Esta bela fotografia da Brasiliana Fotográfica mostra o Hotel Lisboa final do século XIX. Ficava na Rua Marinho nº 1, em Santa Teresa. Esta rua é a atual Murtinho Nobre, que começa na Rua Dias de Barros.
Este hotel, tempos depois, recebeu os nomes de Hotel Bellevue e Hotel Belo Horisonte (respeitada a grafia da época).
Os hotéis em bairros considerados mais afastados como o Internacional, Santa Teresa, Vista Alegre, Lisboa (depois Bellevue), Estrangeiros, Metrópole, Jourdain, Vila Moreau, formavam a aristocracia da hotelaria da cidade, como contam Elysio Belchior e Ramon Poyares.
Quando foram lançados
talvez não pudessem ser comparados com hotéis europeus de primeira linha, mas
não recebiam as críticas que se faziam à maioria dos hotéis do centro da
cidade.
Apesar do estilo do prédio resvalar no eclético, a varanda fechada é um típico muxarabi árabe, que chegou a estas terras via nossos colonizadores portugueses.
Muxarabi é um balcão
suspenso e vazado colocado adiante de portas ou janelas. É um elemento
arquitetônico característico da arquitetura tradicional do mundo islâmico. É
uma espécie de “janela oriel” (janela de sacada envidraçada com uma forma
de janela saliente que se localiza na fachada do prédio, mas não chega ao
solo).
Vemos aqui o anúncio do então Hotel Bello Horisonte, propriedade de J. B. Nogueira, na Rua
Marinho nº 1.
"Tendo passado por
numerosas reformas este estabelecimento acha-se à disposição das famílias e
cavalheiros da boa sociedade, proporcionando aos seus hóspedes, salas e
quartos, ricamente mobiliados. Restaurant de primeira ordem, gêneros de
superior qualidade, magnífico jardim, parques e caramanchões, podendo dar
refeições ao ar livre, para o que dispõe de bom pessoal.
Banhos frios e quentes, viagens rápidas para qualquer ponto da cidade, por bonds electricos de 15 em 15 minutos. Esplendido panorama se divisa por ambos os lados do Hotel, tendo à sua frente a deslumbrante Baía da Guanabara, podendo apreciar-se as entradas e saídas de vapores. Lugar muito saudável, recomendado pelos Srs. médicos desta capital.
Os bonds electricos, que partem do Largo da Carioca, chegam à plataforma do Curvello de 15 em 15 minutos. Em frente acha-se uma tabuleta que indica a posição do Hotel, que é a alguns passos e a pequena distância."
Esta rua foi
aberta por Antonio Ribeiro Marinho que, após a morte do Barão do Curvello em
1877, iniciou o loteamento da chácara do Barão.
Ao lotear a chácara,
Marinho assim a vendia: "a localidade tem facilidade de condução, recursos
de vida à mão, vizinhança decente e sociedade escolhida".
Em outro lote ficava a
casa que pertenceu ao Barão de Mauá, cujo edital de leilão dizia:
"...situado num local salubre e de magnífica posição, possui um excelente
banheiro com latrina inglesa, pomar, estrada até o alto da elevação da qual se
deslumbra a vista panorâmica do movimento do porto até as ilhas fora da barra
da Baía da Guanabara".
Segundo Gastão Cruls, Santa Teresa foi um dos morros que mais cedo tiveram as preferências da população como zona residencial e, desde que se abriu a velha Estrada do Aqueduto, suas margens se viram bordadas de casas. Aliás, por muitos motivos, era justo que os cariocas voltassem os olhos para o antigo Morro do Desterro.
Bem exposto aos ventos da barra e à sombra de boa vegetação, nele se
desfrutavam um ar mais fino e temperaturas mais suaves. No verão, entre gentes
de mais recursos, quem não podia ir para Petrópolis, aí procurava uma casinha
ou hospedava-se num de seus hotéis.
NOTA: a postagem contou com a ajuda dos amigos do Facebook Rio Antigo, além da pesquisa no livro de Belchior & Poyares.
Aprendi hoje o que é muxarabi.
ResponderExcluirFalam muito hoje em dia das favelas dessa região mas acho que há ainda lugares muito bons para morar.
As mansões de Santa Teresa eram famosas.
É um bairro muito bem localizado, com vários acessos e uma vida cultural e noturna bem interessante.
Alguem escreveu que esses eram os aparts da epoca.de fato. Já tivemos aqui o Allen (Allan). Creio que parte visitantes e parte migração de mansões para prédios. Unidades residenciais encolhendo, famílias também.
ResponderExcluirIrineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá, era um homem de bom gosto e gostava de "morar bem", mas se comparado aos padrões atuais tal conceito deixa a desejar, tendo em vista a a mansão que ele adquiriu "à beira mar" em São Cristóvão e que causou enorme desconforto ao Imperador Pedro II.
ResponderExcluirVisitei a casa de Benjamim Constant na Rua Monte Alegre, um local que merece ser visitado. Santa Teresa deixou de ser um local aprazível para se transformar em uma região de alto risco cercado de favelas, e as consequências disso são do conhecimento de todos.
ResponderExcluirBom dia.
ResponderExcluir"...situado num local salubre e de magnífica posição, possui um excelente banheiro com latrina inglesa, pomar, ..."
Qual seria o diferencial da latrina inglesa ?
A peça em si ou o sistema? (descarga de água, sucção, ligação à esgoto?).
ExcluirDizem que os muxarabis eram o local perfeito para as damas e moçoilas de então observarem o movimento das ruas e dos cavalheiros, com total discrição. Típico do recatamento muçulmano.
ResponderExcluirDa Wikipedia: "Existem duas teorias sobre a origem da palavra muxarabi. A teoria mais aceita liga o termo à palavra árabe sharaba (que significa beber). Nesse espaço tinha uma pequena prateleira de madeira onde os potes de água potável eram armazenados. A prateleira teria sido cercada por madeira e colocada na janela para manter a água fria. Mais tarde, essa prateleira teria se modificado até se tornar parte da sala em um espaço dedicado. Apesar da mudança do uso, o local manteve o nome. A teoria menos aceita é que o termo era originalmente mashrafiya, derivado do verbo shrafa, que significa ignorar ou observar. Ao longo dos séculos, o nome teria mudado lentamente devido à alterações fonéticas e ao contato com outras línguas."
ResponderExcluirDizem que é o precursor do cobogó. WTF?
ResponderExcluirBom dia, Dr. D'.
ResponderExcluirDia de acompanhar os comentários.
Bom dia Saudosistas. Não foi mencionado no texto se esta casa ainda está de pé. A rua Murtinho Nobre tinha não sei se ainda tem belas residências, nesta rua está localizada a Chácara do Ceu e o Parque da Ruínas.
ResponderExcluirMesmo com a violência que assola o bairro, ainda é um local que merece uma visita, principalmente para ir aos restaurantes e bares do bairro. Infelizmente depois da pandemia ainda não pude ir a Santa Teresa, gostava de ir almoçar num restaurante que infelizmente acabou chamado Espírito Santa, muito bom.
Não tenho idéia do que é "latrina inglesa", mas sem dúvida era algo incomum para a época. Fico imaginando o trabalho que as pessoas naquela época tinham para "se aliviar": Muita roupa para despir e pouca (ou nenhuma) água para abluções, sem contar a pouca quantidade de banheiros. Some-se a isso casas dotadas de "alcovas" e o cotidiano das pessoas não tinha um odor agradável. Imaginem no verão e com mulheres "naqueles dias".
ResponderExcluirSeria a latrina inglesa semelhante a atual? Naquela época havia o banheiro turco onde havia um lugar para apoiar os pés e um buraco no meio do chão. Defecava-se agachado.
ResponderExcluirAliás a melhor posição segundo os médicos.
Esse tipo também é comum em países como o Japão. Conquanto seja a melhor posição, as pessoas idosas devem ter muita dificuldade para se agachar e levantar ao usar esse tipo de banheiro.
ExcluirVi esse tipo também na antiga Iugoslávia. Não lembro se apenas nas repúblicas muçulmanas (Sérvia, Bósnia-Herzegovina, Macedônia e Montenegro) ou também nas ocidentalizadas (Croácia e Eslovênia). Mas acho que me deparei pela primeira vez com esse tipo num camping em Maribor, na Eslovênia.
ExcluirQuem tem nojinho, favor não ler este comentário. Eu estava acampado em Dubrovnik, por sinal o melhor camping em que ficamos na Iugoslávia. Era enorme, com uma área destinada a trailers fixos, outra para barracas e uma terceira, bem grande, com acomodações de alvenaria. Ficamos num trailer fixo.
