sábado, 28 de setembro de 2024

DO FUNDO DO BAÚ: NA MINHA CASA

 NA MINHA CASA TINHA. E NA SUA? por Helio Ribeiro (1)

Nos velhos tempos havia nas residências uma série de utensílios, objetos e móveis que hoje dificilmente são encontrados, pelo menos nas grandes cidades. Na postagem de hoje vamos ver alguns móveis de antanho. Na de amanhã, veremos utensílios e objetos.

No caso dos móveis, na minha casa de infância e adolescência tinha todos os abaixo, embora fossem muito mais simples do que os das fotos. E na sua, quais desses móveis existiam? Abra seu coração e confesse sem pejo.

 

CRISTALEIRA


Móvel muito comum nas residências. Lembro que quando houve uma obra lá na rua a CEDAE abriu uma vala e não fechou até em cima, como de hábito. Havia uma grande obra na rua Uruguai e o trânsito de ônibus estava desviado para minha rua. Quando eles passavam na vala davam um tranco e isso repercutia na nossa cristaleira, fazendo as louças tilintarem, embora a vala ficasse a uns 100 metros lá de casa.

 

MÁQUINA DE COSTURA SINGER


Lá em casa era minha tia mais velha que costurava coisas simples. Para roupas mais rebuscadas chamávamos uma costureira que usava a máquina para tal. Durante muitos anos a máquina era tocada a pedal, até que um dia meu padrasto adaptou um motor a ela. Minha tia adorou.

 

CADEIRA DE BALANÇO


Podia não ser ergonômica, mas era muito legal a gente se embalançar nela.

 

BAR


Tínhamos um bar, mas lá em casa ninguém ingeria bebida destilada. O móvel servia mais para guardar taças e uma ou outra garrafa de licor.

 

SOFÁ-CAMA DRAGO


O nosso não era kitsch como o da foto. Era de couro ou imitação, com braços retos e sem forro neles. Era onde minha avó se sentava para ver televisão, junto com o resto da família. Também era usado por meu tio solteiro ou por visitas, quando dormiam lá em casa. Ficava na sala de jantar.

 

BUFFET


Não era tão rebuscado como esse da foto, mas tinha certo grau de rebuscamento. Era composto por duas portas laterais e três gavetas centrais. Na mais inferior delas meu tio guardava os componentes eletrônicos dos rádios que ele montava: válvulas, capacitores, resistores, botões, etc.

 

RÁDIO-VITROLA


Não achei nenhuma parecida com a nossa. A mais aproximada é a da foto. A nossa só tinha o pick-up e um alto-falante embaixo.

 

CAMISEIRO


Ainda hoje existe esse tipo de móvel aqui em casa, mas nada parecido com o rebuscamento desse da foto. O nosso é um Casas Bahia, mesmo, e nem é usado como camiseiro e sim como depósito de várias coisas: livros, sapatos, balança, etc.

 

PENTEADEIRA


Na nossa casa não existia esse tipo de móvel e sim na de minha tia mais velha.

 

BANHEIRA


A nossa era bem desse tipo, encostada no canto da parede do banheiro, com azulejos nas faces expostas. Raramente era usada, porque o aquecedor acima dela não funcionava mais.

 

---  POR HOJE CHEGA. AMANHÃ TEM MAIS  ---

sexta-feira, 27 de setembro de 2024

AUTOMÓVEIS

O "Saudades do Rio" abre hoje espaço para Obiscoitomolhado, que me enviou o email abaixo:

"Grande Gerente,
Li muitos comentários sobre a exposição e percebi que o assunto merece ser abordado com maior minúcia.

Segue aqui o link de um filme que fiz sobre a nossa reunião semanal (Clube do Bondinho) que acontece durante a exposição, em vez de ser na minha casa. É um video sobre a nossa reunião e não sobre a exposição, porém o destaque maior da exposição está abordado, e que, certamente, passou despercebido ao visitante normal.

