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sábado, 11 de agosto de 2018

VOO DA COQUELUCHE


 
A foto talvez seja do “voo da coqueluche”, mas não tenho certeza.
Reportagem do “Correio da Manhã”, contava do “voo da coqueluche”, existente desde os anos 50. Era uma cooperação da FAB – Força Aérea Brasileira no tratamento dessa insidiosa moléstia infantil. Altamente contagiosa, a coqueluche era uma das mais terríveis moléstias infantis. De longa duração, esta doença insidiosa causada pelo bacilo de Bordet- Gengou, acarreta frequentes complicações. Antes do aparecimento dos antibióticos, o tratamento era quase puramente sintomático.
Notou-se que os pequenos doentinhos melhoravam quando levados a passear nos campos, nas praias e nas montanhas, pela parte da manhã. Acentuavam-se as melhoras quando os passeios eram realizados em automóveis abertos, com abundante ventilação.
Finalmente tentou-se, com êxito, o voo terapêutico, que obedece a seguinte técnica:
1)      As crianças devem levar agasalhos, por causa do frio.
2)      Durante o voo só podem ser ingeridos alimentos líquidos ou pastosos.
3)      O avião deve estar equipado com oxigênio e caixa de primeiros socorros.
4)      A subida deve ser rápida, contínua, a 3m/s (590 pés por minuto) até 3.500 metros e permanência nesta altitude durante 60 minutos.
5)      A descida deve ser intermitente, a 2,5m/s (502 pés por minuto), condicionada às reações objetivas ou subjetivas dos passageiros (dores de ouvido).
6)      Repetição semanal dos voos (3 vezes consecutivas).
7)      É conveniente o acompanhamento de um médico.
Segundo o capitão-médico Dr. Tito Livio Job, são magníficos os resultados. O médico ressaltava as modificações que o voo exercia sobre o organismo humano, tornando a urina do doente alcalina, aumentando os seus movimentos respiratórios e os glóbulos do sangue, bem como a provocação de outros fenômenos benéficos para o portador da moléstia.
Estudos verificaram que com a alteração de pressão atmosférica os glóbulos brancos libertavam uma substância de natureza enzimática que atuaria sobre o agente da coqueluche, provocando a hiperefusão oxidásica.
O voo era gratuito, durava duas horas e o avião ia até Cabo Frio. As crianças de mais de 4 anos de idade viajavam sem acompanhantes. Realizado três vezes por semana, os nomes dos passageiros de cada voo eram publicados no "Correio da Manhã", como podemos ver na segunda foto.
Notícia de 1959 dava conta que “a FAB não precisa mais fazer este voo, pois na Escola de Aeronáutica dos Afonsos já está funcionando uma Câmara de Baixa Pressão. Esta câmara obtém depressão barométrica e diminuição da tensão parcial de oxigênio, substituindo a necessidade de voar.”
PS: hoje em dia, a indicação é vacinar-se com a dTpa , vacina tríplice bacteriana acelular, distribuída durante o Calendário Nacional de Vacinação.

sexta-feira, 10 de agosto de 2018

SEMANA DA ASA




 
Antigamente, durante a “Semana da Asa”, havia muitas comemorações.  Entre elas havia exibições de aviões na Praia de Copacabana, como vemos nestas fotos.
O que impressiona é o risco a que estavam submetidos pilotos e assistentes com estes voos tão perto da areia.

quinta-feira, 9 de agosto de 2018

ESCOLA REPÚBLICA DO PERU

 
A foto, do acervo do Correio da Manhã, de 1955, mostra a Escola República do Peru, na Rua Arquias Cordeiro, nº 508, no Méier. Era da PDF – Prefeitura do Distrito Federal. Ficava num prédio de linhas modernas, com 17 salas de aula, além outras dependências em que se instalaram a biblioteca, o refeitório, o auditório, a sala de trabalhos manuais, a cozinha, etc. No edifício da escola funcionavam, ainda, o Posto Médico Pedagógico e a sede do 9º Distrito Educacional.
No início dos anos 50 tinha 1635 alunos, que se distribuíam por três turnos, da 1ª série ao Curso de Admissão.
Reportagem do “Correio da Manhã” de 1951, parcialmente transcrita abaixo, mostra como era a escola naquela época:
“Desde 1945 a diretora teve a iniciativa de substituir a merenda servida aos alunos por nutritiva refeição que tomou a denominação de “pequeno almoço”. Foi a Escola República do Peru a pioneira no movimento em prol da melhoria das refeições fornecidas aos alunos das escolas primárias. Do menu constava: bife, arroz, leite e bananas. Também a escola, no sentido de proporcionar maior conforto aos alunos, adquiriu uma geladeira elétrica, um mimeógrafo e um projetor cinematográfico sonoro para exibição de filmes educativos.
A Caixa Escolar, o Serviço de Merenda, o Clube Literário, a Biblioteca, o Centro de Civismo, o Clube Agrícola, o Clube de Saúde, o Cinema Educativo, o Museu, o Centro de trabalho, o Círculo de Pais e Professores, a Cooperativa e a Associação de Ex-Alunos, dão vida à escola e contribuem para o desenvolvimento harmonioso da personalidade do aluno no seu tríplice aspecto: físico, intelectual e moral.
A diretora é a Professora Joana da Silveira Carvalho, auxiliada pela Professora Carolina de Matos Novaes.”
Nos anos 50, os alunos da Escola República do Peru tinham também um jornalzinho chamado “Nosso Brasil”. Nele havia de tudo quanto possa interessar a seus inúmeros pequeninos leitores. Segundo o “Correio da Manhã”, “seu atraente jornal exercerá benéfica influência à formação dos que o redigem como dos que o leem.”

