ATENÇÃO: a partir de amanhã, dia 12, no “Espaço Cultural Urbana Carioca”, na Praça XV nº 34, a exposição “Bondes do Rio de Janeiro, passado, presente e futuro”, com mais de 150 fotos, mapas e ilustrações. Ficará em cartaz por três meses, até fevereiro. Será que haverá alguma imagem que já não seja de nosso conhecimento?
FOTO 1: Continuando a série sobre os abrigos de bonde hoje veremos, com muitas fotos já publicadas, o do Largo da Lapa. Espalhados pela cidade, em sua maioria eram pontos finais de alguma linha.
Quanto às paradas durante o trajeto, em 12/03/1907 a Cia. Jardim Botânico
instituiu pontos fixos de parada. Um “Aviso” dizia que: "Os pontos de parada dos
bondes são assinalados nos postes com uma faixa branca (às vezes havia também
uma placa pendurada em um fio que atravessava a rua). Para tomar o bonde o
passageiro deve achar-se no ponto de parada respectivo e fazer sinal a uma
distância razoável. Para sair, o passageiro deve fazer o sinal ao condutor logo
depois de passar o poste de parada anterior àquele em que quiser descer."
FOTO 2: Esta foto foi colorizada
pelo Nickolas Nogueira e foi publicada, ainda em P&B, no "Foi um Rio
que passou". Para complementá-la, nada melhor que transcrever o texto do
prezado Andre Decourt:
"A foto é de
Ferreira Júnior, fotógrafo da ABI e foi enviada por seu afilhado o amigo Sidney
Paredes Rodrigues.
A foto é muito
interessante, primeiro por mostrar a ambiência do largo. Os imóveis que vemos
no lado direito foram estupidamente derrubados nos anos 70, no primeiro governo
Chagas Freitas, para criar a árida e inútil esplanada na frente dos Arcos,
ressuscitando de forma ainda mais agressiva as demolições da natimorta Av.
Norte-Sul, sepultada no governo Lacerda.
Já os imóveis ao fundo
ainda existem, pelo menos em parte. O sobradão que vemos, que fica entre a Sala
Cecília Meireles e as ruínas do Hotel Bragança, que foram abandonadas e
destruídas por incêndios, hoje de pé a fachada, sem vários dos elementos decorativos
que vemos na foto, abriga um prédio moderno, recuado, num resultado estético
nada interessante. Pois não temos um prédio restaurado, mas apenas uma moldura
arruinada. Pelo letreiro vemos que o prédio abrigava um dos inúmeros bilhares
da região, que atraia jogadores de sinuca de toda a cidade.
Era dia de feira, vemos
algumas barracas montadas junto ao meio-fio e o típico lixo de feira-livre
perto da estação de bondes. Chama a atenção também o grande número de
militares.
Anunciando na estação temos o Dragão, que acompanhou a estrutura do seu início até sua destruição no final dos anos 60 como ponto de apoio para os Trolleys, mas também temos um anúncio dos Pianos Lux e, pasmem, duas auto-escolas, ou "escolas de chauffeurs" como se anunciavam, a Internacional, localizada na Rua Evaristo da Veiga e a Motoram, aparentemente com dois endereços, ambos ilegíveis. O mais curioso é que ambos os anúncios mostram lânguidas damas dos anos 30 conduzindo automóveis, sem dúvida algo muito interessante para uma sociedade tão machista."
FOTO 3: Vemos o bonde 29, em foto
já publicada no “Saudades do Rio” em P&B e agora muito bem colorizada pela Christiane
Wittel para A.J. Caldas. Aquele prédio no fundo, com janelas marrons na
colorização, seria o Hotel Bragança, recentemente restaurado como 55 Rio Hotel.
A elegância dos cariocas
era impressionante. Seriam policiais os dois de terno em primeiro plano, à
direita?
Destaque para os anúncios
do "Dragão da Rua Larga" (Rua Larga/Marechal Floriano nº 193) e da
"Loção Xambu" (seu anúncio dizia: “Caspa! Cabelos brancos! Use Loção
Xambú – Cabelos brancos ou grisalhos voltam à sua cor natural. Elimina a Caspa.
Êxito garantido”. Quanto ao Dragão, os anúncios diziam ser "O Rei da Rua
Larga - O Príncipe dos barateiros". A variedade de artigos era enorme, e o
povo dizia que "Barbado só Camarão - Penicos, só no Dragão"!
Vemos a estação de bondes da Lapa, com destaque para o bonde 29 - 1º de Março, Caxias, Lapa. O trajeto deste bonde era:
IDA: Largo da Lapa – Mem
de Sá – Gomes Freire – Constituição – Praça da República (Bombeiros e Casa da
Moeda) – Praça Duque de Caxias – Marechal Floriano – Visconde de Inhaúma – 1º
de Março (até a esquina de Buenos Aires).
