CONJUNTOS
BRASILEIROS ANTIGOS, por Helio Ribeiro
Conjuntos
musicais sempre abundaram no mundo todo: duplas, trios, quartetos, etc. A
seguir temos uma lista de alguns de conjuntos brasileiros antigos. Obviamente é
uma pequena amostra do que existiu no cenário musical nacional. Procurei listar
conjuntos nem muito antigos (por causa da idade média dos visitantes) nem muito
novos (para me manter dentro do limite de tempo do SDR).
Para
evitar longo texto, não citei a história completa dos conjuntos nem suas
músicas mais conhecidas.
1)
TRIO IRAKITAN
O Trio
Irakitan é um conjunto vocal e instrumental criado em 1950 por Valdomiro Sobrinho, o "Valdó",
Paulo Gilvan Duarte Bezerril (conhecido no meio artístico como Paulo Gilvan)
e por João Manoel de Araújo Costa Netto, o Joãozinho. O primeiro nome dado ao trio foi Trio
Muirakitan, escolhido por Luís da Câmara Cascudo,
que significa pedra verde em tupi-guarani. Como na
época já havia um trio com o mesmo nome no Amazonas, Câmara Cascudo rebatizou o
grupo como Trio Irakitan, que, segundo Paulo Gilvan, significa mel verde, ou,
numa linguagem poética, doce esperança.
2)
TRIO NAGÔ
O Trio Nagô foi
formado em 1950 por Evaldo Gouveia, com Mário Alves (seu alfaiate) e Epaminondas de Souza (colega de boemia). Após representar o estado do Ceará
no programa Cesar de Alencar, na Rádio Nacional, o grupo foi contratado
pela Rádio Jornal do Brasil e
posteriormente pelas boates Vogue (RJ) e Oásis (SP). Dois anos depois,
iniciaram um programa semanal na Rádio Record (SP) que duraria pelos cinco anos seguintes.
3) OS CARIOCAS
Os
Cariocas é um conjunto vocal, criado por Ismael Neto em 1942, cujo repertório é a música popular brasileira (MPB), figurando entre
os mais antigos do Brasil. Os componentes do conjunto eram Ismael Neto, Severino Filho, Emanuel Furtado, o Badeco, Waldir Viviani e Jorge
Quartarone, o Quartera. No período inicial, o grupo apresentava
influências do jazz, sobretudo do swing.
Originalmente
cantavam em festinhas da vizinhança no bairro da Tijuca, quando participaram do programa de calouros Papel
Carbono, de Renato Murce, pela Rádio Nacional do Rio de Janeiro, vindo a obter o segundo lugar. Em novas tentativas
no programa, obtiveram a primeira colocação por duas vezes seguidas.
4)
MPB-4
MPB4 é um
grupo vocal e instrumental criado em Niterói em 1965. A primeira formação contou com Miltinho
(Milton Lima dos Santos Filho), Magro (Antônio José Waghabi Filho),
Aquiles (Aquiles Rique Reis) e Ruy
Faria (Ruy Alexandre Faria). Em
2004, Ruy Faria saiu do quarteto, por divergências comerciais com Miltinho,
sendo substituído por Dalmo Medeiros, ex-integrante do grupo Céu da Boca. Em 2012 Magro morreu, sendo substituído por Paulo
Malaguti, ex-integrante também do Céu da Boca e na época fazendo parte do grupo
Arranco de Varsóvia.
5)
QUARTETO EM CY
Quarteto
em Cy é um grupo vocal formado
em 1964 pelas irmãs Cybele, Cylene, Cynara e Cyva Ribeiro de Sá Leite. É
considerado o maior quarteto vocal feminino do Brasil, além de ser o mais
antigo. Nascidas em Ibirataia, Bahia, elas se mudaram para a
capital carioca para trabalhar com música, contando com o apoio de Vinicius de Moraes (que as chamava carinhosamente de
"baianinhas"). A estreia oficial do Quarteto aconteceu no dia
30 de junho de 1964, no Bottles Bar — Beco das Garrafas. No violão estava Rosinha de Valença, na
guitarra Carlos Castilho, e o Copa Trio, com Dom Um Romão na bateria, Dom
Salvador no piano e Manuel Gusmão no contrabaixo.
