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sexta-feira, 9 de agosto de 2024

COMERCIAIS ANTIGOS DE CARROS (1)

 

 COMERCIAIS ANTIGOS DE CARROS (1), por Helio Ribeiro

Até algumas décadas atrás era comum serem veiculados comerciais de carros na TV. Mas há tempos não se vê isso com tanta assiduidade. A Internet tem uma imensa variedade daqueles anúncios antigos e ficou difícil escolher quais postar aqui e quais não. Optei por duas postagens separadas: uma só com comerciais da Volkswagen, onde o fusca é maioria, e outra com comerciais das outras montadoras. A de hoje é sobre a Volkswagen.

Sem mais delongas, vamos aos comerciais dos bólidos da época.

 

FUSCA


O anúncio abaixo foi bastante veiculado na TV.


Esse é bastante criativo, mas não lembro de tê-lo visto.


Também nunca vi o abaixo.


Provavelmente este só foi veiculado em São Paulo.


Um comercial norte-americano.


E um alemão. O título significa "Histórias do Volkswagen".


TODA A LINHA VW

Muito bem bolado o abaixo, porém nunca o vi. Baseado no filme “Sete Homens e um Destino” ou em inglês, que tem mais a ver com o comercial, “The Magnificent Seven”.


PASSAT 1974

Lançamento do Passat. Nunca achei bonito esse carro, mas dirigi um modelo 1975 de um amigo, quando fomos a Santa Catarina. Peguei o volante um pouco à frente de São Paulo e fui até a divisa com Santa Catarina. Ele era paraplégico e o carro era adaptado. Um pouco complicado para dirigir: tinha um conjunto de barras articuladas de metal que fazia as vezes de acelerador, pedal de câmbio e freio. Só a alavanca de mudança de marcha era a mesma. Para acelerar você torcia uma bola na extremidade de uma das barras metálicas; para frear, empurrava todo o conjunto para a frente, pois ele estava acoplado ao pedal de freio; para fazer a mudança era mais complicado, pois precisava empurrar para cima um pedaço da barra articulada (isso empurrava o pedal de câmbio), fazer a mudança normalmente na alavanca para isso, depois baixar novamente o pedaço da barra.

Quando entrei num consórcio para pegar meu Voyage 1986, a Auto Modelo me ofereceu um Passat Village em substituição, pois não havia Voyage em estoque. Não aceitei porque tinha ouvido falar que o Passat iria sair de linha. E o Village, se não me engano, era mais voltado para táxis.


VARIANT_1969

Em 1974, quando discutíamos aqui em família que carro comprar, já que éramos em número de dez, avaliamos Kombi (mas era muito perigosa) e Veraneio (muito cara). Optamos por uma Variant. Vimos o anúncio de uma, acho que ano 1971. Eu e meu tio fomos vê-la. O anúncio dizia que ela havia rodado 21 mil quilômetros. Chegando no local, em São Cristóvão, ela não estava lá e sim na Tijuca. A pessoa que nos atendeu estranhou aquela quilometragem e disse que era mais do que isso, talvez uns 65 mil quilômetros.

Fomos até a Tijuca. Era uma Variant azul. Meu tio pediu para dirigi-la. Macaco velho, ele notou folga no volante, pedais gastos, e outros sinais de uso intenso. Desistimos da compra. Acabamos por escolher um Chevette 1974 zero km. Não dava para todos nós e por isso minha tia comprou um fuscão. Lembro das placas: o Chevette era LB-7713 e o fuscão ED-6254. Com a fusão GB-RJ, mudaram para ZN-7713 e QP-6254.


 ZÉ-DO-CAIXÃO 1969

Fracasso como carro de família, sucesso como táxi. Quem não se lembra deles?



------  FIM  DA  POSTAGEM  -------

O "Saudades do Rio" agradece a colaboração do Helio Ribeiro

 

BECO DA MÚSICA

 

O tema da postagem de hoje veio a partir do envio desta foto acima pelo GMA, com a sugestão de incluí-la em um "Onde é?"

Como eu pouco sabia sobre o "Beco da Música", que aparece na foto, resolvi dar uma pesquisada. 

Agradeço ao GMA a oportunidade.

Segundo Paulo Berger, fonte maior desta pesquisa, o “Beco da Música” começava no Largo de Moura e terminava na Rua da Misericórdia. É dado como desaparecido com a urbanização da Esplanada do Castelo, absorvido pelas instalações do Tribunal de Justiça. Em imagem abaixo publicada, do Google, temos ideia de sua localização.

