sábado, 12 de outubro de 2024

DO FUNDO DO BAÚ: FERRAMENTAS (1)

 

CONHECE ESSAS FERRAMENTAS?  (1), por Helio Ribeiro

A postagem deste fim de semana é elitista, no sentido de que nem todos os visitantes possuem ou possuíram certas ferramentas que serão mostradas. E quem sempre morou em apartamento ou não tem intimidade com ferramentas provavelmente desconhece muitas delas.

Algumas ainda são usadas numa versão mais moderna; outras são específicas de certas profissões, embora possam ter uso caseiro.

Quase todas as ferramentas aqui mostradas eu tenho ou tinha em casa (desfiz-me de algumas recentemente). Algumas eu comprei, outras foram herança do meu tio ou do meu padrasto.

Em virtude da quantidade delas, amanhã haverá uma continuação.

 

1)      MACHADINHA

Ainda tenho uma, porém há muito tempo não a uso. Quando eu trabalhei como topógrafo, machadinha era indispensável para fazer estacas e fincá-las no chão.

 

2)      TRADO

Pouca gente conhece essa ferramenta. Pode ser usada para furar madeira ou cavar buracos, porém o tipo de trado é diferente dependendo de sua finalidade. Na foto, o da esquerda é para madeira e o da direita é cavadeira.

 

3)      ARCO DE PUA

Essa garanto que nenhum de vocês conhece. É um tipo manual de furadeira de madeira. A origem do nome “pua” é o latim “puga”, que significa “haste com ponta aguçada”.

Também tenho uma aqui em casa, herdada do meu padrasto. A diferença em relação à da foto é que na minha a parte de madeira é vermelha e a metálica é cromada.

 

4)      PRUMOS

Existem dois tipos: o de pedreiro (o da esquerda da foto) e o de centro (o da direita). A utilização é completamente diferente. O de pedreiro é mais usado e fácil de ser visto em construção e reformas de residências. O de centro era básico no meu trabalho de topógrafo e na instalação de redes de tubulações de águas pluviais e esgotos.

Tenho os dois tipos em casa.

Hoje em dia o que era feito com tanto esmero e precisão, usando nível e prumo de centro, é feito de maneira porca usando escavadeiras. Dá nojo e vontade de vomitar quando comparo isso com a maneira como era feito antigamente.

 

5)      VERRUMA

A verruma é um trado de pequenas dimensões, destinada a perfurar madeira. Normalmente não chega a 20cm de comprimento.

 

6)       TORQUÊS

É um tipo diferente de alicate, usado para cortar fios, arames e, antigamente, para desbastar a borda de azulejos. Os armadores (profissional que arma ferragem para concretagem de vigas, lajes, etc) usam muito a torquês para torcer os arames queimados que prendem os ferros uns aos outros. Eles torcem o arame e quando os ferros estão bem presos eles o cortam com a torquês.

As torqueses variam muito em função do comprimento das hastes: quanto maiores, tanto menos força será necessária para usá-las.

Tenho uma exatamente igual à da foto, exceto que a minha é de cor afro-descendente.

 

7)       CHAVE DE GRIFO

Intensivamente usada por bombeiros hidráulicos para apertar canos, porcas de válvulas de lavatório, etc. Existem de vários portes e comprimento de cabo e consequentemente com capacidade de abertura de vários diâmetros. Eu tinha duas, de comprimentos diferentes: a maior deixei com minha ex e a outra me roubaram, não sei quando.

 

8)      ALICATES ESPECIAIS

Na falta de uma chave de grifo, em certos casos ela pode ser substituída por um dos dois tipos de alicate da foto: o da esquerda é um alicate de pressão e o da direita é conhecido como bico de papagaio. A chave de grifo exerce muito mais força do que esses alicates, que eventualmente podem deslizar sobre a peça ao serem utilizados, o que nunca ocorre com a chave de grifo. Por outro lado, normalmente as chaves de grifo são maiores do que esses alicates e portanto não cabem em certos locais de difícil acesso.

 

9)      PÉ-DE-CABRA

Ferramenta até hoje muito usada pelos arrombadores. Tenho uma em casa e por precaução ela é guardada num local escondido e dentro da residência, e não em área externa.

 

10)   SERROTES

Há vários tipos de serrote. Veremos alguns. Já tive todos os tipos que serão mostrados, porém hoje não restou nenhum.

A foto seguinte mostra na parte superior um serrote tradicional e na inferior o tipo usado para podar árvores. 