VOLTA: Buenos Aires –
Praça da República (igreja de São Jorge e Casa da Moeda) – 20 de Abril – Senado
– Gomes Freire – Riachuelo – Mem de Sá – Largo da Lapa.
FOTO 4: O bonde 36 leva o anúncio
da "Liquidação Azul", do Magazin Segadaes (Rua Uruguaiana nº 23-25).
No abrigo de bondes o destaque é para o anúncio "Seu dia chegará - Loteria
Federal" e, à esquerda, ao fundo, um anúncio de "Cinzano". O
anúncio da Coca-Cola está dentro do tracejado, à esquerda.
O motorneiro posa para a
foto, enquanto o condutor responde à pergunta da jovem senhora elegantemente
vestida. Essa linha 36 - Lapa x Cancela era muito antiga, mas inicialmente
tinha o número 52.
O bonde servia os alunos
do Colégio da ACM, que ficava na Rua da Lapa nº 86, com conta o J.E. Silveira.
No lado oposto desta foto, existia um quiosque que vendia uma água mineral
gasosa servida geladíssima, que era quase um ponto de parada obrigatório nos
dias de mais calor. A água era servida naqueles copinhos cônicos iguais aos das
carrocinhas de mate ou laranjada.
FOTO 5: Tradicionais anunciantes aparecem na foto, tais como "O Dragão", da Rua Larga, a "Loteria Federal" (o seu dia chegará), Loção “Xambu”, “Coca-Cola”. O local está bem movimentado, mas ninguém prestigiando o vendedor da carrocinha.
FOTO 6: Uma bela panorâmica do Largo da Lapa com a Igreja de N.S. do Carmo da Lapa do Desterro, o famoso Lampadário da Lapa e o antigo abrigo de bondes. O anúncio das “Casas Pernambucas” era destaque no abrigo, abaixo do anúncio do “Dragão”.
FOTO 7: Mais uma foto colorizada
pela Christiane Wittel. O Joel já havia me enviado em P&B e também comentou
que o abrigo de bondes da Lapa foi demolido em 1964, a circulação de algumas
linhas que acessavam o Largo da Lapa ocorreu em Julho de 64, e a presença do
ônibus da CTC da linha 207, que substituiu a linha de bondes 33, indica que
essa foto ocorreu entre julho e Dezembro de 1964. As demolições dos abrigos de
bondes no centro do Rio foram criminosas.
E aproveito, ainda, para
transcrever o comentário de um saudoso comentarista, o Etiel, sobre esta foto:
"O bilhares entre o Colonial e o Bragança era o famoso Salão Azul, berço
de uma geração sinuqueira, nos anos 40 e 50. Outro salão de sinuca que existia
no local era o Indígena, no sobradão da esquina da Mem de Sá, logo após a
Escola de Música, em cima do café de mesmo nome. Entre os imóveis, defronte a
parada dos bondes e lamentavelmente derrubados, estavam o antigo Capela e
cantinho do Hydrolitrol.
FOTO 8: Que limpeza, que tranquilidade durante o dia. Outros tempos. Bonde Lapa-Praça 11.
Conta o “Correio da Manhã”:
“Acabou-se A Capela do saboroso bife com fritas e por onde passaram
políticos famosos, intelectuais, sambistas, malandros e lindas mulheres. Agora,
as picaretas do progresso descerão sobre aquele velho reduto da boemia, que
ganhará novas linhas de uma arquitetura moderna.
O restaurante “A Capela”
foi inaugurado em 1906 e era propriedade de Olimpio Bastos, mas quem dirigia o
restaurante era seu sobrinho Hamilton Bastos. Depois, em 1948, foi vendido para
Manuel da Costa Cruz, que na década de 60 o vendeu para os empregados Aires
Figueiredo, Francisco Soares e Risolino Carvalho.
Desapareceram os
malandros como Luizinho Tiroteio, Meia-Noite, Miguelzinho, Edgarzinho, Álvaro
Mulatinho, Turquinho Pistoleiro, Tinguá, Madame Satã, que sempre andavam bem
vestidos, com camisa de seda, chapéu panamá, gravata e sapatos com saltos
carrapeta. E as mulatas como Boneca, Lili, Florinda, Leninha, Olívia, Marlene
Brasil, Dália, Juju e Maria Bonita.
Embora frequentado por
diversos tipos de gente, todos sabiam se comportar e os malandros só brigavam
se provocados."
FOTO 11: Vemos a demolição do
abrigo de bondes da Lapa em foto de setembro de 1964. Um funcionário desce, com
vontade, a marreta no que estrutura do abrigo. O anúncio da Farmácia Phenix,
que prometia devolver o dinheiro de quem achasse mais barato em outro local,
está por um fio. Esta farmácia ficava na esquina da Mem de Sá com Maranguape e
seu telefone era 22-4927. Ali na porta da igreja estava estacionado o
"bode velho" de JBN?