Anteriormente este beco era conhecido como “Travessa do Administrador”. O nome “Travessa do Administrador” se deve a ali ter residido o prelado eclesiástico ou administrador Mateus da Costa Alboim, que também foi provedor da Misericórdia.

Na casa situada na esquina do Largo de Moura eram realizados, em princípios do século XIX, os ensaios das bandas de música dos regimentos portugueses do Quartel de Moura, daí o nome de “Beco da Música”.

Na altura do "Beco da Música" ficava situada a "Porta da Cidade", a qual comunicava o Morro do Castelo com a várzea, que era então a Praia da Piassava ou de Pina Sapé.

Alguns o chamavam até de "Beco da Porta da Cidade", pois o traçado dele ia dar numa pequena posição fortificada, onde havia  uma trincheira e um pesado arco de cantaria com portão que dava acesso à subida do Castelo e ao guindaste dos jesuítas. 


Nesta imagem do Google temos uma boa ideia da localização do "Beco da Música".


Esta foto de Malta, dos anos 40, do AGCRJ, tem o título "Beco da Música".

O Largo de Moura ficava situado entre o antigo Mercado Municipal, Praça Marechal Âncora e as ruas Dom Manuel e Clapp. O Largo desapareceu com a urbanização do Castelo.  

A Rua da Misericórdia, também desaparecida com a urbanização do Castelo, já teve os nomes de Rua Direita para a Misericórdia, Rua Direita da Praia, Rua para a Igreja de Bonsucesso, Rua que vai de São José para a Misericórida. A origem do nome prende-se à instituição da Santa Casa de Misericórdia, fundada por José de Anchieta, antes de 1582.

Conta Brasil Gerson, a partir de Felisbelo Freire, que, aquartelados nas vizinhanças, os músicos do Regimento de Moura ensaiavam no local que fora sede da administração do monopólio do sal.

Estas duas últimas imagens garimpadas pelo Decourt mostram a localização do Beco da Música.


Havia muitos becos nesta região da cidade, a maioria desaparecida com a construção da Avenida Perimetral e, depois, pelas instalações do Tribunal de Justiça.

Entre eles o "Beco do Guindaste", alusão a um misto de plano inclinado e guindaste para o transporte entre a praia e o convento dos jesuítas no Morro do Castelo. Começava na Travessa Costa Velho e não tinha saída. A seu lado ficava o "Beco Pequeno".

O "Beco dos Ferreiros", onde trabalhavam os ferreiros da cidade e  moravam chineses e havia casas para se fumar ópio. Começava na Rua D. Manuel e terminava na Rua Vieira Fazenda.

O "Beco dos Madeireiros", depois "Travessa do Paço", foi aberto nos terrenos resultantes do recuo do mar. Foi obra dos jesuítas no século XVIII. Ali se instalaram os madeireiros e seus armazéns. A madeira era desembarcada na antiga Praia de D. Manuel. 

O "Beco da Fidalga", cuja denominação origina-se de um grande casarão de dois andares conhecido como "Casa da Fidalga". Especula-se ser D. Maria Antonia de Alencar ou D. Ana Isabel de Mascarenhas.

O "Beco do Cotovelo", que começava na Rua Clapp e se prolongava até a esquina da Rua do Carmo com São José. Foi aberto antes de 1690 e era tortuosa, fazendo um cotovelo em seu trajeto. Teve vários nomes como "Beco do Açougue Grande", "Beco do Padre Vicente", "Rua do Cotovelo", "Rua Bispo D. Vital", até se denominar Rua Vieira Fazenda.

O "Beco da Boa Morte", assim chamado pela proximidade da Forca, depois chamado de "Beco D. Manuel". Ali existiu um oratório dedicado à N.S. da Boa Morte.

O "Beco do Teatro", que começava na Rua Clapp e terminava na Rua D. Manuel. Foi aberto nos fundos do velho Teatro de São Januário, em honra da irmã de D. Pedro II. Deu lugar ao antigo edifício do Ministério da Viação e Obras Públicas inaugurado em 1874.

O "Beco da Natividade", que foi conhecido como da Igreja ou da Torre por achar-se ao lado da torre da Igreja de São José. Não foi possível descobrir quando e porque passou a se chamar "Beco da Natividade".

