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sábado, 6 de maio de 2023

DO FUNDO DO BAÚ - MISS BRASIL

             CONCURSO MISS BRASIL, por Helio Ribeiro

Nesta postagem, vamos nos deter sobre os concursos desde 1900 até 1969. Dados e fotos obtidos da Internet.

1) INTRODUÇÃO

Entre os anos de 1900 e 1953 (inclusive ambos) não havia oficialmente um concurso de Miss Brasil. Além de não haver periodicidade definida, o próprio nome do concurso variava de uma edição para outra. Por simplicidade usaremos o termo Miss Brasil no texto referente a essa fase, embora não reflita a realidade. Essa fase é chamada de fase jurássica do concurso Miss Brasil.

Só no ano de 1954 foi criado oficialmente o concurso Miss Brasil.   

2) A FASE JURÁSSICA DO CONCURSO

PRIMEIRA MISS BRASIL

Violeta Lima Castro é considerada a primeira de todas as misses, eleita no ano de 1900. Como o certame foi patrocinado pelo jornal Rua do Ouvidor, só moças da alta sociedade do Rio de Janeiro podiam se inscrever.


SEGUNDA MISS BRASIL

Eleita em 1912, Noêmia Nabuco de Castro foi a vencedora do concurso patrocinado pelo jornal Gazeta de Notícias. Foi uma estratégia de marketing do jornal, que publicava um cupom a ser recortado, preenchido com o nome de qualquer jovem carioca, e a que recebesse mais indicações seria a vencedora.


A MAIS FAMOSA MISS DA FASE JURÁSSICA

A paulista Maria José Leone (mais conhecida como Zezé Leone) é considerada a primeira miss eleita em concurso organizado pela Revista da Semana e pelo jornal A Noite. O nome do concurso não era Miss Brasil e sim A Mulher Mais Bela do Brasil. Foram aceitas inscrições de moças de todo o país, independente da classe social. Zezé Leone, por exemplo, era filha de um alfaiate radicado em Santos. A seleção via fotos começou em 1921 e terminou em 1923.

Zezé Leone ficou tão famosa que teve busto esculpido em praça pública, virou nome de música, de doce e de locomotiva da Estrada de Ferro Central do Brasil. 


A locomotiva fazia a linha Rio - São Paulo. Foi desativada em 1968, abandonada durante décadas, mas em 2008 a MRS Logística ficou de restaurá-la, o que foi feito. Atualmente está fixa na cidade de Santos Dumont (MG), ao lado do Centro Cultural. (vide foto da locomotiva abaixo).


Se alguém se interessar pelo doce Zezé Leone, a receita está em https://tinyurl.com/29vm6trv. Abaixo, foto do doce.


OUTRAS MISSES DESSA FASE

Abaixo, as fotos de algumas das misses desse período de concurso não-consecutivo.

A carioca Olga Bergamini de Sá venceu o certame em 1929. Em 1930 concorreu ao não-oficial Miss Universo, em Galveston, Texas. 


Em 1930 o Brasil, revoltado com a derrota de Olga no Miss Universo do ano anterior, resolveu criar um Miss Universo brasileiro. Acredite quem quiser. A vencedora tanto do Miss Brasil quanto desse Miss Universo paralelo foi a gaúcha Yolanda Pereira.

Em 1932 não houve concurso de Miss Brasil por aqui. Então um grupo de jornalistas brasileiros radicados na França elegeu, em um restaurante, a Miss Brasil daquele ano. As candidatas eram jovens brasileiras residentes ou de passagem por Paris. Venceu o concurso a carioca Yeda Telles de Menezes.


Em 1939, por causa da guerra, não houve concurso Miss Universo, porém aqui foi levado a cabo o Miss Brasil, vencido pela carioca Vânia Pinto, considerada a primeiro modelo profissional brasileira. 

Em 1949 ocorreu o último concurso dessa fase jurássica do Miss Brasil. Realizado no Hotel Quitandinha, a vencedora foi a goiana Jussara Marques. Em sua homenagem o distrito de Água Limpa, no estado de Goiás, foi renomeado para Jussara em 1950 e elevado a município em 1958. Uma versão controversa atribui também como homenagem à miss a denominação do município de Jussara, no Paraná, fato ocorrido em 1952.