Já a foto abaixo mostra na parte superior um serrote de costas, usado para cortes mais precisos que um serrote comum. Os dentes cortam em ambos os sentidos e o corte é mais fino e preciso. Ele é usado para recortar juntas, detalhes e pequenas peças com precisão. Não se destina a cortar madeira de fora a fora, embora eventualmente possa ser usado para isso.

Na parte inferior da foto vemos um serrote agulha, usado quando se deseja cortar um pedaço de madeira sem ser de fora a fora. Pode-se fazer um furo no ponto inicial desejado, inserir a ponta do serrote e cortar só dali em diante. Observe que o exemplar da foto tem a possibilidade de mudar o formato da lâmina denteada.


11)       REBITADEIRA

Como o nome diz, serve para colocar rebites em peças de metal. Tenho uma exatamente igual à da foto. Há alguns meses eu a usei para reforçar uma cadeira reclinável de praia que estava com a armação empenada. Defeito de projeto do fabricante. Dei-lhes uma esculhambação em regra. Propuseram-me trocar a cadeira, mas recusei dizendo que a nova certamente iria empenar também e eu não estava a fim de fazer mais um conserto.


---  AMANHÃ  TEM  MAIS  ---



sexta-feira, 11 de outubro de 2024

ONDE É?

 

FOTO 1


FOTO 2


FOTO 3 (esta é para identificar os carros)


FOTO 4

FOTO 5


FOTO 6


FOTO 7 (enviada pelo GMA. Já apareceu aqui)


FOTO 8 (enviada pelo GMA)

quarta-feira, 9 de outubro de 2024

FIM DO FLAGELO DE BOTAFOGO

 

 

FIM DO FLAGELO DE BOTAFOGO, por Helio Ribeiro


1)      BACIA HIDROGRÁFICA DE BOTAFOGO

A bacia hidrográfica de Botafogo é constituída por dois rios principais: o Berquó e o Banana Podre, ambos com vários afluentes menores.

O nome Berquó deriva de uma família com origem na Ilha Terceira, pertencente ao arquipélago dos Açores, no último quartel do século XVII, de lá passando para a Ilha de Faial, do mesmo arquipélago. Quando da transferência da corte portuguesa para o Brasil, em 1808, alguns membros da família vieram juntos, colocando-se posteriormente a serviço do Império. Um dos gentis homens dessa família possuía uma chácara no local onde em 1852 foi inaugurado o Cemitério São João Batista. Ela se chamava Chácara Berquó, e o rio que a atravessava acabou sendo conhecido pelo nome de rio Berquó.  

Na primeira metade do século XIX Botafogo já dispunha de vários caminhos, sendo um deles chamado de Caminho do Berquó, talvez por seguir o curso do rio homônimo. Esse caminho foi em 1870 renomeado para rua General Polidoro, em homenagem a Polidoro Quintanilha Fonseca Jordão, que prestou incontáveis serviços ao Império.

O rio Berquó nascia límpido na atual rua Viúva Lacerda, na encosta do Corcovado, e descia ao longo do tal Caminho do Berquó até desaguar na enseada de Botafogo, aproximadamente onde há atualmente a sede náutica do clube Botafogo, com vários pontilhões destinados à travessia de pedestres.

Já o Banana Podre nasce nas encostas do maciço do Corcovado e recebe contribuições de rios das ruas Icatu e do morro Dona Marta. Tinha curso sinuoso e corria pela parte traseira das casas da rua São Clemente, desviando depois para a esquerda, cruzando a rua Marquês de Olinda e desaguando na enseada de Botafogo.

Tanto ele quanto o Berquó eram navegáveis por canoas de reduzido tamanho na época chuvosa, sendo o Berquó usado como meio de acesso às glebas nas vizinhanças da Lagoa de Sacopenapã (Rodrigo de Freitas).  

O mapa abaixo mostra de maneira um tanto precária os cursos do Berquó e do Banana Podre. Notem como havia muitas áreas de charcos, como de resto era comum no Rio de Janeiro de outrora, inclusive nas áreas centrais.

 

2)      O FLAGELO DAS ENCHENTES

No início do século XIX a Princesa Carlota Joaquina, esposa de D. João VI, se recusou a morar com o marido e mandou construir um palacete no início do Caminho Novo de Botafogo (atual rua Marquês de Abrantes), atraindo a atenção para a região e iniciando a ocupação efetiva do bairro. Novas ruas foram abertas, a população aumentou, porém na época das chuvas havia o sério problema das enchentes.

