FOTO 1: O desenvolvimento do bairro do Leme começou em 1900, quando foi inaugurada a primitiva linha de bondes puxados a burro.
FOTO 2: Vemos a estação de bondes do Leme. Os moradores de Copacabana ambicionavam melhorias naquele arrabalde e também toda a gente do Rio, que nas noites de calor e de luar se deslocava em busca do ar fresco daquela extensa faixa de terra fora da barra.
Então, em 1905, a Cia. Jardim Botânico resolveu construir um grande bar, em prolongamento à sua estação de bonde, arrendando-o à Cervejaria Brahma.
Com o fim de atrair passageiros para esses novos arrabaldes, a Cia. Jardim Botânico afixou à porta de suas estações grandes tabuletas em que se liam anúncios como: “Quereis gozar de boa saúde? Ide ao Leme ou a Ipanema. Bondes em quantidade.”
Ou “Passeio agradável e
refrigerante. Copacabana. Bonde até às 2h da manhã.”
O cartaz assegurava que “O
luar é encantador, sendo as noites muito frescas, graças aos ares do alto mar.”
E criou quadrinhas que fizeram muito sucesso:
“Pedem vossos pulmões ar
salitrado?
Correi, antes que a
tísica os algeme;
Deixai do Rio o centro
infeccioso,
Tomai um bonde que vá dar
ao Leme.”
“Oh pais que tendes
filhos enfezados,
Frágeis e macilentos e
nervosos,
Afastai-os da manga e da
banana,
À beira-mar! Aos ares salitrados!
E heis de vê-los rosados
e viçosos...
Para Copacabana!”
“Graciosas senhoritas,
moços chiques
Fugi das ruas, da poeira
insana:
Não há lugares para
piqueniques
Como em Copacabana.”
“Noivos que o céu gozais em pleno juízo,
Almas que a mágoa nem de
leve empana,
Quereis de vossas noivas
no sorriso
Ler a maior felicidade
humana?
Prometei-lhes morar num
paraíso
Róseo, em Copacabana.”
“Viveis do sonho? Ide enlevar
em cismas
A alma que em vossos
corações se aninha;
Vereis a vida por
estranhos primas
Sobre os rochedos pardos
da Igrejinha.”
“Ide a Copacabana
Espairecer sobre as
areias lisas,
Ali esquecereis da vida
humana
O fel travoso, que
rebaixa e dana,
Ao perpassar das
salitradas brisas.”
FOTO 3: O prédio tinha três fachadas, olhando uma para a Av. Atlântica, outra para a antiga Praça do Vigia (atual Praça Almirante Júlio de Noronha) e outra para a Rua Gustavo Sampaio.
A foto de Malta, de 1910, mostra ("em alta se pode ver) o bonde de nº de ordem 63, com um anúncio na lateral superior que diz "Bebam só as cervejas da Brah...".
Ao lado da estação vemos o telhado de zinco onde se instalou o "Bar da Brahma".
FOTO 4: Já naquela época o "Bar da Brahma", aproveitando que a Cia. Ferro Carril do Jardim Botânico elevara o nível da praia, de modo a formar uma espécie de terraço, colocou diversas mesas e cadeiras do outro lado da Av. Atlântica.
FOTO 5: Esta fotografia, do acervo do A. Silva, foi enviada pelo prezado Francisco Patricio. Nela aparecem alguns frequentadores do local. São eles: Miss Clara, Mr. Roseheim, Miss Marsha e Mr. Pepper, em 1908. Todos são americanos de origem irlandesa e moravam em Boston.
FOTO 6: Nesta foto encontrada na Internet, vemos, à direita, o "Bar da Brahma". Nele havia um palco para apresentação de variedades e orquestras, assim como um "stand" de tiro ao alvo e aparelhos para exercícios. Em 1945 as instalações deram lugar à sede da "Sociedade Pestalozzi do Brasil", que ali permaneceu até meados dos anos 1970.
FOTO 7: Vemos o prédio da Sociedade Pestalozzi, no Leme.
FOTO 8: Nesta foto dos anos 1970 o enorme edifício "Dra. Regine Feigl", na esquina da Av. Atlântica com a Praça Almirante Julio Noronha, já estava construído.
Fontes: C.J. Dunlop, G. Lamounier, A. Decourt, F. Patricio, M. Zierer, M. Conde, AGCRJ, A. Malta, "Saudades do Rio".
Bastante curiosos os versinhos de propaganda do Leme.
ResponderExcluirDevia ser um bom programa ir passar o dia no bar da Brahma e se divertir no tiro ao alvo e nas outras atrações.
