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sábado, 23 de dezembro de 2023

PRÁ NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DE NATAL

Todo ano tem Natal em dezembro! E todo ano o “Saudades do Rio” repete um texto para “comemorar” a data. Pelo menos teremos algumas fotos, não todas, inéditas neste espaço.

A árvore na Lagoa saiu da lagoa e foi para o Lagoon. Menos mal. 

Quantos de vocês sobreviveram às famigeradas "caixinhas" e "livros de ouro": do porteiro, do faxineiro, do lavador de carros, do frentista, do manobrista do estacionamento, do atendente do bar, do jornaleiro, do entregador de jornal, do entregador de revista, do carteiro, do lixeiro, do atendente do vestiário no clube, dos guardadores de carro, do garçon habitual, do vigia noturno e por aí vai. Não há 13º salário que consiga pagar todas essas despesas.

Não bastasse temos o trânsito infernal, as lojas entupidas, as compras de última hora, as festinhas das empresas e o tenebroso "amigo oculto". Almoços e jantares com ex-colegas de colégio e de faculdade, com companheiros do futebol e do vôlei, com a turma do clube e da praia.

E tudo isto é preparação para a véspera de Natal, com o famoso jantar familiar, onde as crianças ficam enlouquecidas esperando os presentes, a sogra retardando a entrega para que a "galera" adolescente não vá logo para a "night", um calor infernal, pois o ar-condicionado não dá vazão face à multidão familiar, a comida inteiramente de acordo com a tradição europeia e "perfeitamente adequada" à temperatura do Rio, e, não podemos deixar de citar, os cunhados "malas", que acabam por estragar toda a noite.

Acabou? Não! Ainda está por vir o almoço do dia seguinte, com o "enterro dos ossos" e todo mundo reunido novamente, com cara de ressaca por conta dos excessos da noite anterior.

Dezembro é uma maravilha!

FOTO 1: Pura verdade.


FOTO 2: Papai Noel chegando no centro da cidade. Houve uma época em que chegava no Maracanã, com "show" da Xuxa. Era assim: o pai que levava o filho ganhava o diploma de "Pai Herói". Antes do clímax, milhares de puxa-sacos da Xuxa se apresentam numa sequência abominável de mediocridades. As horas se passam e nada do Papai Noel chegar. As crianças, a princípio felizes e com grande expectativa, começam a ficar irritadas e impacientes. Não há mais lugar para sentar. O calor é senegalês, ou carioquês, como se diz no Senegal. Não há como levar as crianças para fazer xixi porque senão elas perdem o lugar, então elas começam a se aliviar ali mesmo. É fácil reconhecer: elas ficam subitamente quietinhas e os olhinhos ficam virados pra cima e pro lado, como se quisessem disfarçar. E o xixi rola arquibancada abaixo se juntando a outros afluentes numa cascata de espuma. Quando Papai Noel chega as crianças já estão chorando e com fome. Você jura nunca mais cair nesta furada, passa a mão nos pentelhos e os leva pra casa cansado, mas orgulhoso do seu diploma de Pai-Herói...

FOTO 3: A cidade ficava toda enfeitada. O Centro ainda existia, bem diferente dos dias atuais.


FOTO 4“Prezado Dr. D’, mais uma vez os incansáveis pesquisadores do vasto acervo do M.E.R.D.A. - Museu Eraldo de Relíquias, Descobertas e Alfarrábios - descobrem, numa feliz coincidência com esta época do ano, um LP (ou: elepê) do Elvis Presley cantando músicas natalinas.

No cantinho da capa lê-se LPM 1951, o que poderia significar long-playing mono e o ano de edição (ou outra coisa qualquer), mas o cantor aparece novinho, e, no verso, como bom patriota, prestando o serviço militar.

O curioso é que o disco, aparentemente importado, foi achado aqui no sítio Santa Bárbara, da dona Maria (minha sogra), em meio a outros vários, sabe-se lá o porquê.

Não chego a ser um fã de Elvis, nem ouvi o LP, mas fica o registro.