Essas proverbiais enchentes, que durante decênios frequentemente ocorriam, eram resultado do transbordamento dos rios Berquó e Banana Podre, que transformavam os precários caminhos e ruas do bairro em autênticos charcos na época das chuvas, pois recebiam os afluentes de transversais das atuais ruas General Polidoro, Voluntários da Pátria, São Clemente e Mena Barreto, além das encostas do Corcovado. A parte final da rua Marquês de Olinda, por exemplo, ficava isolada quando o Banana Podre transbordava.

 

3)      PRIMEIRA TENTATIVA DE SOLUÇÃO

Na gestão Pereira Passos (1902 – 1906) ambos os rios foram canalizados, passando a correr dentro de canais subterrâneos de concreto, desaguando na praia de Botafogo, em locais diferentes. Mas as enchentes não tardaram a voltar, em virtude do grande volume d’água que fluía para os citados canais, agora aumentado pela ocupação humana do bairro, que diminuiu a cobertura natural do solo e consequentemente a capacidade de absorção das águas das chuvas.

 

4)      A SOLUÇÃO DEFINITIVA

Em 1963, durante o governo Carlos Lacerda, a SURSAN (Superintendência de Urbanização e Saneamento) resolveu dar fim ao problema das enchentes construindo uma série de grandes obras no bairro: o rio Berquó e o Banana Podre passariam a correr dentro de galerias subterrâneas maiores e uma galeria dita de cintura seria construída ao longo da avenida das Nações Unidas, captando as águas de ambos os rios e as conduzindo a um ponto de descarga na enseada de Botafogo, próximo à sede náutica do clube homônimo.

Juntamente com essas obras gigantescas também foi feita nova linha de esgotos paralela à galeria do Berquó, conectando-a a uma linha já existente na Praia de Botafogo, perto do local da antiga estátua do Manequinho, daí sendo levado para uma elevatória e encaminhado para o interceptor oceânico, para descarga no mar, na altura de Ipanema.

Eu tive a oportunidade de trabalhar na companhia vencedora da concorrência para a construção da galeria do Berquó e da linha de esgotos que a acompanhava. A companhia se chamava CINCO S.A. – Comércio, Indústria e Construções.

Nos próximos itens descreverei o desenrolar dessa obra.

 

5)      OS PREPARATIVOS

As notícias de jornal abaixo avisam e preparam a população para o início das obras.





 

6)      O PORTE DA OBRA

A notícia abaixo indica o porte da obra e as medidas da galeria do rio Berquó. São medidas internas. Não é citada a linha de esgoto que seria construída em paralelo à galeria.

 

7)      AS FASES DA OBRA

O mapa abaixo mostra as três fases da obra. A CINCO se encarregou da primeira e da segunda fases. A terceira atrasou bastante, não sendo completada durante o governo Carlos Lacerda e sim no de Negrão de Lima. O motivo desse atraso era a dificuldade de atravessar todas as pistas da Praia de Botafogo e da Avenida das Nações Unidas, não só pelo tráfego como também pela existência de linhas subterrâneas de esgoto, águas pluviais, eletricidade, gás e até cabos dos Correios.

Em decorrência disso, a fase três só terminou em 1967.

Eu particularmente não sei dizer se foi a CINCO a responsável por essa terceira fase, pois nessa época eu já estava alocado em Belém do Pará.


A primeira fase foi ao longo da rua Mena Barreto, iniciando na esquina da rua Dezenove de Fevereiro e terminando na Real Grandeza. Quando ingressei na CINCO os trabalhos se encontravam nesse estágio inicial, tendo chegado apenas até a esquina da rua Paulo Barreto.

Ao mesmo tempo prosseguiam as desapropriações e demolições necessárias ao longo do percurso até a Praia de Botafogo, dando origem mais tarde à rua Professor Álvaro Rodrigues.

A segunda fase foi tanto ao longo da rua Visconde Silva quanto da futura Professor Álvaro Rodrigues, simultaneamente.

A terceira fase foi a difícil travessia das pistas de tráfego da Praia de Botafogo e Avenida das Nações Unidas, até atingir a enseada de Botafogo.

 

8)        AS DESAPROPRIAÇÕES

Para as duas galerias (águas pluviais e esgoto sanitário) prosseguirem até a Praia de Botafogo, fez-se necessário desapropriar e demolir várias construções nesse caminho, tanto comerciais como residenciais. A notícia abaixo retrata isso.


Até mesmo um hospital de bonecas, situado no número 30 da rua da Passagem, foi desapropriado.



Os moradores se conformavam com o fato, em prol do bem do bairro, mas estavam preocupados quanto para onde ir.


Carlos Lacerda, ao ler a notícia da desapropriação do hospital de bonecas, marcou um encontro com o dono, Sr. Adelino Fernandes de Paula, e disponibilizou para ele um próprio estadual para instalação do hospital, pagando o mesmo aluguel. Por acaso o Sr. Adelino já tinha consertado bonecas a pedido do Carlos Lacerda e disse que dali em diante o faria de graça para ele.

