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sábado, 18 de junho de 2022

ILHA DE BOM JESUS

 Eis os mapas da região da Ilha do Bom Jesus enviados pelo obiscoitomolhado, a quem o “Saudades do Rio” agradece.

Esta ilha do interior da Baia de Guanabara se juntou a outras sete ilhas vizinhas, por meio de um aterro entre 1949 e 1952, formando a atual Ilha do Fundão.

Conforme já comentado no “post” de 16/06/2022, em 2014 a região da antiga ilha recebeu o primeiro Centro de Pesquisas Global na América Latina da General Electric.

A Ilha do Fundão surgiu a partir da integração de um arquipélago formado por oito ilhas: Baiacu, Bom Jesus, Cabras, Catalão, Fundão, Pindaí do Ferreira, Pindaí do França e Sapucaia, com objetivo de abrigar a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).


Em página triste de nossa História, a Ilha de Bom Jesus, entre o final do século XVIII e início do século XIX recebeu milhares de escravizados africanos que desembarcavam no Rio de Janeiro oriundos do tráfico transatlântico que fossem vitimados por alguma doença infecciosa durante o trajeto. Depois do período de isolamento para tratamento, os que se recuperavam eram enviados para exposição e venda nos mercados de escravizados, principalmente na região do Valongo. Os que não resistiam e vinham a óbito eram sepultados no Cemitério dos Pretos Novos, na região do Valongo.

As duas últimas fotos, publicadas no “Ilha Notícias”, mostram a Igreja do Bom Jesus da Coluna. Edificada em 1705, o local guarda mais de 300 anos de história. A igreja fica em uma vila militar na Ilha do Bom Jesus, junto a Ilha do Fundão, sendo permitido o acesso a civis mediante identificação na guarita.




sexta-feira, 17 de junho de 2022

quinta-feira, 16 de junho de 2022

ASILO DOS INVÁLIDOS DA PÁTRIA


Imagem garimpada pelo Atila Franco. Inauguração do Asylo dos Inválidos da Pátria, na Ilha do Bom Jesus, em 29 de julho de 1868.

Inicialmente havia neste local um convento edificado pela Ordem dos Franciscanos. Mais tarde ali funcionou um hospital que, em 1868, por conta da Guerra do Paraguai, foi transformado no Asilo para os Inválidos da Pátria. Consta que funcionou como asilo até 1976.

Marcelo Augusto Moraes Gomes defendeu uma interessante tese sobre o Asilo, que pode ser vista em:

https://www.if.ufrj.br/~coelho/TESE_Gomes_Marcelo_Augusto_Moraes_V1.pdf

Nela ele relata que "Em 1868, foi inaugurado na Ilha do Bom Jesus, na Baía da Guanabara, o Asilo dos Inválidos da Pátria, espaço reservado, em um primeiro momento, e segundo as justificativas explícitas e utilizadas, para garantir unicamente, por mera filantropia, o sustento de numeroso contingente de veteranos da “Guerra do Paraguai”, oriundo do Exército em operações.

(...)

Percepção vulgar sobre o asilo, é que ele foi construído pelos resultados de uma subscrição pública, promovida em todo o Império e executada pelos comerciantes do Rio de Janeiro, membros da antiga Praça do Comércio, depois Associação Comercial do Rio de Janeiro. No entanto, segundo as investigações nos arquivos, desvendou-se que ele foi edificado pelos esforços pessoais de D. Pedro II, coadjuvado por alguns de seus ministros, mormente os que ocuparam o Ministério da Guerra, entre 1865 e 1868."

Foto do Correio da Manhã. Encontrei o comentário abaixo na Internet, mas não consigo lembrar a fonte. Mas é interessante notar o que ele descreve:

"No dia 04 de janeiro de 2012, o Prefeito da Cidade do Rio sancionou a lei municipal (nº 5.360), aprovada pela maioria dos vereadores da CMRJ. A referida lei o autoriza doar à General Electric (GE), por concessão de 50 anos (prorrogáveis por + 50), ou seja, por 100 anos, vários hectares de terras públicas (47 mil m²), num magnífico pontal encravado na Ilha do Fundão (Cidade Universitária da UFRJ) – na chamada Ilha de Bom Jesus.

Acontece, que aquele magnífico pedaço de terras públicas, preservado pelos, e para, os brasileiros, foi destinado, por lei, pelo então Presidente Getúlio Vargas, ao Asilo dos Inválidos da Pátria, conforme dispõe o art.1º, I do Decreto-lei 7.563/45, lugar onde os ex-combatentes, que lutaram em nome do Brasil, se instalaram para passar os seus últimos dias, em reconhecimento pelos relevantes serviços prestados à Nação.

Mais tarde, o Presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira, pelo Decreto nº 47.535/59 (link), reforçou essa destinação específica da Ilha, inicialmente prevista por Getúlio Vargas, aumentando a área para os 240 mil m² da Ilha.

