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sábado, 31 de outubro de 2020

LARGO DO MACHADO


 Antiquíssima e bela foto de Auguste Stahl, feita em 1863, no Largo do Machado.

Ao fundo a igreja neoclássica recentemente construída em uma das principais praças do bairro de Laranjeiras (Largo do Machado), um dos preferidos da burguesia já por volta de 1865. Dois operários estão assentando "pedras portuguesas" na alameda central da praça.

Nos primórdios da cidade, o Largo do Machado era ocupado por uma lagoa, formada pelo Rio Catete, braço menor do Rio Carioca.

Não sei se totalmente verdadeiro, mas contam que um tal Francisco Machado tornou-se dono do largo por volta de 1700. Um neto abriu um açougue (onde é o Cinema São Luiz) e colocou um machado na fachada, daí ou do nome de família vindo o nome do Largo.

Ali, em 1813, foi assassinada D. Gertrudes Angélica, esposa do diretor do Banco do Brasil, Fernando Carneiro Leão, amante da Rainha Carlota Joaquina. Consta que, por ciúmes, a rainha contratou o bandido "Orelha" para praticar o homicídio.

O largo teve várias intervenções que acabaram por transformá-lo num mero calçadão, após a obras do metrô na década de 70.

sexta-feira, 30 de outubro de 2020

LIXO

Quando ainda não havia no Rio de Janeiro serviço de esgoto, era na Praia da Lapa, de preferência, que os escravos costumavam despejar as latrinas da cidade, em barris sem tampa apelidados de "tigres". Por extensão, passaram a ter este apelido os próprios escravos que se incumbiam desse trabalho. A sujeira que escorria dos barris no corpo dos escravos encarregados de despejar a imundície na praia dava origem a doenças de pele. O corpo do negro ficava cheio de listras brancas. Daí o apelido de "Tigre".


 Foto de Malta, de 1922, mostrando a frota de caminhões da Limpeza Pública do Rio de Janeiro. A primeira postura da Câmara Municipal referente à limpeza, data de 1830, e curiosamente versava sobre: "limpeza, desempachamento das ruas e praças, providências contra a divagação de loucos, embriagados e animais ferozes e os que podiam incomodar o público". Estas posturas eram basicamente normativas, isto é, definem proibições e estabelecem sanções quanto ao despejo de lixo nas vias públicas.

Aleixo Gary, francês de origem, inaugurava uma nova era na história da limpeza pública no Rio no final do século XIX. Seu nome foi a origem do termo "gari" para designar os lixeiros.

Em 1904, a prefeitura compra o terreno da Rua Major Ávila, nº 358, na Tijuca, onde se localiza a sede da Comlurb. Em 1906, o serviço de limpeza urbana dispunha de 1084 animais, já insuficientes para a limpeza da cidade que produzia 560 toneladas de lixo. É assim que, a título de experiência, são adquiridos dois auto-caminhões. Seria o início da passagem do uso animal para o uso mecânico na coleta.

Os técnicos especialistas fizeram vários estudos para viabilizar o destino final do lixo. A construção de um grande forno foi motivo de debate nas décadas de 20 a 40, não se chegando a uma conclusão. Na década de 40, o processo mais usado é ainda o vazadouro no mar, nos aterros do Amorim e o do Retiro Saudoso (Caju). 

Os serviços de recolhimento de lixo evoluíram muito no decorrer das décadas. Já na minha época, como podemos ver nestas duas últimas fotos, havia caminhões mais modernos, como este já com um compactador de lixo. Um pouco antes os caminhões eram apenas locais onde o lixo era despejado e saíam em direção aos depósitos de lixo despejando restos pelas ruas, além do chorume. 


As duas últimas fotos mostram ainda o recolhimento de lixo na Lagoa, no final da década de 60. Os lixeiros não eram uniformizados e retiravam o lixo sem proteção alguma. Eram os restos do que era incinerado nos próprios prédios, operação que poluía tremendamente o Meio Ambiente.

quinta-feira, 29 de outubro de 2020

RUA MARQUÊS DE VALENÇA





 Mais uma foto do acervo de Marina Hermanny Freire, neta do construtor.

Era um outro mundo. Muros baixos, entrada aberta, jardins bem cuidados, calçadas de pedra portuguesa impecáveis, rua com calçamento de paralelepípedos, nenhuma grade.

Vemos a Rua Marquês de Valença, na Tijuca, onde na década de 30 foram construídos apartamentos pertencentes à Companhia de Imóveis do Rio de Janeiro.

Um bloco no n° 37, os Apartamentos Rio Negro, outro bloco no n° 27, os Apartamentos Itamaraty.