3) FASE OFICIAL DO CONCURSO

Em 1954 e dali em diante, o concurso Miss Brasil passou a ser realizado anualmente. Os primeiros tinham lugar na boate do Palácio Quitandinha, em Petrópolis. A eleita do ano tinha a tarefa de representar o Brasil no concurso Miss Universo, criado dois anos antes nos EUA.

O patrocínio era dos maiôs Catalina, fabricados em Petrópolis sob licença da Catalina Swimwear, fundadora e patrocinadora dos concursos Miss Universo e Miss EUA desde sua criação.

A partir de 1955, os Diários Associados entraram na promoção e transmissão do concurso, que passou a ser o segundo evento mais assistido no país, perdendo apenas para os jogos da seleção brasileira de futebol. Com o passar dos anos, ele passou a ser considerado o mais bem organizado concurso dessa modalidade, no mundo.

No início da década de 1970 começou a derrocada do interesse do público nesse tipo de certame. Embora ele exista até hoje, ninguém mais lhe dá importância.

As linhas abaixo tratam das mais conhecidas misses dessa fase oficial do concurso.

1954 ==> venceu a baiana Maria Martha Hacker Rocha. Ficou em segundo lugar no Miss Universo, vencido pela americana Miriam Stevenson. Para consolar os brasileiros, o jornalista João Martins, de O Cruzeiro, em anuência com os demais jornalistas que cobriram o certame nos EUA, e com concordância da própria Martha Rocha, divulgou que ela havia perdido o concurso por apenas duas polegadas, embora ela posteriormente tivesse dito que nos EUA ninguém lhe havia tirado as medidas. Martha Rocha é até hoje a mais conhecida e cultuada Miss Brasil.

Pedindo licença ao Helio, coloco abaixo uma foto do acervo do Silva, da linda Martha Rocha, que foi enviada para publicação no "Saudades do Rio".



1957 ==> venceu a amazonense Terezinha Gonçalves Morango Pittigliani, nascida lá nos cafundós do Amazonas, próximo à fronteira tríplice Brasil x Colômbia x Peru. Tal como Martha Rocha, ficou em segundo lugar no Miss Universo, vencido pela peruana Gladys Zender.


1958 ==> venceu a carioca Adalgisa Colombo Teruzkin. Também ficou em segundo lugar no Miss Universo, vencido pela colombiana Luz Marina Zuluaga.


1963 ==> venceu a gaúcha Ieda Maria Vargas. Foi a primeira brasileira a obter o título de Miss Universo, aos 18 anos de idade. 


1968 ==> venceu a baiana Martha Maria Cordeiro Vasconcellos, lutando o tempo todo contra os pais, que não aceitavam sua inscrição nesse tipo de concurso e que nem sequer a acompanharam aos EUA, onde ela se tornou a segunda e última brasileira a vencer o Miss Universo. Não era bem vista pelas suas damas de companhia, que a consideravam muito mimada. Em 2000 migrou de vez para os EUA, onde supervisiona uma ONG de combate à violência doméstica e a abusos sexuais no estado de Massachusetts, principalmente entre as brasileiras e portuguesas ali residentes, tendo recebido três prêmios por seu trabalho. Já trabalhou com recuperação de drogados, presidiários e terapia de portadores de HIV. 


1969 ==> venceu a catarinense Vera Fischer, filha de uma brasileira neta de alemães e de um comerciante alemão, que Vera diz ter sido nazista convicto e que era agressivo com ela e a obrigava a ler Mein Kampf. Vera só falava alemão até os cinco anos de idade. Aprendeu português apenas quando entrou na escola. Venceu o Miss Brasil porém não podia participar do Miss Universo porque tinha apenas 17 anos. Então resolveu falsificar seus documentos e garantiu a participação no concurso internacional. Só recentemente fez o ajuste. Sua carreira artística dispensa comentários.


=======  FIM    DA    POSTAGEM  =======

quinta-feira, 4 de maio de 2023

AVENIDA ATLÂNTICA - EDIFÍCIO LELLIS


Vemos hoje o primeiro grande edifício residencial da Av. Atlântica, o Edifício Lellis, construído na esquina da então Rua Ipanema. Esta rua, que começa na Av. Atlântica e termina na Rua Pompeu Loureiro, foi aberta em 1894. Teve este nome até 1936, quando recebeu o nome de Rua Carlos Portocarrero. Em 1938 recebeu a atual denominação: Rua Barão de Ipanema.