____________________________________________________________
Conta o Helio: “Quanto ao
abrigo da Lapa, na verdade ele não servia de conexão entre as linhas da Zona
Norte e Sul. Era usado como ponto terminal de muitas linhas, mas todas da Zona
Centro. Exemplos eram a famosa 29 - Lapa x Duque de Caxias x 1º de Março, a 30
- Lapa x Arsenal de Marinha, a 32 - Lapa x Gamboa, a 33 - Lapa x Praça da
Bandeira, a 36 - Lapa x Cancela.
Durante vários anos houve
realmente essa conexão na área da Lapa, mas quando o abrigo foi feito ela já
não existia mais. A conexão era feita assim:
a) para bondes que vinham
da Zona Norte e Centro (exceto Tabuleiro da Baiana) e se dirigiam para a Zona
Sul, a ligação era via ruas do Riachuelo / da Lapa / da Glória / do Catete.
b) para os que vinham em
sentido contrário, era via rua Teixeira de Freitas / avenida Mem de Sá.
Mas só havia três linhas
que faziam esse tipo de conexão: a 9 - General Polidoro x Praça Mauá, a 24
(antiga 22) - Marquês de Abrantes x Estrada de Ferro e a 60 - Muda x Marquês de
Abrantes."
A linha 60 continuou a funcionar após o mês de Maio de 1963, só que "pela metade", já que em razão da erradicação das linhas da zona sul, seu ponto final passou a ser o abrigo de bondes da Lapa até Maio de 1964 quando a linha foi extinta pela "Operação Rio", promovida pelo Tenente Coronel Américo Fontenelle em Maio de 1964.
ResponderExcluirOnze fotos e muita informação. É para ler devagar e guardar tantos detalhes.
ResponderExcluirBom dia, Dr. D'.
ResponderExcluirMais uma aula, agora sobre os abrigos de bondes. Vou acompanhar os comentários.
Sobre a exposição, qual é o melhor ponto de referência? Pensando em emendar com a exposição no Iphan que vai até dia 29.
ExcluirÉ no Arco do Teles.
Excluir👍
ExcluirÓtimo trabalho de pesquisa.
ResponderExcluirEssa sequência de fotos acava com qualquer dúvida sobre a localização do abrigo.
Anúncios na marquise sumiam e depois voltavam ao longo do tempo, não necessariamente indicando se a construção estava para ser demolida, como imaginei na postagem do Cine Colonial.
O carrinho sem freguesia na foto 5 me parece ser da Kibon.
Bom dia.
ResponderExcluirComeçando a semana em altíssimo nível, a sequência de fotos explicadas/comentadas é ótima..
Então o Capela atual é na realidade Nova Capela. Mas o cabrito continua ótimo.
ResponderExcluirBom dia Saudosistas. Parabéns ao Dr. D' e demais Flamenguistas do grupo, pela bela vitória de ontem, se não fosse o goleiro do Atlético, o resultado bem poderia ter sido 5 ou 6X0.
ResponderExcluirQuanto as fotos, as colorizadas estão ótimas, quase tudo conheci do texto comentado na minha infância.
A água mineral geladíssima comentada no texto, creio que se refira a Água Hidrolitol, que cheguei a beber inúmeras vezes, me lembro também do ponto final do Largo de São Francisco, só não me lembro se havia Abrigo coberto, o da Pça Tiradentes eu lembro perfeitamente. Acredito que o último abrigo de bonde ainda de pé na cidade seja o do Curvelo em Santa Teresa.
A julgar pelo endereço do anúncio do DRAGÃO na FOTO 7, das duas, uma: ou a Rua Larga passou a ser conhecida (mudou de nome antes ?) como Marechal Floriano depois de 1964 ou o anúncio é antigo, desatualizado.
ResponderExcluirFF: há 120 anos acontecia a Revolta da Vacina. Em 1918, terminava a Primeira Guerra Mundial.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ExcluirA Primeira Guerra Mundial ficou conhecida como a Grande Guerra.
ExcluirE pensar que em pouco mais de 2 décadas a estupidez se repetiria na Segunda Guerra Mundial, muito maior que a "Grande Guerra" em termos de escala, destruição e número de vítimas.
O ser humano não deu certo.
ExcluirA Primeira Guerra Mundial nos daria de "brinde" a Gripe "Espanhola", hoje sabidamente originada nos EUA.
ExcluirA respeito Dragão da Rua Larga:
ResponderExcluir[https://vermelho.org.br/2010/10/08/vadico-um-sambista-do-bras-nascido-ha-100-anos/]
" ... Noel Rosa ganhava dinheiro como cantor e contrarregra do Programa Casé, o pioneiro em introduzir o pagamento aos artistas e as mensagens patrocinadas no rádio. O disco, ainda incipiente, rendia pouco ao compositor.
