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sábado, 7 de maio de 2022

DO FUNDO DO BAÚ: CANETAS E TINTEIROS


Hoje é sábado, dia da série "DO FUNDO DO BAÚ". Desde os mais remotos tempos me lembro da existência deste tinteiro do vovô. Não peguei o tempo das penas e da tinta naqueles recipientes dos dois lados da águia, mas sim das canetas-tinteiro. Para estas usávamos a tinta "Super Quinck azul real lavável, da Parker" em suas canetas.

Este tinteiro, de mármore, ficava em sua mesa do escritório, e ninguém podia mexer. Preso à mesa, um daqueles aparelhos de apontar lápis, com uma pequena manivela e furos de tamanhos diferentes, adequados às várias espessuras dos lápis. Era um tempo em que, também, pasmem os mais novos, ainda não havia o domínio das esferográficas. E como a tinta demorava a secar, havia que usar o mata-borrão. Completavam o conjunto, dois pesos dourados.


Vemos Nair Amorim fazendo anúncio das tintas Parker para canetas. Foi uma conhecida dubladora, tendo dublado Maureen O'Sullivan, Audrey Hepburn, Mia Sara, Imelda Staunton, Elizabeth Taylor e Julie Andrews. De voz adocicada, Nair interpretou mocinhas como a noviça Maria, Lili, Juliet, Velma (Scooby-Doo) e Lisa Simpson, além de meninos, pois consegue com perfeição fazer vozes infantilizadas. Nair Amorim era Don Trolino, do programa Vesperal Trol, da Tv Tupi dos anos 50.


Vemos a embalagem da tinta Parker Azul Real Lavável. Durante muito tempo as canetas vazavam e manchavam os uniformes escolares. Outras vezes acabava a tinta durante as aulas. A solução era pedir a um colega que colocasse um pingo de tinta sobre a carteira escolar e a "transfusão" pudesse acontecer.


Eis uma elegante Parker 61. Acho que esta era do Conde di Lido.


Vejam minha caneta Parker 61, que há mais de 60 anos me presta bons serviços. Conforme propaganda da época, "seu notável sistema capilar, combinado com uma "represa de tinta" exclusiva da Parker, elimina as causas de vazamento comuns a todas as canetas. A Parker 61 abastece e limpa a si própria, e não tem peças móveis para degastar". Minha madrinha me presenteou com esta caneta, já com meu nome gravado.


sexta-feira, 6 de maio de 2022

ONDE É?

As fotos são entre 1958 e 1961, conforme as legendas. 

FOTO 1: grau de dificuldade 2, pois se alguém conhece os estabelecimentos comerciais ficará fácil identificar o local.

FOTO 2: grau de dificuldade 3, caso estivesse no Concurso Sherlock Holmes.

FOTO 3: também grau de dificuldade 3. Embora o traçado das linhas de bonde possam ajudar o calçamento com paralelepípedos pode ser um compricador.

 

FOTO 4: grau de dificuldade mínimo, para ninguém passear no bonde Clouseau.

PS: todas as fotos são do acervo do Correio da Manhã, disponíveis na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional.

quinta-feira, 5 de maio de 2022

AEROPORTO SANTOS DUMONT

O aeroporto Santos Dumont certamente está num dos mais belos cenários do mundo.
O desafio hoje para os comentaristas é identificar os aviões no pátio. Não vale "colar".


 Foto de Genevieve Naylor, década de 1940.


Foto de Mel Lawrence, de 1960, garimpada pelo Jason. Diz o Decourt que o Lóide Aéreo era uma das empresas mais folclóricas dos anos 50 e 60 no Brasil, principalmente pela má fama da manutenção de seus aviões. 


Foto de 1970 de autoria de A. V. Pettit, garimpada pelo Jason. No horizonte, fora das pistas do aeroporto, aparecem coisas interessantes, o grande navio é o velho porta-aviões Minas Gerais, o último veterano da Segunda Guerra a sair de atividade. Decourt sugeriu que ele poderia ter virado um museu ou centro cultural, mas a Marinha preferiu vendê-lo como ferro-velho. E ainda não existia a ponte Rio-Niterói.


Varig! Varig! Varig!


