Outro
dia o prezado WHM solicitou um “post” sobre os ônibus “Imperiais”, apelidados
de “Chope Duplo”.
Em
outubro de 1927, segundo Stiel, chegou um carregamento de ônibus de três eixos,
que teriam dois andares “idênticos aos que trafegam em várias linhas de cidades
da Inglaterra”. Os chassis vinham da Inglaterra e eram equipados com motores a
gasolina, de 35cv a 90cv, fornecidos pela também britânica Daimler (que, a essa
altura, já não tinha nada a ver com a homônima alemã). Já as carrocerias, de
madeira, eram construídas nas oficinas da Light, na antiga Avenida Lauro Müller
(ficava entre a Francisco Bicalho e a Praça da Bandeira).
A
Light, que fundou a Viação Excelsior, “um serviço de auto-omnibus de alto luxo”,
entrou em negociações com a “Empresa Nacional de Auto-Viação”, que na época era
a maior empresa de auto-ônibus da cidade. Esta lhe cederia todo o seu material
que seria substituído pelos novos veículos. Com a concordata desta empresa a
Light adquiriu o seu acervo.
Em
04/11/1927, foi realizada uma experiência com dois dos novos auto-ônibus,
repletos de jornalistas convidados e foram até a Gávea. Partiram às 16:15
horas, sendo o primeiro veículo dirigido por Silvester e o segundo por Charles
A. Barton, ambos da cúpula da empresa canadense.
O
GLOBO de 27/03/1928 relatou: “Examinámos o primeiro omnibus do tipo Imperial
(...). Como se sabe, essa classe de veículos consta de dous pavimentos. No
inferior vão distribuidos 12 bancos, oito dos quaes aos pares e quatro
alinhados lateralmente (...). Na parte superior, isto é, na ‘imperial’, para
onde se sobe por elegante escada de volta, há 17 bancos para dous passageiros
(...). A instalação para o chauffeur é commoda e elegante. Como medida de
previdencia, ha no vehiculo um extinctor de incêndio.”
Em
06/04/1928 foram inaugurados oito auto-ônibus de dois pavimentos no tráfego da
Rio Branco com grandes festas populares.
Em
6 de dezembro de 1941, foi anunciado o fim iminente dos “Chopes Duplos”, o que
ocorreria no final da década de 40. Já considerados obsoletos e pesadões,
estavam restritos às linhas Leopoldina-Arcos e Leopoldina-Clube Naval. Seus
chassis passaram a vestir carrocerias convencionais e os motores foram
convertidos ao gasogênio. Foi a saideira do “double-decker” carioca.
FOTO
1: vemos um “Chope Duplo” em plena Lapa, perto da igreja de N.S. do Desterro.
FOTO
2: em primeiro plano um ônibus com a inscrição "America" na lateral e
logo atrás um exemplar do "Chope Duplo", trafegando pela Av. Rio Branco.
FOTO
3: aqui temos um fotograma da antiga Rua Senador Euzébio, com um “Chope Duplo” entrando na rua. Impressiona
o porte do prédio da esquina com o Campo de Santana. A Rua Senador Eusébio
começava na Praça da República e terminava na Avenida Francisco Bicalho. Teve
as denominações de Caminho das Lanternas, Rua do Aterrado e Rua São Pedro da
Cidade Nova. Conta Paulo Berger que no tempo de D. João VI aterraram-se lugares
mais aptos e defendeu-se, por meio de grossa estacaria, desde o trilho para o
Saco do Alferes até a Bica dos Marinheiros, a borda principal do perigoso
mangue, fazendo-se iluminar à noite, de espaço a espaço, com lanternas
especiais. Era o caminho usado pela Família Real para chegar a São Cristóvão.
Daí os nomes de Caminho das Lanternas e Rua do Aterrado. Mais tarde o
logradouro ficou dividido em dois trechos: Rua de São Pedro da Cidade Nova (a
parte compreendida entre as Praças da República e Onze de Junho) e Rua do
Aterrado (da Praça Onze de Junho até o fim). Em 1869 recebeu o nome de Rua
Senador Eusébio. O carro com pneus de banda branca é um Chevrolet 1941. O que
está meio encoberto pelo bonde é dos anos 30 e está difícil de identificar.
O prédio da
direita, do qual só aparece uma pequena nesga, é o prédio que tinha o letreiro
do CINZANO no seu topo. A Central do Brasil está à direita, fora da foto, e o
Quartel General está atrás do fotógrafo, à direita. À esquerda, fora da foto, o
Campo de Santana. A foto foi tirada em direção à Zona Norte/Francisco Bicalho.
A Senador Euzébio é hoje a pista do canto da Presidente Vargas, sentido de
trânsito Central - Leopoldina. O prédio mostrado ficava onde é, atualmente, a
pista central da Presidente Vargas.
