Total de visualizações de página

sábado, 15 de setembro de 2018

REBOQUE DO URUBU




Com a colaboração do Jason Vogel, Gustavo Lemos, Dieckmann e antigos moradores de Ipanema e Copacabana, aí vai um pouco da história do folclórico Urubu, mecânico que durante anos atendia a Zona Sul carioca:
"Urubu" e "Pega Firme" moravam juntos na boléia de um velho caminhão International. O carro tinha pneus carecas e por mais de vinte anos, caindo aos pedaços, vivia pedindo pintura - e água para o radiador não ferver. Mas, nunca deixou de atender, de dia ou à noite, as chamadas para reboque, ou trabalhos de pequena mecânica. Os fregueses eram Cadillacs e Impalas de Copacabana, ante os quais o International formava pitoresco contraste na Zona Sul do Rio.

Isaias da Silva é o preto de cavanhaque, sempre vestido com o mesmo macacão sujo de graxa, a quem o carioca apelidou de Urubu. Era ele o dono do mais engraçado carro-reboque do Rio.
E Pega Firme? Não é gente, mas um cãozinho, talvez o único amigo sincero de Urubu. Era um vira-latas branco, a princípio; tempo e graxa o foram tonando cinzento e lhe deram uma cor indefinível. Sua missão: montar guarda ao "Soneca", que não dorme (Soneca é o carro-reboque).
Todo mundo conhecia o Urubu, seu carro e seu cão. Muita gente sabia de cor o telefone do bar Igrejinha, em frente à TV-Rio, onde davam recados ao mecânico, que estava sempre ali pelo Posto 6, perto da boate Pigalle e da TV Rio.

"Soneca" atendia a uma média de 8 pedidos de socorro por dia e o preço de Urubu variava de acordo com a cara do freguês. Mas não era extorsivo. Mesmo assim, ele não confirma, nem desmente a história: que estaria rico e já seria dono de um apartamento luxuoso.
Conta o Gustavo que o pai dele acompanhou a vida do Urubu por muitas décadas. “Ele começou trabalhando na oficina Meridional, na Rua Francisco Otaviano, onde depois foi construído o bingo Arpoador. A oficina pertencia ao lendário Gino Bianco, que foi seu protetor até uma briga feia que tiveram por causa da bebida, vício maior do mecânico. No seu cartão vinha escrito "Seu carro enguiçou? Chame o Urubu (vulgo Isaías)".
Todos os clientes que ligavam para o meu pai na sua concessionária de veículos dizendo que o carro estava enguiçado na rua eram atendidos pelo Urubu. Meu pai já o havia advertido diversas vezes sobre o vício cada vez mais presente do álcool. Um dia ele apareceu transportando um carro completamente embriagado. Nunca mais foi chamado.
Também era viciado em jogo do bicho, razão pela qual não prosperou, já que clientes não lhe faltavam. Faleceu de cirrose nos anos 80. Um ajudante continuou o serviço por alguns anos, depois da morte do Urubu. O carro das duas primeiras fotos é um Mercury 53, com rodas de um Dodge Dart.”da

sexta-feira, 14 de setembro de 2018

SEMANA DA ASA





 
Como já vimos algumas vezes por aqui, eram comuns eventos na Praia de Copacabana quando da "Semana da Asa".
 
Embora fossem muito interessantes, o risco para os assistentes era bem grande.

