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sábado, 3 de setembro de 2022

quinta-feira, 1 de setembro de 2022

REVOLVER CLUB

O “post” de hoje apresenta fotografias da revista Fon-Fon e do acervo de Afranio Costa, além de textos pesquisados no “Correio da Manhã” e em um artigo de Eduardo Ferreira, que tem um “blog” sobre o assunto.


O Revolver Club foi uma iniciativa do "sportman" Alberto Braga. Foi criado em junho de 1914. Tinha "stands" de tiro na Rua Fonte da Saudade, na Lagoa. Braga não só cedeu o terreno, mas também custeou a construção do estande de tiro. De linhas sóbrias, com apenas oito “boxes”, o primeiro estande de clube construído no Brasil seguiu o modelo europeu, com um piso superior utilizado para observar o andamento da prova sem incomodar os competidores.

Destacavam-se como atiradores o Alberto Braga, Eugenio George, Afranio Costa e o tenente Guilherme Paraense.

O acesso ao clube para as provas matutinas era feito através dos autos-avenidas da linha Largo dos Leões, das 8 às 9 da manhã, de Mauá e que chegam até à porta do "stand", informava o “Correio da Manhã”. Anos depois a indicação era usar o bonde "Jardim Botânico". 

As competições eram disputadas por agremiações como o Tiro Brasileiro do Leme, o Tiro de Nictheroy, Tiro Brasileiro da Pavuna, Tiro Brasileiro de Friburgo, Tiro de Revolver Icarahy e Tiro Vasco da Gama.


As características do estande e do clube foram muito bem descritas por um interessante artigo da época da fundação do clube:

“A situação da sede social, além de aprazível, é apropriada para o tiro, pois a parte final da linha de tiro é fechada por um “para balas” natural. A construção do stand é de estilo moderno, proporcionando aos frequentadores excelente conforto. A linha de tiro, além de optimo aspecto, presta-se perfeitamente ao tiro, pelas obras nellas effectuadas, resultando a máxima segurança e commodidade aos atiradores, durante os exercícios. Nas trincheiras do abrigo estão dispostas, em aperfeiçoados apparelhos, nove alvos que funcionam com rapidez extraordinária, auxiliados pela installação electrica. Há também um alvo a 15 metros para aprendizes, quatro a 25 e igual número a 50 metros, para atiradores classificados.”

Em 1919 foi inaugurado o "stand" de tiro do Fluminense Futebol Clube, local onde no final do século XX fiz meu curso de tiro.


Exemplo de reportagens que saíam com frequência no "Correio da Manhã" sobre as competições de tiro no início dos anos 20.


Em 1920 foi no "stand" do Revolver Club que se realizaram as eliminatórias para as Olimpíadas da Antuérpia, na Bélgica, com destaque para Guilherme Paraense, que acabou por conquistar a primeira medalha de ouro olímpica para o Brasil, na modalidade de pistola rápida. Afranio Costa conseguiu uma medalha de prata. A ida até o local de competição foi uma odisseia, levando quase um mês. Foram na 3ª classe do navio Curvello, desembarcaram em Lisboa e pegaram um trem até a Bélgica.

Ao chegarem em Bruxelas, parte das armas e munição da equipe foram roubadas. Afrânio Costa, Sebastião Wolf, Dario Barbosa, Fernando Soledade e Guilherme Paraense chegaram ao campo de Beverloo, onde estavam concentradas as equipes de tiro esportivo. Os brasileiros tinham apenas 200 munições calibre 38, quando cada atleta precisaria de 75. Com tantas dificuldades durante a viagem, desde más condições de sono, fome, até o furto de seus armamentos, a equipe brasileira de tiro chegou aos jogos de moral baixa e não imaginava a reviravolta que aconteceria. A delegação norte-americana cedeu parte de seu arsenal: 2 mil cartuchos e duas pistolas Colt, feitas especialmente para os competidores americanos usarem nas olimpíadas. Uma atitude de fair-play que dificilmente seria vista nos dias de hoje.

quarta-feira, 31 de agosto de 2022

POSTOS DE SALVAMENTO EM COPACABANA

No início do século XX as praias atlânticas, como a de Copacabana, eram consideradas perigosíssimas. A Imprensa dizia que “não há em país algum civilizado uma praia nas condições de abandono em que se encontra a de Copacabana já que as autoridades não pensaram em proteger os banhistas”. Eram frequentes as notícias nos jornais e revistas sobre os inúmeros afogamentos.


Os próprios moradores criaram o “Barracão da Sociedade de Socorros Balneários” na esquina da Av. Atlântica com a atual Rua Siqueira Campos, que vemos na foto acima. Mais tarde também os moradores criaram a “Associação de Sauvetage de Copacabana”.

