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sábado, 31 de março de 2018

MALHAÇÃO DE JUDAS



 
Quase desaparecida, pelo menos na Zona Sul do Rio, a malhação de Judas era tradição de grande sucesso décadas atrás no Sábado de Aleluia.
Nos dias de hoje, com o tal politicamente correto, não sei se não seria “patrulhado”.

Aliás, hoje seria difícil eleger que Judas malhar! Tem mais Judas que malhador!

sexta-feira, 30 de março de 2018

IGREJA SÃO FRANCISCO DE PAULA



As três fotos de hoje mostram a Igreja de São Francisco de Paula, no Largo de São Francisco, no início do século XX. Na primeira, de Rodrigues, do Acervo de George Ermakoff, podemos observar as roupas formais dos passantes, um deles de cartola. Ao fundo, um bonde ainda puxado a burros. No prédio à direita, aumentando-se a foto, é possível ler uma inscrição sob a janela: E. Samuel Hoffmann. Era uma casa de penhores (com grande frequência anunciava no Correio da Manhã que haveria leilões, alertando os mutuários que comparecessem com antecedência caso desejassem resgatar o deixado em penhor).
A segunda foto é um postal editado por volta de 1905, mostrando a Igreja de São Francisco de Paula e o Largo de São Francisco de Paula, num dos extremos da Rua do Ouvidor, tendo, ao centro, a estátua de José Bonifácio de Andrada e Silva. A igreja era a mais "chic" das cariocas no século XIX. Gomes Freire, Conde de Bobadela, o maior dos governadores que o Rio teve no tempo do Brasil-Colônia, considerando que a Igreja de São Sebastião, no alto do Castelo, não mais tinha condições de abrigar a Sé, decidiu dotar a capital de uma catedral condigna. Sua pedra fundamental foi lançada em 1749. Com a morte de Gomes Freire as obras ficaram paralisadas até 1796. Em 1797, nova interrupção, numa repetição no Brasil do caso das de Santa Engrácia de Portugal - e eis por que então, no Rio, se passou a dizer das coisas difíceis de terminar que elas eram como as obras da Sé... A igreja foi concluída, finalmente, em 1865. Tem estilo jesuítico francês ou rococó, com trabalhos em talha de Antonio Pádua e Castro e de Mestre Valentim. Pinturas de Manuel da Cunha. Nela o culto aos mortos e o amor à vida confundiam-se de um modo extraordinário, pois a poucos passos de suas catacumbas, estava a Galeria dos Milagres, repleta de oferendas ao Santo pelo que havia feito, salvando da morte devotos seus às centenas. (como conta Brasil Gerson).
 
A última foto, de 1961, mostra a igreja num tempo em a Sexta-Feira Santa era um dia triste, com as rádios só tocando música clássica. Não havia nenhum evento esportivo, os bares e restaurantes tinham frequência mínima, boa parte dos cariocas praticava o jejum e a abstinência de carne. As igrejas católicas cobriam todas as imagens com um pano roxo. Se bem me lembro os jornais não circulavam e todo o comércio ficava fechado. Havia pouco movimento nas ruas e era um dia em que as brincadeiras das crianças tinham que ser mais comedidas, todos procurando falar baixo. Na TV a programação também era adaptada para o dia de respeito pela morte de Jesus Cristo. Muitos já preparavam os "Judas" que seriam malhados no dia seguinte. À tarde havia solenidades nas igrejas, com muito incenso e um clima de tristeza. A seguir, a "Via Sacra". E o dia terminava com a procissão. Os cinemas exibiam sempre “A vida de Cristo”, com longas filas na entrada.
 
Hoje em dia, de um modo geral, é mais um feriado para o lazer.

quinta-feira, 29 de março de 2018

BARRINHA

 
“Sorria, você está na Barra!”
 
Hoje temos uma foto da Barrinha em 1972, com destaque para o restaurante La Violetera da Barra da Tijuca que há décadas está por lá e para o caminhãozinho da Fink. O local é a Praça Desembargador Araújo Jorge. Por aí ficam a 16ª DP e o Bar do Oswaldo. Talvez a Barrinha e o Jardim Oceânico sejam o que de melhor há na Barra, aquele estranho bairro da cidade que provoca tantas polêmicas.
 