ResponderExcluirAí chegou a hora de tomar banho. Como era comum lá, não havia água quente. Entrei na cabine do banheiro, que estava totalmente às escuras. A claridade vinha da iluminação externa do camping. Assim, fiquei logo na primeira cabine, onde chegava ainda uma réstea de luz. Comecei a tomar banho e notei que a água não descia pelo ralo. Foi acumulando água e já estava chegando ao meu tornozelo. Aí abri a porta para entrar mais luz e ver o motivo. Alguém havia dado uma bela cagad.... dentro do banheiro e a merda estava obstruindo o ralo. E eu pisando na água com merda.
Aliás, banheiros por lá eram uma lástima. No camping de Ilidja, nos arredores de Sarajevo, havia tipo um contêiner longo onde estavam as cabines para banho. Só que nenhuma tinha trinco. E eram unissex. A gente entrava, encostava a porta e ela abria parcialmente, de modo que dava para ver quem estava dentro. Quando minha esposa foi tomar banho, tive de ficar escorando a porta pelo lado de fora.
ResponderExcluirSem contar que havia furos dentro das cabines, de modo que dava para ver quem estava na cabine ao lado. E nada de luz, é óbvio.
Por sinal nesse camping, que estava com capim bem alto, um gato resolveu mijar no sobreteto da nossa barraca. Haja cheiro bom!!
Esse tipo de privada Turca era muito comum em fábricas nos anos 70 e 80. Alguns funcionários FDP costumavam entupir esta privada usando copos plásticos com estopa.
ResponderExcluirUm dia passei a colocar na porta destas privadas um cartaz dizendo: "Se você está entupindo a privada para sacanear a mim ou empresa, venho te lembrar que na verdade você está sacaneando outro funcionário igual a você, que é quem vai desentupir a privada. Pararam de fazer isso.
A vida de camping é bem interessante. Naquele de Dubrovnik, que citei mais acima, ficamos na área de trailers fixos e no trailer ao lado do nosso estavam umas garotas muçulmanas. À noite, ao som da chuva, elas resolveram entoar cânticos no idioma delas. Durou algum tempo.
ResponderExcluirO mesmo aconteceu no camping de Ekeberg, em Oslo, por sinal muito bem situado, numa colina baixa de onde se divisava o centro da cidade e o porto, no fundo do fiorde de Oslo.
Acampamos com barraca. Perto de nós havia um grupo de ciganos, por sinal muito comum de vê-los rebocando trailers pelas estradas, os trailers sendo o sucedâneo moderno daqueles carroções típicos de antigamente.
Tarde da noite (naquela época do ano escurecia já por volta das 23 horas), eles fizeram um buraco no gramado, acenderam uma fogueira, acomodaram-se em torno dela e iniciaram uma cantoria. Durou até alguém da administração do camping chamar-lhes a atenção. Aí pararam. Eu até aprecio músicas ciganas, porém estávamos com sono e queríamos dormir. Mas não fomos nós que fizemos a reclamação.
No camping de Maribor, também citado anteriormente, estávamos jantando um típico cevapcici quando ouvimos uma cantoria junto com som de acordeão ou semelhante. Um ritmo muito bom. Deu-me vontade de ir até lá ver do que se tratava, mas não dava para ver de onde vinha o som. Perguntamos ao garçom e ele disse que era de um sindicato de trabalhadores nas imediações. Infelizmente não poderíamos entrar. Pena!
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirAcho que ninguém aqui conheceu o "boi", que nada mais é do que um buraco no chão de xadrez onde os presos se acocoravam para defecar. Imaginem um espaço de 20 metros quadrados onde se acotovelavam de dez a quinze presos. Era o "inferno na Terra".
ResponderExcluirVi mais ou menos isso, em Araguaína, quando estava vindo de Belém para Brasília, mais precisamente no dia 14 de fevereiro de 1968, uma quarta-feira. Desci do ônibus para urinar. O toalete era um barraco de madeira, chão de terra, com um buraco no meio. Os homens se distribuíam ao redor do buraco, mirando nele com seus bráulios jorrando.
ExcluirPelos relatos certamente faria sucesso um livro com o título "As viagens do Helio". Essas histórias fora do circuito "Elizabeth Arden" são muito interessantes. E não há dúvida de que o Helio é um homem corajoso para se aventurar por esses lugares.
ResponderExcluirRealmente, hoje me admiro como tive coragem para fazer aquelas viagens. E também teço loas a minha primeira esposa, que topava tudo junto comigo: falta de conforto, perigos, frio, chuva, aperto alimentar, comidas diferentes, lugares e costumes estranhos, idiomas muitas vezes desconhecidos, estradas vicinais (não gosto de autoestradas), tudo em nome de ampliar nossos conhecimentos sobre o mundo. Sendo ela geógrafa e eu um curioso nato, especialmente quanto a países, idiomas e geografia, para nós era a sopa no mel.