Pois foi com Noel que Vadico compôs a única peça publicitária da dupla, a Marcha do Dragão. A letra, premiada em concurso, dizia: "Você é mais conhecido/Do que níquel de tostão/Mas não pode ficar mais popular/Do que o Dragão".
A marcha da dupla fazia referência à loja de artigos domésticos Dragão, no centro do Rio. Um dos principais anunciantes do Programa Casé, o estabelecimento era carinhosamente apelidado de A Fera da Rua Larga, pois ficava na Avenida Marechal Floriano, de notáveis pistas e calçadas largas. O automóvel de Casé era o único no Brasil dos anos 30 a ter um rádio."
Fora de Foco:
ResponderExcluirConcordo com a ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania em gênero, número e grau.
(confesso que desconhecia a existência desse ministério)
“Pela facilidade de acesso, pode-se afirmar que, com as chamadas bets, estamos permitindo a instalação de um cassino no bolso de cada brasileiro.”
Macaé Evaristo, ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania
O Advogado-Geral da União, Jorge Messias, ressalta que dados do Banco Central mostram que metade dos apostadores são das classes D e E.
"Cerca de 24 milhões de pessoas participaram das apostas de cota fixa no último ano, sendo que uma parcela significativa pertence a famílias de baixíssima renda e muitas são beneficiárias do programa Bolsa Família.”
Na FOTO 1. anúncio da GATO PRETO que acredito ser da empresa de mudanças que anunciava também dentro dos bondes; sempre que andava de bonde, eu admirava o anúncio que mostrava uma gata carregando um dos filhotes na boca, com os demais aguardando dentro de um cesto grande. (todos, gata e filhotes, pretos naturalmente)
ResponderExcluirSobre a foto 7: existe uma loja bem antiga com o nome de Dragão na Rua Leopoldo esquina com Barão de Mesquita. O ramo de comércio que funciona lá é o de artigos religiosos, mais conhecido vulgarmente como "loja de macumba". Sobre o ônibus da CTC, a foto mostra a pintura azul sem a faixa amarela, tal como ocorreu com os ônibus elétricos. A foto é é do segundo semestre de 1964.
ResponderExcluirSobre o comentário do Mário das 12:47: o curral eleitoral conhecido como "bolsa família" há muito fugiu de seu objetivo principal e passou a ser o sustento de dezenas de milhões de párias que preferem o ócio ao trabalho digno. O nordeste está com carência de mão de obra em razão de ter quase 80% de seu PIB ser oriundo de indivíduos que recebem auxílios do governo. Ao invés de irem para o "eito", essas "vítimas sociais" preferem tentar a sorte usando seus exíguos recursos. O bolsa família deveria ter prazo determinado, algo em torno de seis meses. Depois desse prazo, "um abraço e boa sorte".
ResponderExcluirFF. Prezados preciso que as pessoas façam a confirmação de presença para o encontro de final de ano.
ResponderExcluirConfirmo a presença.
ExcluirConfirmo, desde que não seja dia 26.
ResponderExcluir25 ou 27 ou 28, certo?
ExcluirDia 28 é complicado para mim, assim como 26. As outras datas, a princípio, sem problemas, desde que seja cedo.
ExcluirConfirmo. 27 ou 28. Dia 25 não sei se será possível.
ExcluirSegundo deduzi pelas fotos de que disponho, esses abrigos de bonde começaram a ser construídos no final dos anos 1930. Havia alguns no centro da cidade e um ou outro nos subúrbios.
ResponderExcluirAlguns deles ficavam nos terminais de linhas de bonde: o da Lapa mostrado na postagem, o do Largo de São Francisco, o da Praça Tiradentes, o das Barcas. Sem contar o Tabuleiro da Baiana, o maior de todos eles.
Outros ficavam no meio do trajeto: o do Passeio Público (lado do mar), aquele próximo ao Hotel Serrador, o do Largo da Cancela, o do larguinho em frente à estação ferroviária de São Francisco Xavier, sendo esses dois últimos bem diferentes dos demais, muito menores e de estrutura metálica.
Os terminais das linhas, por sua vez, em muitos casos, constituíam herança das antigas companhias de bonde puxados a burro. Quando a Light assumiu o serviço de bondes, ela pegou a concessão e a frota de três empresas: a São Cristóvão, a Vila Isabel e a CCU (Companhia de Carris Urbanos).
ResponderExcluirA São Cristóvão usava o terminal do Largo de São Francisco.
A Vila Isabel usava um terminal na esquina das ruas do Ouvidor e Uruguaiana. Não foi aproveitado pela Light.