quinta-feira, 13 de setembro de 2018

HOTEL MONROE




O prezado Achylles Pagalidis garimpou na Revista Fon-Fon, de 1926, fotos do Hotel Monroe.
“Com nove magníficos, amplos, commodos e luxuosos pavimentos com divisões adaptáveis aos fins destinados, com conforto e elegância, o palácio dos srs. Rocha Miranda Filhos Ltd. e Eugenio Honold, é o mais sumptuoso e bello edifício nos terrenos do antigo Convento da Ajuda. Foi seu constructor o notável engenheiro patrício Eduardo V. Pederneiras a quem o Rio moderno deve as mais bellas e magnificentes construcções.
O Hotel Monroe com cerca de cem magníficos appartamentos, destinados a receber famílias, casaes, ou simples hospedes, offerece uma nota original na industria hoteleira, e que ainda não era explorada entre nós.
 O Hotel Monroe, não tem cozinha. Offerece os seus apartamentos apenas com o café matinal, o que, porém, não o impede de satisfazer aos seus hospedes que desejam qualquer refeição nos respectivos quartos, pois tem um corpo de pessoal para tal fim.
Todos os apartamentos têm quarto de banho, e as unidades maiores, salas e ante-salas. Têm rêde telephônica, com um apparelho em cada quarto e é servido por dois ascensores.
As installações do moderno hotel foram feitas pela firma Alexandre Martins & Cia., antiga casa João Vidal.”
Continuo eu: Ficava na Praça Floriano nº 31-39, tinha como endereço telegráfico “Monrotel” e telefone Central 620. Ocupava os seis andares superiores do prédio que tinha o Cinema Glória no térreo.
Este cinema, que podemos ver na penúltima foto, foi inaugurado em 1925, teve o nome de Cineac Glória de 1941 a 1944, voltou a se chamar cinema Glória em 1944 e foi demolido neste mesmo ano de 1944. Tinha mais de 1000 lugares.
O Edifício Glória, com fachada em estilo eclético, integra o conjunto arquitetônico do antigo bairro Serrador, atual Cinelândia. Em 1989 teve sua fachada tombada pela Prefeitura do Rio de Janeiro. Em 2007 o edifício teve o interior totalmente reformado e modernizado e a fachada restaurada no estilo original. Atualmente, de propriedade da BR Properties, o edifício Glória é ocupado pela Caixa Econômica Federal.
A última foto é uma panorâmica da Cinelândia nos anos 20.
 
 

quarta-feira, 12 de setembro de 2018

SENADOR VERGUEIRO


 
A primeira foto, de 1964, foi para uma reportagem do “Correio da Manhã” sobre a demora na retirada dos trilhos da esquina das ruas Senador Vergueiro e Paissandu.
A segunda foto, também de 1964, já mostra o recapeamento asfáltico da Rua Senador Vergueiro após a retirada dos trilhos de bondes.
Na primeira foto vemos, ao fundo, o lendário Cinema Paissandu. Na esquina ficava o Bar Cinerama, hoje Garota do Flamengo. Bem ao lado do cinema havia a lanchonete Oklahoma, onde as discussões pós-filme se estendiam pela madrugada. A Oklahoma tinha uma das piores pizzas do Rio, mas era a única coisa aberta na região após a meia-noite.
O Cine Paissandu, localizado na Rua Senador Vergueiro nº 35-F tinha, originalmente, 742 lugares. Foi inaugurado em 15/12/1960 e funcionou até 15/04/1973.  Depois se transformou no Studio-Paissandu e no Estação Paissandu.
O cinema tinha de diferente, além da programação e clientela, o "fumoir", com janelões para a platéia. Perdia em qualidade do som e da imagem, mas era disputadíssimo pelo simples fato que se podia fumar neste salão anexo. E como se fumava! De tudo...
Conforme nos conta A. Gonzaga, em "Palácios & Poeiras", o Cine Paissandu "foi palco dos "filmes-cabeça" dos anos 60, designação que englobava tanto fitas comuns quanto obras com grandes pretensões estéticas, política e/ou sociológicas. A mística do lugar surgiu em função dos frequentadores e da programação, pois o cinema nada tinha de especial. Criou-se, inclusive, um diferencial de comportamento, com as famosas sessões de meia-noite e os Festivais Brasileiro de Cinema Amador, mais conhecidos como Festivais JB-Mesbla. Virou emblema da geração que queria mudar o país e o mundo".
Baluarte da contracultura durante o regime militar, o cinema formou, nos anos 1960, a Geração Paissandu, rótulo que agrupava jovens cinéfilos e intelectuais de esquerda incapazes de perder os longas de Jean-Luc Godard, Louis Malle, Michelangelo Antonioni, François Truffaut e outros cineastas autorais. Era moda naquela época ser sócio da Cinemateca do MAM e ter assinatura dos "Cahiers du Cinéma".

