5
anos: meu pai sabe tudo!
8
anos: meu pai às vezes se engana!
10
anos: claro que papai não sabe exatamente tudo!
15
anos: papai é muito antiquado!
20
anos: o velho está completamente por fora!
25
anos: meu velho sabe um pouco sobre isso!
30
anos: vou perguntar para o velho o que ele acha!
35
anos: não vou decidir nada até conversar com meu velho!
40
anos: imagino o que o velho faria!
50
anos: daria tudo para ter meu pai aqui agora para podermos conversar sobre
isto!
60
anos: quanta saudade: o velho é que sabia das coisas.
Fotos :
Rua Barata Ribeiro nº 589, em colorizações do Conde di Lido
Olha
eu aí, num tempo em que a Rua Barata Ribeiro era super-tranquila, minha casa
era no nº 589, entre as ruas Raimundo Correa e Dias da Rocha (ao fundo, a
esquina da Rua Dias da Rocha). Havia mais casas do que edifícios, todas com
muro baixo e um jardinzinho. Num tempo em que se ía para o colégio quase aos 7
anos, para fazer o Jardim de Infância, Admissão, Ginásio e Colegial. Em que se
ouvia Orlando Silva e Dalva de Oliveira em discos de 78rpm em baquelite, em
grandes vitrolas.
Num
tempo em que as formas para fazer gelo eram de metal, cozinhava-se com banha, a
manteiga (Miramar) vinha em lata e o leite, em garrafas de vidro com tampa de
metal, era entregue pelo leiteiro, que puxava uma carrocinha.
Num
tempo em que a missa era em latim, as mulheres usavam véu na igreja, maiô
inteiro e ninguém ia até o centro da Cidade sem terno ou à praia sem camisa.
Num
tempo em que se jogava bolinha de gude, pião, jogo de botão e se soltava pipa.
Que o sonho era ter um "courinho nº 5" comprado na Superball para
substituir a bola de borracha ou aquela pista de corridas de cavalinhos de
chumbo.
Num
tempo que novela só no rádio, propaganda política só em comícios ou em
"santinhos" em papel jornal com o nome do partido e do candidato. Em
que os craques eram o Zizinho e o Ademir. Do triciclo do padeiro, do som do amolador
de facas, do “garrafeiro” que gritava “compro jornais, revistas, livros velhos”,
do apito do guarda-noturno.
Num
tempo em que o telefone era de mesa ou de parede e não dava sinal, que faltava
água, que toda cozinha tinha um mata-moscas. Que as canetas eram a tinta,
precisando do mata-borrão. Num tempo que lanche na escola era café-com-leite
levado em garrafa térmica e um sanduíche de queijo ou de goiabada. E quase todo
mundo usava botinhas ortopédicas e operava as amígdalas. Em que a paralisia
infantil era uma ameaça, Anatole France era o máximo e se falava francês em
casa.
Num
tempo bom, muito bom, quando meu pai ainda me levava no colo.
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Sem palavras.
ResponderExcluirÓtimo texto. Hoje é um daqueles dias em que a saudade bate forte.
ResponderExcluirBom dia a todos. Feliz dia dos Pais a todos os comentaristas do SDR. O texto retrata bem nossa visão durante a vida sobre os nossos Pais. Temos algumas musicas que também retratam o sentimento sobre a falta que sentimos de nossos Pais, entre elas naquela mesa do Sergio Betencourt falando sobre o mestre Jacob do Bandolim e cantada pelo também saudoso Nelson Gonçalves.
ResponderExcluirUm ótimo Dia dos Pais para todos.
ResponderExcluir"Era uma outra época, "eram outros tempos"...
ResponderExcluirBoa tarde.
ResponderExcluirÓtimas palavras, Dr. D'. Há 17 anos não temos mais dia dos pais, porque ele nos deixou em maio de 2002.
Eta saudades do pai....
ResponderExcluirQue foto bonita, Luiz. Feliz Dia dos Pais para todos os amigos do Saudades do Rio. Aquele carrinho azul do canto da foto é um Chevrolet?
ResponderExcluirUé, cadê o Do Contra para dizer que tudo isso era péssimo e que hoje, sim, está tudo ótimo?
ResponderExcluirComo diz o Menezão em cima dos seus lúcidos 97 anos. O homem aos 20 é sabido, aos 60 é um sábio. É...faz sentido. Bom dias dos pais a todos.
ResponderExcluirO texto inteiro se aplica a mim, exceto a banha o usava-se óleo Lírio, ou Mazola. Hoje, joguei a soja fora e compro e uso banha de porco. mas sujei muita camisa com tinta azul Parker.
ResponderExcluirO carro é um Mopar pequeno, provavelmente Plymouth de 46 a 48.