A CCU tinha terminais nas Barcas, no Largo da Lapa, no Carceller (trecho largo da rua Primeiro de Março, entre o Beco dos Barbeiros e a rua do Ouvidor) e dividia com a São Cristóvão o terminal do Largo de São Francisco.
Quando a Light assumiu de vez o serviço, deixou de usar os terminais da Vila Isabel e do Carceller, sendo este transferido para a Praça XV, naquela praça entre o Arco do Teles e o Paço Imperial. Assim, genericamente na Praça XV havia esse terminal e o das Barcas. Nem sempre o nome da linha do bonde discriminava exatamente qual dos dois era usado por ela.
Para quem não sabe, Carceller era o nome de uma famosa sorveteria fundada em 1824 por José Tomás Carceller, tendo o seu auge na década de 1860. Era um point bem conhecido, frequentado até por Dom Pedro II. O local onde ela se situava ficou conhecido como Boulevard Carceller ou simplesmente Carceller. Ali havia os rodos dos bondes da CCU.
Uma curiosidade: o terminal do Largo de São Francisco era compartilhado pela CCU e pela São Cristóvão. Acontece que essas companhias usavam bitolas bem diferentes nos seus bondes: 820 mm na CCU e 1370 mm na São Cristóvão. Em virtude disso, o terminal do Largo de São Francisco e as ruas que davam acesso a ele tinham três trilhos paralelos, sendo um deles comum para ambas as bitolas e cada um dos outros específico para uma determinada bitola. Vendo fotos da época, dá para notar os estreitos bondes da CCU às vezes fazendo fila com os mais largos da São Cristóvão, no referido terminal.
ResponderExcluirJá a Jardim Botânico teve vários terminais no centro da cidade ao longo de sua existência: de 1868 até a virada do século, na esquina das ruas Gonçalves Dias e Ouvidor; da virada do século até cerca de 1911, no Largo da Carioca (há muitas fotos do Marc Ferrez mostrando os bondes parados ali); de 1911 até 1939 (ou 1937, segundo alguns autores), na Galeria Cruzeiro; dessa época até o fim, em 1963, no Tabuleiro da Baiana.
ResponderExcluirDe 1868 até a construção do Tabuleiro da Baiana, a avenida Treze de Maio era mão dupla para os bondes. Dali em diante, mão única para acessar o terminal. Para sair dele, era usada a rua Senador Dantas.
Até a construção do Tabuleiro da Baiana, os bondes provenientes da Zona Sul acessavam o terminal da época vindo pela avenida Augusto Severo, viravam à esquerda na rua Teixeira de Freitas, à direita no Passeio Público (junto aos prédios), cruzavam a Senador Dantas, viravam à esquerda na Praça Floriano e seguiam pela Treze de Maio. A volta era no sentido oposto.
ResponderExcluirCom a construção do Tabuleiro da Baiana, o percurso passou a ser avenida Augusto Severo, Passeio Público (lado do mar), à esquerda
na avenida Luís de Vasconcelos, à direita na rua do Passeio (no trecho entre Senador Dantas e Praça Floriano), à esquerda na Praça Floriano e em frente na Treze de Maio, até o Tabuleiro da Baiana.
A volta era pela Senador Dantas, em frente na avenida Luís de Vasconcelos e daí em diante trajeto oposto.
O Tabuleiro da Baiana tinha duas plataformas, em virtude da quantidade de linhas que fazia terminal ali. Na década de 1950/60 ele era usado pela 2 - Laranjeiras; 3 - Águas Férreas, 4 - Praia Vermelha, 5 - Leme, 7 - Jockey Club, 10 - Gávea, 11 - Jardim Leblon, 12 - Ipanema via Túnel Velho, 13 - Ipanema via Túnel Novo e 14 - General Osório (que o pessoal chamava de Gosório).
ResponderExcluirSó não usavam o terminal: a 9 - General Polidoro (virava na Praça Mauá), a 20 - Leme x Ipanema (virava na Praça Almirante Júlio de Noronha), a 21 - Circular (virava na Praça Juliano Moreira) e a 24 - Marquês de Abrantes x Estrada de Ferro (antiga 22).
Curiosidade: só havia uma linha que ligava as Zonas Norte e Sul. Era a 60 - Muda x Marquês de Abrantes. O trajeto era via rua do Riachuelo, avenida Mem de Sá, ruas da Lapa, Glória e do Catete.
ResponderExcluirA volta era via rua do Catete, Largo da Glória, avenida Augusto Severo, rua Teixeira de Freitas, Largo da Lapa, avenida Mem de Sá, ruas Frei Caneca e Salvador de Sá e daí em diante.
Para os sofredores que vinham da Zona Norte para a Sul, as opções eram, se não quisessem pegar ônibus:
ResponderExcluir1) se morassem em subúrbio da Central do Brasil ==> trem até a Central e daí o bonde 24 - Marquês de Abrantes x Estrada de Ferro.