Portanto, essa área da Ilha do Fundão – a Ilha de Bom Jesus – não é um espaço de terras públicas qualquer: ela, a Ilha, está destinada, por norma federal, (afetada, como se diz em direito público) a um fim específico – a de ser o Asilo dos Inválidos da Pátria, mesmo que esses bravos e honrados brasileiros, que lutaram pela Democracia, já não mais existam, fisicamente.  Mas, certamente, devem existir, ainda, na memória do País. Ou não?"


Foto do Correio da Manhã. Continua o artigo: "Enterrar a memória dos Inválidos da Pátria sob o cimento de um prédio da General Electric, e de outras multinacionais, além de soterrar a memória nacional, é ignorar a destinação normativa, dada àquela magnífica área de terras públicas, feito pelos Presidentes Getúlio e Juscelino."

Pelo que li acho que o terreno ficou mesmo com a GE.

quarta-feira, 15 de junho de 2022

PRÍNCIPES INGLESES NO RIO - 1931


Foto de “O Cruzeiro”. No final de março de 1931 o Rio de Janeiro recebeu a visita do Príncipe de Gales, Edward, herdeiro da Coroa Britânica, e de seu irmão, George, o Duque de York, segundo na linha sucessória. Foram prestadas as honras militares devidas, por uma divisão composta de cerca de 10 mil homens. O local desta foto é o porto de Santos.


Foi a primeira vez que o Rio recebeu o herdeiro do mais poderoso império do mundo. Chegaram ao Rio a bordo do navio “Alcantara”, às 10 horas da manhã de um dia lindo. O trecho entre a Praça Mauá e o Palácio Guanabara estava repleto de povo. 


Fotograma da chegada. 
Os príncipes foram recebidos por Getulio Vargas. No primeiro automóvel estavam o Príncipe de Gales, Getulio Vargas, o general Tasso Fragoso e o capitão de mar e guerra Raul Tavares. No segundo automóvel seguiu o Duque de York, George (que acabaria por se tornar Rei da Inglaterra quando seu irmão abdicou do trono para se casar com Wallis Simpson).

Fotografia de Guilherme Santos/IMS. O trajeto foi acompanhado por Guarda de Honra formada pelos “Dragões da Independência” e por uma multidão de cariocas.


Foram quase três dias no Rio com inúmeros compromissos. A foto, de "O Cruzeiro" mostra os príncipes no Palácio Guanabara, onde almoçaram com o Corpo Diplomático. Também foram a uma visita ao Palácio do Catete. Em outra ocasião jogaram golfe no Gávea Golf, em São Conrado. O Duque de York por duas vezes tomou banho de mar no Arpoador. Numa  houve ainda um banquete no Palácio do Itamaraty.

Este banquete foi retribuído pelos príncipes, no dia seguinte, no Palácio Guanabara, com o seguinte cardápio:

Perles Grises de Beluga sur Roche, Blinis de Serasin – Madriléne Riche en Tasse – Dodine de Langouste Empire – Jambon de Prague au Champagne en surprise – Points d´Asperges Dame Blanche – Poulardino de Houdan His Royal Majesty – Coeur de Palmir Côte d´Azur – Corbeille d´Alsace Perigourdine – Pires Glacés Brésilienne -Gourmandises.

Em "Nictheroy" a nobreza se confraternizou com a colonia inglesa, durante visita ao Rio Cricket Athletic Association, então presidido pelo bisavô do nosso prezado GMA. O Fluminense Futebol Clube ofereceu ao príncipe Edward o título de Presidente de Honra.


O jornal "A Manha", do Barão de Itararé, em sua edição de 27 de março de 1931, tem extensa reportagem, hilária, sobre o suposto acompanhamento dos príncipes na viagem de Santos ao Rio de Janeiro próprio Barão. Pena que não está legível.

"A Manha" assim se apresentava em sua primeira página:

"A MANHA"

Órgão de ataques... de riso. 

Publica-se às sextas-feiras. 

EXPEDIENTE:não tem. Jornal sério não vive de expediente. Em todo caso cobra as assignaturas à razão de 10$000 por anno. 

N.B. - O nosso jornal não tem cobrador para as assignaturas. O leitor intelligente percebe logo que as mesmas são pagas adeantadamente. 

Toda a correspondencia, inclusive valores, deve ser enviada ao nosso querido diretor. Praça Floriano, 5º andar, sala 48.


terça-feira, 14 de junho de 2022

TEATRO FOLLIES


Em meados do século XX eram comuns os teatros de bolso pela Zona Sul. Um deles, pouco conhecido, foi o Teatro Follies, que ficava no térreo e subsolo do Edifício Safira, na Av. N.S. de Copacabana nº 1246, ao lado da Confeitaria Milka (famosa pelo banana split e pela “vaca preta”) e em frente à Galeria Alasca, no Posto 6. O telefone para reservas era o 27-8216.