ExcluirEu sou um homem de hábitos higiênicos rigorosos. Não sei como seria se eu voltasse no tempo e tivesse um relacionamento íntimo com uma mulher do Século XIX.
ResponderExcluirExcluí o comentário das 11:01h porque um anterior, que dava entrada para ele, não foi postado. Vou repostar o perdido e depois novamente o das 11:01h.
ResponderExcluirFoi justamente a ferrovia do Barão de Mauá para Petrópolis que iniciou um maior deslocamento daqueles que procuravam um local mais aprazível no verão. A cidade serrana deixou Sta. Teresa fora de moda.
ResponderExcluirAinda existem latrinas turcas em alguma parada em roça, entre o Rio e Minas, só não consigo lembrar onde. Antes existia em colégios antigos. Acho que o padrão inglês é a mais comum. Ou bem parecido.
Nessa viagem à Iugoslávia ficamos num hotel de sindicato de trabalhadores, nos arredores da bela cidade de Ohrid, na margem do lago homônimo. Foi o melhor hotel onde ficamos, rivalizando com o de Novi Pazar, sobre o qual falei numa postagem sobre cassinos há vários meses aqui mesmo no SDR.
ResponderExcluirO hotel ficava numa encosta ao lado da estrada, com vistas para a margem ocidental do lago, onde ficava a Albânia. Dava para ver um lugarejo lá, de nome Lin. A distância devia ser de uns 6 a 8 km. O lago é bem extenso e bonito.
Bem ao sul do lago, a menos de 1km da fronteira albanesa, fica o mosteiro de São Naum. Belíssimo. Foi construído no ano 900 pelo próprio São Naum. Vista estupenda.
Atiçada nossa curiosidade mórbida pela Albânia, tentamos ir até Lin, só de pirraça, pois sabíamos que não conseguiríamos entrar no pais. Saímos do hotel e seguimos a a estrada, contornando o lago pela margem norte, passando na cidade de Ohrid e em Struga.
ResponderExcluirNão havia nenhum tráfego de carros de placa albanesa. Só vimos um ou dois caminhões. De Struga para frente, só nós estávamos na estrada. Havia alguns camponeses trabalhando no campo entre a estrada e o lago, vários deles mulheres. Eles nos olhavam com surpresa ao passarmos de carro.
O acesso permitido terminava perto de Lin, a cerca de uns 2 ou 3km de distância. O posto de fronteira estava fechado. Só abria em determinadas horas do dia, acho que duas vezes por dia.
Nada como um bom país comunista, né? Demos com os costados também na Tchecoslováquia. Péssima impressão, inclusive na Iugoslávia, que apesar de tudo era o regime mais tolerante, tanto é que permitia a entrada e saída de turistas sem maiores problemas.
Numa outra viagem, estando na ilha de Corfu, na Grécia, resolvemos ir até a pequeníssima porém muito bela praia de Paleokastritsa. Como estávamos no lado oriental da ilha, vindos de ferry-boat a partir da cidade de Igoumenitsa, tínhamos de contornar a ilha pelo lado norte, já que Paleokastritsa ficava no lado oeste. Nesse trajeto, tínhamos de cruzar por cima de uma serra. Havia um mirante, em determinado ponto. Paramos o carro ali, para tirar fotos. Mas vimos um cartaz avisando que não era permitido fotografar. Não entendemos o porquê disso, pois nada havia nos arredores. Tentando descobrir o motivo, ficamos surpresos ao perceber que a proibição se devia a que do outro lado da ilha, a uns 2 km de distância, ficava a Albânia. Vejam só: era proibido fotografar a costa albanesa. Adivinhem o que fizemos: tiramos várias fotos.
ResponderExcluirMais tarde um pouco, outro carro parou ao lado do nosso e o motorista fez o mesmo.
O Helio lembrou que desceu do ônibus para urinar no dia 14/02/1968. Impressionante. Só faltou dizer o horário e a temperatura no momento.
ResponderExcluirSegundo o Google Maps e a Wikipédia, o país oriundo da antiga Iugoslávia que faz fronteira no lago com a Albânia em Lin é a Macedônia do Norte ( oficialmente República da Macedónia do Norte (em macedônio: Република Северна Македонија; Republika Severna Makedonija).
ResponderExcluirExato. Antiga Macedônia, porém a Grecia chiou por ter uma região lá com esse nome. Aí mudou o país para Macedônia do Norte.
