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sábado, 28 de maio de 2022

TIPOS DO RIO ANTIGO


Um dos desenhistas de Disney, fotografado por Hart Preston, da LIFE, registra no papel um vendedor ambulante de plantas. Provavelmente o local é no Alto da Boa Vista, na Praça Afonso Vizeu, acesso ao Parque Nacional da Tijuca. Nunca tinha visto este tipo de vendedor.


Mais uma do arquivo da LIFE, mostrando o vendedor de casquinha da década de 50 nas praias cariocas: os pirulitos de açúcar queimado espetados no topo da lata de metal que guardava as casquinhas, o "tlac tlac", que é um pequeno dispositivo de madeira com peça de metal articulada para se movimentar de um lado para o outro na mão do vendedor e anunciar a sua presença, a enorme lata, às vezes multicolorida, às vezes toda verde. A tampa, invertida, era onde ficavam os pacotinhos das casquinhas a serem vendidas. O papel que embrulhava o pirulito habitualmente ficava tão colado que dava um trabalho danado retirá-lo.


Outra do Hart Preston, mostrando um vendedor de bananas. Provavelmente este estava à margem de alguma estrada da Zona Oeste. Na Zona Sul era mais comum encontrar aquelas carrocinhas nas esquinas vendendo frutas.


O amolador de facas, que resiste até hoje, anunciava a chegada tocando uma melodia ao girar a roda de seu instrumento de trabalho contra um ferro.


O vendedor de vassouras era outra figura habitual. Sempre encontrava fregueses.

sexta-feira, 27 de maio de 2022

ONDE É?

FOTO 1 - talvez a mais difícil.

FOTO 2 - O lotação e a igreja à esquerda são bons referenciais.

FOTO 3 - Uma dica: é na Zona Norte.

FOTO 4 - outra em  que a igreja é a pista.


 FOTO 5 - enviada pelo comentarista Joel Almeida.

quinta-feira, 26 de maio de 2022

TURISTA NO RIO EM 1959

Nas fotos de hoje, da série garimpada pelo Nickolas, o nosso turista desembarca na Praça Mauá. Depois de passar pela alfândega embarca num táxi em direção a seu hotel.

O navio seria o SMS Caronia?


O turista, ao ver mais de perto o edifício de "A Noite", fica espantado, pois pensava que o Rio era uma selva, com cobras, macacos e afins pelas ruas.


Certamente, mesmo no curto trajeto desde a Praça Mauá, já percebeu o risco que é trafegar perto de um lotação. Fica admirado da coragem do condutor da lambreta.


Ao chegar na altura do cruzamento da Nilo Peçanha não entende a despreocupação dos pedestres com os automóveis.

PS: aguardamos do Nickolas a continuação da reportagem.
 

quarta-feira, 25 de maio de 2022

CHEGADA AO RIO DE NAVIO


Antigamente era um acontecimento viajar de navio. Meus pais mesmo foram à Europa no pós-guerra no Ana C, um dos navios da Linea C. Nosso amigo Rouen publicou uma série de fotos de sua chegada ao Brasil com a família nos anos 50.

Na foto vemos o transatlântico REX, em 1938, na Praça Mauá, em foto garimpada pelo Nickolas.

 Em dezembro de 1929 foi firmado o contrato entre Navigazione Generale Italiana e o estaleiro Ansaldo di Genova Sestri e com a O. A.R.N. (Officine Allestimento e Riparazioni Navi) para a construção do Rex. O Rex entrou em serviço em 1932, pesava 51,062 toneladas e tinha um comprimento de 268,20 metros, com largura máxima de 31 metros. Possuía 142.000 cavalos de potência que permitiram desenvolver uma velocidade máxima de 29,5 milhas por hora. Tinha uma tripulação de 756 pessoas. Podia transportar 604 passageiros de primeira classe, 378 de segunda classe, 410 em classe turística e 866 terceira classe.

A viagem inaugural foi em 27/09/1932 com destino a Nova York sob o comando de Francesco Tarabotto.

Em 11/08/1933 o Rex consegue o "Nastro Azzurro", pela travessia mais veloz do Atlântico, com velocidade média de 28,92 nós.

Em 29/01/1938 assume o comando do Rex o capitão Attilio Frugone. Na mesma data, com o "slogan" REX TO RIO, inicia-se um cruzeiro para o Brasil, partindo de Nova York, passando pelos portos de Cristobal, La Guayra, Trinidad, Rio de Janeiro e Barbados.

Em maio de 1940 o Rex cumpre sua centésima viagem transatlântica, faz sua última viagem deste tipo indo de Genova a Nova York e voltando a Genova.

Em 1943 o Rex é ocupado por forças militares alemãs e em 08/09/1944 é bombardeado pela aviação aliada, 6 Beaufighters da Royal Air Force e dois caças da South African Air Force lançam 123 foguetes incendiários.  O Rex, incendiado, afunda para o lado esquerdo.

Em 1947 se inicia a lenta obra de demolição do Rex que dura quase dez anos.

O Nickolas também descobriu fotos de um outro viajante, este em 1959, que veio ao Rio de navio e registrou seu primeiro contato com a cidade. É o que vamos ver hoje e amanhã.

Nesta foto acima vemos o monumento a Mauá, com a Casa Mauá à esquerda, no início da Av. Rio Branco. A Casa Mauá era uma casa comercial, que foi demolida no final da década de 80 para a construção da horrenda torre de vidro, o RB1. A Casa Mauá era legitima representante da arquitetura eclética do início do século 20.