Foi construído por Juan Daniel, pai do Daniel Filho. A primeira a se apresentar neste teatro foi a dançarina Luz del Fuego, que chocou a sociedade carioca nos anos 50.

Grandes nomes se apresentaram neste teatro como, em 1955, Silvia Telles aqui ali cantou a música “Amendoim Torradinho”, de Augusto Garcez e Ciro de Sousa, gravada naquele mesmo ano, na peça "Gente bem e champanhota", com Colé, Isa Rodrigues e Marina Marcel.

Nesta casa de shows também tínhamos a presença de artistas do teatro de revista e da televisão como Renata Fronzi, Jô Soares, Dercy Gonçalves, Dorinha Duval, Daniel Filho, Augusto Vanucci, Sonia Mamede, Mara Rúbia, Brigitte Blair, Virgínia Lane, Carmem Verônica, Zélia Hoffman, Agildo Ribeiro, Sonia Mamede, Consuelo Leandro, Walter d´Ávila e Eloína foram alguns artistas que passaram pelo "Teatro Follies”.

No Teatro Follies se apresentou um travesti francês chamado Ivaná, que imitava com perfeição artistas da época como Marilyn Monroe, Gina Lollobrigida, Brigitte Bardot, Sophia Loren.

Foi neste teatro que em 1957 estrearam as Irmãs Marinho. Na década seguinte o teatro já não existia. No final dos anos 50 o “Teatro Follies” encerrou suas atividades por uma ação na Justiça por parte do condomínio do “Edifício Safira”. O caso acabou no STF que deu provimento ao pedido do condomínio já que “verificou-se a afluência para o posto de desocupados, cuja algazarra prejudicava o sossego dos moradores.”


Em janeiro de 1950 no Teatro Follies estreava a revista "Ele vem aí", de Mary Daniel e Floriano Faissal. O teatro tinha 300 poltronas, ar refrigerado, palco pequeno, mas maior que o do Teatro Jardel. Com uma orquestra de doze figuras, o maestro Cesar Siqueira conduz a música com habilidade, não encobrindo a voz dos atores. Participaram desta peça Carlos Tovar, Juan Daniel, Zaquia Jorge, Mesquitinha e, segundo os jornais, "um cômico de futuro" chamado Ankyto. 


PS: outro teatro de bolso na Av. N.S. de Copacabana foi visto em https://saudadesdoriodoluizd.blogspot.com/2021/05/teatrinho-jardel.html


segunda-feira, 13 de junho de 2022

SÃO JANUÁRIO


O bonde São Januário em foto colorizada pelo Nickolas. Este bonde foi tema de música de Wilson Batista:

“Quem trabalha é que tem razão
Eu digo e não tenho medo de errar
Quem trabalha é que tem razão
Eu digo e não tenho medo de errar

O bonde São Januário
Leva mais um operário
Sou eu que vou trabalhar

O bonde São Januário
Leva mais um operário
Sou eu que vou trabalhar

Antigamente eu não tinha juízo
Mas resolvi garantir meu futuro
Vejam vocês
Sou feliz vivo muito bem
A boemia não dá camisa ninguém, é
Vivo bem. Muito bem


Dia de bonde lotado. Foto de Genevieve Naylor.  Provavelmente havia alguma greve de outros transportes. O trajeto do bonde 53, nos anos 50, era Largo de São Francisco - Andradas – Presidente Vargas (lado ímpar) - Francisco Bicalho - Francisco Eugênio - São Cristóvão - Fonseca Teles - São Luís Gonzaga - São Januário - Teixeira Junior - General Almério de Moura - Coronel Cabrita - Praça Argentina.


Bonde São Januário, linha 53, nº de ordem 1973. O engarrafamento era gigantesco. o caminhão é um Chevrolet Gigante, que foi fabricado até 1946 e antecedeu o modelo que se tornou conhecido como "Boca de Sapo". A foto mostra o caminhão já carregado saindo para as entregas.

Esta fotografia, do acervo da Biblioteca Pública do Estado do Rio de Janeiro, mostra uma corrida de rua ao lado do Estádio de São Januário, do Vasco da Gama, em meados do século XX. Muitos dos presentes certamente usaram o bonde 53 para o transporte até o local.


Foto do “Vasco Memória”. Este estádio, construído em menos de 11 meses (a pedra fundamental foi lançada em 6 de junho de 1926), foi inaugurado em 21 de abril de 1927, com um jogo cujo resultado foi Vasco 3 x 5 Santos, e era o maior do Rio de Janeiro até a construção do Maracanã. 

Foi um notável esforço dos sócios e torcedores do Vasco da Gama que se uniram para conseguir os recursos necessários para a construção.