Ambos em estilo totalmente Art-Déco (até nas letras em "Rio Negro").

quarta-feira, 28 de outubro de 2020

O NOVO SENADO - anos 50

O “Saudades do Rio” já havia feito uma postagem sobre este assunto, mas novos dados foram levantados pelo prezado Carlos Paiva. Podemos ver que o Palácio Monroe já estava na alça de mira dos que queriam demoli-lo faz tempo.

Em 1956 houve um concurso para a construção do novo Senado Federal no terreno do Palácio Monroe, na confluência da Av. Rio Branco, Av. Beira-Mar, Rua Luís de Vasconcelos e Rua do Passeio. O anteprojeto vencedor foi o de Sergio Bernardes, ficando em segundo lugar o de Henrique Mindlin. Com a posse de JK e a decisão de transferir a capital para Brasília, o projeto não foi adiante.

O concurso se desenvolveu com muitas controvérsias, com críticas ao projeto vencedor. Por exemplo, no edital se pedia que o antigo prédio do Monroe não fosse demolido antes do término das obras do novo Senado. O projeto de Bermudes não considerava isto, mas o de Mindlin, sim.

Os Diretórios Acadêmicos de Arquitetura fizeram um manifesto contra o projeto: “Nós, como representantes das Faculdades de Arquitetura e Urbanismo, fomos unânimes em repudiar a realização do concurso. Achamos que a verba (bastante Grande) deveria ser destinada à Nova Capital. Considerando que a Capital Federal deve ser mudada para o Planalto Central, claro está que a construção do Senado no Rio é considerada inconstitucional”.

Conta o Luiz Agner:  "Em 1955 foi realizado um concurso público no Rio de Janeiro, para o projeto da nova sede do Senado Federal. Este seria construído na área da Praça Paris, centro do Rio, local do Palácio Monroe. Período confuso, o Presidente da República ainda era Café Filho, que sucedeu a Getúlio Vargas e precedeu Carlos Luz. Meu pai participou deste concurso junto com outros 16 escritórios de arquitetura". Nas duas primeiras fotos vemos este projeto.”


Nosso amigo Rouen também abordou este assunto no “Arqueologia do Rio”, mostrando o projeto do Sergio Bernardes, como vemos nas duas próximas fotos:

“O projeto é de um edifício de vinte e quatro pavimentos e dois de subsolo interligados por quatro sistemas de comunicação interna. Estão previstos onze elevadores, escadas e rampas, telefones internos e um sistema pneumático. Este sistema pneumático fará todos os trâmites burocráticos dos escritórios, expedindo todos os papeis e documentos. Este conjunto chamado de “Central Pneumática” estará localizado no 24º andar para maior eficiência de seu funcionamento.

O projeto é para um terreno situado no prolongamento da Praça Mahatma Gandhi, limitado pelas avenidas Rio Branco, Beira Mar, Luis de Vasconcellos e Rua do Passeio.
No desenho abaixo podemos ver:

1 – Hotel Serrador.

2 – Ed. Odeon.

3 - Ed. Brasília.

4 – Obelisco no final da Av. Rio Branco.”




Nas duas fotos seguintes vemos mais detalhes do projeto vencedor, de Sergio Bernardes.



O Carlos Paiva nos mandou as fotos a seguir mostrando o projeto de Mindlim:








Finalmente, vemos um desenho que consta na tese sobre Modernismo de Dafne M. Mendonça, que compara os dois projetos.


 Ao final de todo o "imbroglio" nada foi realizado e o Palácio Monroe sobreviveu até meados dos anos 70 quando a sentença de morte veio com o aviso nº 964, de 09/10/1975, onde o General Golbery despachou: "Presentes as alternativas de utilização de que dá notícia o processo, cumpre-me transmitir a V.Exa. recomendações do Excmo. Senhor Presidente da República nos sentido de demolição do prédio e consequente transformação da área em logradouro público".

terça-feira, 27 de outubro de 2020

CORTE DO CANTAGALO

Foto de Malta mostrando as obras de abertura do Corte do Cantagalo, na década de 30, na administração Henrique Dodsworth. Antes de sua abertura o acesso a Copacabana era através dos túneis Velho e Novo, além de pela Ladeira do Lema. A outra opção era o Caminho do Caniço, que exigia atravessar a barco a Lagoa Rodrigo de Freitas a partir do Humaitá, atracar na Praia Funda, ali perto de onde está o Corte do Cantagalo, e vencer o morro pela trilha que cortava a Fazenda do Fialho, pelos lados da atual Rua Gastão Bahiana.

Esta foto é de autoria do prezado Rockrj, membro do S.E.M.P.R.E.

Vemos, num dia tranquilo de 1951, o cruzamento que existia na Lagoa, confluência da Avenida Epitácio Pessoa com a Rua Henrique Dodsworth (Corte do Cantagalo). À direita, nesta época, não havia ainda o Posto Ipiranga. Ao fundo, na Praça Corumbá e o esqueleto daquele prédio que seria um hospital, mas nunca foi concluído e, por tantos anos, enfeiou esta área. 