Do lado direito podemos ver o edificio A Noite, o primeiro arranha-céu da cidade construído no fim da década de 20. Foi o primeiro prédio da cidade a ser construído com o moderno concreto armado. Seu estilo art-deco estava mais para construções norte-americanas do que para as francesas que ainda existiam na região. Foi sede de inúmeras repartições públicas, escritórios, do jornal A Noite e da Rádio Nacional. O edifício possui 22 andares, correspondentes a 30 de um prédio moderno, devido a seu pé-direito ampliado.

terça-feira, 24 de maio de 2022

TABULEIRO DA BAIANA

Vemos o famoso Tabuleiro da Baiana, destino das linhas vindas da Zona Sul que passavam pela Cinelândia e voltavam pela Senador Dantas.

O tabuleiro foi criado na prefeitura de Henrique Dodsworth em 1937, juntamente com mais uma ampliação do Largo da Carioca em direção a Almirante Barroso e com o alargamento da Rua 13 de Maio com a demolição da velha Imprensa Nacional, tendo em vista a desativação, para posterior demolição, do Hotel Avenida e Galeria Cruzeiro, por onde passavam os bondes.  


Nesta foto do Tabuleiro da Baiana podemos ver na esquina da Rua Senador Dantas o Liceu Literário Português, projeto em estilo neo-manuelino do arquiteto Raul Penna Firme. O Liceu foi a primeira instituição de ensino no Brasil a promover cursos  profissionalizantes noturnos e gratuitos.

Foto do Acervo Fotográfico da Light mostrando o centro do Rio no início da década de 50. Na foto vemos um bonde nº de ordem 1918 - Praia Vermelha, reboque nº 1053, chegando ao Tabuleiro da Baiana, no Largo da Carioca, e um ônibus "Gostosão".

No fundo, à esquerda o Tabuleiro da Baiana, de onde chegavam e partiam os bondes para a Zona Sul. À direita vemos os contrafortes do Morro de Santo Antônio. Naquele prédio com um letreiro do Café Globo funcionava uma empresa de letreiros luminosos, a Empresa Masson, cujo endereço era Rua Senador 121. O Café Globo teve instalações na Rua da Guarda Velha (atual 13 de Maio) e depois foi para o Santo Cristo. Boa parte da região funcionava como um grande estacionamento. Sobreviveu até nossos dias o prédio do Liceu Literário Português. 

Nesta foto da década de 60 vemos um aspecto do Largo da Carioca, onde reinava soberano o Edifício Avenida Central. Ao lado dele, ainda em construção, subia o prédio da Caixa Econômica.
Os trilhos no chão, nesta época, já eram apenas uma recordação dos tempos dos bondes, quando o Tabuleiro da Baiana já era um terminal de ônibus.


Vemos o Tabuleiro da Baiana à esquerda e, ao fundo, as obras de desmonte do Morro de Santo Antonio. Os carros estão virando à esquerda na Rua Senador Dantas, uma das ruas do Rio que mais mudou de mão através dos tempos. Destaque também para a escadaria da passagem subterrânea que ali existia. 


Contou o Milton Teixeira que esta  passagem subterrânea, bem como outras obras, foram executadas pela Comissão do Plano da Cidade, um grupo formado por engenheiros e arquitetos e oficializado por decreto pelo Presidente Getúlio Vargas no dia da criação do Estado Novo, 10 de novembro de 1937. 

A função dessa Comissão era planejar harmonicamente a cidade. O chefe era o engenheiro José de Oliveira Reis. Quanto ao Largo da Carioca, a dita comissão projetou e executou a obra da estação de bondes da zona sul (apelidada de Tabuleiro da Baiana pelo sucesso da música), a passagem subterrânea, o desmonte do morro de Santo Antônio (executado de 1954 a 1965) e a estação central do Metrô-Rio, a qual não foi executada pelo custo da obra, em plena época de guerra.

 A passagem subterrânea iria ter conexão com a dita estação, cujo projeto tenho a felicidade de possuir. Era inspirada no monumento megalítico de Stonehenge, na Inglaterra, com um obelisco no meio. Ficaria na altura onde hoje está a Avenida Chile, perto da estação de bondes, onde haveria conexão entre elas. 


segunda-feira, 23 de maio de 2022

UM NAVIO NA ESPLANADA





Muitos já viram esta fotografia de um navio “encalhado” na Esplanada do Castelo e já leram muitas especulações sobre o que teria acontecido. Pois outro dia a prezada Conceição Araújo, uma estudiosa do Rio Antigo, pesquisou a fundo o assunto e aí vai a história:

Fundado em 1926 por jornalistas e autores teatrais no Teatro João Caetano, o “Club dos Laranjas” resolveu construir este navio para comemorações carnavalescas.

Originalmente o navio, chamado “Laranja”, ficaria em Copacabana, mas face à reação negativa da Imprensa, foi parar na Esplanada do Castelo. Ali ocorreram várias festas carnavalescas. O Fluminense Futebol Clube também ali realizou pomposos bailes. O local funcionava diariamente das 16h às 22h, com entrada gratuita para serviço de bar.

Descrição dos jornais davam conta de que “o navio, feericamente iluminado, parece uma visão deslumbradora. Dentro, o entusiasmo é delirante e atinge as raias da loucura. Luzes, música, cantos maliciosos, gestos voluptuosos, requebros de luxúria.”

Dentre as mais de dez mil pessoas que visitaram o “Laranja”, até 1936, o Contra-Almirante Adolpho Martins de Oliveira assim escreveu no livro de impressões de bordo: “Quem idealizou tão importante e tão original sistema de diversões, acolhendo o patriótico tema de Marinha, merece um prêmio ou uma subvenção das autoridades da minha pátria.”

A Prefeitura mandou encerrar as atividades no local em 1936.

PS: em outros tempos, no Terra, o JBAN foi o primeiro a achar  uma menção a este navio. Hoje temos informações completas pela Conceição.