Nesta belíssima foto colorizada pelo Nickolas vemos, à esquerda, a residência da família Paranaguá, construída em 1911 e demolida em meados da década de 50.  E, à direita, o Edifício Lellis construído no final da década de 1920 e no local até hoje.


Construído pelo comerciante Domingos Lellis, o Edifício Lellis faz conjunto com o Edifício São Paulo, São 18 apartamentos, dois por andar, com configuração básica de dois quartos e duas salas. Dispõe de um belíssimo terraço para festas.


O trecho da praia em frente ao Ed. Lellis era bem frequentado. E tinha um daqueles postos de observação para os "banhistas" vigiarem o banho de mar.


Seria a moça moradora do Edifício Lellis?


Anúncio do jornal "Correio da Manhã" em edição de 1935.



A imagem do Google Maps mostra a esquina atualmente. Um enorme prédio no lugar da Mansão Paranaguá, à esquerda, e o Edifício Lellis, à direita, com todas as simpáticas varandas fechadas.


quarta-feira, 3 de maio de 2023

O KARMAN-GHIA PELAS RUAS DO RIO

Em 1962 foi produzido o primeiro Karman-Ghia no Brasil. Do carro certamente falarão nossos especialistas. As fotos de hoje mostram alguns deles nas ruas do Rio. Eu gostaria de ter tido um.


No mirante Dona Marta.


Na Praia de Ipanema.


Onde está o Karman-Ghia?


Na Avenida Princesa Isabel.


Na Joana Angélica (Praça N.S. da Paz)


Na antiga Avenida Atlântica


Na Praça Saenz Peña


Na Praia do Leblon (só com lupa para achar o Karman-Ghia)

terça-feira, 2 de maio de 2023

COPACABANA - EDIFÍCIO FERRINI


O jornal Beira-Mar, em 1935, derramou elogios sobre os “Apartamentos Ferrini” no recém-construído Edifício Ferrini, localizado na esquina da Rua Sá Ferreira com Avenida Atlântica. Tinha como endereço Rua Sá Ferreira nº 12, em Copacabana. Conforme as normas do Plano Agache havia um recuo no lado da Av. Atlântica, tal como o Ed. Guarujá, na Rua Constante Ramos. O Ferrini seria demolido em 1978.

O prédio se destacava por suas linhas de estilo Renascimento Italiano, de bom gosto, meticuloso cuidado em suas minúcias e a mais completa ordem de direção.

Na fachada do prédio duas figuras romanas guardam em posição de sentido sua entrada. O hall, espelhando a beleza de seus mármores, faz refletir flocos de luz branda sobre o baixo-relevo que o separa do pátio, onde, num repuxo luminoso, peixes passeiam entre plantas aquáticas.

Os pisos da galeria térrea, em mosaico veneziano, são cercados de floreiras, que perfumam o ambiente.

Tomando o elevador até o 5º andar. Da galeria circundada por jardineiras, olha-se para a área aberta que deixava entrada livre à luz do sol, enchendo todos os lados internos do edifício, de uma beleza calma que lembra um paraíso.

Entrando num apartamento nota-se a discrição das cores dos papéis pintados, usados nas decorações murais, os lustres, as guarnições, o soalho, tudo denotando distinção e bom gosto.

O tipo padrão de apartamentos é: duas salas, três quartos, quarto completo de banho, casinha, copa com geladeira, filtro, cofre embutido na parede, quarto para empregada, com banheiro, área com tanque e condutor de lixo. Instalações internas de antena de terra e força, com eliminador de ruídos (estática). De qualquer apartamento se avista o mar.

Em todos os andares aparelhamentos completos para extinção de incêndios. Nas galerias, perto da porta do elevador, cinzeiros. Campainhas com funcionamento direto em todos os pontos de entrada dos apartamentos. Telefones em todos os andares, ligados à Gerência, para serviços internos.

O elevador só vai até o 5º andar, daí se acessa o terraço por uma escada. Encontram-se lá diversos jogos de salão, balanços, bancos de jardim, cadeiras de vime com mesinhas, vasos com plantas.

