LOCUTORES E APRESENTADORES (Segunda parte),
por Helio Ribeiro
Esta postagem é
continuação de sua homônima, recém-postada aqui no SDR.
FLÁVIO CAVALCANTI (15/01/1923 – 26/05/1986)
Flávio Antônio Barbosa Nogueira Cavalcanti era carioca e um dos mais famosos e polêmicos comunicadores brasileiros. Poucos sabem, mas também foi compositor.
Seu primeiro programa
na rádio foi Discos Impossíveis, na
Rádio Tupi, em 1952, e que depois passou a ser transmitido pela Mayrink Veiga.
Em 1955 apresentava nessa mesma emissora, junto com Jacinto de Thormes, o
programa Nós, os Gatos.
Sua carreira televisiva
começou em 1957, com o programa Um
Instante, Maestro!, na TV Tupi. Pouco tempo depois passou para a TV Rio,
apresentando o Noite de Gala.
Em 1965 foi para a TV
Excelsior, reeditando seu programa Um
Instante, Maestro!, no ano seguinte voltando à TV Tupi, onde lançou também A Grande Chance e Sua Majestade é a Lei.
Em 1970 estreou o Programa Flávio Cavalcanti pela Rede
Tupi, transmitido aos domingos, às 18h. Foi um dos primeiros programas
transmitidos para todo o Brasil usando a rede fornecida pela Embratel.
Estando a TV Tupi com
problemas financeiros, em 1976 Flávio foi para a TVS, reeditando seu famoso Um Instante, Maestro!.
Em 1978 retornou à TV
Tupi com seu Programa Flávio Cavalcanti,
agora transmitido aos sábados. Ali permaneceu até o fechamento da emissora,
em 1980.
Em 1982 foi para a Rede
Bandeirantes, apresentar Boa Noite,
Brasil.
De 1983 a 1986 foi para
o SBT, novamente com Programa Flávio
Cavancanti.
Conservador assumido,
Flávio apoiou o golpe militar de 1964. Era francamente contra o homossexualismo
e o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Apesar disso, ao defender uma
entrevista dada por Leila Diniz em O
Pasquim passou a ser alvo da Censura Federal. Em 1973 seu programa foi
suspenso pela censura por 60 dias em virtude da apresentação da história de um
homem inválido que havia “emprestado” a mulher ao vizinho.
Sofreu um grande drama
pessoal: brincando de jogar o neto para o alto e ampará-lo na queda, falhou
nisso e a criança caiu ao chão, morrendo.
No dia 22 de maio de
1986 Flávio fez uma rápida entrevista no seu programa, jogou o dedo para cima
dizendo sua célebre frase Nossos
comerciais, por favor!, mas após estes quem voltou foi Wagner Montes,
anunciando que Flávio voltaria no próximo programa. Não voltou. Nos bastidores,
sofreu uma isquemia miocárdica e morreu quatro dias depois.
GONTIJO
TEODORO (20/03/1924 – 05/09/2003)
Gontijo Soares Theodoro era mineiro de Araxá. Seu pai era um caixeiro-viajante espanhol e sua mãe era costureira. Gontijo desde criança brincava de locutor falando numa latinha de massa de tomate, à guisa de microfone.
Mudando com a família
para o Rio de Janeiro, Gontijo imitava os locutores famosos da época, como
César Ladeira e Urbano Lóes.
Sua carreira começou na
Rádio Bandeirantes de São Paulo, mudando pouco depois para a Rádio Nacional,
sempre como locutor. Sendo o rádio o grande meio de comunicação da época,
Gontijo passou a apresentador de programas.
Nessa época surgiu a
televisão no Brasil e Gontijo foi convidado a apresentar Retratos da Semana, na TV Tupi. Jornalista registrado, passou a
apresentar o Repórter Esso, que já
existia no rádio e que ia ser inaugurado na TV. Ficou à frente desse programa
por quase 19 anos. Com sua voz possante e dicção perfeita, o Brasil inteiro o
escutava quando às 8 horas da noite o programa entrava no ar. Durante todos esses anos nunca foi desmentida uma notícia ali veiculada. A
credibilidade do programa era tanta que se dizia ”Se o Repórter Esso não deu,
não aconteceu”.
Quando o Repórter Esso acabou, Gontijo não
conseguiu ser aceito em outra emissora por estar marcada demais sua imagem
junto à TV Tupi. Escreveu dois livros, teve um programa estilo talk show na
Rádio Guanabara e editou um jornal religioso, de circulação nacional.
Morreu em 5 de setembro
de 2003, por infarto do miocárdio.
AÉRTON
PERLINGEIRO (28/12/1921 – 31/10/1992)
Nascido no Estado do Rio de Janeiro, começou sua carreira artística em 1943 na Rádio Transmissora, no Rio. Sempre como apresentador e locutor, transferiu-se sucessivamente para as rádios Tupi, Fluminense e Rádio Clube.
Em 1956 foi para a
televisão. Em São Paulo Ayrton Rodrigues criou o programa Almoço com as Estrelas. Aérton fez o mesmo no Rio. Ambos foram
estrondoso sucesso. A fórmula era simples: uma mesa grande, na qual cantores,
atores e personalidades famosas eram convidadas a degustar um rápido almoço. No
Rio, Aérton era ao mesmo tempo produtor e mestre de cerimônia, o que lhe era
bastante trabalhoso. Idem com Ayrton, em São Paulo. A recompensa era a fama e o
carinho que granjearam com a classe artística, já que todos queriam ser
convidados para o programa. A transmissão iniciava na hora do almoço aos
sábados e durava várias horas. No Rio o programa se chamava Aérton Perlingeiro Show. Foi ao ar de
1956 até julho de 1980, quando a TV Tupi faliu.