 

9)      ANDAMENTO DAS OBRAS

Os anúncios abaixo se referem a contratação de mão de obra especializada. Aqui estão colocados para servir de gancho a comentários que farei pós-publicação desta matéria no SDR.



A foto abaixo mostra um momento de concretagem da laje da galeria de águas pluviais, em local que não consigo identificar. Observem a malha de ferragem usada na galeria. O armador era o Amado (ou seria Amaro?), um senhor com pinta de italiano, baixotinho e gordinho, mas excelente profissional.

Observem que toda a largura da rua era ocupada pelas escavações.

OBS: A palavra “armador” tem vários significados. No contexto das obras aqui descritas, armador é o profissional que faz a malha de ferragem para uma construção. Em São Paulo esse tipo de profissional é chamado de ferreiro, pois lá armador é quem decora câmaras mortuárias ou realiza funerais. 

 

10)   CONCLUSÃO DAS FASES 1 E 2

No dia 28/09/1965 essas fases foram dadas por encerradas. Autoridades estaduais fizeram visita ao canteiro de obras e houve solenidades. Lembrando que ainda faltava a fase 3, já citada antes.

A foto abaixo mostra a galeria de águas pluviais, no seu trecho de maiores dimensões. A largura interna era de 5,50m e a externa era 6,20m. A altura interna na linha d’água era de 1,85m mas externamente do topo à base era de 2,50m.

Infelizmente só localizei um jornal na Biblioteca Nacional que reproduziu a foto, e a qualidade dela é muito ruim. Mas antes isso do que nada.

O Aero-Willys e o Dauphine eram do engenheiro-chefe da obra, doutor Benjamim, paulista da cidade de Ipauçu. A Kombi e o fusca eram da companhia.

Se bem me lembro, houve um ensaio antes, no qual a Kombi também estava dentro da galeria, não me lembro se com o Dauphine ou com o fusca. Não havia carros na laje. Mas ficou muito apertado.

Essa foto foi tirada bem antes do término das obras mas foi reservada para só ser divulgada ao fim dos trabalhos.

Abaixo a parte inferior do mesmo anúncio em que foi veiculada a foto anterior.

 

11)    A INAUGURAÇÃO

A foto abaixo mostra o anúncio da inauguração da nova rua Mena Barreto, embora posteriormente a parte dela que foi estendida fosse renomeada para Professor Álvaro Rodrigues.


Flexa Ribeiro, candidato a sucessor de Carlos Lacerda, manifestou sua alegria com a inauguração da obra.

 

12)    O PÓS-OBRA

Conforme citei antes, a fase 3 demorou a ser concluída e não sei se o foi pela CINCO, pois estive alocado em vários canteiros após 1965, como em Copacabana, Maria da Graça, Higienópolis, Largo do Tanque, Fundão, Largo do Bicão, Rio Comprido, Recife, Acari, Belém, Honório Gurgel.

E foi em Honório Gurgel, no dia 28/02/1970, que recebemos a triste notícia da falência da companhia.

Escrevendo estas linhas, até me emociono e entristeço. A CINCO foi meu primeiro emprego e o único em que me senti útil para as pessoas. Foram seis anos e nove meses na empresa. Comecei aos 17 anos, saí aos 23.

Daquele dia em diante passei por várias empresas e cargos, porém não sinto que fiz nada promovedor de melhoria de vida para as pessoas. Há profissões em que você propicia isso a elas; em outras, fica neutro; e em outras mais, as prejudica.

Trabalhei quase 44 anos em Informática. É uma área que tende a facilitar a vida das pessoas, mas não a melhorar a vida delas. E dependendo do caso, só serve para complicar as coisas. 

Por hoje é só. 

***  FIM DA POSTAGEM  ***

ADENDO DO GMA: Bacia hidrográfica de Botafogo


segunda-feira, 7 de outubro de 2024

CARTÕES-POSTAIS

Hoje vamos dar uma olhada em cartões-postais do Rio antigo. Sempre há aspectos interessantes para serem observados.

FOTO 1: Este cartão-postal apresenta legenda em francês e italiano, o que é curioso. Destaques para a igreja da Imaculada Conceição, inaugurada em 1892, e para a imensa pedreira.

A pedreira parece ser a da Rua Assunção, em Botafogo. É citada no livro “O Cortiço”, de Aluísio Azevedo. Entre outras finalidades suas pedras foram usadas em 1958, na gestão de Negrão de Lima, para o enrocamento e o restabelecimento da muralha que protegia os prédios do Leme contra as ressacas.