Detalhe da portaria do Edifício Ferrini.

Detalhe do hall de entrada do Ed. Ferrini

Detalhe do pátio interno do Ed. Ferrini.


Anúncio do "Correio da Manhã" de 1935



Nesta foto vemos a esquina da Sá Ferreira com Av. Atlântica, tendo, à esquerda, o Hotel Miramar e, à direita, o Posto Texaco que foi instalado, provavelmente no início dos anos 50, no terreno do Edifício Ferrini, que aparece atrás do posto de gasolina.




Foto do Edifício Ferrini em seus últimos dias. Em 1975 o prédio foi vendido à Veplan e desocupado por volta do final de 1977, quando foi rapidamente posto ao chão, certamente com medo de algum protesto por tombamento. Talvez para a época fosse apenas mais um prédio velho no bairro, pois por muito pouco o Guarujá não teve o mesmo destino, evitado por uma disputa entre herdeiros e finalmente salvo em 1989, quando foi tombado junto com muitos prédios dos anos 20, 30 e 40 em Copacabana.



domingo, 30 de abril de 2023

FERIADÃO NO QUITANDINHA



Em 1939, Joaquim Rolla comprou parte do terreno da antiga Fazenda Quitandinha e encomendou ao arquiteto italiano Luis Fossati um projeto para a construção do maior cassino da América Latina. A construção começou em 1940 e foi inaugurada em 1944. Pouco depois, em maio de 1946, o Governo Dutra proibiu o jogo, dando início ao processo de falência de Rolla, um dos homens mais ricos do Brasil na ocasião.



Era para ser o maior cassino hotel da América do Sul, em estilo normando, com um interior “Hollywoodiano”. Numa área de 50.000m2, o Quitandinha foi construído para ser a “Capital do jogo bancado no Brasil”. Banheiros em mármore, lustres com pingentes de cristal e um sistema de iluminação que seria suficiente para iluminar uma cidade de 60.000 habitantes. Seus salões podiam abrigar até 10.000 pessoas simultaneamente.


Folhetos de propaganda em várias línguas louvavam o Quitandinha: 

Quitandinha, unique in South America, is admirably situated in the mountais near Petrópolis. Riding, boating, swimming and sports of all kinds are allied to the comforts of a luxurious modern hotel.  

Quitandinha, unique en Amérique du Sud, est admirablement située dans les montagnes près de Petrópolis. On y pratique tous les sports en jouissant du confort d'un hôtel de gran luxe. 

Quitandinha, einzigartig in Südamerika, ist wundervoll in den Bergen bei Petrópolis gelegen. Zur Gelegenheit für allerlei Sport gesellt sich dort der Komfort eines luxuriösen Hotels.


Com o fechamento do cassino, em 1949,  Rubem Braga escreveu a seguinte crônica:

"É uma imensa catacumba de fantasmas esse enorme hotel quase vazio, de quilometros de corredores e salões onde bocejamos com melancolia. Se querermos ir ao barbeiro, igualmente bocejamos; é tão longe! Da janela dos fundos olhamos os telhados a pique, onde jamais escorregará nenhuma neve normanda; e há uma soturna tristeza nesses telhados, nesses pateos vazios nesses terraços de cimento. Da janela da frente olhamos o lago artificial onde os barcos bocejam vazios perante uns morros devastados; o ruço desce, afunda no vale sua massa parda, alastra-se como um grande monstro informe, lento e humido.

Vamos à piscina de agua quente, onde não há ninguem; nas paredes o vapor vai formando manchas entre os polvos e anemonas da decoração; e as prateleiras do bar estão vazias. Seria impossivel tomar um banho sozinho, talvez uma pantera humana viesse ao longo dos corredores lustrosos e silentes, com passos de seda, espreitar a nossa sombra, e urrar de subito. 

O hotel funciona com uma insistencia quase heróica, que o torna ao mesmo tempo lamentavel e mau. Às 2 da madrugada negam-nos o menor sanduiche, às 8 da manhã falta força para o elevador. Sabado a "boite" se enche completamente para um "show" cacete, e parece haver uma ressurreição: bebidas, musica, gente, vozes humanas falando, rindo.

