A postagem de hoje foi inspirada numa fotografia do Facebook do Amadeu Hermes, que mostra um trecho da Rua Figueiredo Magalhães entre a Rua Tonelero e a Praça Vereador Rocha Leão, perto do Túnel Velho.
FOTO 1: Esta antiga rua tinha
como nº 1 a casa de meu tio-avô James Darcy, cujo endereço não era na Av.
Atlântica, mas na Figueiredo Magalhães. A rua, até o ano de 1956, terminava
perto da Rua Tonelero, não indo na época até perto do Túnel Velho.
A casa é figurinha frequente nas fotos da Praia de Copacabana na primeira metade do século XX. Cheguei a conhecê-la, mas minha lembrança é bastante vaga.
FOTO 2: Esta é a lateral da casa, que dava para a Figueiredo Magalhães. Lembro ainda do meu medo do cachorro, que latia muito quando tocávamos a campanhia deste portãozinho.
FOTO 3: É a postada pelo Amadeu
Hermes. Estamos na altura do Posto Texaco, cujo endereço era Rua Figueiredo
Magalhães nº 875, Copacabana, atual endereço do Hospital Copa D´Or.
Um pouco mais adiante, à direita, havia um posto de gasolina Shell e, logo após, um posto de gasolina Shell.Supermercado Merci.
A foto, hoje replicada várias vezes na Internet, foi considerada pelos decanos dos FRA-Fotologs do Rio Antigo, como inédita.
Nesta época a mão de direção já era a atual, da praia para o Túnel Velho.
FOTO 4: Aqui vemos uma colorização da foto anterior, feita por Alex Rosa (alguns detalhes se perderam na colorização, como aquele luminoso “TÁXI” no teto do DKW ). O Posto Texaco, segundo informação do neto do proprietário (cujo nome acabei por não anotar), chamava-se “Posto Coronado”.
Neste trecho depois dos postos de gasolina, com o encerramento das atividades do Supermercado Merci, existiram uma filial da Casas da Banha, um boliche e o Hotel Copa D´Or, que foi construído no terreno do Posto Shell. No lugar do Merci foi construído o Centro de Convenções do hotel.
Conta o Decourt que o Posto Texaco existiu até 1982, quando foi construído o “flat” Édipo-Rei. Já o Posto Shell foi-se por volta de 1987 para a construção do Hotel Copa D'Or.
FOTO 5: Nesta foto, do acervo do
Correio da Manhã, vemos a loja do Supermercado Merci – Mercearias Nacionais, em
Copacabana. Esta era, talvez, a maior cadeia de comestíveis do Estado da
Guanabara.
Conta o Prof. Jaime
Moraes que o MERCI teve a sua origem em um modesto armazém de secos e molhados
na esquina de Proclamação com Teixeira de Castro em Bonsucesso, conhecido como
"A Venda do Pinho". “Seu” Pinho acabou mudando o nome para Mercearias
Nacionais, com algumas poucas filiais na região da Leopoldina. Com o tempo os
negócios prosperaram e se transformaram em MERCI.
O endereço desta filial era
Rua Figueiredo Magalhães nº 865. Internamente as paredes internas eram de
tijolinhos amarelados, piso de granitina e teto com forro de alumínio.
Esta filial frequentava
os jornais com notícias como de um assalto em 1971, quando dois jovens, um
branco e outro mulato, entre 20 e 23 anos, entraram no Merci, renderam o
gerente Virgilio Mário Marques, penetraram no escritório onde se encontrava o
contador Adel Pereira Dias e forçaram-no a entregar a féria de Cr$ 70 mil,
referente aos dias de sexta-feira, sábado e domingo. O dinheiro ia ser
depositado no Banco Souto Maior. O assalto durou três minutos e os bandidos
fugiram num Dodge-Dart, identificado como o que foi furtado do motorista
Silvino Hipólito de Azevedo Neto, na Praia do Flamengo nº 374.
O motorista reconheceu na
galeria de fotografias da 10ª DP, como sendo um dos assaltantes, Sergio Torres,
fichado na distrital como assaltante de bancos, ligado ao esquema de subversão.
É conhecido por Rui.
Outro assalto aconteceu
pouco tempo depois e os policiais achavam que alguns dos assaltantes eram do
mesmo grupo anterior. Desta feita eram sete e estavam armados com
metralhadoras. O gerente, então Manuel da Costa Matos, foi obrigado a abrir o
cofre. Entre os assaltantes havia uma mulher. O grupo fugiu em duas Variant,
cujas placas não foram identificadas e em um Volkswagen 1600, vermelho, cuja
placa seria GB 18-98-90 ou GB 18+89-90.
