Até 1961 não havia butiques em Ipanema. A partir daí, com a Mariazinha, no Bar 20, Ipanema ditou a moda no Brasil todo. Depois vieram a Bibba, a Aniki Bobó, a Fragil, a Blu-Blu, a Company. A moda de Ipanema era feita à imagem de sua população: uma gente jovem, bonita, bronzeada, esportiva, aberta para o novo e com dinheiro para gastar.
Na virada dos anos 70, Ipanema atraiu muitas butiques de Copacabana e Leblon, como a Richard´s. Outras que fizeram época: Boutique 12, Voom-Voom, Le Truc, Obvious, Point Rouge, Flash, Flash-Back.
Nos anos 70, entre outras tínhamos Aniki Bobó na´Francisco Otaviano 67 loja L, a Blu-Blu na Montenegro 111, Ad Libitum, Na Visconde de Pirajá 86, Godspell na Maria Quitéria 85-D, O Fruto Proibido na Visconde de Pirajá 86, a Di Roma na Montenegro 49, a Pirá-Tan-Tam na Visconde de Pirajá 444, a Sorry também na Visconde de Pirajá 444, a Thame na Visconde de Pirajá 86, onde também havia a Jumping Jack Flash e a Uaz, a Via Veneto na Visconde 111, a Zau na Visconde 611, a Echistenio na Visconde 156, a Inhapim no 188.
A Mariazinha ficava ao lado do Cinema Astória e foi criada por Mara MacDowell e Georgiana Vaconcellos.
A Company foi uma das grandes marcas da indústria de vestuário carioca entre 1973 e 2003. De sua loja principal na Rua Gárcia D´Ávila, 56 em Ipanema, saiam camisetas, vestidos e calças em algodão puro que eram muito confortáveis e elegantes.
Mauro Taubman, dono da loja, dizia que não se preocupava com a moda internacional ou brasileira, mas com a carioca, pois a mulher daqui é diferente de todas as outras.
Em agosto de 1979 a Company anunciava uma nova loja a ser aberta no Shopping Rio-Sul. Em outubro de 1979 a Company anunciava no Jornal do Brasil a venda de patins americanos por Cr$ 7.500 (não sei quanto seria em moeda de hoje). Na "Company" compravam várias de nossas comentaristas, como a tia Lu. O curioso é que na mesma página deste anúncio, no dia 17/10/1979 havia a notícia que o famigerado "depósito compulsório" para viajar ao exterior (lembram dele?), cujo decreto expiraria em dezembro de 1979, seria substituído por algo que garantisse a receita para o Governo. O articulista do JB vociferava contra o que acontecia há 3 anos, violando o art. 153 da Carta Magna, pois o "depósito compulsório" impedia a viagem da maioria do povo brasileiro ao exterior.
Nesta fotografia vemos um flagrante do centro do Rio em meados da década de 50.
"As LOJAS MURRAY S.A. oferecem a V.S. elementos para o maior conforto de seu lar e por pouco dinheiro. Geladeiras Frigidaire / Aparelhos domésticos / Rádios e Televisão / Artigos para presentes / Cristais da Boêmia / Eletrolas / Utilidades domésticas. Rua Rodrigo Silva 18-A (Esq. Assembléia), Tel: 22-9903", descrevia um anúncio.
Nas Lojas Murray vendiam-se discos importados e a sua sobreloja foi um ponto de encontro para os amantes do jazz, conforme conta Ricardo Cravo Albin. Sergio Porto, João Gilberto, Garoto, Pixinguinha, eram clientes assíduos, quase diários. Consta que este "Clube de Jazz" foi um dos berços da Bossa-Nova.
Desnecessário dizer que, como a foto é na "Cidade", todos estão de terno.
As Lojas Murray e a Casa Chadler ( na Rua México ) eram as representantres Frigidaire na década de 50. Tirante a Mesbla, concorrente da Casa Murray era a Casa Neno, "Serve Bem ao Grande e ao Pequeno".
O Ponto Frio ainda era quase desconhecido e o Alfredo Monteverde tentava popularizar (e conseguiu) a venda de eletrodomésticos colocando as máquinas de lavar, agitando, na calçada da Uruguaiana.
E tinha também a Tonelux na Senador Dantas e a Tele- Rio. Depois veio o Paim da Brastel que vendia "tudo a preço de banana". Casas Bahia só tinha em Sampa; mas era nanica perto do Mappin.
E falando de lojas do Centro, ali perto da Lojas Murray, na Rua da Quitanda, na esquina com a Assembleia, ficava a Veiga Som, uma das maiores lojas de equipamentos de áudio dos anos 60 e 70, que vendia só as melhores marcas, como Wharfedale, Akai, Nakamishi, Pioneer, Sansui, Quad, Sherwood, Dual, ReVox, Thorens, Altec, Mcintosh, etc....
Sobre a Veiga Som, na verdade ela passou a existir como loja, alí na Rua da Quitanda com Assembléia somente no final dos anos 80. Antes, nos anos 60 e grande parte dos anos 70 ela funcionava no 5º andar na Rua da Quitanda nº 30. "Seu" Marco Antonio atendia só gente da mais alta qualidade e antes a loja se chamava Veiga & Cia.
Lá na década de 60, antes desta febre de moda esportiva dos últimos anos, eram poucas as casas especializadas em esportes. Entre elas destacava-se a Superball, com seus 3 endereços no Rio. Fui frequentador assíduo das lojas da Marechal Floriano e da Xavier da Silveira, ali quase na esquina da Av. N.S. de Copacabana. Era onde se podia comprar camisas de goleiro com os cotovelos acolchoados, joelheiras com várias tiras de feltro branco para proteger a a face anterior do joelho, chuteiras com travas presas por pregos que freqüentemente machucavam a sola do pé.
Os tênis, então chamados de "keds", eram de cano alto, com proteção de borracha na altura dos maléolos dos tornozelos.
Nestas lojas encontrávamos as antigas raquetes de tênis, de madeira, com corda de tripa e aquela moldura para a raquete não empenar (ali comprei a minha primeira raquete, da marca "Procopio".
Bolas de couro, a de nº 5 a mais desejada pelos "peladeiros" - a G18 era só para profissionais. Havia bolas de borracha que eram usadas, além de em peladas, para jogar na praia.
Pés-de- pato daqueles pequenos, sempre pretos, e as pranchas de madeira, com espaço vazado nos lados para as mãos e a frente ligeiramente arqueada.
Raquetes de frescobol havia de dois tipos: as boas, de madeira compensada, e as ruins, mais baratas e mais frágeis.
Na Superball também se podia comprar a desejada mesa de ping-pong ou a de botão, oficial. Os botões ali vendidos não serviam para nada, apesar de virem com os escudos dos times (os bons eram de osso ou improvisados com fichas de lotação/ônibus). Os goleiros dos times de botão vendidos eram ridículos: tinham um rabo de metal que passava sob a baliza de plástico - estas balizas eram logo substituídas pelas maiores, com traves de madeira e rede de filó, e os goleiros eram feitos com caixas de fósforo com chumbo dentro (para não serem derrubados naquele estilo de chute em que o botão, após tocar na bola, derrubava o goleiro antes que a bola chegasse ao gol).
Na Superball vendia-se, também, aquele jogo de tamborete que todo mundo ganhava e todo mundo detestava. E o saquinhos de filó com bolas de gude. Enfim, a Superball era o sonho de todo garoto.