É aflitivo pensar alem, muito alem daqueles salões, alem das gaiolas onde tristes passarinhos mal pipilam e um jato de agua equilibra com preguiça uma bola de celuloide (como no tempo da mais remota infancia, no velho chafariz entre os pés de pinha), alem da triste torneira de agua radiativa jorrando passivamente há uma imensa exposição internacional com dezenas de mostruarios que se encompridam, envolvem salões sob cupolas infinitas, alastram-se pelo porão interminavel e lugubre - uma exposição que é um museu de negocios que não houve ou houve.

Domingo à tarde vem muita gente, casais, familias feias e ricas em "short", mas tudo tem um ar nada convincente de piquenique sofisticado e desorganizado, e de repente me precipito sem razão para uma cabine de telefone, a primeira que desocupou, pois todos foram possuidos da subita vontade de falar para o Rio, para o mundo, para alguma parte do planeta onde não haja milhares de poltronas gordas e sofás vazios, onde não haja sobre minha pobre cabeça tão imensos lustres de tão imenso mau gosto e sob meus pés tantas leguas de um piso tão encerado onde um homem decente não pode andar com despreocupação e verdadeira dignidade.

De repente nos vem a idéia de que, insensivelmente, apesar de todos os ritos de limpeza, e ordem, esse gigante apodrece de sutil doença, começamos a descobrir quase imperceptiveis sintomas, e temos um subito carinho por essa imensidão; ficamos agradecidos porque, abrindo a porta do apartamento que entre as paredes de listas verticais é sombria e dura como uma porta de cofre forte, descobrimos um detalhe de bom gosto, a pintura do vaso que sustem o abajur.

Mas alguem fala em teatro; em alguma parte, nesta imensidão, há um teatro que neste momento e eternamente está as escuras, com um imenso palco giratorio imovel onde se joga a tragedia do vazio e da solidão.

Bebemos uisque muito caro, e nossa cabeça tem idéias estranhas: fugir silentemente entre os raros humanos, caminhar horas e horas pelos corredores e salões, penetrar no teatro, mover as maquinas, ir para o centro do palco giratorio e ali, na escuridão, girando lentamente, dormir, sonhar, morrer..."

 


O lago, imitação do mapa do Brasil, com seus pedalinhos e botes. Há também um espaço de praia artificial para banhos de sol e uma piscina "flutuante" para competições de natação. De um lado se ergue a torre do farol e de outro o restaurante e o "night-club".


Em 1963, o hotel se transforma num clube, o Santa Paula Quitandinha Clube. Mais adiante quem se tornou dono do Quitandinha foi o SESC.





Vemos a piscina de água aquecida, sempre entre 20 e 30 graus. Entrando neste salão tem-se a estranha impressão de um transporte ao fundo do mar. As paredes, decoradas por Santa Rosa, mostram a fauna e a flora marinhas. Dois trampolins, consagrados aos concursos de saltos, ficam frente a frente, opostos ao bar situado num dos ângulos. Poltronas e mesas ficam distribuídos ao longo do amplo corredor que contorna a piscina. 


Vemos espaços do hotel e o enorme teatro. Acreditem, mas eu mesmo assisti a um espetáculo da Hebe Camargo, no final dos anos 60 neste teatro.

As duas fotos mostram o jardim de inverno que tem no centro a grande e estranha gaiola, entre colunas brancas com pedestal branco e preto. No interior, as plantas crescem entre as gaiolas de passarinhos e um jato d´água. O chão é em negro e marfim. O teto é verde, assim como as poltronas e a vegetação dos nichos de plantas, formando um conjunto simples e repousante. 


O Hotel Termas-Quitandinha foi uma obra grandiosa, projetada para ser o centro de turismo do Brasil. 

Cruzando a soleira do hotel, temos o grande "hall" de recepção e ao fundo o salão Pedro I. Depois estão as varandas, os salões de conferências, as salas de correspondência e de leitura, as termas, o vestíbulo do hotel e a cozinha principal, apta a servir 10 mil refeições diárias, o bar central para 100 pessoas, o refeitório das crianças, a galeria central, o jardim de inverno, a galeria Brasil, a piscina de água aquecida, a boate e o grande salão de conversação que dá acesso ao salão de atrações e ao "grill room".  