terça-feira, 11 de setembro de 2018

CASA HANSEÁTICA





 
Pois não é que preparei o “post” e depois vi que o nosso guru Decourt já havia abordado o assunto ano passado? Fomos beber na mesma fonte: fotos de reportagem do Correio da Manhã. Como não tive tempo de fazer outro “post”, aí vai, com uma ou outra informação diferente.
Vemos o Restaurante e Bar Hanseática na Praça Mauá nº 7, que funcionava junto ao edifício “A Noite” e ao também conhecido Bar Flórida.
A Hanseática era a cervejaria mais famosa do Rio em 1933, quando seu proprietário, Zeferino de Oliveira, com o espanhol Angelo Fernandez Gonzalez, fundou o Restaurante e Bar Hanseática. Além de ponto dos marujos era muito frequentado pelos passageiros da Estação Rodoviária Mariano Procópio e também pelos artistas da Rádio Nacional.
Além de servir cafezinho era restaurante, confeitaria e bar, com artigos fabricados em sua própria cozinha. Ao lado havia a Camisaria Hanseática, que vendia artigos para homens e senhoras a preços módicos.
Fundado em 1933 o Bar Hanseática teve sua melhor fase no pós-guerra. Getulio Vargas, Negrão de Lima, Eurico Dutra foram políticos que frequentaram o local. Chico Alves, Emilinha Borba e muitos outros artistas da Nacional também.
O “filé Hanseática”, com aspargos, petit-pois e batatas fritas, era um clássico. 400 litros de chope eram vendidos diariamente. A frequência diária era de cerca de 5 mil pessoas.
O Bar Hanseática ainda contava com charutaria e uma pequena livraria. Tinha 40 metros de frente, com 74 mesas espalhadas. Trabalhavam ali 45 funcionários.
Nos anos 40 a “Casa Hanseática” funcionou também como restaurante da Tribuna Especial do Hipódromo Brasileiro.
Em 1948, como muitas vezes acontece com bares cariocas, foi fechada por 24 horas devido às precárias condições de higiene encontradas. Uma das irregularidades foi um dos sanitaristas ter surpreendido um empregado lavando a lata de lixo na pia destinada ao vasilhame em que são preparados os alimentos.
Em 1967 o então proprietário, Manoel da Silva Abreu, o “Zica”, aceitou a indenização de NCr$ 60.000 (60 milhões de cruzeiros antigos) proposta pelo Governo para desapropriação do imóvel. Foi através do Decreto-Lei nº 160, de 10/02/1967, que “Autoriza o Poder Executivo a abrir, ao Ministério da Indústria e do Comércio, o crédito especial de NCr$ 107.000 para cobrir despesas com indenizações decorrentes de sentenças judiciais (o valor se referia a NCr$ 60.000 da Casa Hanseática e a NCr$ 47.000 do Bar Flórida, do mesmo dono).
Acabava uma tradição de quase 40 anos, inscrita na história da Praça Mauá, como o amor de marujos estrangeiros e disputas sangrentas de malandros e contrabandistas que ali faziam seu ponto de encontro. À época o gerente era o Sr. José Vassalo.
A tristeza que de repente tomou conta das mulheres alegres não é só pelo fechamento do bar, mas porque “Zica” disse não ter mais idade para recomeçar em outro lugar. Os objetos da Casa Hanseática foram a leilão, cujo anúncio vemos acima.
Por fim vemos o edifício sede da Companhia Hanseática, que depois seria adquirido pela Brahma em 1941, na Rua José Higino nº 115, na Tijuca. A Brahma funcionou ali até a década de 90 e atualmente funciona o Supermercado Extra. É um edifício eclético, com um tramo nos dois primeiros pavimentos e o resto da fachada em arcos romanos imitando tijolos, com mais dois pavimentos no torreão central.
A fábrica Hanseática era de um senhor português chamado Zeferino de Oliveira e, entre outras, produzia a famosa cerveja Cascatinha. Parte da fábrica ainda existe. A fachada voltada para a Rua José Higino foi preservada, assim como a chaminé de tijolo. Já a parte voltada para a Av. Maracanã foi em grande parte demolida para adequar a estrutura do prédio à sua atividade atual. Quando a fábrica foi demolida foram abertos enormes rombos nas paredes para remover o maquinário.