ExcluirO Edir Macedo nasceu lá!
ExcluirEram cerca das 10 horas da manhã. Tempo nublado. Lembro de tudo porque foi uma viagem memorável para mim.
ResponderExcluirEm 2019 refiz parte dessa viagem, entre Imperatriz (MA) e Goiânia.
ResponderExcluirExceto para a primeira viagem à Europa que fiz, em 1981 (Grécia, com rápidas passagens em Roma e Paris) e para a última, em 1996 (Portugal), para as demais tenho diário. Só não dou a data de fatos que narro aqui porque eu teria de vasculhar o diário correspondente e localizar o que estava sendo descrito. Isso tomaria tempo e sobrecarregaria o comentário com algo que talvez não interesse muito.
ResponderExcluirUma nota importante a respeito das viagens - normalmente nada ortodoxas - mundo à fora do Hélio: a maioria delas, senão a totalidade, foram feitas sem internet, GPS, tradutores simultâneos, facilidades e abundância de informação que foram tornando muito fácil viajar de uns 20 e poucos anos para cá.
ResponderExcluirObs.: Para mim não existe nada que faça melhor à cabeça do que viajar.
Minha última viagem ao exterior foi em 1997. Nada de GPS, Internet, Waze, etc, etc. Eu fazia o planejamento a partir de mapas geográficos e folhetos turísticos que pegava nos consulados dos países ou informações obtidas em livros de História, Geografia ou na Enciclopédia Barsa, que eu comprei em 1982.
ExcluirDependendo do país, eu comprava dicionários de bolso e pequenos livros de auxílio de viagem, tipo Berlitz. Graças a isso comprei dicionários de grego, servo-croata, sueco, dinamarquês, norueguês, finlandês, além dos já anteriormente possuídos de inglês, francês e alemão.
E graças à minha curiosidade e interesse naturais, aprendi os alfabetos grego e cirílico, sendo que este possui algumas variantes, sendo a mais complicada a russa.
E partia para acampar munido de guias de camping, um dos quais abrangia toda a Europa. Normalmente os campings lá são muito organizados e bem documentados e sinalizados. Nos países escandinavos, ao entrar no primeiro camping você faz um cadastro e recebe uma cartela carimbada. Aí, nos demais campings basta você apresentar a cartela, sem maiores burocracias. E eles vão carimbando a cada camping em que você ficar.
ResponderExcluirHelio, uma curiosidade:
Excluirquando você viajava ficando em campings, como funcionava o esquema de barraca, saco de dormir, etc?
Você levava, alugava, encontrava, comprava ?
Pergunta de quem não tem a menor ideia é nunca acampou nem no jardim ....
(em tempo: pagava diárias pela utilização do espaço ?
caro?)
Mário, eu nunca havia acampado no Brasil. Antes da primeira viagem o casal que ia conosco era sócio do Camping Club do Brasil e tinha uma barraca de 5 lugares. Como pretendiamos viajar acampando, eles propuseram a nós fazer um teste em Itatiaia. Foi o que fizemos. Achamos legal.
ExcluirNessa primeira viagem, compramos uma barraquinha coreana. Para a segunda e mais uma ou duas, compramos uma barraca aqui mesmo no Brasil, com sobreteto de nylon. Para as últimas viagens, já tínhamos comprado uma bem maior. Todas elas eram do tipo canadense, formato de V investido.
Quanto a diária, sim: pagávamos nos campings. Nunca fizemos camping selvagem.
Nunca usamos sacos de dormir. Levávamos lençol e colcha.
Em vez de ficarmos em hotéis, preferíamos alugar carro e acampar. Isso nos dava maior flexibilidade, mas abdicávamos de conforto. O maior problema era o banho quente, que costumava ser pago por minuto. Como funcionava isso, dependia do camping. Você comprava um token e inseria numa máquina fora ou dentro do compartimento do chuveiro. Cada token dava direito a determinada quantidade de minutos de água quente. Terminado o tempo, em alguns campings a água ficava fria de chofre; em outros, ia esfriando lentamente. Quanto ao tempo, era em média 5 minutos. Tínhamos de ser ligeiros. Nada que matasse a gente.
ExcluirSe estivesse chovendo, às vezes optávamos por ficar em pousadas. Mas pegamos forte chuva em alguns campings, como em Lucerna e numa cidade alemã próxima da fronteira austríaca, de nome Passau, também conhecida pelo apelido de Drei-Flüsse Stadt (Cidade dos Três Rios), por ficar na confluência dos rios Inn, Ilz e Danúbio.
