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sábado, 27 de maio de 2017

DO FUNDO DO BAÚ: FOTOLOGS




Hoje é sábado, dia da série “DO FUNDO DO BAÚ”.
 
E de lá saem estas lembranças dos tempos áureos dos “fotologs”.
 
Eram tantos e todos faziam muito sucesso como o “Espaço Livre” - do Candeias”, “Rio de Fotos” - do Derani, “História do Rádio” – do Jaime Moraes, “Ilha” – do Álvaro Botelho, “Rio para Sempre” – do Augusto, “Rio de Outros Janeiros” – do P. Gomes, “Saudosismo” – do Marcos Valente, “Arqueologia do Rio” – do Rouen, “Carioca da Gema” – do Tumminelli, “Voando para o Rio” – do JBAN, “Foi um Rio que Passou” – do Decourt, “Zona Norte” – do Antolog, “Antiquus” – do Mauricio Lobo, “Coisa Lúdica” – da Milu, “Saudades do Rio – O Clone” – do AD, “Rio Hoje” – do Rafael Netto, “O Pharol” – do Derani, “Professor Pintáfona”, do Professor Pintáfona, “Outstanding” – do Conde di Lido, “Ontem e Hoje”, do saudoso Richard, o “Mapas” – do Celso, o “Saudades do Rio”, que continua ainda por aqui.
 
E havia os vários do Lavra que eram todos deletados de tempos em tempos e que tinham cópia das cópias, o do Marcio Bouhid, cujo nome alguém há de lembrar.  Além de tantos outros que serão lembrados, como o do FlavioM.
 
Foram criados inúmeros personagens que fizeram sucesso, alguns se suicidaram e outros desapareceram. Quem não se lembra do Professor Pintáfona, da Mme. Simmons, do JRO, do Tertuliano Delacroix, do General Miranda e seu irmão Eleutério, da Karina (a comunista de carteirinha) e suas brigas com o AG, do Manitu, do Frei Henrique Boaventura, tinturista Tutu La Minelli, da Dra. Psicóloga, da Creuza, do Manitu, do Álvaro (mordomo do Pintáfona), do Bispo Rolleiflex, do Waldenir e seu crachá, do Tijucano Empedernido, da Giseli Loira, da “troupe” d´O Pharol?
 
E das histórias da PEJ (Praça Eugenio Jardim), da empena-cega, do parafuso de Arquimedes, das lâmpadas Thompson, das “park-ways”, do Veedol, Hemo-Kola e Ludaol, do Vittorio, da Demolidora Serqueira, do salão “Fleur de la Passion”, da Anta Copacabanensis, da Fortaleza Mont de la Veuve, do Bode Velho, da CMI  - Clínica de Mamoterapia de Itaipava?
 
O curioso é que a maioria absoluta dos autores dos “fotologs” se conheceu pela Internet (impossível citar todos por aqui). Em 2005 foi criada a sigla “FRA” – Fotologs do Rio Antigo. Pouco tempo depois do início começaram a se reunir, inicialmente muito poucos, e criaram o S.E.M.P.R.E – Sociedade Edificante Multicultural dos Prazeres e Rituais Etílicos – com encontros na sede campestre no Alto da Boa Vista, palco de almoços memoráveis oferecidos por Lord Zé e Tia Lu. Ou no PUB do S.E.M.P.R.E., no Leblon, em noitadas sensacionais.
 
Na história também ficaram um chope no Degrau para a entrega dos prêmios do Concurso Sherlock Holmes, com direito a diplomas confeccionados pelo Conde di Lido. Cerca de 40 comentaristas prestigiaram o evento. E também a aventura no Alcazar (com a queda do ventilador de teto), no Garota da Urca, no Lagoa, no Belmonte. E a exposição do Tutu e do Andre no Forte de Copacabana.
 
Os “FRA – Fotologs do Rio Antigo” foram objeto de tese de mestrado do Alberto Goyena: “Rituais urbanos de despedida: reflexões sobre procedimentos de demolição e práticas de colecionamento”.  E motivo de extensas reportagens no SBT, VEJA, O Globo e Estado de São Paulo (Estadão).
 
Além dos bons encontros tivemos oportunidade de aprender muito sobre o Rio, divulgar a história do Rio antigo sob o olhar de quem viveu esta história, proporcionar impressionantes encontros inesperados por meio das histórias contadas e fazer bons amigos.
 
Bons tempos!
 
PS: as omissões, todas involuntárias, serão lembradas pelos comentaristas.

sexta-feira, 26 de maio de 2017

TEATRO LYRICO





As fotos de hoje mostram o Teatro Lyrico, que apareceu ao fundo de uma das fotos de ontem. Ficava no entroncamento das ruas Senador Dantas e Barão de São Gonçalo (atual Almirante Barroso). Alguns textos dão o endereço como sendo na Rua da Guarda Velha (atual 13 de Maio) nº 10. Outros dão como sendo no nº 56.
 