FOTO 4: o “Chope
Duplo”.
|
O carro encoberto deve ser um Chevrolet 39. O chopp-duplo é uma boa pedida, em ambos os sentidos e as fotos são lindas. O cobrador na porta traseira devia evitar caronas.
ResponderExcluirAndei num em Lisboa, em ruas apertadas e achei incrível como se aproximavam das paredes das casas. Amedrontador.
E o fim do chopp-duplo foi no sábado. Pois, na manhã seguinte, houve o ataque a Pearl Harbour, domingo.
Na primeira foto pensei ser o Largo de Santa Rita. A Igreja é bem parecida. O cobrador viajava sempre nesta escada traseira?
ResponderExcluirBom dia a todos. Gostaria de saber porque este tipo de ônibus com 2 andares, não continuaram a ser usados pelas empresas de ônibus no RJ. A não continuidade destes modelos se deveu a problemas técnicos destes modelos, ou problemas com as próprias vias públicas da cidade. Talvez o mestre Mauroxará possa responder.
ResponderExcluirMeu avô falava muito sobre esse ônibus. Pelo que eu sei ele só circulava pelo centro e imediações. Com ruas estreitas, fica difícil a circulação desses ônibus. Sinceramente eu acho que esse tipo de ônibus seria adequado em locais turísticos e em pequenos trajetos, preferencialmente em cidades européias ou americanas e nunca em cidades "africanas" ou "caucasianas". Já imaginaram esse ônibus circulando na CDD, Vila Cruzeiro, ou Av. Brasil?
ExcluirPor que aqui acabaram e em Londres continuaram por décadas? Aliás já tive oportunidade de andar de ônibus em várias cidades e funciona bem diferente de aqui. Motoristas tranquilos, condução segura, nada de ultrapassagens loucas, velocidade razoável, horários escritos nos pontos junto com os itinerários. Enfim um transporte seguro e organizado. Muito diferente da bagunça que vemos no Rio.
ResponderExcluir"Bom dia".
ResponderExcluirÔnibus interessante, mas inviável nos dias atuais por causa da altura das passarelas e viadutos da cidade. Teria circulação restrita.
Há na Brasiliana uma foto de Uriel Malta de 1941 mostrando um "Chopp Duplo" passando em frente ao Campo de Santana, antes da abertura da Presidente Vargas, tirada do prédio da Central.
Bom dia,Luiz, pessoal,
ResponderExcluirA primeira foto é, na verdade, uma pintura feita sobre a foto mais famosa dos ônibus duplos. Aparece um possível cobrador na escada.
Mas o que mais me impressionou foi o tamanho do prédio da terceira foto.quando se trata de ruas totalmente "riscadas do mapa", como foi o caso, o choque é ainda maior.Ele lembra bastante um que (ainda) existe na Mem de Sá, quase chegando na praça da Cruz Vermelha.
Carioca é mestre em apelidos, só de ônibus tivemos: Chopp Duplo, Gostosão, Camões, Frescão, dos que me lembro.
ResponderExcluirEstes ônibus seriam "tombados" por nossos amalucados motoristas.
ResponderExcluirBom Dia! Mestre Lino: Muito pouca gente sabe,mas em uma garagem no bairro de São Cristóvão, existe um exemplar de um chope-duplo.Está em estado de novo. Já o fotografei e visitei por várias vezes.A última tem mais ou menos 6 meses
ResponderExcluirE pode ir lá visitar, Mauro?
ExcluirMestre Mauroxará, existe visita pública para ver este ônibus? Qual o endereço?
ExcluirOi,Boa Noite! Está em um galpão,a Rua eu não lembro,O dono não se incomoda que o visitem. Até sexta devo descer ( ir ao Centro da Cidade) na subida(volta) vou dar uma passadinha por lá e trazer o endereço.
ExcluirEsse eu queria ver. Ele ainda roda?
ExcluirObrigado mestre Mauroxará. Eu tenho intensão de visitar e fotografar.
ExcluirConcordo com o Biscoito.Chope Duplo é sempre bem vindo e não tem sentido ser erradicado.No verão refresca e no inverno esquenta,melhor não existe.
ResponderExcluirNão imaginava que tinham sobrevivido até a década de 40. Se ainda existissem hoje, em versões modernas, seria uma atração a mais, como o bonde VLT.
ResponderExcluirO belo prédio da esquina do Campo de Santana com extinta Rua Senador Euzébio provavelmente era o do antigo Hotel Fluminense, grande pela proximidade com a Central do Brasil.
A quarta foto deve ser da garagem dos ônibus, com localização na Cidade Nova, próximo à linha da Central, pois é possível ver a torre do relógio da cia. de gás.