Trata-se do Woerdenbag-Brasil, um carro esportivo construído no Rio de Janeiro, na Rua do Senado, entre 54 e 56, aproveitando o chassis do monoposto que ganhou o Circuito da Gávea de 1940, com Rubens Abrunhosa.

O monoposto pertencia ao Woerdenbag, que fez o chassis e colocou nele um fabuloso motor Studebaker desenvolvido para competições e vendido normalmente pelo fabricante para essa finalidade.

Nos anos 50, o próprio Woerdenbag transformou o chassis para biposto e instalou um motor  Packard (de rua, pois o Studebaker era impossível de ser usado no tráfego), fazendo uma carroceria inteira de alumínio. Muita gente não acha bonita, mas foi uma realização digna de respeito.


Capturei algumas informações na internet que complementam a história.
"Considerado como ` O Primeiro Carro de Corridas Brasileiro ´ foi construído e desenvolvido entre 1933 e 1939, com motor Studebaker e chassis próprio, idealizado por Johannes Gerardus Woerdenbag, da “ Woerdenbag Motors ”, que ficava na Rua do Senado n°. 341, no Centro do Rio de Janeiro.
Esse veículo foi o vencedor do III Gávea Nacional de 1940, pilotado por Rubens Abrunhosa.

GP III Circuito Da Gávea RJ 29/12/1940

1º Rubens Abrunhosa / Woerdenbag-Studebaker 2h49m49s / 78,861 Km/h
2º Chico Landi / Maserati 8CM
3º Angelo Gonçalves / Ford adaptado
4º João Santos Mauro / Ford adaptado
5º Antonio Jose Pereira / Ford adaptado

Segue link com cópia da reportagem da época.

Incluo algumas fotografias do carro exposto. Quanto aos comentários que li, todos pertinentes, acho que minhas observações poderão ser avaliadas pelos colegas do SDR. 

Sempre houve muito preconceito em considerar um automóvel nacional como carro antigo. Isso vem do tempo em que começou o movimento do antigomobilismo (nome estranho, mas que pegou) no Brasil, a década de 70, quando nossas ruas já estavam invadidas pelos Fuscas e Gordinis, em detrimento dos carrões americanos grandes, potentes e exageradamente cromados. Eu estava lá e sempre enfrentei os cardeais (antigomobilismo não tem papa, só cardeal) dizendo que se não preservarmos os carros nacionais, eles nunca serão antigos de fato. Por simpatia me aturavam, mas hoje todos veneramos um DKW de 1957, com quase 70 anos de idade. Com justa razão.

Cabe ainda dizer que restaurar um carro feito no Brasil é uma tarefa árdua, porque eles têm alterações em relação aos modelos que foram base, seja o Fusca ou o Galaxie e o mercado de autopeças internacional não atende o produto feito no Brasil. Sem falar dos especiais, como o Puma, ou o MP Lafer, cujos componentes são exclusivos e muitas vezes inexistentes atualmente. 

Bom, já me alonguei demais, mas tenho certeza de que este tema poderá ser interessante para os comentaristas do SDR. 

Seguem algumas fotos.

Um abraço,
Dieckmann"


FOTO 1


                                            FOTO 2


FOTO 3


FOTO 4

FOTO 5


FOTO 6

FOTO 7


FOTO 8


FOTO 9

O "Saudades do Rio" agradece a colaboração do Dieckmann.



quinta-feira, 26 de setembro de 2024

TEATROS

Navegando pelos arquivos do "Saudades do Rio" encontrei algumas fotografias que aparentemente não foram publicadas. São sobre teatros.

Não sei qual é o percentual de cariocas que frequentam teatros, mas acho que é bem baixo. O preço dos ingressos é alto? É um hábito que foi substituído pelo conforto e pela oferta disponível na TV, via "streaming"? A insegurança tem papel importante neste fato?


