Conta M. Teixeira que o Aterro do Flamengo é o maior parque urbano do mundo, com mais de um milhão e duzentos mil metros quadrados de área. O primeiro aterro desta área deu-se em 1779, quando foi arrasado o Morro das Mangueiras para acabar com a infecta Lagoa do Boqueirão. Conforme a cidade se expandia para o sul, pequenos aterros iam sendo feitos, principalmente na Praia de Botafogo.
Em 1890 foi proposto a
desmonte do Morro de Santo Antonio para, no trecho Glória-Calabouço, se
construir um luxuoso bairro residencial - mas tal plano não foi adiante.
Em 1904, durante o
Governo Passos, foi contruída a Avenida
Beira-Mar, num trecho aterrado que começava na Praia de Santa Luzia e terminava
na Praia de Botafogo (nesta obra foram construídos os belos jardins, o pavilhão
de regatas, o “Teatro Guignol" para crianças e o pavilhão do Mourisco).
Em 1919 surgiu a ideia de
ampliação do aterro com o desmonte do Morro de Santo Antonio, para a construção
da exposição comemorativa do Centenário da Independência do Brasil. A ideia
inicial foi modificada e optou-se por arrasar o Morro do Castelo (destruindo o
berço da cidade), aterrando a área da Ponta do Calabouço ao Saco da Glória
(havia tanta terra que dela ainda se fez o aterro das bordas do Pão de Açúcar
para construir a Urca).
Na década de 1920, Alfred
Agache propõe "uma cidade europeia nos trópicos", com uma praça
monumental (a "Entrada do Brasil") no local onde há hoje o MAM - tal
plano também não vingou (haveria uma catedral onde, de 1937 a 1944, foi feito o
Aeroporto Santos Dumont).
Em 1948, sob a supervisão
de Reidy foram iniciadas as obras do atual Aterro, onde em 1954 realizou-se o
Congresso Eucarístico. Em 1954, com o desmonte do Morro de Santo Antonio, as
obras aceleraram-se, construindo-se o MAM e o Monumento aos Mortos da 2ª Grande
Guerra.
Finalmente, o atual
Parque do Flamengo tomou forma no final da década de 50, início da de 60, sob a
influência de D. Lota Macedo Soares. Na ampla faixa aterrada, em vez das 16
pistas de automóveis ficaram oito, permitindo uma grande área de lazer.
Hoje, com fotos do "Correio da Manhã", veremos fotos dos seus primeiros tempos.
FOTO 1: Em 05/01/1960 o Correio da Manhã noticiava:"Ontem o Rio de Janeiro, finalmente, perdeu completa e definitivamente uma de suas tradicionais praias de banho: a do Flamengo. O aterro chegou ao "cabo" improvisado no princípio da Avenida Rui Barbosa. Foi o fim, após longa agonia.
Os banhistas renitentes que até anteontem permaneciam na minúscula faixa de areia que ainda restava, não foram mais vistos mergulhando nas águas barrentas. No local surgirá uma ou mais pistas para autos. É o progresso.
Notamos ontem, junto à amurada, algumas pessoas olhando, desolados, o que até bem pouco havia sido um burburinho de moças bonitas de mailots coloridos expostas ao sol. Mas ontem não havia mais beleza nem graça: foram substituídas por feios e sujos caminhões que iam e vinham levantando nuvens de poeira".
FOTO 2: Em meados de 1959 a mureta da Praia do Flamengo ainda resistia, enquanto o aterro avançava.
FOTO 3: Aos poucos a região se transformava. Creio que a maioria não imaginava que este cenário se transformaria em, sem dúvida, um belo parque.
FOTO 4: Também de 1959. Os habituais "fiscais de obras" do Rio a tudo controlavam.
FOTO 5: O tempo passou, as pistas foram construídas e os trabalhos de Burle Marx começaram a aparecer.