Construído em meados do século XIX como Circo Olympico (1857), por despacho imperial de 1875, o Theatro D. Pedro II passou a chamar-se Theatro Imperial D. Pedro II até 1890. Nesse ano, em 25 de abril, passa  a chamar-se Lyrico, nome pelo qual se tornou mais conhecido. Alguns autores dão como 1904 o ano do início das atividades do Teatro Lyrico, mas acredito que este deva ter sido o ano de alguma reforma. Foi demolido em 1934.
 
Curiosamente o historiador Luiz Edmundo descreve o teatro como "o melhor teatro da cidade é o Lyrico, uma ruína dourada, mostrando uma reles entradinha de ladrilhos, cercada de espelhos muito velhos, muito sujos, muito enodoados e uns porteiros de apresentação grotesca..."
 
Era o melhor da cidade do Rio de Janeiro antes da construção do Teatro Municipal.
 
Alguns dados sobre o teatro:
Lotação: contava com 1400 cadeiras de plateia e com diversas ordens de camarotes: 42 camarotes de 1ª com 5 cadeiras; 42 camarotes de 2ª com 5 cadeiras; 2 camarotes de 3ª com 5 cadeiras; 252 galerias, 168 “fauteuils” de varandas, além da Tribuna Imperial. Isto dava um total de 2500 lugares.
 
Neste teatro se apresentaram, entre outros, Tamagno, Caruso, Sarah Bernhardt, Toscanini (que pela primeira vez regeu uma orquestra em sua vida), Mistinguette e Maurice Chevalier.
 
Nota: o mapa acima mostrado foi garimpado pelo Derani e é de 1915.

quinta-feira, 25 de maio de 2017

CENTRO




Hoje temos esta belíssima foto panorâmica enviada pelo Helio Ribeiro, a quem o “Saudades do Rio” agradece. Esta foto, com uma qualidade baixíssima, foi postada há mais de 10 anos no “Saudades do Rio”. Vale muito a pena vê-la com esta qualidade de hoje e com a possibilidade de apresentá-la em dois detalhes adicionais.
 
Vemos as imediações do Teatro Municipal com o reboque 1467 indo pela Rua Treze de Maio. À esquerda (e na foto mais abaixo, em detalhe) vemos a Igreja Anglicana, que foi levantada pela colônia inglesa do Rio, no século XIX, sendo a primeira deste culto na América do Sul. Lá longe o Convento de Santo Antonio.

A pedra fundamental da capela dos ingleses foi lançada em 1819, na entrada da Rua dos Barbonos (atual Rua Evaristo da Veiga), no pátio da casa que foi do Bispo José Joaquim Justiniano de Mascarenhas Castello Branco.

A construção deste primeiro templo protestante no Rio deve-se, conforme conta Dunlop, à permissão contida no Tratado de Amizade e Comércio, que no art. 12 preceituava:

"Sua Alteza Real o Príncipe Regente de Portugal declara e se obriga no seu próprio nome e no de seus herdeiros e sucessores a que os vassalos de Sua Majestade Britânica, residentes nos seus Territórios e Domínios, não serão perturbados, inquietados, perseguidos ou molestados por causa de sua Religião, mas antes terão perfeita liberdade de consciência e licença para assistirem e celebrarem o serviço divino em honra do Todo Poderoso Deus, quer seja dentro de suas casas particulares, quer nas particulares Igrejas e Capelas que Sua Alteza Real agora e para sempre graciosamente lhes concede a permissão de edificarem e manterem dentro de seus domínios e conquista, contanto que as sobreditas capelas sejam construídas de tal maneira que exteriormente se assemelhem a casas de habitação e também que o uso de sinos não lhes seja permitido".
 
O Gustavo lembra que, no bojo deste acordo, foi construído o Cemitério dos Ingleses na Gamboa. O paradoxo deste acordo é que ainda vigorava a Inquisição em Portugal, que só foi abolida em 1821. A proibição dos sinos provavelmente foi por pressão dos bispos católicos. Antes da construção do Cemitério dos Ingleses nenhum protestante poderia ter ser corpo enterrado em campo santo.

A capela foi remodelada no final do século XIX segundo planos do arquiteto Jannuzzi.

Na década de
1940 a igreja mudou-se para uma magnífica propriedade na Rua Real Grandeza, em Botafogo, sucumbindo à construção de arranha-céus no Centro.
 
Na foto em detalhe da Rua 13 de Maio podemos observar o reboque 1467 e um carro-pipa aparentemente enguiçado. E o famoso hábito do carioca de caminhar no meio da rua.
 
Segundo o Decourt, esta é a 13 de Maio de Pereira Passos, já com o seu primeiro alargamento. A via ganharia seu PA atual com o Plano Agache que praticamente duplicou a largura da via, à época vital na ligação Zona Sul-Centro pelo sistema de bondes. Vemos também os dois tipos de iluminação usadas na cidade em uma época de transição do sistema, com um poste em estilo NY com uma lâmpada de arco voltáico e um poste em estilo francês de tamanho médio com 3 combustores.
Ao fundo vemos o Teatro Lyrico.
 



 
 
 

quarta-feira, 24 de maio de 2017

LAPA


Mais um fotograma capturado pelo Raul F. de Souza: a fascinante paisagem urbana da velha Lapa, no filme L'Homme de Rio, produção francesa de 1964.
 
