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quinta-feira, 25 de outubro de 2018

CIDADE UNIVERSITÁRIA DA URCA


 
No século passado foram muitos os projetos para a construção de uma Cidade Universitária no Rio de Janeiro. Entre eles o de se aterrar parte da Lagoa Rodrigo de Freitas e o de Agache para construí-la na Urca.
Em 1948, optou-se por construir a Cidade Universitária da então Universidade do Brasil (atual Universidade Federal do Rio de Janeiro) numa ilha artificial da Baía da Guanabara. Através de um aterro que uniu nove ilhas em frente a Manguinhos, conseguiu-se uma área de mais de 5 milhões de metros quadrados. O campus foi projetado para uma população de até 40 mil pessoas, havendo a previsão de habitações para 10 mil alunos e 300 famílias de professores
Nas fotos de hoje vemos o Plano de Alfred Agache para a Cidade Universitária (Universidade do Brasil), na Urca, datado de 1929. Observa-se a distribuição dos prédios escolares desde a atual Avenida Wenceslau Brás, as casas já construídas no primeiro quadrado da Urca e o projeto entre a Enseada de Botafogo e a Praia Vermelha, com o objetivo de sanear a primeira.
Da mesma forma que, desde a 2º metade do séc. XIX, o Governo Imperial planejava erigir uma universidade no que é hoje a Avenida Pasteur, o urbanista francês Alfred Agache assim planejou. Agache foi contratado na gestão de Prado Junior (1926-1930) para elaborar um plano de melhoramento e embelezamento do Rio.
O campus universitário ficaria entre a Praia Vermelha, a Avenida Pasteur e o Morro da Babilônia. A escolha recaiu ali porque era "... local salubre e com comunicações fáceis com o Centro".
A Praia Vermelha, propriamente, ficaria reservada para a prática de esportes, inclusive os náuticos, e abrigaria um conjunto de habitações para estudantes, formando um pavilhão para estudantes de cada estado brasileiro, de forma semelhante à Cité Universitaire de Paris, segundo Mario Aizen.
No projeto de Alfred Agache havia, também, preocupação com o estado de salubridade da Enseada de Botafogo. A fim de evitar o aterro da enseada e salvá-la, Agache previa "a abertura de um canal entre a piscina que ocupa a antiga Praia da Saudade e a Praia Vermelha, na margem do oceano, restabelecendo a comunicação que existia antigamente".
O canal, que passaria pela Rua Heloísa Leal (atual Odílio Bacelar) ao pé do penedo da Urca, possuiria cerca de 500 metros de extensão e provocaria uma verdadeira limpeza da Enseada de Botafogo, com auxílio da corrente que seria produzida por ocasião da baixa-mar entre Botafogo e o Oceano.
O Andre Decourt também já abordou muito bem este tema em http://www.rioquepassou.com.br/2005/08/25/plano-agache-cidade-universitaria/

14 comentários:

  1. Houve um outro projeto lá pelos lados de Jacarepaguá. No ano de 1943, Gustavo Capanema, então Ministro da Educação do Governo de Getúlio Vargas, pretendia edificar a Cidade Universitária em uma das grandes áreas da Vila Valqueire, ainda não loteada. A compra chegou a ser anunciada em 16 de novembro de 1943, porém, o Governo, em novembro de 1944, não havia adquirido a atual área no Valqueire, mas continuava com a pretensão de construir a universidade no bairro. Todavia, a saída de Capanema do Ministério da Educação fez com que a idéia fosse abandonada. A União comprou então terrenos na ilha do Fundão, onde hoje se ergue a Universidade Federal do Rio de Janeiro. Só que a Maré, a Vila do João e outras favelas erguidas em seu entorno trataram de tornar o termo "ilha do fundão" bastante apropriado...

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  2. Lembrei-me de um "post" do Celsão em que ele falava que o Pão de Açúcar era uma ilha na época da fundação da cidade. Dizia que o Oceano Atlântico comunicava-se diretamente com as praias da Saudade e de Botafogo. O Morro da Urca, o Pão de Açúcar e o Cara-de-Cão formavam um conjunto rochoso separado do continente - a Ilha da Trindade. Somente em 1697 é que se fez o aterro que ligou a ilha ao continente. Lembrava ele que a descoberta deste fato solucionou um problema que intrigava os pesquisadores: porque Estácio de Sá teria escolhido um local tão vulnerável para se fixar e fundar a cidade? Agora sabe-se que o português estava certo: separado do continente, o conjunto do Morro Cara-de-Cão dificultava o ataque dos tamoios e dos franceses por terra. Não era mesmo tão devassado como se pensava, ora pois!

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    1. Não faz muito sentido ligar estas três pedras ao continente. Onde fica o aterro? Na Praça? Há como provar que é um aterro?

