Há postagens que têm que ser
copiadas, para serem divulgadas para todos os apreciadores do Rio Antigo, entre
eles os que acessam o “Saudades do Rio”. A de hoje é o estupendo, minucioso e
completo estudo que o prezado Maximiliano Zierer (a quem peço publicamente
licença para publicação e parabenizo) fez do quarteirão entre as ruas Bolívar e Xavier da
Silveira, Copacabana. É um trabalho magnífico, que todos devem conhecer, abrangendo
“ontem” (década de 30) e “hoje” (2019):
Descreve Zierer: “Da esquina com a
rua Bolívar em direção à rua Xavier da Silveira temos atualmente os seguintes
prédios, nesta sequência:
edifício Oceânico, rua Bolívar número
7, antigo Av. Atlântica número 766
edifício Brandt, Av. Atlântica número
3102
edifício Jurista Ruy Barbosa, Av.
Atlântica número 3114
edifício Pedra Branca, Av. Atlântica
número 3130
edifício Praia, Av. Atlântica número
3150, antigo número 784
edifício Embaixador, Av. Atlântica
número 3170 (ex-local da sede do Praia Clube, Av. Atlântica antigo número 790,
inaugurada em 14 de julho de 1928. Informação do André Decourt)
edifício Lincoln, Av. Atlântica
número 3186, antigo número 792
edifício Vicente Duarte, Av.
Atlântica número 3196
edifício São Carlos dos Pinhal
(esquina da Xavier da Silveira) Av. Atlântica número 3210
De acordo com o mapa publicado pela
Secretaria de Viação, Trabalho e Obras Públicas da Prefeitura do Distrito
Federal (PDF) no início da década de 30, havia nove casas nesse quarteirão.
Indiquei no mapa qual é o edifício que ocupa atualmente o local de cada uma
daquelas antigas casas de beira de praia. O mapa deve ser comparado com a foto
de 1930 das nove casas e também com a foto atual do mesmo local (2018), obtida
através do Google Street View. Em ambos os casos, indiquei o nome do edifício
que está no local atualmente. Como veremos adiante, a maioria daqueles
casarões, construídos durante a década de 1910, tiveram uma existência de
apenas 25 a 30 anos, sucumbindo logo em seguida à voracidade da especulação
imobiliária.
Quero destacar duas dentre as nove
casas neste quarteirão: a casa da esquina da Av. Atlântica com a rua Bolívar,
apelidada de castelinho da Bolívar, e a casa que foi sede do Praia Clube, bem
no meio do quarteirão. O castelinho da Bolívar, cujo endereço era Av. Atlântica
número 776 (numeração antiga) era uma elegante casa de dois andares com uma
torre pontiaguda no seu lado voltado para a esquina. Esse castelinho recebeu
destaque em 1916, quando foi selecionado como exemplo de uma das mais belas
casas do Rio de Janeiro daquela época de ouro, o início do século XX (ver foto
da matéria publicada na Revista da Semana de número 51, de 1916). O terreno foi
adquirido em dezembro de 1911 pelo Dr. Raul Camargo, que era Curador de Órfãos
do Distrito Federal, e o castelinho foi construído entre 1912-13. Logo na
primeira metade dos anos 30 (1934-35), o castelinho foi demolido, tendo sido
construído no seu lugar o edifício Oceânico (1936-37), cujo endereço é rua
Bolívar número 7, pois a portaria para a entrada no prédio é pela rua Bolívar.
A segunda casa que vamos destacar nesse
quarteirão era a sede do Praia Clube, que era dirigido pelo industrial Armando
Marinho. Na verdade, esta casa já era então a terceira sede do Praia Clube: a
segunda sede foi uma casa que deu lugar ao prédio do cinema Rian e a primeira
sede foi uma casa na rua Santa Clara número 168. Esta terceira sede, inaugurada
em 14 de julho de 1928 na Av. Atlântica número 790 (numeração antiga), era um
grande casarão de dois andares com belas varandas e um amplo terreno, cujo
lote, nos seus fundos, ia até a rua Aires Saldanha. No casarão eram organizadas
diversas festas, chás dançantes, saraus e outros eventos culturais da elite de
Copacabana do final dos anos 20 até a primeira metade dos anos 30 (a belle
époque de Copacabana).