2) se morassem em subúrbio da Leopoldina ==> trem até a estação da Leopoldina, bonde 93 - Penha x Praça Mauá e e depois o 9 - General Polidoro. Dependendo do local de origem, bonde 93 e depois o 9, dispensando o trem.
3) se morassem na Tijuca ou Estácio ==> bonde 60 - Muda x Marquês de Abrantes.
4) se morassem em outros bairros ==> teriam de estudar qual linha de bonde poderia levá-los a um ponto onde pudessem baldear para a 9, a 24 ou a 60. Ou então saltar próximo ao Tabuleiro da Baiana e ir a pé até lá.
Nessas descrições do Hélio percebe-se o quanto a malha dos bondes do Rio era imensa. Bem maior do que a de Sampa, correto? Parece que outra cidade que teve muitos bondes foi Santos.
ResponderExcluirA malha do Rio era de cerca de 400 km. Cobria toda a Zona Sul, o Centro, os bairros periféricos (Estácio, Rio Comprido, Catumbi, Gamboa, Saúde, Caju, São Cristóvão, Cancela, São Francisco Xavier, Maracanã, Triagem, Benfica, Pedregulho), os subúrbios da Central até Madureira, os da Leopoldina até a Penha, além de Taquara, Freguesia, as vizinhanças do Méier (Cachambi, Lins de Vasconcelos, Boca do Mato, Abolição, Pilares, Inhaúma), e também Jacaré, parte de Del Castilho, Tijuca, Andaraí, Engenho Velho, Vila Isabel, Alto da Boa Vista, Vaz Lobo, Irajá, Vicente de Carvalho, Braz de Pina e provavelmente alguns que esqueci.
ExcluirEssa era a rede da Light / Jardim Botânico. Havia também a dos bondes da Ilha do Governador e de Campo Grande.
ExcluirA malha de bondes era a que a do metrô deveria se parecer agora ...
ResponderExcluire não a absolutamente anêmica que temos.
Começamos a convergir para a quarta-feira, dia 27, ser a data do encontro.
ResponderExcluirO Helio seria o consultor de um guia de bondes do Rio, se eles ainda existissem...
ResponderExcluirNa próxima o Luiz podia postar alguns mapas das antigas linhas de bondes. Existem muitos on line, das mais diversas épocas, desde 1.800 e alguma coisa
ResponderExcluirSegundo o Dr Google a malha de São Paulo era de tamanho semelhante à do Rio, se considerarmos aqui a Ilha e Campo Grande. E o polvo canadense também dava as cartas por lá. O hiato que ficou entre Madureira e Campo Grande e no extremo oeste talvez fosse porque os sub bairros circundantes de Realengo, Bangu e Santa Cruz estavam num nível de roça ainda até os anos sessenta. Lembro que das estações da central nestes bairros partiam uns lotações mambembes para o interior, ainda rural.
ResponderExcluirCLAP! CLAP! CLAP! para o Helio. Que aula! Obrigado.
ResponderExcluirFF: acabei de assistir e de me emocionar, por razões pessoais, com o filme "Ainda estou aqui".
Boa pedida para o feriadão. Fico por aqui . Será que a cidade estará mesmo inviável?
ResponderExcluirUm bom programa para aposentados devia ser passear de bonde pela cidade, alternando as diversas linhas. Não havia violência nem assaltos, era um transporte fresco e arejado e ainda dava prá dar umas azaradas. Sei de muitos casais do passado que se conheceram num bonde, como meus tios.
ResponderExcluirMauro Marcello, mesmo muito tempo depois da extinção dos bondes era normal transitar em qualquer lugar e a qualquer hora sem problema. O Rio de Janeiro não se tornou "esta África piorada" de uma hora para outra, mas de forma gradativa e possuí dois marcos distintos: a eleição de Itagiba de Moura em 1982 para o Governo do Estado do Rio de Janeiro e o fim do Governo Militar em 1985. A partir daí foi só "ladeira abaixo", com muita doutrinação político/ideológica.
ExcluirJoel, você está coberto de razão. E se as leis fossem duríssimas contra bandidos e assaltantes, tipo, roubou um celular, corta a mão, queria ver esses covardes que só se garantem com uma arma na mão, roubarem as pessoas. Como iriam pilotar uma moto sem a mão? nunca mais! e o mais estarrecedor, eles estão roubando também pessoas humildes.
ExcluirÉ verdade, Mauro. As coisas tomaram um contorno dramático porque o crime está incrustado não só no "Estado Brasileiro" em seus três níveis como também em elementos doutrinados na sociedade, seja por convicções ideológicas, por interesse próprio, ou talvez até por residirem em áreas controladas pelo crime organizado, e que "estão em toda parte" tentando solapar qualquer iniciativa que possa reverter esse "status quo". São "almas penadas".
