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sábado, 19 de março de 2022

DO FUNDO DO BAÚ - CAIXAS DE FÓSFORO

Pesquisando no “fundo do baú” dos FRA-Fotologs do Rio Antigo (do Rouen, do Jban, da Milu, da Lelena, do Luiz D) lembramos das antigas caixinhas de fósforo que faziam as mais diversas propagandas. Era um tempo em que fumar estava na moda.

Vemos aqui uma caixinha de fósforos de propaganda do recém inaugurado BOB'S de Copacabana, localizado à Rua Domingos Ferreira, 236-A, próximo ao cinema Roxy. Foi um novo conceito de restaurante, especializado em comidas à minuta e lanches, no melhor estilo norte-americano. Era programa obrigatório após sair dos cinemas vizinhos como o Rian, o Copacabana, o Art-Palácio ou o Metro.



Tudo era motivo para se fazer uma caixa de fósforo como brinde:

Lembrança do Parque Ibirapuera São Paulo – IV Centenário 1554 – 1954

 Escola de Aeronáutica Força Aérea Brasileira

Visita do Presidente Craveiro Lopes Junho de 1957 Bem-vindo ao Brasil

Benvindo “sic” DE GAULLE Outubro 1964

Vote em Carlos Lacerda 


Copacabana Palace

Sacha’s Av. Atlântica, 928 – Leme

 Drink Djalma Ferreira 

Distinção Modas Modas, meias, cintas, soutiens, lingerie. Rua 7 de Setembro, 111

Livraria Civilização Brasileira Um quarto de século a serviço da cultura. Rua 7 de setembro, 97

Restaurante Zig Zag Esplanada do Castelo

Fábrica de enceradeiras Comercial Bandeirante Ltda.

Barbeador elétrico Remington “60” Dispensa água, sabão, pincel, lâminas.

Helene Curtis Shampoo Plus Egg 

Lembranças do Congresso Eucarístico, no Rio de Janeiro, de 17 a 24 de julho de 1955.

A saudosa "Churrascaria Carreta" foi inaugurada em 1967 e funcionava na Rua Visconde de Pirajá nº 451, em Ipanema. Hoje, neste local, funciona uma agência do Banco Itaú. A "Carreta" fez enorme sucesso nas décadas de 60 e 70 e "todo mundo" ía lá para comer o rodízio de "maminhas" ou o espeto misto.

O piano do Sacha´s era uma atração no Leme.

Parece incrível que já houve tempo em que era permitido fumar livremente nos aviões. Depois criaram áreas para fumantes e, finalmente, proibição total.


Esta caixa de fósforos lembra como, antigamente, era um esforço levar a moça lá para aquela terra "pecaminosa". Às vezes era necessário um "pit-stop" em São Conrado, no Bar Bem, para uma última boa conversa. Depois, pegar a Estrada do Joá, com todas aquelas curvas, e descer na Barrinha. 

Tanto a Flamingo como a Macumba eram opções interessantes (havia uma chamada Calypso?), onde se bebia Cuba-Libre ou Hi-Fi, comendo pipoca ou amendoim salgadíssimos (para dar sede e aumentar o consumo de bebidas) e se dançava. 

Se a moça era "di menor", não havia problema: quando chegava a turma do Juizado as luzes começavam a piscar, todas corriam para o banheiro e os fiscais fingiam fiscalizar aquele bando de homens sentados sozinhos nas mesas. Recebiam um "troco" e logo iam embora. 

Se tudo desse certo a noite terminava numa "corrida de submarino" nas desertas praias da Barra ou, melhor, no Seventy Seven, no Holliday ou no Havai.

OBS: este endereço não bate com as informações dos frequentadores. Todos conheceram a Flamingo na Av. Sernambetiba, hoje Av. Lucio Costa.


Até o Colégio Santo Inácio, onde era proibidíssimo fumar, por ocasião dos seus 60 anos de fundação em 1963, distribuiu como brinde esta caixa de fósforos.


 

sexta-feira, 18 de março de 2022

GARIMPAGENS DO NICKOLAS - AV. PRESIDENTE VARGAS

As três fotos de hoje foram garimpadas pelo Nickolas e publicadas no FB.

A Avenida Presidente Vargas com sua super largura e galerias sobre as calçadas, obra rival da Avenida Rio Branco que a corta perpendicularmente, uma ideia antiga da época imperial, foi feita pelo prefeito Henrique Dodsworth.