O Praia Clube também organizava eventos
nas areias da praia de Copacabana e na pista da Av. Atlântica, os quais atraíam
multidões para as suas imediações, tais como as festas das sombrinhas, os
desfiles de misses, os desfiles de pijamas e os banhos de mar à fantasia. Como
a sede do Praia Clube era uma casa alugada, os proprietários tiveram interesse
em vender o casarão e, após a venda por volta de 1935-36, ele foi em seguida
demolido. No seu lugar, foi erguido o edifício Embaixador (1937-38), cuja
inauguração foi anunciada pelo jornal Correio da Manhã em 9-6-1938.
Diferentemente do quarteirão da Av.
Atlântica entre as ruas Santa Clara e Constante Ramos, onde o rápido processo
de verticalização começou somente a partir da segunda metade da década de 40
com a construção dos edifícios Albion (1945-46) e Cairo (1947-48), no
quarteirão entre as ruas Bolívar e Xavier da Silveira esse processo se iniciou
uma década antes, ou seja, ainda na metade dos anos 30, com a construção dos
edifícios Praia (1935-36) e o Oceânico (1936-37, este no local do castelinho na
esquina com a rua Bolívar). Na sequência, foram construídos: o edifício São
Carlos do Pinhal (1936-37, com apenas oito andares, sendo o mais baixo do
quarteirão, localizado na esquina com a rua Xavier da Silveira), depois, entre
1937-38, foi construído o edifício Embaixador (ex-local da sede do Praia Clube)
e, na virada da década de 30 para a década de 40, foram erguidos os edifícios
Brandt e Jurista Ruy Barbosa. Até a metade dos anos 40, mais dois edifícios
foram construídos: o edifício Lincoln (1944-45) e o edifício Vicente Duarte.
Ao final da década de 40, somente uma
única casa sobrevivia de pé daquele conjunto de nove casas que havia no
quarteirão. Era uma casa que possuía um torreão quadrado (que servia como
mirante para observar a praia e os movimentados eventos do Praia Clube) e que
ficou emparedada entre o edifício Praia e o Ruy Barbosa. Essa casa ainda
resistiu até o início da década de 60, quando finalmente foi demolida (1961-62)
e no seu lugar foi construído o edifício Pedra Branca (1963-64). E assim
terminou a era de ouro das belas casas e bangalôs de praia neste quarteirão
entre as ruas Bolívar e Xavier da Silveira, todas substituídas pela implacável
modernidade e praticidade dos famigerados arranha-céus!”
Texto e pesquisa de Maximiliano
Zierer - fontes: Jornal do Brasil, Correio da Manhã, Jornal do Commércio,
revista Careta, revista da Semana.
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Bom dia, Dr. D'.
ResponderExcluirTrabalho digno de louvor. Copacabanólogos em festa. Decourt fazendo escola.
Que trabalho de pesquisa magnifico! muito legal a comparação do visual e a comparação deste trecho da orla como era e como agora está. Pela arquitetura destes prédios, achava que haviam sido construídos nos anos 50 e não nos anos 30.
ResponderExcluirSensacional este trabalho.Parabens ao Zierer.Vendo os casarões da antiga Atlantica,só fico imaginando minha igreja instalada naquela área e com todas as mordomias para dizimistas.Um show.
ResponderExcluirBom dia a todos.
ResponderExcluirOk. Tudo muito bonito, tudo muito arrumadinho. Mas aí vem da pergunta que não quer calar: Teria êxito nos dias atuais?
Veja que nessas casas, contando com família e empregados, talvez não chegasse ao número de 10. Quantos moradores habitam em um edifício deste? Resposta: Muitos.
Esse tipo de coisa é impraticável em uma metrópole. Que existisse em cidades como Guapimirim e entre outras, tudo bem, mas em regiões metropolitanas é impossível.
Seja pelo que falei ou seja pelos motivos dos quais o Joel não se cansa de repetir diariamente aqui.
O que resta apenas para aqueles que lamentam é corroborar com as palavras do Lino: "Deveria existir uma lei que proibisse mais de 1 milhao de pessoas em qualquer cidade da Terra."
FF: saiu no Globo... Estudantes do CSI assaltados na rua Sorocaba.