Vemos a perspectiva dos Arcos a partir do início da Rua dos Arcos, quase em frente à fachada da Fundição Progresso. Todos estes sobrados foram postos abaixo para dar lugar à grande e desértica praça dos nossos dias.
 
Uma curiosidade: a foto publicada em http://saudadesdoriodoluizd.blogspot.com.br/2017/05/padarias-de-botafogo.html e que deixou dúvidas como sendo em Botafogo, na verdade era na Lapa e aparece bem em frente ao arco maior: esquina de Evaristo da Veiga com Visconde de Maranguape.

terça-feira, 23 de maio de 2017

HUMAITÁ


Hoje temos duas fotos da região do Humaitá, ambas já publicadas no “Saudades do Rio”, mas que merecem ser revistas. A primeira, enviada pelo Helio Ribeiro, é idêntica a uma anterior enviada pelo semi-desaparecido Menezes, mas tem uma resolução melhor. A segunda é de Aristogiton Malta.
 
A primeira, de 1959, mostra, à esquerda, toda de branco, provavelmente uma enfermeira da Casa de Saúde São José, e uma carrocinha que vendia frutas, na calçada em frente ao anúncio que indicava "Viva São João, beba Coca-Cola". Junto ao meio-fio, já na rua, um "burro sem rabo" e, logo após o poste, um automóvel estacionado com duas rodas sobre a calçada. Mais acima o logotipo do Posto Esso que sobreviveu até o século XXI e que foi demolido e o terreno incorporado à vizinha Casa de Saúde, mas que ainda permanece vazio. Este Posto Esso, na esquina da Rua Macedo Sobrinho, era um grande “quebra-galho” para os vizinhos e tinha um pão semi-pronto que era uma maravilha.
 
O bonde, com reboque, passa em frente ao imóvel onde funcionou, anos depois, o “Oba-Oba”, aquela casa de samba do Sargentelli, e depois o “Ballroom”. Antes havia uma churrascaria. O prédio onde funciona hoje uma pizzaria, na outra esquina da Rua Viúva Lacerda, aparentemente estava em remodelação. A seguir, o quartel do Corpo de Bombeiros que está lá até hoje.
 
Este trecho de rua faria parte da Avenida Humaitá-Glória, que nunca foi concluída.
 
Nesta época e até os primeiros anos da década de 60, tanto a Rua São Clemente como a Rua Voluntários da Pátria tinham mão dupla, o que explica o cruzamento na parte de baixo da foto.
 
A segunda foto é de 1940 e o fotógrafo está em sentido inverso da foto anterior. O Posto Esso já estava lá. Um bonde está fazendo a volta no "rodo" da Rua Macedo Sobrinho, em frente ao Corpo de Bombeiros, voltando para o Centro da Cidade. Outro bonde, o “Gávea”, está vindo da Rua São Clemente.

segunda-feira, 22 de maio de 2017

MUSEU HISTÓRICO NACIONAL


Este fotograma, extraído do filme L'Homme de Rio (1964) pelo Raul F. de Souza, mostra o prédio do Museu Histórico Nacional em seu aspecto neocolonial conferidos pelas reformas de 1922 e posteriormente revertidos em parte ao original. A seu lado um pedacinho do prédio do Ministério da Agricultura, demolido em meados dos anos 1970.
Como já contou o Decourt, o prédio do Museu Histórico Nacional, situado na antiga Casa do Trem do Arsenal de Guerra, é mais um dos projetos do homem que deu à cidade importantes marcos coloniais, o Gov. Gomes Freire, o Conde de Bobadela.
Em 1762, o Conde de Bobadela mandou erigir a Casa do Trem, ao lado do Forte e Santiago, destinada à guarda dos armamentos (trem de artilharia) das novas tropas enviadas por Portugal para reforçar a defesa da cidade, ameaçada por corsários m busca do ouro vindo das Minas Gerais.
 
Com a elevação do Rio de Janeiro à condição de capital do Estado do Brasil, foi construído, em 1764, junto à Casa do Trem, o Arsenal de Guerra, destinado ao reparo de armas e fabricação munições. A chegada da família real, a Independência e o estabelecimento do Império transformaram o conjunto da casa do Trem e do Arsenal de Guerra num grande centro produção e guarda de armas e munições para o Exército Brasileiro.
O prédio manteve seu uso bélico até o início do século XX, sendo completamente reformado e modificado para feições neocoloniais, tendo partes demolidas, principalmente na parte do Arsenal e ganhando um acréscimo de uma grande torre nas ruínas do Forte do Calabouço. Tudo para o velho prédio se transformar no Pavilhão das Grandes Indústrias da Exposição de 1922. Curiosamente dentro do pavilhão o núcleo do MHN foi criado em duas salas e, com o passar dos anos, foi ocupando todo o complexo.
Na foto o prédio ainda está com as características das deformações sofridas na reforma neocolonial. Nos anos 70 praticamente todos os excessos foram retirados e a fachada prospectada, tendo vários dos elementos coloniais originais surgido e podendo ser restaurados.