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sábado, 20 de maio de 2017

DO FUNDO DO BAÚ: PASSEIO A PETRÓPOLIS




Hoje é sábado, dia da série “DO FUNDO DO BAÚ”. E de lá saem estas fotos, enviadas pelo Francisco Patrício, de um fim-de-semana inesquecível por conta de um passeio do Professor Pintáfona à “Soberana Urbe de Pedro”.
 
O Professor Pintáfona, filho do saudoso Coronel Pintáfona, herói da Guerra do Paraguai, captor de Solano Lopez e amigo pessoal de Osório e de D. Pedro II, desde sempre freqüentou aquela cidade serrana, onde habitualmente brincava com os meninos Pedro, Luiz e Antonio, filhos de Isabel, a jovem filha do Imperador - isto até o amado soberano ser exilado na França, pela quartelada do 15 de novembro.

A pretexto de fugir da canícula do Rio, a família Pintáfona deixava a residência da Rua Pedreira da Candelária na caleche comprada em segunda mão da Rainha Carlota Joaquina (com capota reversível, jogo de molas macias lubrificadas com banha pelo fiel mordomo Álvaro e rodas revestidas de borracha para suavizar a trepidação), em direção ao Cais da Prainha para pegar a barca até o trem.

As primeiras fotos mostram o trem no trajeto e a estação do Alto da Serra. Importante ressaltar que o responsável pelo desvio era o corcundinha Der Ani, sob a supervisão de D. Beatrice Portinari.

A terceira, já em Petrópolis, mostra parte do grupo de diletos confrades de tertúlias histórico-literárias (em frente ao Palácio Imperial) num intervalo das orações na Catedral: iam para um chá com torradas no D’Angelo, enquanto a Tya preparava a ceia noturna e os drinques à base de Hemo-Kola e Veedol, tão apreciados pelo apocalíptico Eusebius Sophronius, pelo rotundo e lunático Conde di Lido, pelo irônico e sagaz Barão de São Luiz, pelo iconoclasta Conde de Santa Tereza, pelo mordaz Visconde de Goiás e pelo santo Arcebispo Emérito do Rio de Janeiro D. Eugênio, o Sales.

Eventualmente juntavam-se ao seleto grupo, entre outros, os irmãos Miranda (o General e Eleutério - o Teco), o Rafael Oldman, o lusitano Francisco Nobre, o pneumático francês, o polígrafo Juanito, o Bispo Rolleiflex, a embaixadora da Urca, o famoso cantor Carlinhos C., o automobilista JRO, o estudioso Gustavinho e o Senhor Wald Enir – o que tem postura e compostura.

A última foto é a mesma que saiu na Revista Sombra (a Caras do século passado) mostrando o namoro do jovem Professor Pintáfona, num bote no Lago Cremerie, na Fazenda Samambaia, sob a estreita vigilância de D. Eve Lyn (hidroginasta, aluna de natação do Professor Mário e responsável pela segurança a bordo), de Mme. Simmons (já assistente do Professor, especialista em remar de costas e tutora dos meninos Tutu e Dedé – este, mais tarde, se transformaria no abominável assassino do General Miranda) e da jovem Nalu (que fazia muito gosto neste namoro e foi a dama de honra na cerimônia de casamento do Professor Pintáfona, após muitos anos como “vela” nos encontros dos namorados).
 
A viagem começava no Largo da Prainha, ali perto do Arsenal de Marinha e dos trapiches do bairro da Saúde. Era o ponto de partida para quem quisesse viajar até Petrópolis, pois ali no Trapiche Mauá, atracavam as barcas da Companhia de Navegação a Vapor e Estrada de Ferro de Petrópolis. A travessia de pouco mais de uma hora de duração, levava os viajantes até o Porto de Mauá, na cidade de Magé, nos fundos da Baía de Guanabara, primeira etapa da viagem. Neste Porto de Mauá, os passageiros eram transferidos para um novo meio de transporte: o trem, que percorria os trilhos da pioneira estrada de ferro do Brasil, construída por Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá, que chegava até a Vila Inhomirim, na raiz da Serra da Estrela.

sexta-feira, 19 de maio de 2017

JÓQUEI CLUBE GUANABARA



Hoje o tema é o Jóquei Clube Guanabara, o último clube turfístico a ser fundado no Rio de Janeiro.  Tendo como mentor o criador Peixoto de Castro, a construção foi conduzida pela Companhia Imobiliária Santa Cruz através das firmas Construtora Montenegro e Genésio Gouvêa.
 
O hipódromo ficava no Jardim Carioca, Ilha do Governador, em terrenos do industrial Valentim Bouças. O projeto foi apoiado por inúmeros turfistas renomados como Nova Monteiro, Gustavo Filadelfo de Azevedo, Milton Lodi, Roberto Seabra, Amilcar de Freitas e outros.
 
Com arquibancadas de características modernistas, similares às de Brasília, foi inaugurado em 6 de agosto de 1961. Era previsto que comportasse na primeira fase 10 mil turfistas e na segunda fase 26 mil. A pista, de corridas tinha 1800 metros. A avenida entre o hipódromo e o Galeão foi duplicada para facilitar o acesso desde a Avenida Brasil.
 