Vemos a fachada do Teatro Senac, em Copacabana, na Rua Pompeu Loureiro nº 45, com o ator Sergio Brito. Acho que já não está mais em funcionamento.


Virginia Lane em "Bom mesmo é mulher" devia ser uma peça que merecia uma ida ao teatro...

O Teatro Carlos Gomes, após muitas idas e vindas, foi remodelado e reaberto este ano.


Esta foto já apareceu por aqui, mas volta por motivos afetivos. Assisti a muitas peças infantis neste minúsculo teatro, que ficava no 2º andar do nº 921 da Av. N.S. de Copacabana.


Mais uma obra-prima do arquiteto italiano Antonio Virzi, o Cine-Teatro América ficava na Rua Conde de Bonfim nº 334, na Tijuca. Tinha em torno de 1200 lugares e foi inaugurado em 01/06/1918. 


Esta colorização do Teatro Municipal é para lembrarmos do tempo em que o Conde di Lido dominava esta arte.

Teatro Ipanema foi inaugurado em 1968 na Rua Prudente de Morais nº 824, por Ivan Albuquerque e Rubens Corrêa com a peça "O jardim das cerejeiras", de Tchechov. 

Continua em atividade. 


O que não está mais em atividade é o Cine-Teatro Poeira de Ipanema, que ficava na Rua Jangadeiros nº 28-A, na Praça General Osório.

Foi neste teatro que aconteceu a peça "Tem banana na banda", com Leila Diniz, que fez grande sucesso. Na época, foi assediada por um coronel à saída do teatro e quando o coronel, ao ouvir uma recusa, começou a falar o que não devia, Leila respondeu: "Sim, eu dou para todo mundo, mas não para qualquer um".


O grande teatro do Colégio Santo Inácio recebia, além de peças de teatro com alunos como atores, tinha uma sessão de cinema nas noites de sexta-feira e abrigava cerimônias escolares.


Outra vista do teatro do Colégio Santo Inácio. Havia uma série de dez bancos corridos na parte da frente e muitas fileiras de cadeiras de madeira na parte posterior.

No final do século passado o teatro foi desativado e, no local, foi construído mais um andar e, tanto no térreo como no andar superior, criaram salas de aula e laboratórios.

Foi uma pena.

terça-feira, 24 de setembro de 2024

DE PUMA PELO RIO


Nosso prezadíssimo amigo Rouen Michelin du Mont de la Veuve é um apaixonado pelos PUMA. Esta foto mostra o primeiro dele.


Outro amigo e antigo comentarista do "Saudades do Rio", o Gustavo Lemos, também é ligado ao PUMA. 

Vemos a concessionária do pai do Gustavo, Aluízio Lemos, sócio de Albino Brentar. Ficava na Rua Jardim Botânico nº 705, telefone 286-1722. 

Conta o Gustavo: "Inicialmente foi pendurado um Fusca em 1959. Depois, em 1968, foi substituído pelo Puma. Com o lançamento do Puma com mecânica VW, Jorge Lettry, que era sócio da fábrica e amigo de Aluizio e Albino, ofereceu a representação da marca ainda incipiente e com produção e mercado pequenos. A parceria deu tão certo, que a L&B tornou-se o principal distribuidor da marca após a Comercial MM de São Paulo, que pertencia a dois sócios da fábrica. 

O Puma foi colocado na fachada do imóvel à direita da foto em 68 e foi um presente da fábrica. A L&B funcionou até 1986, quando foi vendida para a Auto Modelo, que tinha uma concessionária VW na Lagoa e cujo dono resolveu fazer uma incorporação no terreno, onde antes funcionava uma pedreira."


Aqui vemos um PUMA estacionado em frente ao restaurante "Farol da Barra", no final dos anos 70. É do acervo de M. Rouen. 

O endereço era Av. Sernambetiba 1700 e especializado em comida típica alemã. Vemos ainda um Fiat Spazio e um Opala.