A recepção, de 250 metros quadrados,  tem no centro, no chão, uma grande estrela de mármore branco, envolvida por mármore negro e, no teto, um lustre em ouro laminado, em estilo barroco. Frente à porta principal, de um lado e do outro da entrada ao salão D. Pedro, se encontram 4 dos 10 elevadores do hotel. Na recepção há, além do balcão de atendimento, uma agência de Correios e Telégrafos, tabacaria, livraria e "bombonnière", uma seção telefônica e local para reserva de assentos nos veículos que servem o hotel. 

O salão é todo atapetado, com dois grandes espelhos na parede oposta ao quadro do Imperdor. Os campeonatos de xadrez se realizam nesse salão, que se adapta ao estilo barroco, que caracteriza todo o interior do hotel e porta a marca original que a personalidade da famosa decoradora Dorothy Draper imprime a suas obras. 

Dentre os vários ambientes do hotel Quitandinha podemos citar: 1) Entrada principal 2) Hall de recepção 3) Salão D. Pedro I 4) Bar central 5) Lobby 6) Salão de exposição 7) Salão de correspondência 8) Salão de leitura 9) Hall das termas 10) Ping-Pong e sinuca 11) Varanda de exposição de arte 12) Piscina de água aquecida 13) Galeria central 14) Jardim de inverno 15) Boate Azul 16) Restaurante 17) Restaurante para crianças 18) Cozinha principal 19) Boate 20) Galeria Brasil 21) Grande salão de recepção 22) Lojas 23) Hall de entrada da exposição 24) Exposição 25) Sala de bridge, cabeleireiro, pedicure e manicure 26) Bar americano 27) Teatro.

Quanto aos restaurantes havia um para crianças, com um refeitório que constitui uma verdadeira inovação na técnica de hotelaria: Espaçoso e iluminado por globos de vidro, oferece aos pequenos convivas uma decoração com motivos recreativos, representando um espetáculo dentro de um circo. O menu, escrupulosamente apropriado às exigências dos organismos em crescimento, é preparado por cozinheiros especializados. Os garçons, instruídos especialmente, servem as crianças e as babás podem comer junto com as crianças. Em seguida, há sempre uma sessão cinematográfica ou um espetáculo de marionetes.

Outro, para adultos, o grande restaurante podia conter 800 pessoas. É um salão luxuoso, com decoração sóbria, onde se distingue o imenso tapete verde com estrelas e espelhos nas paredes. Uma orquesta entretem os comensais durante a refeição. Há duas salas anexas, para 100 pessoas cada uma, reservadas para festas íntimas e pequenos banquetes. 


À esquerda, no alto, vemos o "logo" do Quitandinha.

O local tinha ainda vila hípica, sete quadras de tênis, uma com iluminação e um professor diplomado na Europa, volei, play-ground, rink de patinação.

Nosso prezado Conde di Lido tinha uma série de privilégios no Quitandinha. Era usuário da aparelhagem para as termas radioativas. Sempre tinha sessões de  banhos emano-terapêuticos, baseados num ramo da fitoterapia que utiliza o aroma e as partículas liberadas por diversos óleos essenciais para estimular diferentes partes do cérebro. Esses aromas e partículas promovem um estímulo sensorial no organismo e se mostram bastante eficazes no tratamento de doenças físicas e emocionais. No Quitandinha foi montado um departamento médico-científico, dirigido por um eminente especialista brasileiro, equipado com aparelhos de precisão necessários a um serviço escrupuloso e eficaz.

Outro local muito frequentado pelo Conde di Lido era boate que com o chão em planos diferentes permitia uma visibilidade perfeita de qualquer local. A decoração era com motivos da flora natural (bananeiras, café, orquídeas). Na boate, além da grande orquestra sempre presente, exibiam-se artistas nacionais e estrangeiros. Possuia um serviço de restaurante "à la carte" de classe internacional. Tinha um bar central, com capacidade para 100 pessoas. Um bom piano, à disposição dos hóspedes, era frequentemente ocupado pelo nosso talentoso Conde di Lido.


Era um outro mundo que, com a proibição do cassino, se perdeu.

PS: as fotos foram obtidas em pesquisas pela Internet, em sua maioria. Se tiverem "direitos autorais" favor informar para serem identificadas e/ou retiradas, pois neste "site" não há nenhum interesse comercial.