  

quarta-feira, 7 de agosto de 2024

HOTEL LISBOA / HOTEL BELLEVUE / HOTEL BELO HORISONTE

 

Esta bela fotografia da Brasiliana Fotográfica mostra o Hotel Lisboa final do século XIX. Ficava na Rua Marinho nº 1, em Santa Teresa. Esta rua é a atual Murtinho Nobre, que começa na Rua Dias de Barros.

Este hotel, tempos depois, recebeu os nomes de Hotel Bellevue e  Hotel Belo Horisonte (respeitada a grafia da época).

Os hotéis em bairros considerados mais afastados como o Internacional, Santa Teresa, Vista Alegre, Lisboa (depois Bellevue), Estrangeiros, Metrópole, Jourdain, Vila Moreau, formavam a aristocracia da hotelaria da cidade, como contam Elysio Belchior e Ramon Poyares.

Quando foram lançados talvez não pudessem ser comparados com hotéis europeus de primeira linha, mas não recebiam as críticas que se faziam à maioria dos hotéis do centro da cidade.


Apesar do estilo do prédio resvalar no eclético, a varanda fechada é um típico muxarabi árabe, que chegou a estas terras via nossos colonizadores portugueses. 

Muxarabi é um balcão suspenso e vazado colocado adiante de portas ou janelas. É um elemento arquitetônico característico da arquitetura tradicional do mundo islâmico. É uma espécie de “janela oriel” (janela de sacada envidraçada com uma forma de janela saliente que se localiza na fachada do prédio, mas não chega ao solo). 


Vemos aqui o anúncio do então Hotel Bello Horisonte, propriedade de J. B. Nogueira, na Rua Marinho nº 1.

"Tendo passado por numerosas reformas este estabelecimento acha-se à disposição das famílias e cavalheiros da boa sociedade, proporcionando aos seus hóspedes, salas e quartos, ricamente mobiliados. Restaurant de primeira ordem, gêneros de superior qualidade, magnífico jardim, parques e caramanchões, podendo dar refeições ao ar livre, para o que dispõe de bom pessoal.

Banhos frios e quentes, viagens rápidas para qualquer ponto da cidade, por bonds electricos de 15 em 15 minutos. Esplendido panorama se divisa por ambos os lados do Hotel, tendo à sua frente a deslumbrante Baía da Guanabara, podendo apreciar-se as entradas e saídas de vapores. Lugar muito saudável, recomendado pelos Srs. médicos desta capital.

Os bonds electricos, que partem do Largo da Carioca, chegam à plataforma do Curvello de 15 em 15 minutos. Em frente acha-se uma tabuleta que indica a posição do Hotel, que é a alguns passos e a pequena distância."

Esta rua foi aberta por Antonio Ribeiro Marinho que, após a morte do Barão do Curvello em 1877, iniciou o loteamento da chácara do Barão.

Ao lotear a chácara, Marinho assim a vendia: "a localidade tem facilidade de condução, recursos de vida à mão, vizinhança decente e sociedade escolhida".

Em outro lote ficava a casa que pertenceu ao Barão de Mauá, cujo edital de leilão dizia: "...situado num local salubre e de magnífica posição, possui um excelente banheiro com latrina inglesa, pomar, estrada até o alto da elevação da qual se deslumbra a vista panorâmica do movimento do porto até as ilhas fora da barra da Baía da Guanabara".

Segundo Gastão Cruls, Santa Teresa foi um dos morros que mais cedo tiveram as preferências da população como zona residencial e, desde que se abriu a velha Estrada do Aqueduto, suas margens se viram bordadas de casas. Aliás, por muitos motivos, era justo que os cariocas voltassem os olhos para o antigo Morro do Desterro. 

Bem exposto aos ventos da barra e à sombra de boa vegetação, nele se desfrutavam um ar mais fino e temperaturas mais suaves. No verão, entre gentes de mais recursos, quem não podia ir para Petrópolis, aí procurava uma casinha ou hospedava-se num de seus hotéis. 

NOTA: a postagem contou com a ajuda dos amigos do Facebook Rio Antigo, além da pesquisa no livro de Belchior & Poyares.




segunda-feira, 5 de agosto de 2024

HOTEL WILSON


Vemos o Hotel Wilson, que ocupava os números 2, 4 e 6 da Praia do Flamengo, precisamente na esquina que é também o começo da Ladeira do Russel. O telefone era Beira Mar 919.