Em 1917 o Prefeito Amaro Cavalcanti, sancionou o Decreto 1143 determinando a construção de seis postos de salvamento em trechos demarcados com bandeirinhas e guarnecida por uma embarcação no mar e um poste de observação na areia, onde trabalhariam os “banhistas”. 

Nos anos 50, a localização dos postos era a seguinte:

1 – Rua Aurelino Leal, no Leme.

2 – Lido.

3 – Rua Hilário de Gouveia.

4 – Rua Santa Clara.

5 – Rua Bolivar.

6 – Rua Rainha Elizabeth.


Foto de Malta, do Acervo do MIS. Este precário Posto de Salvamento (Posto de Sauvatage) da Avenida Atlântica, ainda antes da construção da calçada junto à praia, que se deu quando do alargamento de 1919. Mestre Decourt observa que, nesta foto, há curioso defletor na lâmpada superior do poste de luz (seria para proteger as casas da iluminação excessiva?). O salva-vidas, então chamado de "banhista", no topo do seu posto de observação, protegido por uma barraca e com binóculos, vigia os que entram no mar. Uma bóia, com uma corda, além de um pequeno barco, são instrumentos de auxílio ao salva-vidas. 


Foto do acervo do Correio da Manhã, dos anos 30, onde vemos o trecho entre as ruas Figueiredo Magalhães e Siqueira Campos, pois a mansão à direita era a de meu tio, James Darcy, no nº 1 da Rua Figueiredo Magalhães. Foi demolida na década de 50 para a construção do edifício Vésper.

Nesta época, lembram o Professor Pintáfona e o General Miranda: "Íamos pelos bars, pelos cafés, pelos logradouros de Copacabana, de chapéo na mão, a passos lentos, em passeios intermináveis. Não nos faltavam excellentes espectaculos em theatros, em music-halls, com musica, com alegria, com mulheres. Bebiamos pelas compoteiras! No calor, para refrescar, no frio, para aquecer. Vinhos fortes e capitosos, procedentes do Porto e da Madeira; aguardente de canna que malbaratava o figado, causticava o estomago, pondo em petição de miseria todo o systema vascular; cervejas como a Pá e a Dois Machados, da Alemanha; a Guiness e a Porter, da Inglaterra; a Alliança Pal Ale, da Dinamarca; a Norvegian, da Noruega. Bons tempos!"



Foto de Preising mostrando um posto de observação de salva-vidas alguns anos depois. Observar os trajes, elegantíssimos, mesmo para um simples passeio pela calçada da praia. Curiosamente a calçada não é de pedras portuguesas, mas sim de mosaico cerâmico (foi uma das experiências feitas no período das grandes ressacas). 


Nesta foto de 1956 vemos um Posto de Salvamento, provavelmente o de nº 4, que ficava na altura da Rua Santa Clara. No térreo do prédio havia um pequeno bar que só vendia cachorro-quente e guaraná Antarctica. Num tempo em que quase ninguém levava relógio para a praia, todos nos informávamos pelos relógios afixados nos postos. 

Por esta época, o "Brasil Revista" assim descrevia Copacabana: "Olhemos, de relance, a grandiosa Copacabana. Vemos, defronte, o oceano aberto, sem fim, e as ondas se quebrando na praia, que é branca como um floco de algodão da mata. Vemos, nos dias de bom tempo, os seus passeios e as suas pequenas dunas, cheios de uma multidão arisca, que se agita, que palreia, que se diverte, que troca amabilidades e namoros. 

E, à noite, essas formigas humanas, ao contrário dos verdadeiros himenópteros, nada querem com o trabalho e procuram, como as cigarras, o prazer, o bulício, o zig-zag dos passeios, à luz dos candelabros que, como um colar de pérolas monstro, enfeitam o dorso nu da praia imensa. Abrem-se as "boites". As orquestras ciganas, os violinos, os stradivarius, ao pizicato das suas músicas venenosas e tentadoras, convidam os que se desejam ao enleio, ao enlaçamento dos tangos, das rumbas, das congas e também do nosso samba de morro. Este, todavia, ao som do pandeiro, das cuícas, dos crachás. A vida noturna de Copacabana é um remoinho, mas, às vezes, uma aventura suave e deliciosa, que dá vontade de se experimentar, ao menos uma noite apenas".


O antigo Posto 6 em colorização do Conde de Lido. Curiosamente hoje em dia é um dos postos que não existe mais, embora a região ainda seja identificada com Posto 6.

terça-feira, 30 de agosto de 2022

AGÊNCIA DE AUTOMÓVEIS


Recebi esta foto de obiscoitomolhado com o seguinte texto: “Conheci a Agência Hugo na Rua Mariz e Barros nº 774-A, telefone 48-7454, uns dez anos depois desta foto. Havia uma Hugo na Rua São Francisco Xavier, mas não era de esquina. Nela ficava um magnífico Impala 2 portas, branco, 1963.”