quarta-feira, 8 de agosto de 2018

LEMOS & BRENTAR



 
Duas destas fotos já apareceram por aqui. A primeira de hoje e o texto do Gustavo Lemos justificam o tema ser de novo trazido.
“Vemos a instalação no corredor de entrada da Lemos & Brentar de um Puma em 1968. Ele permaneceu aí até 1980, quando foi removido, mudou de cor, e transferido para a fachada do prédio à direita onde está o letreiro Formad. O carro era meia carroceria que a Puma enviara de presente para os novos concessionários no Rio e substituiu um Fusca que estava pendurado no mesmo lugar.
Na época eu tinha quinze anos e estava aí acompanhando a instalação. Meu pai está de costas sobre o muro, na altura do capô do táxi DKW. A foto provavelmente foi tirada pelo Albino Brentar.
Lemos & Brentar em três tempos. A primeira fase foi de 1957 a 1968, com o Fusca pendurado em 1959. A segunda com o Puma que foi de 1968 a 1980. A terceira de 1980 a 1986.
Em 57, Aluizio Lemos e seu sócio em uma locadora de automóveis, Edgard Torres, compraram uma oficina na Rua Jardim Botânico nº 705, telefone 26-4351, que se chamava Auto Super, para fazer manutenção dos carros da frota. Em 59 a sociedade foi desfeita e na partilha dos bens meu pai ficou com a oficina, que resolveu explorar com o sócio remanescente da Auto Super, Albino Brentar.
Foi criada a Lemos & Brentar, especializada em VW, principalmente em preparação e montagem de Kits Okraza no motor e lanternagem para companhias de seguro, com as quais Aluizio tinha ótimo relacionamento. A ideia de colocar o Fusca pendurado surgiu de um carro que deu entrada na oficina com o lado direito totalmente destruído e a seguradora deu perda total. Compraram o carro por uma ninharia no estado, cortaram ao meio e penduraram na entrada.
Não se sabe de qual dos dois surgiu a ideia, já que ambos discutiram a autoria até a morte. O fato é que foi um grande sucesso, que atraiu a atenção da VW, que tinha acabado de inaugurar sua fábrica de São Bernardo. Tornaram-se concessionários da marca.
A fase Puma começou em 1968, pouco depois do lançamento do modelo com chassis VW. A L&B tornou-se a segunda concessionária da marca no país, perdendo apenas para a Comercial MM de São Paulo, que pertencia a dois sócios da fábrica. Venderam mais de 6.000 Pumas até o fechamento da fábrica.
Em 1979, compraram o contrato de locação da Formad, loja ao lado do corredor de entrada, e resolveram trazer a concessionária de motos Honda que tinham na Gávea (Setemo) para o local. A nova loja foi inaugurada em 1980.
Em 1986 foi vendida para a Auto Modelo, que estava desesperada atrás de um local para a concessionária VW da Lagoa que foi desativada para construção de prédios.
Albino faleceu em 2001, faltando um mês para completar 70 anos. Aluizio, meu pai, em 2007, com 80 anos.”
Uma reportagem do JB dava conta que “Albino é o sócio técnico e Aluizio o financeiro. Os dois entendem de Volkswagen, pois inclusive Aluizio tem todos os cursos, mas como ele mesmo diz, “o Albino é mais profundo”. Albino também reconhece que Aluizio, em questão de contas e impostos, é melhor e assim vão vivendo, cada qual, porém, com direito de meter o bedelho na parte alheia.
Tanto um como outro, ou seja, o Lemos e o Brentar, são hoje sossegados chefes de família. Assistem corridas e confessam-se inquietos quando ouvem uma motocicleta passar roncando pela rua. Sublimam, porém, a paixão dos motores no trabalho da oficina. E concluem: um homem deve fazer aquilo de que gosta na vida. E nós gostamos de motores.”