Foto de 1952, do acervo do “Voando para o Rio”. Este avião, neste dia, participaria de um voo histórico.


quarta-feira, 4 de maio de 2022

CONJUNTOS BRASILEIROS

 

CONJUNTOS BRASILEIROS ANTIGOS, por Helio Ribeiro

Conjuntos musicais sempre abundaram no mundo todo: duplas, trios, quartetos, etc. A seguir temos uma lista de alguns de conjuntos brasileiros antigos. Obviamente é uma pequena amostra do que existiu no cenário musical nacional. Procurei listar conjuntos nem muito antigos (por causa da idade média dos visitantes) nem muito novos (para me manter dentro do limite de tempo do SDR).

Para evitar longo texto, não citei a história completa dos conjuntos nem suas músicas mais conhecidas.

1) TRIO IRAKITAN

O Trio Irakitan é um conjunto vocal e instrumental criado em  1950 por Valdomiro Sobrinho, o "Valdó", Paulo Gilvan Duarte Bezerril (conhecido no meio artístico como Paulo Gilvan) e por João Manoel de Araújo Costa Netto, o Joãozinho. O primeiro nome dado ao trio foi Trio Muirakitan, escolhido por Luís da Câmara Cascudo, que significa pedra verde em tupi-guarani. Como na época já havia um trio com o mesmo nome no Amazonas, Câmara Cascudo rebatizou o grupo como Trio Irakitan, que, segundo Paulo Gilvan, significa mel verde, ou, numa linguagem poética, doce esperança.


2) TRIO NAGÔ

O Trio Nagô foi formado em 1950 por Evaldo Gouveia, com Mário Alves (seu alfaiate) e Epaminondas de Souza (colega de boemia). Após representar o estado do Ceará no programa Cesar de Alencar, na Rádio Nacional, o grupo foi contratado pela Rádio Jornal do Brasil e posteriormente pelas boates Vogue (RJ) e Oásis (SP). Dois anos depois, iniciaram um programa semanal na Rádio Record (SP) que duraria pelos cinco anos seguintes.


3) OS CARIOCAS

Os Cariocas é um conjunto vocal, criado por Ismael Neto em 1942, cujo repertório é a música popular brasileira (MPB), figurando entre os mais antigos do Brasil. Os componentes do conjunto eram Ismael Neto, Severino Filho, Emanuel Furtado, o Badeco, Waldir Viviani e Jorge Quartarone, o Quartera. No período inicial, o grupo apresentava influências do jazz, sobretudo do swing.

Originalmente cantavam em festinhas da vizinhança no bairro da Tijuca, quando participaram do programa de calouros Papel Carbono, de Renato Murce, pela Rádio Nacional do Rio de Janeiro, vindo a obter o segundo lugar. Em novas tentativas no programa, obtiveram a primeira colocação por duas vezes seguidas.


4) MPB-4

MPB4 é um grupo vocal e instrumental criado em Niterói em 1965. A primeira formação contou com Miltinho (Milton Lima dos Santos Filho), Magro (Antônio José Waghabi Filho), Aquiles (Aquiles Rique Reis) e Ruy Faria (Ruy Alexandre Faria). Em 2004, Ruy Faria saiu do quarteto, por divergências comerciais com Miltinho, sendo substituído por Dalmo Medeiros, ex-integrante do grupo Céu da Boca. Em 2012 Magro morreu, sendo substituído por Paulo Malaguti, ex-integrante também do Céu da Boca e na época fazendo parte do grupo Arranco de Varsóvia.


5) QUARTETO EM CY

Quarteto em Cy é um grupo vocal formado em 1964 pelas irmãs Cybele, Cylene, Cynara e Cyva Ribeiro de Sá Leite. É considerado o maior quarteto vocal feminino do Brasil, além de ser o mais antigo. Nascidas em Ibirataia, Bahia, elas se mudaram para a capital carioca para trabalhar com música, contando com o apoio de Vinicius de Moraes (que as chamava carinhosamente de "baianinhas"). A estreia oficial do Quarteto aconteceu no dia 30 de junho de 1964, no Bottles Bar — Beco das Garrafas. No violão estava Rosinha de Valença, na guitarra Carlos Castilho, e o Copa Trio, com Dom Um Romão na bateria, Dom Salvador no piano e Manuel Gusmão no contrabaixo.

No final da década de 1960 o grupo alcançou êxito internacional sob o título The Girls From Bahia, tendo passado por mudanças em sua composição original. Neste período atuaram no quarteto as cantoras Semíramis, Regina e Sonya. Após um breve hiato o grupo voltou às atividades em 1972 com as cantoras: Cyva, Cynara, Dorinha e Sonya. 