Como já comentei, me sinto um privilegiado, em ter andado em um "Daimler" , que terminaram seus dias na Empresa Municipal de Ônibus - EMO, que faziam a linha Galeão - Freguesia em 1949 / 50, apelidados de "Detefon".
ResponderExcluirQuem está em um ônibus na Presidente Vargas em direção à Praça da Bandeira, pode perceber à direita e antes de chegar à Francisco Bicalho, dezenas de composições de Pré-Metrô estacionadas. Estão ali há mais de 30 anos. Poderiam ser utilizadas em vários pontos da cidade se fossem assentados trilhos em locais adequados. O tal BRT Transbrasil cuja obra se arrasta na Avenida Brasil seria uma opção, assim como na Avenida das Américas até o Recreio.
ResponderExcluirMuito da foi dito mas nenhum meio de transporte foi igual aos bondes
ResponderExcluirque foram imbatíveis e por isso foram aniquilados.
Sujos,lentos, atrasados,barulhentos,sem nenhuma segurança totalmente arcaicos e não fazem nenhuma falta,exceto para as viúvas de antanho.Ainda reclamam porque continuo sendo Do Contra.
ExcluirPela resposta das 10:56 acima podemos deduzir que nem todos sabem que já temos um bonde chamado VLT, ou seja, como todo meio de transporte os bondes também são modernizados. E tomara que tenham suas linhas ampliadas.
ResponderExcluirAliás, falando em apelidos de coletivos, teve o Chifrudo e a Rita Pavone, por sinal uma evolução dos bondes antigos.
Excelente lembrança, a do Joel, sobre os vagões e carros motrizes do antigo pré- Metro, abandonados em um terreno da Av,. Presidente Vargas. Seria uma ótima opção para o ramal de Saracuruna e para ligar São Gonçalo ao centro de Niterói. Infelizmente nossos dirigentes preferem fechar os olhos e daqui a pouco vendê-los como sucata. Uma pena...
ResponderExcluirNão Jaime, o chamado "ramal de Saracuruna" fazia parte da linha tronco da Leopoldina e sua estrutura não permite sua utilização como metrô por várias razões. A primeira delas é que já está funcionando como ferrovia e basta apenas dar maior operacionalidade com um número maior de composições e de linhas. O maior empecilho é que para funcionar como Metrô o sistema não pode possuir cruzamentos ou passagem de nível e a sua alimentação não pode ser por rede aérea. Quanto à linha 3 o "imbróglio" será maior. A linha original da Leopoldina atingia todo o interior, Minas Gerais, e Espírito Santo, era em bitola métrica com trens à diesel, bem diferente dos 1,60 do Metrô. A linha 3 do Metrô, que iria até São Gonçalo ou Visconde de Itaboraí, tem atualmente seu leito invadido ou passando por dentro das piores favelas que se pode imaginar. A luta maior será com os "narcopolíticos" que dominam a região e possuem influência política. Além do mais, as empresas de transporte público "dão as cartas" ali. O Exército tem feito uma limpeza em S.Gonçalo mas são muitos criminosos. Será uma dura tarefa para Bolsonaro e o Juiz Witzel levar o progresso e a paz para aquela região. Mas Deus está no comando...
ExcluirHoje eu estive no Centro e tomei o VLT na Sete de Setembro. Camelôs à parte e com um bom contingente do Centro Presente, tinha o cenário ideal que se pode desejar. A Praça Tiradentes com o quiosque dos bondes ficava mais adequada. Como curiosidade, registro que a rua da Carioca parece uma cidade fantasma com a maioria de suas lojas fechadas. E depois de f...o Brasil, o "laranja" afirma que se eleito, criará milhões de empregos. O pior e que 27 "antas" votaram nele,"visse"?
ResponderExcluirBoa tarde ! Muito obrigado, Dr.D.! Matou a minha curiosidade. Fico só imaginando se alguém, no alto dos degraus, escorregasse. Com certeza desceria a escada de uma maneira bem mais rápida do que a desejada...
ResponderExcluirDepois do Negueba Junior é a vez do Paquetá acertar com o futebol europeu e vai jogar no Milan a partir de janeiro e nesta eu estou a favor da diretoria pois ele não se interessou por nenhuma proposta e o clube vai faturar bem.A mascara também estava aumentando e é bom ver lá no primeiro mundo como a coisa é diferente.Mas só espero que a grana seja bem utilizada e não gasta com os Vitinho e Uribe que estão me deixando com o cabelo mais branco ainda.
ResponderExcluirTia Nalu detesta chope,mas adora o 51.
ResponderExcluirO ônibus que está numa garagem de São Cristóvão não é desse modelo. É um outro de um andar só e mais antigo.
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