No dia da inauguração houve alguns problemas como na Casa de Apostas, causando atraso em todos os páreos. O restaurante também não funcionou. Mas os jornais consideraram um sucesso a abertura do novo hipódromo. Golf, sob a direção de Luís Rigoni, o “homem do violino”, venceu a Milha Inaugural. Dos 7 páreos, 5 foram vencidos por cavalos paulistas. O primeiro páreo corrido no novo hipódromo, na distância de 1400 metros, foi vencido por Gandala, com A. Bolino.
 
O turfe vivia a plenitude da crise patrocinada pelo esdrúxulo decreto nº 50.578, de Jânio Quadros, que limitava as corridas aos domingos e feriados, além de proibir as apostas em agências fora dos hipódromos e a entrada de menores de 21 anos nas corridas. Consta que este decreto teve por motivação uma vingança do Presidente Jânio Quadros, pois seu pai havia sido recusado como sócio do Jockey Club de São Paulo.
 
Houve também, na época, muita polêmica com o Jockey Club Brasileiro, por conta da possível concorrência. Após muita discussão foi acertado que o da Ilha começaria suas reuniões no final das manhãs, para não haver coincidência de horários.
 
Por uma série de fatores o Jockey Club Guanabara teve vida efêmera e suas instalações foram vendidas e viraram o Estádio Luso-Brasileiro, da Portuguesa. Atualmente, após um período cedido ao Botafogo, o Flamengo fez acordo com a Portuguesa para utilizar o espaço como local de partidas de menor público.
 
Este estádio é conhecido como “dos ventos uivantes” face à intensidade com que sobra o vento no local. É famoso, para os apreciadores de futebol, o gol feito pelo goleiro Ubirajara Alcântara, do Flamengo,  que recebeu o título de “o negro mais bonito do Brasil” em um programa de TV: o gol lhe valeu um recorde mundial, editado no Guiness Book, por ter marcado este gol após uma defesa e repor a bolar em jogo desde a sua área. Foi em 19/09/1970, em jogo contra o Madureira.

quinta-feira, 18 de maio de 2017

PRAÇA DA LIBERDADE

Postal Colombo mostrando a Praça Estados Unidos, no Centro.
 
 Vê-se em destaque a Estátua da Amizade que hoje se encontra na Praça 4 de Julho, no Centro, em 1940. À direita, salvo engano, o edifício Novo Mundo, na esquina da Av. Calógeras. Até pouco tempo havia uma plaquinha indicando esta praça na confluência das Av. Presidente Antonio Carlos, Av. Presidente Willson, e Av. Presidente Roosevelt. Era uma das praças do Plano Agache.


Curiosidade: na identificação do postal consta Praça da Liberdade, porém a placa no poste de luz, sobre a seta sinalizando o sentido de direção, já mostra o nome de Praça Estados Unidos.
 
 
Um pouco à direita da foto pode-se ver a lateral (empena) suja de um prédio. Era uma antiga sede do INSS, onde desde 1996 fica a sede do Tribunal Regional Eleitoral. Foi nesse ano que o TRE abandonou o antigo prédio na Rua Primeiro de Março e se mudou para a Av. Presidente Wilson.
 
Em 1940, a Av Presidente Antonio Carlos ainda se chamava Av. Aparício Borges. Após uma grande reforma, a avenida perdeu sua praça central e até mudou de nome.
 
Não entendi a razão da foto ter a legenda "Praça da Liberdade". A Praça se chama "Estados Unidos" e a estátua NÃO é da Liberdade, mas sim "Estátua da Amizade". Foi um presente dos norte-americanos para os brasileiros na década de 30 evocando a amizade entre as duas nações.

quarta-feira, 17 de maio de 2017

CASA DO VATICANO




Em adendo ao "post" de ontem, temos mais três fotos pesquisadas pela prezada Conceição Araújo. Mostra uma reportagem sobre a Casa do Vaticano praticamente em ruínas, em seus últimos tempos, quando abrigava, em condições precárias de higiene e moradia, oito crianças, de seis meses a dez anos, com sua mãe, D. Cecília Guerreiro, e o irmão desta, que não quis identificar-se.
 
O prédio fica na esquina da Djalma Ulrich, mas a entrada é pelo portão dos fundos, que dá para a Rua Aires Saldanha.
 
Está situado no centro de um terreno de 1600 metros quadrados, coberto de entulho e sombreado por duas ou três mangueisas. As portas e janelas estão fechadas, pregadas por tábuas. As paredes, descascadas e sujas.
 
Nos fundos, há três carrocinhas de pipocas, que D. Cecília disse pertencerem a “Pepe, da Santa Casa”, que lhe paga uns trocados para guardá-las. Ela diz que é vigia do prédio, a mando de um “capitão Jorge, da Marinha”, que ela não sabe onde mora nem onde pode ser encontrado.
 