6) DEMÔNIOS DA GAROA

Um dos principais pilares do samba paulistano, o Demônios da Garoa foi fundado no bairro da Mooca, em 1943, por Toninho, Arnaldo Rosa, Francisco Paulo Galo, Cláudio Rosa e Arthur Bernardo, com o nome Grupo do Luar. No começo da carreira, os cinco ficaram conhecidos na região por cantar serenatas para moças do bairro. 

No mesmo ano de 1943, cantando pela primeira vez no rádio, venceu um concurso de calouros, chamado A Hora da Bomba, da Rádio Bandeirantes. O prêmio principal era um contrato para duas apresentações semanais na rádio.

O grupo mudou de nome por iniciativa do locutor Vicente Leporace, entusiasta do grupo. Este promoveu um concurso entre os ouvintes para que fosse escolhido o nome do grupo. Dentre as sugestões, foi escolhido o nome "Demônios da Garoa" por um ouvinte da radio não identificado até hoje.

Em 1949 conheceram o compositor Adoniran Barbosa. Nasceu a parceria que rendeu os principais sucessos do grupo e seu reconhecimento nacional. O bom humor tornou-se a marca registrada do grupo. Em 1965, com mudanças na formação original, gravou "Trem das Onze", canção emblemática, juntamente com "Iracema", "Saudosa Maloca", "O Samba do Arnesto", "As Mariposas", "Tiro ao Álvaro", "Ói Nóis Aqui Trá Veiz", "Vila Esperança" e "Vai no Bexiga pra Ver".

O grupo vendeu mais de dez milhões de cópias distribuídos em 69 compactos simples, 6 compactos duplos, 34 LPs e 13 CDs ao longo de sua carreira.

Em 1994, os Demônios da Garoa entraram para o Guiness Book - Livro dos Recordes Brasileiro, como o "Conjunto Vocal Mais Antigo do Brasil em Atividade", além de receberem o disco de ouro pelo álbum 50 anos.


7) QUINTETO VIOLADO

Quinteto Violado é um conjunto instrumental-vocal brasileiro formado em 1970, na cidade de Recife, que se caracteriza pela interpretação de músicas nordestinas e a realização de pesquisas sobre o folclore brasileiro.

Foi inicialmente formado por Toinho (Antônio Alves), canto e baixo acústico; Marcelo (Marcelo de Vasconcelos Cavalcante Melo), canto, viola e violão; Fernando Filizola; Luciano (Luciano Lira Pimentel), percussão, e Sando (Alexandre Johnson dos Anjos), flautista.

Apresentou-se pela primeira vez, ainda sem a denominação que o tornou famoso, em janeiro de 1970, na Faculdade de Filosofia da Universidade Federal de Pernambuco. Em outubro de 1971, quando se apresentou no Teatro da Nova Jerusalém (Fazenda Nova PE), seus integrantes foram chamados de "os violados", nascendo dai o Quinteto Violado. 

 A estreia internacional do grupo aconteceu um ano depois, no Mercado Internacional de Disco e Edição Musical - Midem, realizado na cidade de Cannes, França. A participação neste evento resultou no lançamento do primeiro disco do grupo e do LP "A Feira no Japão". Nesta mesma viagem o Quinteto foi até Paris, onde se apresentou no Olympia, ao lado de Jorge Benjor, Toquinho e Vinicius de Moraes.

Em 1974, receberam o Troféu Noel Rosa, como Melhor Conjunto Instrumental do Brasil, pela Associação de Críticos de Arte de São Paulo.



terça-feira, 3 de maio de 2022

TIPOS CARIOCAS

Como conta o Rouen, existem alguns personagens em nossa cidade que ficam famosos ou simplesmente conhecidos seja pela sua excentricidade, pelo seu trabalho ou pelo modo de se apresentar.

Certamente há um morador de rua aí no seu bairro que há muito encontra-se na sua “jurisdição”, você o vê, mas não fala com ele, ele é calmo, fica sempre naquele mesmo local, sem importunar ninguém.

O da foto é o Antonio dos Santos, conhecido como “Camundongo”.