Apurei que a foto é do início da década de 50. A Agência Hugo de Automóveis foi fundada em 1950. Durante esta década tinha programas radiofônicos na Rádio JB aos domingos das 7:00 às 7:30 horas e aos sábados no intervalo entre o 1º e 2º páreos do Hipódromo da Gávea.

Nos anos 60 a diretoria da empresa era composta por Paulo Hugo Pereira, Amadeu Borda e José Pinhão.

Os jornais da época dão conta de outros endereços da Agência Hugo de Automóveis como Rua Senador Furtado nº 129 e Rua Pontes Correa nº 39. E também uma revenda de caminhões FNM em Nova Iguaçu, na Rua Professor Paris nº 4.


A Agência Hugo de Automóveis se destacava como uma das mais vendedoras de automóveis Willys na década de 60.


 Anúncio da Agência Hugo como revendedor Ford.

segunda-feira, 29 de agosto de 2022

CASAS DE SAÚDE HÁ 100 ANOS

Na década de 20 do século passado havia uma grande discussão sobre a necessidade de construção de cinco grandes hospitais no Rio de Janeiro, devido à carência de leitos. Entre eles estavam o Gaffrée & Guinle e o Hospital do Câncer.

Em 1926 foi criada a Assistência Hospitalar para a gestão dos hospitais São Francisco de Assis e Pedro II, bem como a fiscalização dos demais estabelecimentos hospitalares da capital.

A década também foi marcada pelo surgimento de diversos hospitais vinculados às sociedades beneficentes como o Hospital Evangélico, Beneficência Espanhola, Hospital Albert Sabin e Amparo Feminino.

Na época havia muitas casas de saúde particulares espalhadas pelos bairros. Vemos algumas na postagem de hoje. 


Sanatório São Geraldo, localizado na Rua Marquês de Abrantes nº 192, onde hoje estão os edifícios Fizzi e Contini. 

Neste prédio da foto já estiveram o Solar do Barão de Cotegipe, a Casa de Saúde Dr. Jayme Poggi e o Sanatório São Geraldo.

Neste último, começou o Serviço de Ortopedia do IAPC (Instituto de Aposentadoria e Pensão dos Comerciários), com apenas 2 leitos, sob os cuidados do Dr. Arcelino Bittar. O IAPC, havia sido criado em 1934, destinado a assistir os empregados no comércio e atividades afins (o IAPC desapareceu em 1966, quando a Lei 3807 reuniu os seis institutos de Aposentadorias e Pensões no Instituto Nacional da Previdência Social - INPS). 

O primeiro hospital do IAPC foi o Hospital N.S. das Vitórias, na Rua Voluntários da Pátria.  As especialidades cirúrgicas, com exceção da Ortopedia, foram transferidas para o Hospital dos Acidentados (atual Hospital da Lagoa), onde foram contratados 100 leitos. Mais tarde, com a inauguração do Hospital de Ipanema no final da década de 1950, o IAPC transferiu as suas clínicas cirúrgicas para o Hospital de Ipanema, quando o Serviço de Ortopedia tinha, então, 95 leitos.



Casa de Saúde Francisco Guimarães, que ficava na Rua Aristides Lobo nº 115, no Rio Comprido. Anteriormente funcionava no local a Casa de Saúde São Raphael.

O Dr. Francisco Guimarães oferecia à ABI - Associação Brasileira de Imprensa, um leito grátis, inclusive os gastos de tratamento, aos jornalistas sócios da ABI.

Casa de Saúde Oliveira Motta em 1927. Ficava na Rua do Riachuelo nº 161  e foi inaugurada em 1924. Atendia pacientes de Cirurgia Geral e Obstetrícia. Tinha como diretores os médicos Oliveira Motta e Leonidio Ribeiro Filho. A parte de cirurgia era de responsabilidade dos doutores Ernani Alves, João Tolomei e Mario Kroeff, e o Dr. Duque Estrada dirigia o setor de Raios X. A diretora era a Sra. Ester Azevedo.


Vemos o aspecto de um dos quartos da Casa de Saúde Oliveira Motta.

As instalações cirúrgicas e os aparelhos técnicos foram encomendados da Alemanha, sendo que a iluminação da sala de operações era feita pelo novo sistema de “lâmpadas scyaliticas”, que é pela primeira vez instalado no Rio de Janeiro.

A característica fundamental dessas lâmpadas cirúrgicas é não gerar sombra, neutralizando a sombra do obstáculo interposto entre a fonte luminosa e o campo cirúrgico. Têm a capacidade de gerar uma iluminação de profundidade e são projetadas para prevenir o aumento da temperatura na área cirúrgica.