Aérton foi o criador do
troféu O Velho Capitão, busto de
bronze representando Assis Chateaubriand, que o recebeu três meses antes de
morrer. O troféu foi entregue a mais de 300 personalidades, entre as quais
Maysa, Elizeth Cardoso e Elis Regina.
Sofrendo sempre de
forte bronquite, veio a falecer em 1992.
CARLOS
IMPERIAL (24/11/1935 – 04/11/1992)
Carlos Eduardo da Corte Imperial nasceu em Cachoeiro do Itapemirim, mesma cidade de Roberto Carlos, com quem teria grandes ligações no futuro.
Sua vida e sua carreira
dariam um bom livro. Foi produtor musical, apresentador de programas,
compositor, diretor de cinema, ator de pornochanchada, colunista, agitador
cultural, narrador de resultados de Carnaval, político e rei da pilantragem,
como ele mesmo se autodenominava. Aqui daremos mais destaque à sua vida como
apresentador de programas de TV.
Carreira de
apresentador
Em 1958 passou a
apresentar o programa Clube do Rock, na
TV Tupi. No ano seguinte lançou seu conterrâneo Roberto Carlos, que na época
era um admirador de Elvis Presley e de João Gilberto. Imperial tentou ingressá-lo
na Bossa Nova, com os sambas “João e Maria” e “Fora do Tom”. No ano seguinte,
Roberto Carlos lançou mais dois sambas. Considerado um imitador de João
Gilberto, seus discos não fizeram sucesso.
Em 1959 apresentava os
programas Os Brotos Comandam, na TV
Continental e na Rádio Copacabana, e Festa
de Brotos.
Em 1964 comandava na TV
Record o programa Brotos no 13, alusão
ao número do canal da emissora.
Em 1965 apresentou na
TV Excelsior o programa O Bom, como
concorrente do programa Jovem Guarda, da
TV Record, ocasião em que compôs música com esse mesmo nome, sucesso estrondoso
na voz de Eduardo Araújo.
Cantores lançados ou
incentivados por Imperial
Nos seus programas e
como compositor e produtor musical lançou muitos cantores que vieram a se
tornar famosos, como Elis Regina, Wilson Simonal, Erasmo Carlos, Eduardo
Araújo, Tim Maia, Tony Tornado, Ronnie Von. Foi de sua autoria o primeiro
sucesso de Clara Nunes.
Músicas de sucesso
Ao longo de sua
carreira Carlos Imperial compôs muitas músicas de sucesso. Segue uma relação
resumida delas:
- O
Bom
- Vem
quente que estou fervendo
- Pra
nunca mais chorar
- Você
passa e eu acho graça
- A
praça
- Mamãe
passou açúcar ni mim
- Nem
vem que não tem
Polêmicas e
pilantragens
Entre as várias
pilantragens feitas por Carlos Imperial, podemos destacar:
1)
Se disse autor de Meu limão, meu limoeiro, música tradicional de domínio público.
2)
Quando sua composição A Praça, cantada por Ronnie Von, não
conseguia deslanchar, ele contratou o músico Edson Silva para dizer nos jornais
que a música era um plágio. A acusação ganhou as manchetes, Imperial deu
entrevistas negando o fato, e a música deslanchou, sendo lembrada até hoje.
3)
Disse a repórteres que os Beatles iriam
gravar uma versão de Asa Branca, o
que era rematada mentira. Mas até hoje há pessoas que dizem ter ouvido essa
gravação raríssima nas rádios londrinas da época.
4)
Preso pelos militares por causa de um
cartão de Natal que eles julgaram ofensivo, alegou ter sido torturado e levado
um tiro no joelho e até chorava ao narrar isso. Mas o problema era um mero caso
de varizes.
Morte
Carlos Imperial faleceu
em 04 de novembro de 1992, em decorrência de miastenia grave, resultado de uma
dose de Diazepan que tomou no pós-operatório de uma lipoaspiração
BOLINHA
(16/07/1936
– 01/07/1998)
Edson Cabariti nasceu em Bauru. De ascendência turca e síria, mudou-se para Araçatuba, oeste de São Paulo, onde foi mascate, feirante, engraxate, cobrador de ônibus, vendedor de velas para cemitérios e balconista.
Em 1961 mudou-se para
São Paulo e tornou-se repórter de campo em jogos de futebol. Iniciou sua carreira
como locutor esportivo. Posteriormente, na TV Excelsior, passou a ser o
responsável pelos flashes esportivos no programa Últimas Notícias.
Em janeiro de 1967
Chacrinha saiu repentinamente da emissora, por desentendimento com a diretoria,
e Bolinha foi convidado a substituí-lo. A audiência do programa aumentou e ele
ficou efetivo no programa.
Em 1974, na TV
Bandeirantes, passou a apresentar o programa Clube do Bolinha, que ficou no ar durante 20 anos e era um dos
lideres de audiência da emissora. Uma das atrações do programa era o quadro Eles e Elas, em que se apresentavam
travestis e transformistas.
Tal
como no programa
do Chacrinha, havia as bailarinas de palco, carinhosamente apelidadas de boletes, sendo que algumas tinham sido
ex-chacretes.
Morreu de câncer no
aparelho digestivo, detectado três anos antes mas que se agravara nos seis
meses anteriores.
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DA POSTAGEM -----------