O PUMA está em frente ao "Caneco 70, na esquina da Delfim Moreira com Rainha Guilhermina. O "Caneco", de saudosa memória, acho que foi o último restaurante/bar da orla do Leblon a ser demolido. 

Aqui vemos o PUMA defronte ao "Garota de Ipanema", já na época em que deixou de ser "Veloso" e se transformou naquele lugar "turistão".

A foto mostra duas das paixões do amigo Rouen: o Belvedere da Rio-Petrópolis e o PUMA.


Este belíssimo PUMA, inteiramente recuperado pelo Rouen, faz grande sucesso por onde passa e é presença constante nos salões de automóveis antigos.

Por falar nisso, até o dia 29/09, vale a pena visitar o Village Classic Cars, no Shopping Village Mall. Para quem gosta de carros antigos é uma festa. O JRO (Zé Rodrigo), antigo comentarista do SDR, é um dos responsáveis

É um evento pago.


segunda-feira, 23 de setembro de 2024

LAGOA - PONTO FINAL DO LINS-LAGOA

 

Esta fotografia do ponto final do lotação Lins-Lagoa, enviada no original pelo Helio Ribeiro, foi muito bem colorizada pelo prezado Conde di Lido.

Localizado em plena pista da Avenida Epitácio Pessoa, em frente à garagem de barcos do Botafogo, era a condução ideal para ir ao Maracanã nos anos 60. 

Melhor que os ônibus Grajaú-Leblon, que paravam muito mais vezes durante o trajeto. Além disso, pegávamos os lotações vazios em seu ponto final e, muito frequentemente, em alguns modelos de lotação, íamos sentados naquela cadeira única logo na primeira linha de bancos. 

No parabrisas do lotação está escrito:  28 de Setembro, Estádio, Estrada de Ferro, Carioca, Avenida Rio Branco, São Clemente.



Como conta o Mauroxará, no início dos anos 60 a linha LINS-LAGOA possuía lotações MERCEDES-BENZ torpedo com carroceria METROPOLITANA, mas anteriormente tinha aquele modelo Chevrolet "Sapo".

O tráfego, até a abertura do Túnel Rebouças na década de 60, era tão reduzido no entorno da Lagoa que os lotações ficavam parados em plena pista, deixando apenas uma faixa de rolamento para os outros veículos provenientes do Humaitá e Jardim Botânico. 

Isto, de certa forma, obrigava os automóveis a diminuírem a velocidade antes de enfrentar a Curva do Calombo, logo adiante. 

Na época a Curva do Calombo era muito mais perigosa que hoje, quando as duas únicas chances de os motoristas inábeis ou imprudentes não caírem dentro d'água eram ser seguros pelo "Coração de Pai" ou pelo "Coração de Mãe", duas enormes casuarinas que ficavam no local.


Vemos o ônibus 446 Lins-Lagoa, em 1964. Confesso que eu não lembro dele ter existido. Fazia um trajeto pelo Centro que passava pela Marquês de Pombal, Lapa, Passeio, Beira-Mar, Teixeira de Freitas, Mem de Sá, Presidente Vargas, São Clemente (?). 

Os lotações foram banidos do transporte publico na época do Lacerda e ainda sobreviveram mais um pouco como transporte escolar e em linhas em locais variados.

Tinham apenas uma porta para entrada e saída, e a cobrança era feita pelo próprio motorista. Como muitos cobravam por "seção" havia fichas de cores diferentes conforme o trecho e preço diferenciado. Eram entregues na entrada e deveriam ser depositadas num receptáculo na saída (muitas eram roubadas para coleções ou para fazer "botões".

Até o início dos anos 60, não era necessário ser empresário para atuar no ramo, bastava ter apenas um lotação e obter licença para atuar numa das linhas.

PS: neste "blog" usamos "o" lotação, como era usual na época na região em que eu morava. "A" lotação me soa mal.