ExcluirJá nos EUA e Havaí (OK, Havaí é um Estado americano, mas é tão diferente que se pode considerar como um outro país) preferíamos ficar em motéis ou hotéis, por serem baratos. Na Iugoslávia também muitas vezes optávamos por hotéis (lá não havia motéis, porque as pessoas raramente tinham carro), não só porque era barato como também porque o país era muito desorganizado em matéria de campings.
ExcluirJá na Escandinávia ficamos o tempo todo em campings, porque hotel lá é muito caro. Para você ter uma ideia, estivemos lá em 1986. Com combustível, camping e lanchando (sem almoçar ou jantar), estávamos gastando na época 110 dólares por dia. O país mais caro era a Finlândia.
ExcluirFF: desde o começo da tarde parte da encosta do morro do Cantagalo está em chamas. A Barata Ribeiro chegou a ter pista interditada.
ResponderExcluirPerdoem-me se parece preconceito, mas em minhas muitas viagens antes dos aplicativos de celular eu notava uma enorme dificuldade das mulheres em se localizar com mapas de papel.
ResponderExcluirO engraçado é que as mulheres geralmente reclamam que os homens não param para pedir ajuda quando estão perdidos...
ExcluirNão é preconceito. Os aplicativos as ajudam enormemente.
ExcluirMário, respondi mais acima a sua pergunta das 16:14h.
ResponderExcluirObrigado, Helio.
Excluir👍
Interessante o comentário do Viajante. Acho que a facilidade para se localizar independe do sexo da pessoa. Eu sempre estudo os mapas das cidades para onde vou. Nunca fico perdida. Sei exatamente onde ficam as atrações turísticas, como ir e como voltar. Antigamente, quando viajava, tinha sempre um mapa da cidade na mão. Meu marido não precisava se preocupar. Só tinha que me seguir.
ResponderExcluirAqui no Brasil, quando viajo sem carro e pego ônibus, levo um mapa da cidade e vou acompanhando o trajeto do dito cujo até o lugar onde tenho de saltar. Lembro que em 2016 fiz isso em Londrina e um senhor percebeu e deu um sorriso.
ExcluirOnde me dei mal foi em São Luís, quando peguei um ônibus para ir até o maior shopping da cidade, que por acaso se chama justamente Shopping São Luís, e descobri que ele só passava lá na volta. E eu peguei o dito cujo na ida. Eu estava acompanhando o trajeto no mapa, mas ele andou tanto que saiu dos limites do mapa. Aí tive de esperar que ele chegasse ao fim da linha para retornar nele até o shopping.
E em Munique acampamos tão longe da cidade que para ir até a famosa Marienplatz, ponto mais turístico da cidade, tínhamos de sair do camping a pé, andar mais ou menos 1 km, pegar um ônibus até uma estação de trem, pegar o dito cujo, saltar na gare final e daí pegar o metrô, linha U3. Na volta optamos por pegar um bonde, se não me engano linha 19, até a tal estação de trem e voltar para o camping.
ExcluirAna, eu sou um que sigo minha esposa quando estacionamos em local que não costumamos ir com frequência. Estacionamento de shopping então, sempre esqueço o andar, o nível do piso, se é pra esquerda ou direita... ela que me guia!!
ExcluirApenas para rir um pouco: na Finlândia compramos um saco de arroz desses que se coloca em água quente e está pronto para comer. A embalagem trazia escrito "Pika riisiä".
ResponderExcluirE na Macedônia, já na área de Kosovo, perto da fronteira albanesa, havia placas de trânsito escritas em albanês e não na variante macedônia do idioma servo-croata. Uma delas trazia escrito "Pika e zëzë", que significa "Ponto negro", ou seja, um lugar perigoso da estrada. Em macedônio, usando a transliteração para o alfabeto latino, seria "CRNA TOCKA", mas o segundo C teria em cima um acento circunflexo de cabeça para baixo e pronuncia-se "Tserna tachka".
Helio, acho que pouquíssimas pessoas teriam a coragem e disposição para encarar algumas viagens como você fez, ainda mais na época em que aconteceram.
ResponderExcluirComo a garotada diz, sinistro !
kkkk Eu não era jovem quando comecei. Tinha 34 anos na primeira viagem. Mas disposição e curiosidade não me faltavam. Tenho uma coleção que exige viagens aqui dentro do Brasil para eu obter novos espécimes. De 1965 até 2019 eu fiz 92 viagens. Só não estive nos antigos territórios.