E, como nas outras pedreiras, a vizinhança reclamava: “O proprietário da pedreira está pondo a vida dos moradores vizinhos em real pânico. Visando um maior lucro o proprietário não titubeia em aumentar a dosagem de dinamite a fim de obter explosões mais compensadoras.”


FOTO 2: A Praia do Flamengo com pouquíssima areia e muitas pedras protegendo a calçada. Eram muito frequentes as ressacas que lançavam água do mar nas pistas. Fui testemunha de algumas. 

Conta a Claudia Gaspar que a Praia do Flamengo já teve as denominações: Uruçumirim, Pedro Martins Namorado, Carioca, Aguada dos Marinheiros, Leripe, Sapucaitoba, Sapateiro e Praia da Baía de Guanabara. Só no fim do século XVII se firmou com o nome de Praia do Flamengo.

Uns dizem que se deve à presença de flamingos (mas eram raros na América do Sul). Outros que se deve a imigrantes holandeses, que legaram à toponímia do Rio o seu apelido pátrio "flamengos".


FOTO 3: Aspecto da Av. Beira-Mar, na Glória. No alto do morro, à esquerda, usando a "Lupercia" (a lupa da tia Alcyone) pode se ler o anúncio da "Casa Sucena". 

Trata-se de um jardim com conceito francês, organizado, geométrico, valorizando o conjunto e as perspectivas, isolando os elementos que marcam como o coreto, fontes e monumentos. A maior parte dos jardins públicos da época era em estilo francês, de autores como Glaziou.

Seu contraponto era o jardim inglês, de tempero romântico, com ruínas e grutas, tudo se integrando à vegetação, sem levar em conta a simetria ou qualquer outro atributo clássico (o melhor exemplo aqui no Rio é o Parque Lage.


FOTO 4: A quase deserta Praia do Leme. A foto, do IMS, é de 1907. O carimbo do selo parece ser de 1908. Quem seria o destinatário? Qual seria o texto? Em que local seria entregue?

Os jornais da época assim descreviam o local da foto: "Os desertos do Saara das praias do Leme e de Copacabana logo se converterão em grandes povoações, para onde afluirá, de preferência, a população desta cidade na estação calmosa, devido à salubridade e à amenidade do seu clima e à excelência dos banhos de mar, como se pratica nas cidades balneários da Europa.

Não podemos duvidar da ação civilizadora dos nossos tramways, que têm levado aos bairros afastados e desertos o gosto e o conforto na edificação de prédios, a vida e o progresso".

Era o tempo em que Leme e Copacabana eram um vasto areal, cheio de pitangueiras, ingazeiros, cabanas de pescadores, sem iluminação, com bondes que circulavam até quatro e meia da tarde. Pão e carne só em Botafogo.



FOTO 5: Como era bonito este cantinho de Botafogo com o Pavilhão Mourisco, à direita, junto com os postes de iluminação e os trilhos de bonde.

O Pavilhão Mourisco, construído durante o período de Pereira Passos, em 1906, para servir de café-concerto, ficava iluminado todas as  noites, tendo, nos fundos, o Teatrinho de Marionetes, um carrosel e um ringue de patinação (este, por muitos anos, foi a sensação da cidade). 

O Pavilhão Mourisco, cujo estilo de construção era neo-persa, nada tendo de mourisco, foi que deu origem ao trecho do bairro até hoje conhecido como Mourisco. É importante observar, ainda, que o Pavilhão Mourisco, por iniciativa de Cecília Meireles, por volta da década de 1930, abrigou uma biblioteca infantil que, além do salão de leitura, tinha um setor de manualidades (modelagem, pintura, desenho), um de brinquedos e jogos, além de uma sessãozinha de cinema toda quinta-feira. 

O Pavilhão Mourisco foi demolido quando da construção do Túnel do Pasmado, no início da década de 1950.

FOTO 6: Curiosa a legenda com um "Sam Conrado" em vez de "São Conrado". Vemos a antiga Praia da Gávea. A igrejinha, construída por Conrado Niemeyer em 1903, já estava lá.

O acesso pela orla marítima a São Conrado é pela Av. Niemeyer. iniciada pelo inglês Charles Weeksteed Armstrong que instalou o Colégio Anglo-Brasileiro, na área do Vidigal, na década de 1910. Ele abriu o Corte do Leblon, além de construir cerca de mil metros da avenida. 

Mais tarde, o coronel Conrado Niemeyer prolongou-a até a Praia de São Conrado e, em 1916, doou-a à cidade.