluirEu talvez seja mais radical ainda que você: não só nunca pedi autógrafos como sequer sou fã de alguém. Eu admiro as realizações e obras de pessoas, mas não elas em si. Posso gostar de filmes do Henry Fonda, do Brad Pitt, do Michael Caine, do Sean Connery, mas não sou fã de nenhum deles. Idem para cantores, escritores, compositores. Admiro canções do Neil Diamond, da Céline Dion, da Shania Twain, da Nana Mouskouri, mas não idolatro nenhuma delas.
Não sou fã nem de mim mesmo.
Sequer tenho time de futebol, como vocês sabem.
Também sou assim.
ExcluirA única pessoa que tirei foto na vida foi com o Robson Caetano.
Minha esposa não pode ver um famoso.
Lembro de um caso com o Bruno Gagliasso.
Voltando de uma viagem a FN, no saguão do pequeno aeroporto, estavam ele e a mulher. Minha esposa estava com vergonha, até que tomou coragem e pediu uma foto. Ele prontamente atendeu. Eu ia tirar a foto no celular dela, mas quando ela tirou da bolsa, viu que estava descarregado. Então pediu para eu tirar no meu.
Mas o meu celular era muito antigo e de pouca qualidade, além disso também estava com pouca bateria.
Sei que quando bati , o meu celular demorou muito para registra-la e eles acabaram se mexendo. Quando minha esposa foi ver, a pose na foto aparece eles já se separando e ambos ficaram com cara de bobos na foto.
Ela ficou sem graça de pedir novamente.
Reclama disso até hoje.
Melhoras Joel, sei bem o que é isso, fiquei 1 sem na UTI pelo mesmo motivo, tive alta poucos dias antes do nosso encontro. E ainda tem gente que acredita nessa balela de melhor idade.
ResponderExcluirMelhor idade ? Uns 18 anos.
Excluir(qualquer uma antes dos 60 já me servia)
Na verdade, envelhecer é uma merda, mas seguimos em frente porque, como se diz, a opção não é aceitável.
Woody Allen:
"Envelhecer é um péssimo negócio. Você não fica mais sábio, nem mais amável, nada. Aconselho vocês a não fazerem isso”,
Alguém perguntou a Allen: como era sua relação com a morte.
Resposta:
“Minha relação com a morte continua a mesma: sou radicalmente contra”.
É por aí.
Trabalhei por treze anos no prédio da sede da então Globosat, frequentado por muitos "globais" e convidados. Nunca tive a vontade de pedir autógrafo ou foto.
ExcluirLuiz, Mário, Colaborador Anônimo, e a todos, eu agradeço pela lembrança. O Colaborador Anônimo sabe bem o que é isso. Imaginem de três em em três horas e durante dois dias, você sofrer com um "sonda de alívio", quando uma técnica de enfermagem introduz uma sonda na sua uretra, e no final acabar sendo submetido a um procedimento chamado "cistostomia". É para quem tem nervos de aço.
ResponderExcluirBem-vindo de volta Joel!
ResponderExcluirMário, sobre seu comentário das 15:34 sobre a morte, posso dizer que "ela não existe".
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