O jornalista Mario Morais, nos anos 50, escreveu: “Raro é aquele que não conhece o popular velhinho que apesar de seus 88 anos, consegue movimentar sua carrocinha, movida a pedais, e que lhe serve de moradia. O antigo sapateiro, natural de Diamantina, gira por toda a cidade, vivendo à custa de uma vitrola instalada em sua “casa automóvel”. Onde para, reúne-se logo uma dezena de curiosos. Ele oferece discos à escolha dos espectadores que, para ouvirem o número escolhido, são obrigados a pagar três cruzeiros. Vive, assim, há 38 anos desde que abandonou definitivamente a profissão de remendeiro.

De uma geringonça no início, conseguiu hoje uma bonita carrocinha que foi batizada pelo povo irreverente com o nome pomposo de “rabo de peixe” (apelido dos belos e caros veículos americanos que por aqui circulavam nos anos 50).

O Lavra (Bispo Rolleiflex) lembra que a cor da carrocinha era verde. O Candeias ouvia a música do Camundongo nos arredores do Cinema São Luiz, no Largo do Machado.

Outra figura muito conhecida era o "Urubu". Conta o Jason que, junto com seu cachorro "Pega Firme" moravam juntos na boleia de um velho caminhão International no Posto 6, em Copacabana. O carro tinha pneus carecas, caía aos pedaços, mas nunca deixou de atender, de dia ou à noite, as chamadas para reboque ou trabalhos de pequena mecânica. Isaias da Silva era o nome dele. Sempre vestido com o mesmo macacão sujo de graxa. “Pega Firme” tinha a missão de montar guarda ao "Soneca", o carro-reboque. 


O telefone do Urubu era o do Bar Igrejinha, na Francisco Otaviano. 

Cada bairro ou cada época tem seus personagens. Desde o “Gentileza” (José Datrino) até a Ana Maria, a “mulher de branco” que há anos se transformou na “mulher de azul” e ainda perambula, macérrima, por Ipanema. O ceguinho do Largo do Machado, o senhor de “smoking” que distribuía rosas pelas mesas dos bares (meio que forçando a compra para a namorada), o vendedor de amendoim da Praia de Botafogo. 

E há os espertalhões, como o amputado que fica pedindo esmola numa cadeira de rodas velha na Praça N.S. da Paz e à tarde entra em seu carro adaptado para ir para casa.

O primeiro desses personagens que conheci foi no início dos anos 50, na Rua Dias da Rocha. Morava na calçada em frente ao Jardim de Infância Vitória Régia. Não sei a razão, mas era conhecido como “Mimica”.

Você conhece algum?




segunda-feira, 2 de maio de 2022

IGREJA DE SANTA TEREZINHA DO MENINO JESUS


Vemos a igreja de Santa Terezinha do Menino Jesus, ao lado do Túnel Novo. À esquerda podemos ver o Posto Esso e o terreno da Casa da Fossa. Neste local se ergue o shopping Rio-Sul.

Em 1930 o primeiro lote do terreno foi comprado. A pedra fundamental da igreja foi abençoada em 1931. O arquiteto responsável pela obra foi o Professor Archimedes Memória. A firma Penna e Franca iniciou a construção da igreja em 1932. Em 1934 foi comprado um segundo lote de terreno, que unido ao primeiro, media 50m de frente. Em 1935 foi inaugurada a cripta, em 1940 foi concluída a fachada e em 1941 a igreja foi aberta aos fiéis.


A igreja é no estilo art-déco e foi concebida para pagar uma promessa do Arcebispo do Rio D. Sebastião Leme feita quando se recuperava de uma grave doença em 1927.


Nesta vista aérea vemos a igreja à esquerda e, à direita, o Hospital São Zacarias, a Ladeira do Leme, o antigo prédio do DASP. Anos após esta foto foi construído o enorme Condomínio Morada do Sol.

Esta foto e a seguinte foram garimpadas pela tia Milu no acervo da LIFE. Estas fotos feitas em 1973 por Alfred Eisenstaedt. Estamos na parte lateral da Igreja de Santa Terezinha, na Av. Lauro Sodré ao lado do Túnel Novo. 



Não sei como está atualmente, mas durante muito tempo havia uma multidão rezando nesta cripta às segundas-feiras. 

Também antigamente se via muitas pessoas fazendo o sinal da cruz ao passar em frente à igreja. Era possível perceber isto principalmente dentro dos ônibus.  Hoje é muito raro. 


Foto de Gustavo Pereira, do acervo da tia Milu, mostrando os formandos de 1957 do Colégio Andrews no dia da missa de formatura na igreja de Santa Terezinha.