ExcluirA comentarista Ana tem todo o direito de ter orgulho de sua habilidade em localização.
ResponderExcluirE não é nenhuma vergonha a mulher que não é boa nisso, afinal desde os tempos da caverna praticamente só o homem andava pra todo lado. Nos primeiros tempos era por proteção contra os muitos perigos da vida fora de sua habitação, mas durante séculos e séculos foi mesmo por imposição da sociedade comandada pelo homem: "lugar de mulher é dentro de casa".
Então não foi mais do que obrigação os homens desenvolverem melhor o instinto de localização.
Mesmo assim muitos passam vergonha.
Isso faz voltar ao citado muxarabi (e similares). Existiam não só para amenizar os raios solares mas também justamente para que as mulheres não fossem vista da rua.
Se não me falha a memória o Luís Edmundo escreveu sobre o assunto no livro sobre os vice-reis. Só mesmo missa festa de igreja ou em casa de parentes para uma mulher sair, muito bem acompanhada, do seu lar e de trás do muxarabi.
Costumes que ainda perduram no mundo islâmico. A mulher é propriedade do marido quando casada e dos pais e irmãos enquanto solteira. Já comentei aqui do caso de uma jovem afegã que teve a audácia de namorar escondido. Foi dedurada. Os irmãos a mataram sufocada com travesseiro, por ter ela desonrado a família. Fato narrado por uma jornalista norueguesa no livro "O Livreiro de Kabul".
ExcluirAliás, na Índia não é muito diferente. E no Japão idem, fato que começou a mudar após a derrota na II Guerra e o consequente contato com a cultura e costumes americanos. O Oriente é bem diferente do Ocidente. E os judeus ortodoxos não ficam atrás.
ExcluirNão sei até que ponto as religiões são responsáveis por tais comportamentos. Ou a deturpação que é feita delas.
Bom dia.
ResponderExcluirBom dia.
ResponderExcluirBom dia a todos!
ResponderExcluirAcho que essa postagem é inédita, para mim. A Foto 01 é muito bonita, realmente!
Hoje é dia de vôlei, 11:00 h quadra e 16:00 h praia.
ResponderExcluirJá "deu ruim" hoje na maratona aquática e canoagem. Menos duas medalhas que estavam na contabilidade original.
ExcluirMeu cunhado morou em Santa Teresa por muitos anos, até casar com minha irmã e vir morar aqui na Vila da Penha. Fui algumas vezes em "Santa" com ele nos ciceroneando, isso faz alguns anos. A última vez que fomos foi antes da pandemia. Parque das Ruínas era um local que fui algumas vezes.
ResponderExcluirCerta vez fomos pela R. Almirante Alexandrino e vimos uma construção que me chamou a atenção, era a "Mãe D’Água", tipo uma caixa d'água que ligava o Rio Carioca à canalização das águas até o Aqueduto da Carioca — os Arcos da Lapa. Essa caixa tem quase 300 anos e estava bem degradada, pixada e praticamente esquecida no mundo.
Acampei duas vezes no Camping Club do Brasil, no Recreio. A 1ª vez foi interessante, já a 2ª nem tanto, por uma dor de barriga que me deu o final de semana todo. Fiquei em barraca, mas havia muitos traillers e motor-homes no local. Isso foi no final da década de 1980.
ResponderExcluirFico extasiado com as aventuras do Hélio, dos detalhes lembrados e das peripécias por ele vividas. Tá de parabéns!!
É, Guilherme. Foi bom enquanto durou. Passei alguns apertos mas valeu a pena.
ExcluirSobre orientação em viagens. No carro eu fico com GPS e minha mulher com o mapa de papel. Se orienta com desenvoltura pelas estradas, descobre atalhos, castelos, lagos, vinhedos e lugarejos e as viagens são sempre ótimas. É a melhor co-pilota.
ResponderExcluirA respeito de orientação, sempre me chamou a atenção em filmes americanos o conhecimento sempre presente e absolutamente instantâneo dos personagens de sua posição em relação aos pontos cardeais.
ResponderExcluirEm cidades e estradas vá lá, é mais fácil pelo próprio sistema de identificação deles que normalmente faz referência à direção/sentido, mas ainda assim impressiona a imediata orientação.
Agora em áreas rurais, estradas vicinais, mesmo em algumas áreas urbanas sem placas visíveis e em locais que os personagens não conhecem, ainda mais quando sem sol ou estrelas aparentes, a impressão é que todos têm um bússola implantada no corpo.