Mas as roupas dos americanos são um espanto. Só mesmo vindo de navio para trazê-las em imensos baús.
Bom dia.
ResponderExcluirBom dia, Dr. D'.
ResponderExcluirVou acompanhar os comentários.
Hoje é aniversário da Ilha do Governador, reconhecido como primeiro bairro da cidade, com 457 anos.
Também é aniversário de nascimento do Freddie Mercury, que faria 78 anos. Outros aniversariantes são o Marcelo Adnet e a Cidinha Campos.
Carro pegando fogo na Avenida Atlântica, sentido Leme. Trânsito desviado para a pista reversível. Altura da República do Perú.
ResponderExcluirBom dia Saudosistas. Já naquela época o Carioca gostava de uma mesa com cadeira na calçada para beber uma cervejinha, a moda pegou tanto que hoje por toda cidade, em todos os bairros, existem bares com mesas e cadeiras nas calçadas, muito deles atrapalhando os transeuntes.
ResponderExcluirMeu pai tinha por vezes excentricidades. Quando morávamos na Voluntários da Pátria em 1965, ele gostava de ir a pé até o Leme, pois gostava daquela praia. O pior disso é que ele me levava com ele, o que para mim era extenuante. O trajeto era pelo Túnel Novo. Não é preciso dizer que a volta para casa era a bordo do 591. Essa é uma das razões que me fizeram detestar o Leme. Atual o Leme é um bairro que deixa muito a desejar, pois é o "primo pobre" de Copacabana.
ResponderExcluirJoel, tenho a impressão que o Leme não é o primo pobre de Copacabana, não. Acho que lá o m2 é mais caro.
ExcluirMauro Marcello, o mercado de imóveis precisa se atualizar. As favelas são o principal fator da desvalorização dos bairros, e por conseguinte os imóveis tem um impacto direto. Copacabana já tinha alguns locais degradados nos anos 60, mas nada que pudesse alarmar, e a valorização do bairro era "top". A sorte da Lagoa e de parte do Leblon foi a remoção "a toque de caixa" das favelas da região. Como estariam a Lagoa e o Leblon atualmente com a existência da Ilha das Dragas, e das favelas da Praia do Pinto e da Catacumba? Obviamente já teriam crescido de forma assustadora e seus "domínios" já teriam ultrapassado os limites do imaginável. O crescimento das favelas se deve a um fator preponderante: a interesses espúrios financeiros, políticos, e ideológicos que prevaleceram nos últimos 40 anos. O Brasil possui o 7° PIB do planeta, mas a maioria de sua população vive numa "miséria africana" cujos indicadores só tendem a aumentar. O Rio de Janeiro e o Brasil, precisam ser repensados, sob pena de sua própria evicção. Há muito tempo essa realidade tem se tornado evidente, embora só agora algumas mentes menos comprometidas com a ignorância, com a ideologia, e com a corrupção, tenham ciência disso.
ExcluirSei que, em tese, favelas desvalorizam um bairro, mas um ponto importantíssimo no Leme é que nos boletins diários emitidos pela FEEMA sobre a balneabilidade das praias cariocas, o mar do Leme está sempre propício para o banho e este fato por si só já valoriza o bairro. O que você diria de São Conrado, que tem a favela da Rocinha e o m2 é caro?
ExcluirMauro Marcello, não estou muito a par da balneabilidade de algumas praias, mas tenho dúvidas da credibilidade de algumas estatísticas, e as razões são muitas. Mas posso afirmar que quase tudo no Brasil não é (deveria ser) baseado em fundamentação técnica e sim em "conveniência política".
ExcluirMuito boa a Foto 6. Data? Atrás do Bar, campo de futebol do Leme Tênis Clube ou do Exército? Em cima à esquerda parte da Pedra do Inhangá. Sem o Cristo do Corcovado. Que lugar agradável. Lua cheia nesse bar.. Quantas emoções vividas. Em Boston não tinha isso.
ResponderExcluirJoel, durante uma boa parte do período (1962 a 1985) em que morei em Copacabana, não teria dúvida em discordar de você quanto ao "primo pobre".
ResponderExcluirO Leme era um bairro mais sossegado, com menos comércio, menor circulação de veículos, uma boa e mais vazia praia, colado à Copacabana.
Já na década de 80 realmente essas vantagens começaram a diminuir: a "copacabanização" chegou com mais força, a favela se fez notar, a segurança como no resto da cidade piorou muito, etç.
Mas Copacabana também piorou acentuadamente a partir daí.
Em tempo, hoje é dia do irmão. Já mandei uma mensagem para a minha irmã.