No final da década de 1960 o grupo alcançou êxito internacional sob o
título The Girls From Bahia, tendo
passado por mudanças em sua composição original. Neste período atuaram no
quarteto as cantoras Semíramis, Regina e Sonya. Após um breve hiato o grupo
voltou às atividades em 1972 com as cantoras: Cyva, Cynara, Dorinha e
Sonya.
6)
DEMÔNIOS DA GAROA
Um dos principais pilares do samba
paulistano, o Demônios da Garoa foi fundado no bairro da Mooca, em 1943, por
Toninho, Arnaldo Rosa, Francisco Paulo Galo, Cláudio Rosa e Arthur Bernardo,
com o nome Grupo do Luar. No começo da carreira, os cinco ficaram conhecidos na
região por cantar serenatas para moças do bairro.
No mesmo ano de 1943,
cantando pela primeira vez no rádio, venceu um concurso de calouros,
chamado A Hora da Bomba, da Rádio Bandeirantes. O
prêmio principal era um contrato para duas apresentações semanais na rádio.
O grupo mudou de
nome por iniciativa do locutor Vicente Leporace, entusiasta do grupo. Este promoveu um concurso
entre os ouvintes para que fosse escolhido o nome do grupo. Dentre as
sugestões, foi escolhido o nome "Demônios da Garoa" por um ouvinte da
radio não identificado até hoje.
Em 1949 conheceram o compositor Adoniran Barbosa. Nasceu a parceria que rendeu os principais
sucessos do grupo e seu reconhecimento nacional. O bom humor tornou-se a marca
registrada do grupo. Em 1965, com mudanças na formação original, gravou
"Trem das Onze", canção emblemática, juntamente com
"Iracema", "Saudosa Maloca", "O Samba do
Arnesto", "As Mariposas", "Tiro ao Álvaro", "Ói
Nóis Aqui Trá Veiz", "Vila Esperança" e "Vai no Bexiga pra
Ver".
O grupo vendeu
mais de dez milhões de cópias distribuídos em 69 compactos simples, 6 compactos
duplos, 34 LPs e 13 CDs ao longo de sua carreira.
Em 1994,
os Demônios da Garoa entraram para o Guiness Book - Livro dos Recordes Brasileiro, como o "Conjunto Vocal Mais Antigo do Brasil em
Atividade", além de receberem o disco de ouro pelo álbum 50 anos.
7) QUINTETO
VIOLADO
Quinteto
Violado é um conjunto instrumental-vocal brasileiro formado em 1970, na cidade de Recife, que
se caracteriza pela interpretação de músicas nordestinas e a realização de
pesquisas sobre o folclore brasileiro.
Foi inicialmente
formado por Toinho (Antônio
Alves), canto e baixo acústico; Marcelo (Marcelo de Vasconcelos Cavalcante
Melo), canto, viola e violão; Fernando Filizola; Luciano (Luciano Lira
Pimentel), percussão, e Sando (Alexandre Johnson dos Anjos), flautista.
Apresentou-se
pela primeira vez, ainda sem a denominação que o tornou famoso, em janeiro de
1970, na Faculdade de Filosofia da Universidade Federal de Pernambuco.
Em outubro de 1971, quando se apresentou no Teatro da Nova Jerusalém (Fazenda Nova PE), seus integrantes foram
chamados de "os violados", nascendo dai o Quinteto Violado.
A estreia internacional do grupo aconteceu um
ano depois, no Mercado Internacional de Disco e Edição Musical - Midem,
realizado na cidade de Cannes, França. A participação neste evento resultou no lançamento do
primeiro disco do grupo e do LP "A Feira no Japão". Nesta mesma
viagem o Quinteto foi até Paris, onde se apresentou no Olympia, ao lado de Jorge Benjor, Toquinho e Vinicius de Moraes.
Em 1974,
receberam o Troféu Noel Rosa, como Melhor Conjunto
Instrumental do Brasil, pela Associação de Críticos de Arte de São Paulo.