Tudo depende de carro, o transporte é ruim, o metrô mal alcança a Barra, gigantescos condomínios por toda parte, um jeito diferente de viver, onde muitos pensam estar em Miami. As lagoas onde se devolveriam polos náuticos e marinas se transformaram em cloacas.
 
Tudo bem diferentes do que dizia o Plano Piloto de Urbanização para a Barra, de 1969: "Começa a erguer-se na Baixada de Jacarepaguá a mais bela cidade oceânica do mundo. O Rio do futuro nasce com filosofia própria, planejado, medido, calculado, imposição e consequência do Anel Rodoviário e das obras do DER na região. Traz, também, no seu bojo conceito nosso de que tal planejamento não poderia resultar do raciocínio frio de computadores. Daí a presença de Lucio Costa. Dele, a idéia, a formulação, o equacionamento. Trouxemos Lucio Costa com a certeza de que o seu gênio criaria um Rio mais humano, aliando a beleza selvagem da Baixada às necessidades e ao progresso da cidade que explodirá nos próximos 30 anos. Foi uma verdadeira conspiração de esclarecimento de Governo, na qual também participaram decisivamente o Eng. Segadas Vianna, o jornalista Luiz Alberto Bahia e o Prof. Rodrigo de Mello Franco. Ao Governador Negrão de Lima coube o toque soberano. Acolheu a idéia, deu-lhe asas. Começou então a surgir a cidade com que ele sonhava para a população desde os primeiros dias de seu Governo. É a transformação em realidade do sonho da "Cidade Maravilhosa".”
 
Nosso saudoso AG era radical: “O símbolo disso tudo é aquela estátua da liberdade erigida em frente ao shopping: um monumento ao mau gosto, ao “macaquismo de imitação” e à vaidade que só a classe “merdia” sabe ter com proficiência. Vou muito pouco à Barra e, quando vou, me sinto parte de um projeto que alguém jogou na lata do lixo numa empresa de arquitetura dos anos 50. Aí, alguém foi na lata, pegou aqueles papéis, passou a mão por cima alisando como um ferro de engomar e pau na máquina. E ficou essa mistureba de estilos, tendências, formas, todas com uma só característica: tremenda cafonice.”
 
Quem frequentou aquela Barra antiga, quase deserta, com boates e bares discretos, praias e lagoas limpas, sente uma imensa saudade. Do Tarantella, do Farol da Barra, do Sobre as Ondas, do Convés, do Bar dos Pescadores, do Dina Bar. E das boates como a Flamingo e a Macumba (havia uma chamada Calypso?), onde se bebia Cuba-Libre ou Hi-Fi, comendo pipoca ou amendoim salgadíssimos (para dar sede e aumentar o consumo de bebidas).
 
Chegava-se lá, vindo da Zona Sul, pela Estrada do Joá com destino aos inúmeros motéis da região. Quem frequentou o Barra Tourist, o Serramar, o Hollywood, o Cha-Cha-Cha, o Playboy, o ótimo Mayflower, o Orly, o Socorpios, o barato Tokyo, o Seven to Seven?
E você, acha a Barra da Tijuca o máximo ou não?