Já com Mauá (em 1857) havia a ideia de trazer o Canal do Mangue até o Cais dos Mineiros. Agache estabelecera o prolongamento sem canal e, com o abandono do seu plano, a ideia ficara esquecida. O Serviço Técnico do Plano da Cidade retomou a ideia e apresentou-a num "stand" da Feira de Amostras de 1938 e foi aprovada por Getúlio Vargas.

Para a execução do plano, houve uma vontade férrea, a lembrar a ditadura Passos. Entre as inúmeras "pedras" no caminho da Presidente Vargas estavam a própria Prefeitura, a Escola Benjamin Constant, a Candelária, a igreja de São Pedro dos Clérigos, a de São Domingos e a do Bom Jesus do Calvário, a supressão de uma faixa do Parque Júlio Furtado, a Praça do Comércio de Grandjean.

Contornaram-se vários problemas e respeitou-se a Candelária no seu eixo e cerca de prédios menos altos (12 andares). A avenida, em sua imensa reta, não respeitou mais nada, adotando o arrasamento dos quarteirões entre as ruas General Câmara e São Pedro, desaparecendo com ele a famosa Praça Onze. Foi inaugurada em 07/09/1944.

Durante uma determinada época, onde o automóvel reinava, parte da Av. Presidente Vargas funcionava como um grande estacionamento.

Toda vez que se fala da Av. Presidente Vargas se lamenta que a Av. Rio Branco não tenha mantido suas características antigas, com magníficos prédios. Que todos os edifícios atuais estivessem na Presidente Vargas e não na Rio Branco significaria um centro do Rio muito mais bonito.


Montagem das arquibancadas para os desfiles de carnaval na Av. Presidente Vargas. Era um transtorno para o trânsito.

quinta-feira, 17 de março de 2022

HÁ 100 ANOS

As fotos de hoje têm como fonte o excepcional livro “O Rio pelo alto”, de Patricia Pamplona, com fotografias produzidas pelo Serviço Geográfico Militar nas décadas de 1910 e 1920.

Vemos a então chamada Praia da Gávea, em São Conrado. Da esquerda para a direita, as ilhas Pontuda e Alfavaca, e a Ponta do Marisco, onde está hoje o Costa Brava. A Estrada da Gávea corta a imagem até unir-se à Estrada do Joá. Ao fundo a Pedra da Gávea.

O Leblon dera assim, em foto tirada a partir do Mirante do Leblon. Apenas a Av. Delfim Moreira está pavimentada. As únicas três casas estão na Ataulfo de Paiva. À esquerda e ao fundo, na montanha, vemos a Pedreira da Lopes Quintas. A fumaça no centro da foto é da Fábrica de Fiação e Tecelagem Corcovado, às margens da Lagoa.


A Lagoa. A maior parte do aterro que deu origem ao bairro da Lagoa foi feita nos anos 1920, com terra proveniente do desmonte do Morro do Castelo. O Jockey Club já estava quase todo construído, mas os demais clubes da região da Lagoa ainda não existiam. O canal que dividia Ipanema e Leblon ainda não era o Jardim de Alá, que seria construído na segunda metade dos anos 1930. A ilha onde fica o clube Caiçaras era mínima e a do Piraquê também era muito menor que atualmente.

PS: “O Rio pelo Alto” tem dois volumes. Recomendo.

quarta-feira, 16 de março de 2022

RETIRO DA SAUDADE

Reportagem da “Revista da Semana” em 1926 chama a atenção dos cariocas para o então desconhecido “Retiro da Saudade”, localizado pouco antes da Curva do Calombo, na Lagoa. 

A reportagem dizia que da Av. Epitácio Pessoa distinguia-se apena um parapeito elevado com a inscrição “Retiro da Saudade”. Segundo o texto “foi a única coisa bonita feita pelo Sr. Alaor Prata. Entretanto é bonita a valer. Uma longa latada (espécie de grade horizontal), uma pérgola elegantemente atirada sobre elegantes colunas, um largo espaço sob a ramada destinado a mesas de bar e restaurante, ancoradouros simétricos no seu paralelismo avançando sobre a lagoa, passeios acompanhando lá em baixo a curva da avenida com bancos de pedra para descanso e sobre tudo isso as folhagens e os arbustos que começam a florir.”


Conclui a reportagem que "é forçoso confessar que é uma obra de encanto infinito e requintado gosto." Localizada na deserta, distante e pouco frequentada Av. Epitácio Pessoa poucos a usufruiam.


Esta foto de 1927, da Revista da Semana, mostra o jogo de water-polo disputado em frente ao “Retiro da Saudade” e vencido pelos “players” do C.R. Icarahy sobre os adversários do Clube Internacional de Regatas.