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  3. Bom dia, Luiz, pessoal,
    O anteprojeto para a Universidade do Brasil na Urca é bem conhecido, e é sempre uma satisfação quando ele aparece, pois suscita novos comentários.
    Pelo que eu já vi do Plano Agache como um todo, parece que nunca foram feitos desenhos das fachadas e/ou perspectiva deste conjunto, ao contrário do que aconteceu para a chamada "Entrada Monumental do Brasil" no Castelo ou o complexo ao redor, que mereceram elevações detalhadas e perspectivas bem abrangentes. Mas creio que, se construído, seguiria o padrão Déco dos demais.
    Imagino que o prédio à direita, de aspecto quadriculado seria a atual Reitoria / CFCH (antigo Hospício D.PedroII) - ou será que também seria demolido ou "retrofitado" no novo estilo?

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  4. Mediunidade não é um dom com que se possa contar deliberadamente nem tampouco que tal faculdade mediúnica esteja a serviço do homem. Daí projetos como o da Cidade Universitária na Ilha do Fundão terem sido executados, bem como dezenas de outros. No Brasil os interesses pessoais e políticos estão sempre na frente dos interesses públicos. Quantas pessoas enriqueceram com as demolições dos morros de Santo Antonio e do Castelo? Uma Cidade Universitária no Fundão já no passado apresentava o óbice da distância, somando-se atualmente o da segurança. Por outro lado, as demolições da Faculdade de Medicina na Urca e do Palácio do Monroe mostram egoísticos interesses pessoais. Quanto ao aterro junto ao Morro Cara de Cão, acho pouco provável por diversos motivos.

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    1. Enriqueceram com a demolição do Morro do Castelo?Nada mais justo,pois estavam tirando lixo da cidade.Cada dia mais Do Contra.

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  5. Não gosto do estilo arquitetônico do Agache. Acho pesado, totalitário.

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  6. Bom dia a todos. Acho que a construção da Cidade Universitária na Ilha do Fundão o melhor local entre os projetos citados. Construíram a cidade, mas ao seu redor ao invés de construírem e deixarem se instalar todas as favelas desde o Caju até o final da Av. Brasil, o que o governo deveria ter incentivado era a construção de industrias. Acho que os prédios das Universidades poderiam ser mais próximos uns dos outros, poderia ser explorado grande parte do terreno com Centros de Pesquisas, com parcerias de Empresas e Universidade, os quais ajudariam a financiar a Universidade como um todo.

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  7. Seria ótima essa cidade universitária da Praia da Saudade e adjacências, mas com certeza perdeu para os interesses do setor de negócios imobiliários.
    Na visão atual o estilo Agache realmente pode ser chamado de "pesado", mas na época dele devia ser considerado um avanço.
    Também acho que algo não encaixa na história do aterro total entre as Praias da Saudade e Vermelha. Talvez sim um nivelamento por conta de aterramentos provocados por erosão ao longo de décadas, ou seja, no mínimo era antes uma espécie de pântano, porém difícil de confirmar.
    E tudo indica que era impossível chegar por terra, pela face ao lado da Enseada de Botafogo, ao Morro Cara de Cão antes dos sucessivos aterros onde hoje temos a Rua Mal. Cantuária e a Av. Portugal. Fotos antigas mostram que até a pedra do Morro da Urca pode ter sido lascada para aterrar o mar que ali batia diretamente no morro.
    Porém são deduções, o Dr. Celsão deve ter mais informações e o site dele ainda deve estar por aí, mas não lembro o endereço. Também tinha um bom fotolog no Terra, mas como os outros, se foi.

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  8. Executar um aterro artificial no Século XVII "neste fim de mundo" é bastante questionável? Com que recursos mecânicos? Por outro lado, é possível que algum tipo de intervenção nesse sentido tenha sido executada no Século XX pela Companhia Urbanizadora Carioca, cujas siglas abreviadas deram o nome ao bairro. O Lino Coelho tem razão tem razão quanto à omissão do poder público no tocante ao abandono da região da atual cidade universitária. As favelas da Avenida Brasil são dignas de figurarem no Umbral. Para quem não tem ideia do que seja o Umbral, veja as ilustrações do livro "A divina comédia" de Dante Alighieri. O autor era médium e conheceu realmente aqueles locais descritos no livro como Inferno. As favelas da Maré e da Avenida Brasil são a "encarnação dos fatos"...

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    1. Joel, faça uma busca por urca no google fotos.

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  9. No final dos anos 40, lembro-me muito bem, existiam várias indústrias e estabelecimentos comerciais ao longo da Avenida Brasil, entre Manguinhos e Ramos : Só para citar : o estaleiro EMAQ e a montadora de caminhões FWD. No Governo Lacerda, iniciou-se a favelização do local, com a criação da "Nova Holanda". Daí em diante deu no que deu,...

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  10. "Boa noite".

    Tenho uma revista de Engenharia do DF com um projeto parecido mas no atual Jardim Oceânico.

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