quarta-feira, 28 de março de 2018

CASA NORDSCHILD









As fotos mostram aspectos da Casa Nordschild, situada na Rua Tonelero nº 138, chamada de a "Casa Moderna", primeiro trabalho do arquiteto Gregori Warchavchik no Rio de Janeiro. Foi construída para o Sr. William Nordschild, no início dos anos 30 e demolida em 1954.
Segundo o colaborador João Passos, as fotos seriam de Elfriede Ebert e pertencentes ao Acervo de Sylvia Coutinho.
Jornais da época publicaram que “o grande artista architecto que é o Sr. Gregori Warchavchik, acaba de dotar o Rio de Janeiro de uma das mais bellas affirmações de sua arte, na vivenda que planejou e que se ergue linda e amável, na sua simplicidade graciosa, á rua Toneleros n.138. O respectivo proprietário desejou mostrar aos jornalistas os encantos de sua nova residência e convidou-os para uma recepção em que lhes offereceu um ‘cocktail’ cordial."
“A disposição interna do primeiro andar é composta de amplas peças ligadas umas ás outras, formando um ambiente espaçoso. O hall, o “fumoir” e o salão de refeições consistem num unico ambiente, pois são separados por cortinas, adoptadas como elemento de construcção. A cobertura é um terraço-jardim com logar destinado para sport. Os appartamentos são distinctos, ligados por um grande hall. As características da construcção resumem-se á direcção horizontal predominante. As aberturas são tambem horizontaes.”
O próprio arquiteto explicou que “o estylo que se deve procurar é o do clima e dos costumes e, assim, a architectura européa, sul-americana, americana, formando, juntas, um estylo universal, justificando as exigencias da vida, pelo material identico usado na obra: o concreto, o ferro, o vidro. Por isso o surto das tendencias modernistas, em architectura, acompanhado, desde logo, por um desenvolvimento rapido e surprehendente de espirito novo nas novas gerações, tem o valor de uma verdadeira renascença. A vida deste seculo dynamico exige o progresso e a transformação da architectura, e pelas necessidades que a excepcional situação produz, pouco a pouco tudo está sendo modificado.”
Segundo o Lavra, o desaparecido Bispo Rolleiflex, um dos consultores arquitetônicos do SDR, “Warchavchik tornou-se a sensação no Rio de Janeiro. A arquitetura da Casa Moderna, segundo a filosofia do arquiteto, está fundamentada nas linhas retas, mas não é só isso. Talvez mais importante seja a escolha dos materiais, que eram encontrados com um preço conveniente, em grande quantidade. As janelas basculantes e os balaústres feitos de material hidráulico, barateavam em muito o resultado final. Um grande amigo meu, morava em uma delas, na Rua Barão de Jaguaribe, 60. Hoje, infelizmente, já foi demolida. Existiam várias em Ipanema e Copacabana, principalmente. A Escola Cocio Barcelos, na Rua Barão de Ipanema, está inserida no estilo, embora não seja típica. Warchavchik viveu no Brasil a vida toda, nunca mais voltando para a Ucrânia, seu país de origem. Está enterrado em São Paulo no Cemitério Israelita.”
 

 
 

 
 

 
 

terça-feira, 27 de março de 2018

TRAVESSIA RIO-NITERÓI


 
Antes da inauguração da Ponte Rio-Niterói, na década de 1970, os carros cruzavam a Baía da Guanabara em barcas. Em feriados e fins-de-semana, nos horários de pico, formavam-se filas quilométricas, com algumas horas de espera. A alternativa era fazer a volta por terra por Magé, percurso longo e desconfortável.
Quem não lembra de como ficava todo mundo parado esperando na Praça XV ou do outro lado na volta? A única coisa boa era que, junto com os amigos, havia a possibilidade de ficar paquerando as meninas dos outros carros.
Durante um período após a inauguração da ponte o serviço de balsas ainda ficou na ativa.
A primeira foto, do início dos anos 70, é muito conhecida na Internet (foi publicada originalmente no “Saudades do Rio” em 2007) e é de autoria de meu amigo Manolo, o feliz proprietário do Corcel marron.
A segunda foto, de meados dos anos 60, é do acervo da Nalu. Mostra o valente Fiat 1100 da tia dela, em meados dos anos 1960. Segundo a Nalu o destino era Araruama e o carro provavelmente é 1947/1948, por aí.