terça-feira, 7 de agosto de 2018

BIBLIOTECA THOMAS JEFFERSON




 
O tema hoje é a Biblioteca Thomas Jefferson, da Embaixada Americana, que funcionou na Av. Atlântica nº 2634, esquina com a Rua Santa Clara, telefone 37-9760, diariamente das 13h às 22h, inclusive sábados e domingos.
Nos anos 50 e 60 foi muito importante, pois como já disse o Conde di Lido: “"Lá aprendi uma das mais importantes lições da minha vida. Aprendi que sem falar inglês o meu mundo seria muito restrito. Não havia uma linha nos livros e revistas que não fosse em inglês". Dizem que o Conde dava trabalho para o chefe de lá, o Sr. Bruno Basseches. A bibliotecária-chefe era a Sra. Alice Kopp.
A primeira foto, colorização do Nickolas, é do início da década de 50 e já apareceu por aqui. O Dieckmann já comentou os automóveis: “o Citroën preto, o Ford 51 bege, o Simca Aronde, cinza gelo. Discutível o Chevrolet sedan duas portas - algo bem pouco comum - nesse verde mais para inglês. Não consigo me entender bem com os modelos GM, o Chevrolet deveria ser Stylemaster, mas os três frisos nos para-lamas indicam Fleetline, realmente não vou chutar. Tem um Prefect de traseira, um Austin grande (A-70) de frente e um Morris Oxford atrás dele. Lá no fundo, à direita um carro grande branco, que deve ser um Jaguar Mk VII. Na rua transversal, por trás do carro grená, um Chevrolet 49-50 cinza metálico.”
A segunda foto, é um fotograma do filme “Toda donzela tem um pai que é uma fera”, de 1966. A qualidade é ruim, mas são raras as fotos da BTJ em Copacabana.
As duas últimas fotos são de um atentado sofrido pela Biblioteca, em 1969, quando foi invadida e apedrejada por mais de 50 pessoas. Panfletos foram distribuídos a transeuntes e uma bandeira norte-americana foi queimada (a BTJ também sofreu com as ressacas que atingiam Copacabana, especialmente a de abril de 1963, quando perdeu mais de duzentos livros).
Curiosidade: nos tempos pré-Google, era em lugares como BTJ que os pesquisadores como o João, do “Pergunte ao João” do JB, se abasteciam de informações.
A biblioteca em Copacabana era uma “filial” da matriz que funcionava na Av. Presidente Wilson nº 147, telefone 52-8055, ramal 403, junto à embaixada. Nesta também havia discos americanos à disposição para escuta e estudo.
Nestes tempos de Internet quem ainda frequenta bibliotecas?

segunda-feira, 6 de agosto de 2018

CAFÉ PALHETA




As fotos mostram o último dia de funcionamento do Café Palheta na Av. Rio Branco, em 04/02/1972. Na faixa há um convite para que os fregueses continuassem a tomar o Cafezinho Palheta na loja da Galeria dos Empregados do Comércio. O Café Palheta da Av. Rio Branco nº 143, esquina de Sete de Setembro, neste dia serviu cafezinho de graça.

Os proprietários se despediram dos fregueses com um texto mimeografado – “Pá de Cal” – que explicou a razão do fechamento: no local será erguido um moderno edifício pela Construtora Cordeiro Guerra.

A situação dos 22 empregados desta loja do Palheta ainda é incerta, pois os donos da empresa Cafés Finos não resolveram o que vão fazer com eles. Talvez os funcionários fossem aproveitados nas outras lojas, no aeroporto do Galeão, Praça Saenz Peña, Ouvidor nº 14 e Galeria dos Empregados do Comércio.

Apesar do cartaz, contam os jornais da época, que boa parte dos fregueses habituais foram à caixa Arinete para a compra de fichas.  No entanto foram servidos 12 mil cafés grátis. Movimento igual somente quando houve o incêndio de “A Exposição”.

 Esta filial do Café Palheta ficava ao lado da antiga Lotérica Moneró. O Café Palheta também era servido no Maracanã nos anos 60 e 70. Tinha seus escritórios na Rua Bela nº 363, em São Cristóvão.

Em março de 1942 o Rio de Janeiro recebia a Casa do Café, com seu chão e suas paredes de mármore francês e um novo jeito de tomar cafezinho: em pé. Não precisou passar muito tempo para a Casa do Café se tornar um dos melhores lugares onde rever um amigo, contar uma velha piada, cantar um samba apressado, reclamar um pênalti, falar de amor. Até que em 1950 a Casa do Café fechou. Mas o gosto do cafezinho foi mais forte e, dois anos depois, a Casa do Café reabriu, agora com o nome de Café Palheta. E neste local ficou até fevereiro de 1972.

As casas de café (só na Rua do Ouvidor havia 10 delas), estimuladas e subvencionadas por volta de 1940 pelo Departamento Nacional de Café, depois IBC, viviam em 1970 seu ocaso. A Palheta do Largo de São Francisco, antiga Casa Havanesa, já havia se transformado numa casa de presentes. O tabelamento dos preços e a concorrência das novas lanchonetes inviabilizaram o negócio.

A H.C. Cordeiro Guerra publicou nos jornais um anúncio do prédio que construiria no local do Café Palheta, na esquina da Avenida (lado ímpar) com Sete de Setembro, com 22 pavimentos, com previsão de 24 meses para conclusão das obras. Seria o “Edifício Sete de Setembro”, com características arquitetônicas imponentes para a época.

Com a proliferação de bares e lanchonetes, estas casas exclusivas para o café no balcão foram desaparecendo.

domingo, 5 de agosto de 2018

COPACABANA


 
Após uma semana inteira de chuva, o que torna o Rio mais triste ainda, dois postais enviados pelo antigo comentarista Ruy Pfau, agora morador de Florianópolis.