D. Cecília mora numa saleta adaptada, que também faz às vezes de cozinha. Os móveis são velhos, parecendo ter sido recolhidos em depósitos de lixo. Os colchões, colocados em cima de sofás esburacados, estão amarelos de sujos. O chão é de cimento. Por toda parte exala um cheiro ativo de mofo.

terça-feira, 16 de maio de 2017

CASA DO VATICANO



A primeira foto de hoje, garimpada pelo Augusto no acervo do Arquivo Nacional, é uma raridade. Mostra a famosa “Casa do Vaticano”, na altura do Posto 5, na Avenida Atlântica esquina com Rua Djalma Ulrich.
 
A segunda foto, do início dos anos 70, é do nosso conhecido Gyorgy Szendrodi.
 
O texto a seguir é do Andre Decourt: “A história da casa daria certamente uma ótima história em tons novelescos. Construída nos anos 10 ela fazia parte da segunda geração dos imóveis da Av. Atlântica, não mais uma casa de veraneio, mas longe de ser um dos palacetes ecléticos construídos nos anos finais da década de 10 início da de 20. Era um imóvel praiano, com uma grande varanda e talvez sua única excentricidade fosse uma pequena torreta no outro extremo do imóvel.
 
O terreno era enorme e a casa só ocupava um dos vértices, nos fundos na Rua Aires Saldanha, no outro vértice do terreno havia uma garagem, se não me engano de 3 portas.
 
Sabe-se pouco de quem construiu o imóvel e sobre seus primeiros proprietários, mas foi nos anos 30 que a história que deixou a casa famosa começou a ser construída: ela foi comprada pelo Conde Innodare, com a sua morte a casa foi passada a sua esposa, que doou em testamento o imóvel ao Vaticano, visto que os herdeiros italianos não mostravam muito interesse.
 
Só que a velha condessa era cuidada por uma enfermeira, eslava, polonesa certamente, de nome Estephania Paskovitej. Além da casa da Av. Atlântica os velhos condes eram proprietários de vários outros imóveis, apartamentos e lojas. E, surpreendentemente, no final dos anos 60 a velha condessa transformou em sua herdeira única a sua cuidadora, à revelia dos parentes italianos e acho que até mesmo do Papa.
 
Com o falecimento em 1973 da Condessa Innodare a Sra. Estephania, tomou posse do imóvel e então começou uma guerra judicial que até a demolição da casa, já com a boate Help funcionando ali, para a construção do novo prédio do Museu da Imagem e do Som, não havia sido terminada, como bem dissecou o ex-prefeito Cesar Maia, em seu ex-blog. Por conta disto o dinheiro da expropriação do imóvel  foi depositado em juízo. A briga judicial se arrastava nos corredores do STF e o andamento do processo no TJ-RJ mostrava várias reviravoltas jurídicas
 
Certamente por esta briga a casa foi abandonada e foi se arruinando durante todos os anos 70 e início dos 80, mesmo com o muro sendo levantado, portões sendo lacrados, mas a  casa  ficava sem vigilância,  algo impensado hoje, foi depredada e depois ocupada por mendigos, que provocaram alguns incêndios destruindo telhado e no final boa parte das paredes internas, que desabaram.
 
Por volta de 1982 a garagem também se incendiou, junto com parte do mato que tomava conta do jardim e foi demolida, pois ameaçava desabar.
 
Em 1983/84 a casa foi alugada por um grupo de empresários espanhóis, Chico Recarey incluso, para fazerem um grande complexo, usando os jardins para a construção de uma grande discoteca e estacionamento subterrâneo e usando as ruínas da casa para dois restaurantes, um informal no nível da Av. Atlântica e um sofisticado na parte superior.
 
Possivelmente pela a briga judicial, que envolvia a igreja, os descendentes italianos e a cuidadora, a casa não pôde ser demolida e foi envolta pela nova construção.”
 
Hoje, neste local, se arrasta a construção da nova sede do MIS – Museu da Imagem e do Som. Além da Help também funcionaram neste terreno o Sobre as Ondas e o Terraço Atlântico.
 
PS: o “link” para o blog do Cesar Maia é http://diariodorio.com/boate-help-uma-novela/
 
PS2: até recentemente, na Itália, os filhos só tinham o sobrenome do pai. Salvo engano, podiam apenas, informalmente para melhor identificação, colocar ao final o sobrenome da mãe da seguinte forma, por exemplo:
Pai – Giuseppe Renzi.
Filho Gabrielle Renzi.
Se a mãe tivesse um sobrenome como Avellini o filho poderia se identificar como Gabrielle Renzi, in Avellini.
Se o Gustavo aparecer por aqui poderá esclarecer se é isto mesmo.
 
 

segunda-feira, 15 de maio de 2017

domingo, 14 de maio de 2017

DIA DAS MÃES


Com esta foto de meu irmão e mamãe o "Saudades do Rio" homenageia todas as mães dos comentaristas.

O local, por incrível que pareça, é a Rua Barata Ribeiro, em Copacabana.