segunda-feira, 26 de março de 2018

VILLA GERSON





 
O prezado colaborador do “Saudades do Rio”, Carlos P.L. de Paiva, enviou as fotos e comentou: “Hoje estou enviando um assunto que o Decourt falava sempre: "fagocitação" dos bairros. Achei esta planta de urbanização de uma área de Ramos de 1935. O empresário vendeu os lotes e casas foram construídas, podendo os moradores  tomar banho de mar nas limpas águas da Baía.
Na segunda foto vemos o folheto de propaganda: Propriedade do Coronel Joaquim Vieira Ferreira. Estação de Ramos da Estrada de Ferro Leopoldina. Praça Dr. Miguel - Grupo Escolar Municipal. Rua Maria da Glória. Praia de Ramos. Rua Gerson Ferreira. Rua Ruth Ferreira.
Nos anos 1940 veio a Av. Brasil cortando o bairro e aí ...deu no que deu, como se pode ver no mapa colorido dos dias de hoje."
Como eu não sabia nada sobre esta Villa Gerson, tema do email do C.P.L.Paiva, dei uma pesquisada nos arquivos do Correio da Manhã e consegui as informações abaixo, bem como dois anúncios do empreendimento.
O Correio da Manhã em edição de 1930 tinha uma comunicação “À PRAÇA”: “O Coronel Joaquim Vieira Ferreira, com escriptorio de compra e venda de imóveis, á Praça da Republica nº 237, comunica À Praça do Rio de Janeiro, aos Bancos e Casas Bancarias e aos amigos em particular que mudou seu escriptorio para a Rua da Quitanda nº 41. E que ainda possue mais de cem lotes de terreno na Villa Gerson, em Ramos.”
Em 1933 o Correio da Manhã publicou: “O Coronel Vieira Ferreira, que é, pelo esforço com que se tem dedicado ao Club Militar, um dos seus beneméritos, realiza na Villa Gerson, uma festa em homenagem ao presidente da Caixa Econômica. No decurso da mesma, dando margem á bondade do seu coração, offerecerá a duzentas creanças pobres daquelle prospero suburbio egual numero de cadernetas da Caixa Economica, acompanhadas cada uma de um cofre, já contendo surpreza. Após a visita á praia de banho local, onde o coronel vae mandar levantar um bar moderno e a inauguração de outros melhoramentos em sua villa, será oferecida ao sr. Presidente e aos presentes uma mesa de doces e uma taça de Champagne.”
Em 1935 o Correio da Manhã noticiava “o banho a fantasia que o Centro de Chronistas Carnavalescos offerecerá ao povo da cidade na praia de Ramos. Trata-se de uma iniciativa de grande vulto, que levará á pinturesca Villa Gerson uma centena de milhares de pessoas para um dia de delírios incontidos na Praia de Ramos.”
O jornal ainda informa que o Coronel Vieira Ferreira doou terrenos na belíssima Praia de Ramos ao Tijuca Tenis Clube e à ABI.
Segundo C.B.Gaspar, em “Orla Carioca”, “a Praia de Ramos é o que sobrou da antiga Maria Angu. No princípio do século XX chamava-se Praia do Apicu. O Coronel Vieira Ferreira comprou terrenos ali, urbanizando o que restava da Fazenda do Engenho de Pedra. Na década de 1920 os banhistas se lambuzavam com o lodo de seu fundo, tido como medicinal. E o Prefeito Henrique Dodsworth construiu o balneário de Ramos, com boate e cabines que ofereciam roupas de banho e bóias ao público."
Hoje em dia a área é de alto risco.
 

domingo, 25 de março de 2018

RIO COLORIDO



 
Acho que estas fotos já foram publicadas por aqui, mas servem para relembrar grandes colorizações do Rio Antigo.
 
Lembro da surpresa proporcionada pelo Conde di Lido quando começou a fazer isto. No início ainda tinha dificuldade de dar um tom natural às cores, mas logo foi se aperfeiçoando.
 
Tempos depois o Nickolas começou também a colorizar as fotos, com um resultado estupendo.
 
Ganhamos a maioria de nós, embora uns poucos continuassem preferindo as fotos no P&B original.
 
Ando com saudades destas colorizações. O Conde se aposentou e diz que nem sabe mais colorizar. O Nickolas, eventualmente,  ainda nos brinda com belas fotos.