Segundo Brasil Gerson, "era um hotel pequeno, mas elegante, próprio para famílias de bom-tom".

Ali se hospedou durante um tempo a família do Andre Decourt, que sobre este hotel escreveu o seguinte:

“O Hotel Wilson foi o embrião de um tipo de estabelecimento de hospedagem muito comum hoje, o apart-hotel. Pois ao contrário das pensões da época alguns quartos ou conjuntos de quartos do Hotel Wilson possuíam pequenas cozinhas, o que dava alguma liberdade para famílias que nele se instalavam. Como era o caso da minha, que durante a segunda metade dos anos 20, voltando da fazenda de café, passou uma considerável temporada hospedada no Hotel Wilson, antes de ir para uma residência, e como de costume era uma família numerosa. Meus bisavós, 4 tias-avós, 2 tios-avôs e a caçula que era minha avó,  alugavam um pequeno conjunto de quartos com cozinha, saleta e banheiro.

O prédio era bem grande, pois se aproveitava do profundo lote na confluência da Praia do Flamengo, Rua do Russel e da escadaria da Ladeira do Russel.

O prédio do hotel foi demolido em 1938, quando ali foi construído o Edifício Columbia até hoje no local.”

Já o amigo Marcio Bouhih informou que “no projeto de construção deste prédio (Arquivo da Cidade) consta como sendo o "Palacete da Família Chermont de Brito". Construído no início do século XX, se bem me recordo em 1912. O hotel acredito que fosse o prédio ao lado, onde hoje existe o hotel Flamengo. Esta construção, apesar de parecer enorme, tinha um interior um pouco acanhado. Pela planta original vê-se que só havia um banheiro no pavimento superior. Por isso, acho que pode não ter funcionado como hotel. A demolição desta casa foi anterior a 1940, data da construção do atual edifício.”

No que o Andre Decourt respondeu: “Ele poderia até ter tido um banheiro, mas deve ter sido redividido por dentro quando virou hotel e a família Chermont de Brito foi para Copacabana. Na Rua Santa Clara, pouco depois da esquina da Rua Lacerda Coutinho, ainda há uma das casas da família, que foi habitada por um de seus membros até pouco anos atrás. Eles também tinham outra grande casa na altura do 375/377 da Rua Santa Clara, demolida nos anos 70 e também um pequeno prédio na Rua Maestro Francisco Braga, hoje com as unidades vendidas para terceiros e tombando na APA do Bairro Peixoto em muito bom estado.”

O prezado Cau Barata, grande historiador do Rio Antigo e que acompanhava o “Saudades do Rio” escreveu: "os números 2, 4 e 6, da Praia do Flamengo, que fazem parte desta sua maravilhosa postagem, como endereço do Hotel Wilson, junto com os números 8, 10, 12, 14, 16, 18 e 20 (este último na esquina com a Rua Silveira Martins) - ou seja, o quarteirão inteiro, fez parte da grande chácara do Dr. Domingos de Oliveira Maia, entre os anos de 1820 e 1846. Bacharel em Direito, Domingos foi Juiz Municipal e dos Órfãos do termo de Cabo Frio. Era casado com uma filha do dono da Fazenda São Jacinto, em Cabo Frio.

A partir de 1848, começou a lotear este terreno, ficando, porém, três propriedades em mãos da família, que assim avançaram até o ano de 1900. Os números referentes ao seu estudo - Hotel Wilson - foram vendidos em 1848 para Luiz Antonio Alves de Carvalho, cujos descendentes reservaram para eles, os números 2 e 4, até 1900, enquanto o número 6, foi vendido para a família Muller.

Os herdeiros de Luiz Antonio - Carolina Teresa e Antonia Rosa, venderam, no início do século, os números 2 e 4, para o Deputado Federal Teotônio Raimundo de Brito Junior, chefe da família Chermont de Brito, por você citada, pelo seu casamento, em 1876, em Belém do Pará, com Inez Amélia de Chermont. Ele morreu a 28.06.1923 e fim dos números 2 e 4. O 6 estava com Maria da Glória Pontes Muller. Daí em diante, me delicio com as suas memórias.”

Ao pensar na demolição desses palacetes, temos sempre que ter em mente a mentalidade da época. Em 1960 não havia preocupação em preservar construções do início do século, pelo contrário, a História e a Natureza tinham que abrir caminho para a Modernidade.


Neste postal vemos o Hotel Wilson descrito como Pensão Wilson.


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