segunda-feira, 10 de setembro de 2018

SILVESTRE








 
O tema hoje é o Silvestre, em Santa Teresa. Vemos o Restaurante Silvestre e os bondes que atendiam a região. Esperamos os comentários de diversos especialistas moradores da área sobre todas estas fotos.
Os bondes eram da Companhia Ferro-Carril Carioca que, no início dos anos 50, tinha as seguintes linhas:
Silvestre - Largo da Carioca, Santo Antonio, Viaduto Joaquim Murtinho, Rua Almirante Alexandrino até estação Silvestre.
Paula Matos – Largo da Carioca, Santo Antonio, Viaduto Joaquim Murtinho, Rua Almirante Alexandrino, Mauá, Monte Alegre, Oriente, Progresso, Largo das Neves e Paula Matos.
França – Largo da Carioca, Santo Antonio, Viaduto Joaquim Murtinho, Rua Almirante Alexandrino, Largo França.
Lagoinha – Largo Carioca até Rua Almirante Alexandrino.
Boa parte das fotos são do Acervo do Correio da Manhã, do início dos anos 70, numa reportagem sobre a desativação do bonde Silvestre nos anos 60.

domingo, 9 de setembro de 2018

MR. ACKLEY


Em meados dos anos 50 Mr. Mark Ackley morou no Leblon, na Rua Venâncio Flores nº 595 e tirou ótimas fotos do Rio, descobertas pelo Nickolas.
Vemos uma foto do Leblon e outra do Centro. Nesta estamos na Praça Tiradentes em frente à Avenida Passos. Destaca-se o bonde da linha 64 (Aguiar-Fábrica), de nº de ordem 1787, cujo trajeto era Praça Tiradentes, Constituição, Praça da República, Frei Caneca, Salvador de Sá, Estácio de Sá, Largo do Estácio de Sá, Haddock Lobo, Aristides Lobo, Barão de Itapagipe, Aguiar, Conde de Bonfim, Araújos, General Roca, Praça Saens Peña. Dezembargador Isidro, Praça Gabriel Soares. Atrás dele vemos o bonde da linha 56 (Alegria).
Conta o Helio Ribeiro que num filme de 1940/41 vê-se que havia um funcionário da Light postado neste local, com a missão específica de acionar o desvio para cada bonde que se aproximava da agulha situada um pouco à frente da mulher de saia preta. Isto porque havia bondes que vinham pela Sete de Setembro e precisavam entrar na avenida Passos, e outros que passavam direto, rumo da rua da Constituição. Para evitar engarrafamentos que ocorreriam caso o bonde tivesse de parar para o condutor mudar a chave do desvio, então aquele funcionário observava qual era a linha do bonde e já sabia para onde ele se dirigiria. Se necessário, mudava a chave antes que ele chegasse ali. Na foto, não se vê o tal funcionário. Talvez porque nessa época todos os bondes se dirigissem sempre para a rua da Constituição, sem dobrar na avenida Passos.
Perto dos bondes a saudosa carrocinha da Kibon, em frente ao prédio de "A Capital" (reparar os postes e os sinais de trânsito). À esquerda, um PM com a antiga farda, que deveria ser um suplício em dias de calor, vigia a faixa de pedestres demarcada com tachões.
 À esquerda aparece um pedaço do monumento a João Caetano, à frente do teatro do mesmo nome.