ResponderExcluirA foto 5 é de espantar mesmo sendo estrangeiros no Rio. Como é possível que pudessem desfrutar da praia com essas vestimentas? Essas fotos também me fazem pensar na finitude. Todos os americanos/irlandeses não devem nem ter visto a chegada do século XXI. E nem poderiam imaginar que cem anos depois não veriam boa parte dos morros ali atrás.
ResponderExcluirNa classificação de IDH dos bairros da cidade Copacabana aparece em 11° em Leme 12°, respectivamente; estando praticamente empatados. O surpreendente é a Barra da Tijuca, que já aparece em 8° colocação, certamente por não possuir favelas dentro dos seus limites. Digo da Barra mesmo, e não "agregados" como Gardênia, Curicica, Vargens, e outros. Logo logo deverá encostar nos primeiros, Gávea, Leblon e Ipanema. Os valores astronômicos dos imóveis neste bairro indicam bem isso.
ResponderExcluirAh, a Barra...
ResponderExcluirTalvez na próxima encarnação eu consiga gostar do bairro, enxergar as qualidades que hoje para mim não existem.
É um caso à parte essa definição de "Barra". Quando interessa é "Barra" ou forçando a barra (sem trocadilho) "Barra Olímpica". Se não, deixa como Jacarepaguá, Muzema ou Itanhangá.
ResponderExcluirIsso aí, a Barra cresce de acordo com o "interesse do freguês".
ExcluirForçando a Barra ...
Uma coisa irrefutável é que boa parte dessa "Barra Olímpica" fica na Região Administrativa de Jacarepaguá...
ExcluirLi que os versos vinham escritos no verso (sem trocadilho) dos cupons (passagens) dos bondes (os bonds). O Helio Ribeiro poderia confirmar?
ResponderExcluirTalvez fossem publicados também nos jornais como propaganda.
Será que o povão entendia este modo de escrever?
A foto nº 1 mostra algumas dunas, que deviam deixar o local mais bonito e aparentemente nenhum logradouro entre as casas e a praia.
ResponderExcluirO pico pontudo que aparece na primeira foto e à esquerda na segunda foto seria onde hoje é o Parque da Catacumba? E o pico à direita na segunda foto seria onde hoje é a favela Pavão-Pavãozinho ou seria um dos picos dos Dois Irmãos?
Mais um corte na seleção, agora do zagueiro Militão.
ResponderExcluirAs distâncias enganam muito nessas fotos de antigamente. Eu acho que o pico que aoarece na primeira foto é o da agulhinha do Inhangá.
ResponderExcluirBom dia.
ResponderExcluirAlguns tipos de lentes "achatam" a fotografia, prejudicando a sensação de profundidade.
Hoje, 6/9, em alguns países, é o dia do sexo. Em outros, é dia 9/6...
9/6 e 6/9 e a mesma data, dependendo do sistema de datacão do país. Nos EUA eles usam MMDDAA ao invés de DDMMAA. Assim como nos endereços usam número / rua, ao invés de rua / número. Esrranho, né?
ExcluirLembra a farsa do ataque às torres gêmeas, que eles reportam como ataque de 9/11, quando ocorreu em 11/9?
ExcluirPor isso, por lá "o dia do sexo" é em 9 de junho...
ExcluirBom dia Saudosistas. Pensei que hoje teríamos um Onde è?
ResponderExcluirEntão SEXTOU aproveitando o bar da Brahma, daqui a pouco vou para a resenha e beber uns chopes da Brahma, chegando o final de semana com feriado de 7 de setembro no sábado, podemos abrir os trabalhos na sexta-feira.
FF. Acordei hoje pensando no Bar do Gomes também chamado de Armazém São Thiago em Santa Teresa, estou programando ir lá amanhã e matar a saudade.
O "Onde é?" das sextas fica prejudicado quando tem a postagem "especial" do Helio aos sábados. Pelo menos é a minha opinião.
Excluirsite https://www.brahma.com.br/pt-br/cervejas/nossa-historia
ResponderExcluir"O suíço Joseph Villiger chega ao Brasil em 1888 e junto com os brasileiros (*) Paul Fritz e Ludwig Mack, inauguram a Cerveja Brahma Villiger & Companhia, no Rio de Janeiro.
Nasce a Brahma e o chopp Brahma."
(*) nomes típicamente brasileiros .....
obs;: o endereço da fábrica era Rua Marquês de Sapucahy nº 122.
Conheci esta fábrica ainda em funcionamento, estive visitando várias vezes.
ExcluirNa época ainda era Visconde, e não Marquês.
ExcluirLi agora que faleceu nos Estados Unidos o Sergio Mendes.
ResponderExcluirLonga e bela carreira.