ResponderExcluirEu tive acesso ao vídeo e infelizmente a ação é corriqueira. O autor do roubo estava usando uma camisa da seleção Argentina e aqueles corredores de Botafogo são palco dessas ações: Apenas um armado e o outro aguardando na moto. Deram sorte, pois um motorista ou transeunte armado daria dado facilmente cabo de pelo menos um deles. O curioso dessa ação criminosa foi que a indumentária de um dos criminosos fugiu ao "padrão habitual", já que na maioria da vezes tem as cores vermelho e preto. "um espanto"!
ExcluirBom dia,Luiz,pessoal,
ResponderExcluirPostagem magnífica! Parabenizo a vc por tê-la feito e ao Zierer pelo trabalho detalhadíssimo de levantamento de dados,numerações antiga e atual,posicionamento,etc.
Aí é que podemos ver o quanto se massacrou Copacabana.Permita-me o Wolfgang uma discordância, mas pelo menos a orla deveria sim, ter sido mantida com estas mansões.Que se levantassem os espigões da N.S.Copacabana para dentro.Teríamos mais circulação de ar,mais luz nos prédios de trás,e uma frente de costa esteticamente impecável.
Seria como se preservassem toda a Av.Rio Branco com os imóveis originais da Era Passos, mas cercada de tudo o que existe hoje.
O assunto é por demais complexo mas vamos por partes. O preço do metro quadrado na Atlântica é de tal monta que ninguém manteria atualmente uma mansão como as citadas no post, podendo lucrar muito mais construindo prédios de apartamentos. A desigualdade, a enorme quantidade de favelados, crackudos, e miseráveis, leis pífias onde as penas para invasão de propriedade, furto, roubo, etc, são ridículas, e a politica do vitimisto, coitadismo, e demais patranhas engendradas pela esquerda comunista, são fatores determinantes para inibir a construção e a manutenção de tais imóveis. Seus proprietários deveriam manter, caso residissem nelas, um exército de seguranças, cercas elétricas, etc.
ResponderExcluirNo meu caso,instalando minha igreja em qualquer dos casarões, teria antes a presença de um esquadrão anti tarjas-verdes.
ExcluirSensacional a pesquisa histórica ! Parabéns pela divulgação.
ResponderExcluirParabéns pelos 500.000 acessos!!!!
ResponderExcluirEntão os eventos do Praia Clube atraíram os investimentos imobiliários mais cedo para aquele trecho de Copacabana.
ResponderExcluirConsiderando-se a arquitetura e o urbanismo, o maior problema é essa "muralha" construída com tantos prédios colados uns nos outros.
Parabéns ao gerente do bar, já são mais de 500.000 visitas.
ResponderExcluirNinguém reparou (será?),mas neste exato momento em que escrevo, 12h25,o blog atingiu 500.065 acessos. Parabéns!!!
ResponderExcluirE que continue assim...
Acabei de ver agora. E depois nos comentários de vocês.
ResponderExcluirRealmente, nesta fase em que os blogs do Rio Antigo se deslocaram para o Facebook, é um número significativo.
Obrigado.
Peralta informa:Tia Nalu deixa Curitiba e vai para Sampa.
ResponderExcluirComo curiosidade: estes são os números de visualizações de agosto até o dia de hoje:
ResponderExcluirBrasil = 4941
USA = 242
Portugal = 49
Itália = 30
Irlanda = 29 (devem ser os Darcy de lá)
Espanha = 27
Russia = 25
Argentina = 11
Reino Unido = 10
Origem desconhecida 11
Considerando-se o tamanho da Irlanda, realmente só pode ser alguma ligação especial.
ExcluirNa média geral, nesses 2 anos e 8 meses, são aproximadamente 520 visualizações por dia.
Boa tarde a todos. Inicio meu comentário de hoje parabenizando o mestre Dr. Luiz D' pelos 500.000 acessos, rumo ao 1 milhão. E vou continuar parabenizando pela excelente postagem de hoje, referente ao trabalho de pesquisa do mestre Maximiliano Zierer. As construtoras são as principais responsáveis pela destruição da qualidade de vida da cidade certamente amparadas pelos nossos políticos. É lógico que não foi só o crescimento e a concentração populacional ocorrida na cidade os responsáveis pela destruição da cidade, os próprios formadores de opinião dos moradores da cidade as principais mídias aqui instaladas são coadjuvantes importante nesta tarefa.
ResponderExcluirPeralta informa:Tia Nalu permanece em vigília lá em Curitiba.Bom dia,boa tarde,boa noite....
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