ExcluirBom dia.
ResponderExcluirComeçando o dia como sempre.
Bom dia.
ResponderExcluirVai esquentar.
Maçarico ligado.
ExcluirBom dia, Helio/Joel.
ResponderExcluirQuando bem pequeno morei por um período em Botafogo, tenho lembrança de ir à praia com minha mãe no Posto 6, de bonde, através do Túnel Velho.
Que linha poderia ser essa? General Polidoro, Siqueira Campos ou Santa Clara, e a partir daí?
Provavelmente o 12 - Ipanema via Túnel Velho.
ExcluirSiqueira Campos, N.Sa. Copacabana, Francisco Sá, Gomes Carneiro, Visconde de Pirajá.
ExcluirObrigado, Helio.
ExcluirBom dia Saudosistas. Uma aula de pós graduação essa dada pelo mestre Hélio, parabéns Hélio por dividir com o grupo todo esse seu conhecimento pelos bondes do Rio.
ResponderExcluirFF. Segue abaixo informações do nosso encontro
Data: 27/11/24 - Horário: 19:30h - Local: Restaurante Degrau - Leblon
Endereço: Av. Ataulfo de Paiva 517, lj. B
Pessoas já confirmadas:
- Lino Coelho
- Dr. Luiz Darcy
- Mario
- Ana
PS. Peço aos demais amigos comentaristas que façam as suas confirmações, para que eu faça a reserva junto ao Restaurante com uma certa quantidade de pessoas.
Lino, esse horário é proibitivo para mim. Por isso, enfatizei o "mais cedo". Espero que quem for se divirta.
ExcluirMário, o 14 - General Osório seguia pela São Clemente, Real Grandeza, Túnel Velho, NS Copacabana, Francisco Sá, era outra opção.
ResponderExcluirEu não coloquei o 14 porque o Mario citou a Genetal Polidoro.
ExcluirEu tenho quase certeza que embarcávamos na General Polidoro; morávamos na época em um pequeno prédio de 2 (ou 3) andares da rua Paulo Barreto próximo à General Polidoro, no apartamento do andar térreo "emprestado" por meu avô materno enquanto aguardávamos a desocupação pelo antigo inquilino do apartamento que meus pais tinham comprado em Copacabana.(uma luta, mais de um ano para o inquilino ser finalmente despejado).
ExcluirPerfeito, Helio, não reparei na citação da General Polidoro.
ExcluirVoltei da rua agora há pouco e o calor está forte.
ResponderExcluirComo disse o Augusto, o maçarico está ligado e eu acrescento: provavelmente regulado com chama mais rica em oxigênio para temperaturas mais altas.
A previsão é de mudança de tempo durante a noite/madrugada, com chuva e temperaturas caindo bem amanhã.
Tempo já virando com ventania desde mais ou menos uma hora atrás. Antecipei para hoje algumas compras que faria na quinta-feira.
ExcluirCom relação comentário do Mário às 12:04: isso ocorreu entre 02 de Setembro de 1962 e 1°de Março de 1963, época em que o tráfego de bondes no Túnel Novo foi desviado para o Túnel VELHO.
ResponderExcluirDentro do intervalo de tempo que morei na Paulo Barreto, início de 62 a meados de 63.
ExcluirExiste uma foto que já foi publicada no SDR mostrando um bonde da linha na General Polidoro em frente ao Cemitério São João Batista. Na foto aparecem os suportes de cabos elétricos para os Trolley-buses, o que significa os últimos momentos da circulação de quase todas as linhas de bonde da zona sul, indicando que a foto é do início de 1963.
ResponderExcluirFF. Saudosistas preciso que vocês façam a confirmação de presença do nosso encontro no próximo dia 27/11/24, para fazer a reserva junto ao Restaurante. A medida que a data se aproxima, fica mais difícil encontrar vaga para a data que pretendemos.
ResponderExcluirRespondi na mensagem original. Nesse horário não dá para mim. Bom divertimento para quem for.
ExcluirSobre a exposição, recebi algumas fotos e o "folheto" em um fórum que eu participo.
ResponderExcluir27.11 ok, mas chegarei tarde
ResponderExcluirComo sempre, o Hélio deu show!
ResponderExcluirCom todo respeito ao mestre Hélio, mas como conhecia muito bem a região da Leopoldina, posso afirmar com absoluta certeza que nunca houve linha de bondes circulando pelo bairro de Brás de Pina conhecida como a princesinha da Leopoldina.
ResponderExcluirPrezado Colaborador Anônimo, o trajeto do 97 - Madureira x Penha era Estação de Magno, Estrada Marechal Rangel (atual Edgard Romero), Estrada de Vicente de Carvalho, Estrada de Braz de Pina e Largo da Penha.