Em outra foto de 1951, também do Rockrj, vemos a subida do Corte em direção a Copacabana, com os antigos edifícios bem no alto do Corte.  


Nesta foto do acervo do Correio da Manhã vemos que não havia sinal de trânsito neste cruzamento. O tráfego tinha mão e contra-mão na Epitácio Pessoa, veículos que vinham de Ipanema dobravam à direita no Corte ou seguiam em frente em direção ao Humaitá. Veículos que vinham do Humaitá ou dobravam à esquerda no Corte ou seguiam em frente em direção a Ipanema. Veículos que vinham de Copacabana ou dobravam à direita para o Humaitá ou à esquerda para Ipanema. Enfim, era um "salve-se quem puder!"



Esta foto, do livro sobre a Cia. Ipiranga, mostra o Posto Ipiranga, na esquina do Corte do Cantagalo com a Avenida Epitácio Pessoa, inaugurado em 1959. Mais ou menos por esta data fui morar aí nas vizinhanças, num tempo em que o tráfego de automóveis na Lagoa era reduzidíssimo (praticamente nulo após as 20 horas) e que tinha, neste posto, o único estabelecimento comercial, além do Bar Lagoa, em todo o trecho entre o Jardim de Alá e o Corte do Cantagalo. No final da década de 1960, aí abastecia de gasolina e tratava com carinho o meu primeiro fusca. Nesta época, nem todos tínhamos telefone, dada a dificuldade de se obter uma linha. Nem lembro de quantas vezes fui usar o telefone público do posto, daqueles antigos, com ficha telefônica comprada no balcão. Durante muito tempo  este posto Ipiranga distribuiu um exemplar do JB para seus fregueses, uma novidade na época. Era, também, a salvação na volta da praia de Copacabana: como íamos descalços para a praia e a calçada da descida do Corte do Cantagalo para a Lagoa pegava fogo na hora da volta, vínhamos correndo e chegávamos no posto com a sola dos pés queimando, buscando abrigo no "box" de lubrificação. O posto sobreviveu até os anos 90, quando foi demolido para dar lugar a um arranha-céu. O automóvel é um Skoda 1951, modelo 1101

 

Esta foto já é do início dos anos 70, após a duplicação das pistas da Epitácio Pessoa e construção do Viaduto Augusto Frederico Schimidt. À esquerda vemos a antiga Praça Corumbá, ponto final do ônibus 25 (depois 125) - Jacaré - Ipanema. Uma dessas casas que aparece na foto era do Senador Filinto Muller. Outra pertencia a Eva Klabin que ali montou a Fundação Eva Klabin que, desde 1995, está aberta ao público e merece ser visitada.

Foto da revista Manchete, de meados dos anos 70, com o esqueleto do hospital, à esquerda, já demolido. Ali seria construído um dos arranha-céus mais altos da Lagoa. A casa da Fundação Eva Klabin sobreviveu e, à época, também havia uma escola municipal por ali. 

segunda-feira, 26 de outubro de 2020

RUA INGLÊS DE SOUZA

         Fachada da bela mansão na Rua Inglês de Souza, no Jardim Botânico.
                                           Planta do andar térreo.
                                           Planta do segundo andar.
                            Planta do último andar, o "pavimento mirante".


 Mais uma colaboração do prezado Carlos Paiva.

 Vemos hoje uma matéria sobre uma bela casa que existiu até o início deste ano na Rua Inglês de Souza, no Jardim Botânico, projeto do arquiteto Moacyr Fraga, do ano de 1944.

Esta rua começa no Rio Cabeça, 226 metros antes da Rua Lopes Quintas, lado par, e termina 237 metros depois da Rua Lopes Quintas. Já foi conhecida como Rua Aura.

Conta o Carlos que esteve lá recentemente e para surpresa dele a casa tinha sido demolida. No local serão construídas quatro novas casas, no terreno de 2.880 metros quadrados (aparentemente parece ser obra da firma Schipper Engenharia.

 Esta região, relativamente isolada, que se estende paralela à Rua Jardim Botânico, nas fraldas do Morro do Corcovado, tem ainda grandes mansões, muitas casas e pequenos prédios, além de luxuosos condomínios, praticamente ignorados pela maioria dos cariocas. É conhecida como “Alto Jardim Botânico”.

domingo, 25 de outubro de 2020

PRAIA DE BOTAFOGO



A bela enseada de Botafogo em meados do século XX.

Esta região tomou forma na gestão de Pereira Passos, em 1906, com a inauguração da Av. Beira-Mar.

Uma das fotos foi garimpada pelo Nickolas, a outra não sei.