Podemos observar na foto
que, pela posição do ponto de ônibus, a mão de direção da Rua Figueiredo
Magalhães era no sentido Túnel Velho-Av. Atlântica.
Outro incidente, este de
grande repercussão, foi em 1973 quando o teto do Supermercado Merci, na Rua
Figueiredo Magalhães nº 865, começou a desabar sobre 100 funcionários e
clientes. Estalidos que antecederam o desabamento permitiu a fuga de todos. A
comissão do Departamento de Edificações concluiu que tanto a estrutura metálica
da cobertura como as paredes de frente do fundo foram afetadas e indicou a
demolição. Alguns prédios da Rua Décio Vilares, nos fundos do supermercado, também
foram atingidos.
Neste mesmo local onde funcionou o Merci, em maio de 2000 foi inaugurado o Hospital Copa D´Or, resultado de um investimento de R$ 50 milhões. Com 218 leitos, centro cirúrgico com 12 salas e serviços de emergência 24 horas para adultos e crianças distribuídos entre 12 andares com 20 mil metros quadrados de construção. A previsão de um heliporto causou polêmica entre os vizinhos do Bairro Peixoto incomodados pelo barulho.
FOTO 6: O Hotel Copa D´Or foi
inaugurado em abril de 1988 pelo “Grupo de Transportes Cidade do Aço”, no nº
875. O telefone era 235-6610. Tinha uma piscina e um grande salão de
convenções. Seu restaurante, o “Le Jardin” tinha fama, com destaque para a
feijoada semanal, que disputava a preferência com a que havia no hotel Caesar
Park, em Ipanema. O piano-bar era frequentado pela alta sociedade carioca.
O hospital Copa D'Or
originou-se do antigo Hotel Copa D'Or, que foi adquirido pelo médico e
empresário Jorge Moll Filho em 1994 e transformado no hospital em 2000. Gaspar
D’Orey, proprietário do Hotel Copa D’Or, em Copacabana, resolveu regressar ao
seu país de origem, Portugal. Ofereceu ao sócio, Jacob Barata, o Hotel Copa
D’Or como quitação de dívida em outros negócios. Mas, somente o hotel, não
liquidaria o valor total do débito. Foi aí que entrou na jogada o cardiologista
Jorge Moll Filho, a quem o português teria emprestado grande quantia para
ajudar na expansão de suas clínicas de diagnóstico, a Cardiolab. Enquanto
efetuava pagamento em nome de Gaspar D’Orey, Jorge trocava ideias com Daniel,
filho de Jacob e responsável por receber o dinheiro em mãos. Os dois
planejavam, contra a vontade de Barata, transformar o hotel em hospital, com
objetivo de atender a classe alta do Rio de Janeiro. Na época, existiam poucos
hospitais privados na cidade. Em busca de atendimento de qualidade, cariocas se
deslocavam para o Hospital Albert Einstein, em São Paulo.
Após a trágica morte de
Daniel, vítima de um sequestro seguido de assassinato, Moll e Barata deram
continuidade ao projeto e transformaram o Copa D’Or em hospital que tinha a
hotelaria como raiz, equipamentos modernos e serviços de primeira.
Curiosidade: mais ou
menos na mesma época da inauguração do Hospital Copa D´Or eu fazia um curso de
MBA em Saúde. Talvez por esta sociedade no hospital, a filha de Jacob Barata,
que não era médica, foi minha colega de turma.
FOTO 7: O Texaco era o Posto Coronado, que ficava na Figueiredo Magalhães nº 961, telefone 36-2779, conforme o anúncio. Oferecia “consertos e serviços garantidos, além de eletrônicos e Hi-Fi. Também instalava a “Chave Merli” contra roubo (a fechadura Merli era uma tranca de direção. Abaixo há o resultado a uma consulta ao nosso grande especialista Obiscoitomolhado, a quem agradeço a ajuda). Vendia também automóveis.
A última notícia que encontrei no “Jornal do Brasil” foi da década de 1980, dando conta que era um dos postos Texaco que vendia álcool hidratado.
O outro era um posto Shell, que ficava em frente ao nº 870 (esta é uma referência encontrada em anúncio de venda de um Karmann-Ghia em 1964).
FOTO 8: Segundo Obiscoitomolhado aTranca Merli era um conjunto blindado, preso ao painel e que abraçava a coluna. Uma chave de
qualidade enfiava uma lingueta de aço.