É um tal de " ... suspeito beirando a margem do rio em direção a sudoeste. ", " ... uma van branca na estradinha do reservatório indo para oeste ".
No meu caso pessoal "cravar" instantaneamente, em um lugar que não conheço, minha posição é quase impossível.
Foi bom enquanto durou, escreveu o Helio.
ResponderExcluirÉ verdade, muitos estamos vivendo isso. Neste caso é um pouco triste aceitar que não se vai mais viajar, seja pelo motivo que for, pois era uma coisa que dava prazer.
Aceitar o fim de algo é um desafio. Nem todos conseguem e se entregam à depressão.
Detesto cerimônias de encerramento.
" Aceitar o fim de algo é um desafio."
ExcluirPerfeito, aceitar as limitações - de toda ordem - que são inevitáveis à medida que envelhecemos é dureza mesmo.
A saída é adaptar às limitações o que nos dá prazer para tentar continuar fazendo, talvez procurar alguma coisa que nos motive para substituir aquilo que não mais podemos fazer e valorizar ao máximo o convívio com a família.
Como dizem: envelhecer é uma merda, mas a opção ....
Fico impressionado com a memória do mestre Hélio, com datas precisas, locais, atividades e passeios que realizou.
ExcluirEmbora eu faça um roteiro muito bem detalhado, inclusive com horários de conduções, previsões de deslocamentos entre hotel e estação, cidade á cidade (rodoviária ou ferroviária), quando de carro uso o waze para detalhar o percurso e horários.
Porém talvez um mês depois eu não saiba mais todas as cidades por onde passei. Também gosto muito de passear a pé pelas cidades, é comum eu me perder e ter de recorrer ao google maps.
Como eu normalmente erro, deixa eu falar logo para ver se dá certo: a dupla de vôlei de praia é a primeira no ranking mundial, tem maior altura, começou bem o primeiro set aí entregaram o ouro ao bandido, perderam o set por erros bobos e pelo andar da carruagem vão prá variar perder quando o negócio é "a vera"
ResponderExcluirAí, aí, aí
Complexo de vira-lata ...
No vôlei de quadra vitória merecida dos Estados Unidos, maior volume de jogo, consistência e regularidade, além de claramente "emocional" mais equilibrado.
ResponderExcluirVoltando à praia, vamos ver ...
ResponderExcluirMas não me animo não ...
A ansiedade e o que parece ser "deixar de acreditar" quando a dificuldade aparece compromete nosso jogo.
ResponderExcluirViram?
ResponderExcluirÉ só eu falar mal que ganhamos ....
E são as mulheres que está garantindo a maior parte das medalhas.
Verdade, Mario!
ExcluirNa quadra foi parelho, mas as norte americanas foram mais equilibradas; já na areia foi o inverso, às brasileiras decidiram no final.
Outra medalha para o Brasil, de bronze, no taekendo.
O Dream Team passando um dobrado contra a Sérvia. Vamos para o último quarto, com 13 pontos de vantagem para os sérvios.
A delegação brasileira tem mais mulheres do que homens. Já têm garantidas medalhas no futebol e vôlei de praia. Atualmente temos 15 no total, mas 17 garantidas. Em Tóquio foram, salvo engano meu, 21 no total, mas com 7(?) de ouro.
ExcluirHoje foi umpla e não dupla.
ResponderExcluirA Ana Patricia deu uma amarelada e a Duda carregou o time nos momentos decisivos.
"umpla" é ótimo.
ExcluirRealmente a Duda foi fundamental.
E os sérvios estão engrossando com o Dream Team.
ResponderExcluirInacreditável até agora.
ExcluirSerá que o dream vai virar nightmare?
É muito difícil.
Viraram no final.
ResponderExcluirInevitável mas levaram um bom susto.
ExcluirE para a Sérvia " the dream is over."
ResponderExcluirNo último quarto os Estados Unidos fizeram valer seus jogadores inigualáveis, notadamente Le Bron, Durant e Curry.
Mas que partida dá Sérvia !
Os americanos ficaram atrás quase todo jogo.
ResponderExcluirEntraram no último quarto 13 pontos atrás.
ExcluirEm 1992 eram somente 6 jogadores de outros países que jogavam na NBA. Em 2024 são mais de 60 espalhados por outras seleções. Os EUA já não ganharam o último mundial, razão pela qual Lebron juntou a patota atual.
ExcluirComo gritam em sua maioria os locutores das transmissões das olimpíadas, impressionante.
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