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ExcluirComo a Estrada (atual Avenida) Braz de Pina é muito extensa, talvez o trajeto passasse apenas em pequena parte do bairro, mais para a Penha Circular do que para Braz de Pina exatamente.
ExcluirColaborador Anônimo, o Hélio está certo. Você deve estar confundindo a Avenida Brás de Pina com o bairro de Brás de Pina. A Avenida Brás de Pina fazia parte do trajeto da linha de bondes Penha-Madureira. Depois da extinção dos bondes os ônibus elétricos utilizaram o mesmo trajeto.
ExcluirPergunta de quem conhece muito pouco a cidade além da zona sul e não quer fazer a pesquisa na telinha do celular (estou em uma sala de espera, "matando o tempo"):
ResponderExcluir- Penha e Penha Circular, qual a diferença ?
São dois bairros diferentes
ExcluirPróximos ?
ExcluirEntrei no Google Maps e vi que a Penha Circular tem fronteira (fica meio "ensanduichada" ) com Brás de Pina, Vila da Penha e Penha.
ExcluirE de quebra a IA me informou que:
Excluir"O bairro do Rio de Janeiro, Penha Circular, recebeu esse nome devido à linha circular de trens que funcionava no local no início da década de 1930; a linha circular permitia que os trens de subúrbios manobrassem para retornar.
A linha circular foi desativada na década de 1940 e, em seu lugar, foi construída a estação de Penha Circular, que deu nome ao bairro."
Isso. Penha Circular fica entre esses dois bairros. Dizem que o nome provém do fato de haver ali um rodo para as locomotivas da Leopoldina fazerem a volta. Estive visitando a área em 2014, com um antigo comentarista do SDR que viveu por lá (quem sabe é o Colaborador Anônimo?) e ele me mostrou o local onde havia o rodo. Parece que atualmente é uma garagem de companhia de ônibus.
ExcluirHelio, postei meu último comentário antes de ler o seu; eu precisei do Google, você só da memória....🙂
ExcluirAntigamente havia uma empresa chamada Fábrica de Móveis Circular, situada na avenida Lobo Junior. Acho que o nome era porque se situava próximo à Penha Circular. Lá em casa compramos móveis deles, acho que no início da década de 1970. Se não me engano, eram do quarto da minha mãe . Duraram décadas (talvez uns 40 anos) e não se estragaram. Foram doados quando minha mãe morreu, em 2014. Olhando no FB agora, só vi elogios para a qualidade dos móveis de lá. Impressionante a qualidade dos mesmos.
ResponderExcluirOutro lugar onde havia um rodo para trens a vapor era em Madureira. No Google Maps dá para ver direitinho o percurso da volta, começando na rua Agostinho Barbalho (que faz quase um círculo perfeito), cruzando a rua Dona Clara e emendando com a Manuel Martins e Alcina, e daí entroncando novamente com a linha principal. Ali foi construída em 1897 a estação Dona Clara. Quando a eletrificação dos trens suburbanos da EFCB foi feita, em 1937, o ramal foi desativado, pois os elétricos não precisavam de rodo.
ResponderExcluirÉ famosa a foto da inauguração da eletrificação do ramal Madureira x Central do Brasil. Fácil de encontrar na Internet. O trem todo embandeirado, alegria geral. Se bem me lembro, Getúlio Vargas presente, merecidamente.
ResponderExcluirOs trens eram da série 100, pintura saia e blusa, com saia azul e blusa beige, faróis proeminentes, fabricados pela Matropolitan-Vickers de Londres. Trens portas em cada lado do vagão, chupetas para os passageiros se segurarem, cada TUE composta por 3 vagões, sendo o do meio o portador dos motores e os outros dois eram meros "reboques". Cada composição podia ter 2 ou 3 TUE's, ou seja, 6 ou 9 vagões.
O número de série era sequencial para cada TUE, composto assim (seja a TUE de número 27): um reboque com número ER27, o vagão-motor E27, o outro reboque ER1027.
Ao longo do tempo houve algumas alterações estéticas nos reboques, que deixaram de ter faróis proeminentes e passaram a ter um apenas, central, bem grande, no topo do vagão.
Por volta de 1954 chegaram novos modelos, série 200, apelidados de Marta Rocha, já dá para saber por que. Mas foi uma injustiça com a Marta Rocha, porque os trens erram horríveis (no meu gosto).
Esses rodaram durante décadas. Quando criança cheguei a andar nos série 100. E quando adulto, até mesmo em 2010 havia alguns série 200 rodando, no ramal de Gramacho e Saracuruna.
Talvez uma postagem sobre os trens suburbanos antigos seja interessante.
ResponderExcluirO Helio é um polímata!
ResponderExcluirπολυμαθής !
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