Uma grande perda para a música brasileira e mundial.
ExcluirMário, 11:49h ==> foi um pouco diferente disso. Vocês saberão este fim de semana.
ResponderExcluir👍
ExcluirFui no final dos anos 60 a uma apresentação do Sérgio Mendes e o Brasil 66 e tenho quase certeza que foi no Clube Monte Líbano.
ResponderExcluirFoi a única vez que assisti ao vivo, ele já era radicado nos Estados Unidos e bem famoso.
Uma das cantoras era loura e bem "gata" e a outra, mais discreta, era a que dava um show, a excelente cantora Lani Hall.
A gravação pelo Brasil 66 da música dos Beatles "The Fool on The Hill" é antológica e provavelmente a melhor de todas que foram feitas, inclusive a original.
Boa tarde!
ResponderExcluirTodos nós sentimos saudades do tempo retratado na foto 1, apesar de não o termos vivido. Já os anos 60, década que antecedeu o aterro, foram a juventude da maioria. Ao ler o post ontem pela manhã e as quadrinhas do início do século XX, tive um gatilho para uma composição do mais novo e menos conhecido dos irmáos Ramil, Vitor, natural de Pelotas e que residiu na Cidade Maravilhosa na segunda metade da década de 80 (creio que em 1987) e de sua observação saiu o que considero sua obra prima, o LP Tango. Nele, destaco Sapatos em Copacabana cujo trecho reproduzo abaixo.
Caminharei os meus sapatos em Copacabana
Atrás de livro algum pra ler no fim de semana
Exercitar aquela velha ótica sartreana
Vendo o maxixe falso da falsa loira falsa bacana
O mendigo ensaia o passo lento um carro avança
Sei que não tenho idade
Sei que não tenho nome
Só minha juventude
O que não é nada mal
Do final dos anos 90 para cá, acho que nenhum de nós sente mais saudades.
Um ótimo final de semana a todos!
Claro que a idade que tínhamos na época é fator importante, mas no período compreendido entre a segunda metade dos anos 60 e quase final da década de 70, o Rio foi uma cidade muito boa de se viver.
ExcluirSaudade danada.
O último trecho do comentário das 16:04 é perfeito. A deterioração do "modus vivendi" no Brasil e em especial no Rio de Janeiro ocorreu de forma avassaladora. As razões disso são bem conhecidas da maioria. O que mais decepciona é que grande parte daqueles que lamentam contribuíram para esse estado de coisas, seja por omissão ou convicção. Um dia "a conta iria chegar".
ExcluirA banda do Sergio Mendes foi ótima.
ResponderExcluirO dia do grande azar dele foi quando era a atração principal em um Festival da Canção no Maracanãzinho e o Simonal o precedeu. A plateia ficou ensandecida com o show do Simonal e não queria que acabasse. A entrada do Sergio Mendes foi recebida com vaias.
Uma das cantoras da banda do Sergio Mendes foi a Gracinha Leporace, com quem se casou. Anteriormente Gracinha era integrante do grupo Manifesto, que fez grande sucesso também.
Sei que não tenho idade
ResponderExcluirSei que não tenho nome
Só minha juventude
O que não é nada mal
Silvio, nada mal mesmo. Que saudade.
Pessoal pode "começar os trabalhos" mais tarde assistindo à pelada internacional.
ResponderExcluirFF: parece mesmo ser sério o papo de volta da F1 para a Globo em 2025. A Band estava bem enfática quando dizia que transmitiria no ano que vem...
Sentei agora mesmo para ver o jogo e aí, de cara, a primeira imagem que vejo é a de Marquinhos e Danilo entrando em campo....
ResponderExcluirSei não, acho melhor ver um filme e deixar esse joguinho prá lá.
(ainda consigo me lembrar do tempo em que o interessante de um jogo com o Equador - com o Equador, veja bem ! - era de quanto ia ser a goleada.)
Ah, e André, volante do Wolverhampton?
ExcluirEu vejo bastante a Premier League e mal conheço o rapaz.
O André jogava no Fluminense até o mês passado.
ExcluirEntão é por isso; até que está fazendo uma boa partida.
ExcluirNão temos meio de campo, simples assim.
ResponderExcluirZero criação até agora. futebol pobre.
(o Gerson pode até fazer um golaço ou algumas grandes jogadas - pouco provável - mas sério mesmo que é opção para melhorar o meio de campo ?)
Estevão e Lucas Mourão, sério mesmo ?
ResponderExcluirMoura.
Excluir40 minutos do segundo tempo e o Equador trocando passes no nosso campo, time recuado, que coisa horrorosa.
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