Foto de 1929, da Revista da Semana, em reportagem que dizia: “(...) sereias fugitivas ao olhar curioso dos homens, que se animam a sahir das aguas para engalanar o deserto “Retiro da Saudade”. Por que é que este local poético, tão lindo na sua graça, na elegância das suas columnas, no recorte dos seus ancoradouros, na polychromia dos seus alegretes, vive sempre deserto?”


Foto da década de 30 no “Retiro da Saudade”. Na foto vemos um remador, com uma camiseta não identificada, a bordo de um barco que não parece ser de regatas. Será que a jovem aceitou o convite para um passeio?

Fico imaginando se hoje funcionasse um belo restaurante, com mesas no terraço para desfrutar da paisagem. Seria algo assim como os restaurantes que margeiam os canais de Veneza. Se tivesse ido adiante o projeto de haver gôndolas no Jardim de Alá o programa seria completo. 

Alguém já comentou que neste local funcionava um restaurante chamado Restaurante da Curva do Calombo”, mas talvez tenha sido um nome informal.

No final dos anos 30 o local aparentemente foi doado para o Club de Regatas Botafogo e é onde hoje funciona a garagem de barcos do Botafogo de Futebol e Regatas.


Foto do local serviu de capa para a "Carte Touristique de Rio de Janeiro" ou "Pianta Turistica di Rio de Janeiro", publicado pela Prefeitura do Distrito Federal em 1955, durante a Administração do Prefeito Alim Pedro. 


terça-feira, 15 de março de 2022

LAGOA


Gosto muito desta foto do acervo do Museu Aeroespacial  onde vemos a Lagoa e o Jardim Botânico em 1945. Para ser devidamente apreciada não deve ser vista na tela de celular.

1) À direita vemos a sede esportiva do Clube Naval (Piraquê), ainda com dimensões bem menores que a atual (sucessivos aterros aconteceram nas décadas seguintes, principalmente após a década de 60). Quanto ao Piraquê, em outubro de 1936, uma Assembléia Geral Extraordinária aprovou a criação da Seção Esportiva do Clube Naval, estabelecendo-se os entendimentos necessários à concretização do empreendimento. Em 08/07/37, a Sede Esportiva é considerada como criada e em 24/08/37, o presidente do Clube Naval encaminha um requerimento ao Interventor do Distrito Federal, solicitando o aforamento da Ilha do Piraquê, na Lagoa Rodrigo de Freitas, para a construção da Sede Esportiva do Clube. Pelo Decreto No. 6.152 de 4 de março de 1938 o Prefeito do Distrito Federal, Dr. Henrique Dodsworth, concedeu ao Clube Naval o aforamento da Ilha do Piraquê. Em 20 de julho de 1940 foi, por fim, inaugurada a Sede Esportiva do Clube Naval na Ilha do Piraquê. 

2)  As estruturas na parte de baixo da foto são as cocheiras dos Paula Machado (Haras São José e Expedictus) e dos Peixoto de Castro (Haras Mondesir), esta na esquina das ruas General Garzon e Lineu de Paula Machado.  

 3) Em espaço cedido pelo Patronato Operário da Gávea foi fundado em 1951 ali à esquerda, o Teatro Tablado por Aníbal e Maria Clara Machado, Antonio Gomes Filho, Carmem Sylvia Murgel, Carlos Augusto Alves dos Santos, Eddy Rezende, Edelvira e Déa Fernandes, Isabel Bicalho, João Sérgio Marinho Nunes, João Augusto de Azevedo Filho, Jorge Leão Teixeira, Martim Gonçalves, Marília Macedo, Oswaldo Neiva e Stélio Emanuel de Alencar Roxo. O Patronato Operário da Gávea foi fundado em 1929, com o objetivo de prestar assistência social às comunidades carentes. Aos poucos, o novo prédio foi erguido e construídas a Escola, o Centro de Recreação Operária, o Ambulatório, a Capela, o Teatro Tablado e, finalmente, os dois andares superiores. Nestes muitos anos de funcionamento, várias mudanças foram feitas nesta obra de caridade para adaptar-se às necessidades da comunidade.

 4)      Mais adiante um pouco o local onde seria construída a Igreja de São José da Lagoa. Brasil Gerson conta que "a Capela de São José, inaugurada em 1898, ficava defronte à Fábrica Corcovado e não só os seus operários a frequentavam, como os da fábrica de chapéus Braga Costa". A Fábrica de Tecidos Corcovado foi fundada em 1889, às margens da Lagoa Rodrigo de Freitas e, com sua falência, a capela acabou passando à Mitra que a transformou em sede de paróquia em 1944. Em princípio dos anos 60 a capela foi demolida, sendo então iniciada a construção do templo para ser enfim inaugurado em 1964. O arquiteto responsável foi Edgar de Oliveira da Fonseca que projetou um templo moderno, sendo o primeiro no mundo a possuir todas as fachadas executadas com vidro "ray-ban".

5)      Mais além o local onde, como vimos ontem, seria construída a sede da Sociedade Hípica Brasileira, no início dos anos 40. Com cerca de 1300 sócios, cerca de 30% frequentam sua sede. Por interferência do ministro Armando Alencar junto a Getulio Vargas a Hípica conseguiu seu terreno na Lagoa mais uma ajuda de 3 milhões de cruzeiros como paga pelas benfeitorias que havia feito no terreno da Praia Vermelha, onde ficava o Centro Hípico Brasileiro, e que fora requisitado pelo Exército para a construção da Escola de Estado Maior. 

6)      Também vemos o terreno onde seria construído o atual Hospital da Lagoa, perto da Rua Jardim Botânico. Inicialmente era Hospital da Sul América, depois Hospital dos Bancários e finalmente Hospital da Lagoa. Em 1952 tem início a construção do Hospital Sul América da fundação Larragoiti, atual Hospital da Lagoa, no Rio de Janeiro. O projeto teve a concepção do arquiteto Oscar Niemeyer em parceria com o arquiteto Hélio Uchôa, jardins desenhados por Roberto Burle Marx e painéis com azulejos concebidos por Athos Bulcão e é tombado pelo INEPAC.

Até meados dos anos 60 toda esta área da Borges de Medeiros era de casas ou pequenos prédios. Negrão de Lima morava numa das casas. Mas a especulação imobiliário chegou com força e hoje há inúmeros arranha-céus que mudaram completamente o aspecto do local.

segunda-feira, 14 de março de 2022

HIPISMO

 

Continuamos hoje falando da Praia Vermelha.

A Sociedade Hípica Brasileira foi fundada em 1938 originada da união do Centro Hípico Brasileiro, da Praia Vermelha, e do Clube Esportivo de Equitação, de São Cristóvão.

O Centro Hípico Brasileiro funcionava na Urca, junto à Praça General Tibúrcio, fato que a maioria desconhece. Abaixo veremos fotos deste picadeiro.

Anos depois a Sociedade Hípica Brasileira se mudaria para a localização atual, na Lagoa/Jardim Botânico. O lançamento da pedra fundamental da nova sede deu-se em 16/04/1941, em solenidade presidida pelo Prefeito Henrique Dodsworth. Era presidente da SHB na ocasião o ministro Armando Alencar. A sede Lagoa/Jardim Botânico, construída pela Dourado S/A, foi inaugurada com grande festa em agosto de 1942 (à época a Imprensa escrevia que era na Freguesia da Gávea).

As três fotos a seguir, uma da coleção do Silva e duas adquiridas na Feira da Praça XV, foram publicadas pelo Tumminelli e pelo Derani (a colorização é do Conde di Lido) mostram o cavaleiro Benjamin Rangel (cujo nome consta no verso das fotos) no picadeiro da Praia Vermelha.

Nesta abaixo vemos B. Rangel e um menino em seus cavalos na pista de equitação da Sociedade Hipica Brasileira, que ficava na Praia Vermelha, Urca. 

Atualmente neste terreno estão os blocos do Edificio Praia Vermelha, destinado a moradia dos militares do IME e da ECEME (Escola de Comando e Estado-Maior do Exército), bem como a Policlínica Militar da Praia Vermelha, Sede Administrativa da Prefeitura Militar da Zona Sul e outros serviços tanto militares quanto civis. O edifício que vemos fica na Rua Ramon Franco. O Edifício Laguna fica na Av. Pasteur ao lado do Edifício Praia Vermelha. À direita, os fundos das casas que ficam no início da Ramon Franco.


Abaixo vemos B. Rangel no dorso de um belo cavalo na pista de equitação da Praia Vermelha. Seria o “Gury”, cavalo com o qual B. Rangel competiria três anos depois na sede da Lagoa?


Nesta última foto vemos a frustrada tentativa do cavalo de Benjamin Rangel ultrapassar a última barra do obstáculo. O que terá acontecido a seguir?


Na postagem https://saudadesdoriodoluizd.blogspot.com/2019/06/hipica.html vemos aspectos da sede atual da Hípica.

PS: outro clube da Zona Sul que teve picadeiro para equitação foi o Flamengo nos anos 60.