Abraços e um ótimo Natal

Eraldo

Curador do Museu”


FOTO 5: Natal em Vila Isabel na década de 60. Onde é?


FOTO 6: Natal em Bangu na década de 60. Onde é?


FOTO 7: A fotografia com Papai Noel na Mesbla. 60% das crianças choravam com medo do "Bom velhinho"...


FOTO 8: A grande concorrente da Mesbla, a Sears, também disponibilizava um Papai Noel para fotos.


FOTO 9: A última foto é para lembrar que o Rio já foi a Cidade Maravilhosa.

Um ótimo Natal para todos e que Papai Noel traga muita saúde para todos nós.

sexta-feira, 22 de dezembro de 2023

BONDES (2)

Com  fotos do Acervo da Light, muitas delas do fotógrafo Malta, vamos voltar a ver bondes por aqui.


FOTO 1: Obras de reparo de trilhos de bonde. Em que rua seria? O bonde de nº de ordem 294 tem na "vista" escrito "São Francisco ..."

FOTO 2: O bonde de nº de ordem 116 trafega por Copacabana. Em que trecho estaríamos. Ao fundo aparece o Morro dos Cabritos. Poderia ser no Leme?

FOTO 3: Em qual estação estaria o bonde "Leme", nº de ordem 608? A legenda original diz se tratar de "um novo tipo de carro leve  com 13 assentos".


FOTO 4: A entrada de um bonde no terminal do Tabuleiro da Baiana nos anos 1950.


FOTO 5: O bonde Cascadura, nº de ordem 50 e com um anúncio dos cigarros "Tennis", na Av. Rodrigues Alves, em foto tirada em direção ao Centro.


FOTO 6: O bonde da linha 28, "Barcas-Estrada de Ferro" na Rua da Carioca.

quinta-feira, 21 de dezembro de 2023

BONDES

Com  fotos do Acervo da Light, muitas delas do fotógrafo Malta, vamos voltar a ver bondes por aqui.

FOTO 1: Bonde Engenho de Dentro na Praça Tiradentes na década de 1920.

FOTO 2: Bonde Andarahi-Leopoldo na década de 1920. Em que rua estaria?


FOTO 3: Vemos uma subestação portátil. Talvez o Helio Ribeiro possa explicar como funcionava.

FOTO 4: Bonde São Francisco na Rua Senador Eusébio na década de 1920. A rua desapareceria na década de 1940 por conta das obras da Av. Presidente Vargas.

FOTO 5: Bonde fúnebre em Madureira no ano de 1926. Não sabia que havia bondes para este serviço. A logística de deslocamento, dado os trilhos compartilhados com o serviço normal, devia ser complicada.


FOTO 6: Bonde da linha 7, Jockey Club, na Av. 13 de Maio e se dirigindo para o Tabuleiro da Baiana.

quarta-feira, 20 de dezembro de 2023

NAVIOS

Há muitos anos o "Saudades do Rio" teve um comentarista que se identificava como "Observador Militar". Seria muito útil para comentar esta postagem de cartões postais do nosso colecionador Klerman W. Lopes.

As legendas das fotos são do "site Navios de Guerra Brasileiros".

O Encouraçado Minas Geraes, foi o segundo navio a ostentar esse nome na Marinha do Brasil em homenagem ao Estado de Minas Gerais. O Minas Geraes foi construído pelo estaleiro W.C. Armstrong Whitworth & Company em Newcastle-on-Tyne, Inglaterra. Teve sua quilha batida em 17 de abril de 1907, foi lançado em 10 de setembro de 1908, foi incorporado em 5 de janeiro de 1910. Naquela ocasião, assumiu o comando, o Capitão-de-Mar-e-Guerra João Baptista das Neves. O Minas Geraes fazia parte de um ambicioso plano de reaparelhamento naval iniciado pelo Ministro da Marinha Almirante Júlio César de Noronha, em 1904, e concretizado na gestão do Almirante Alexandrino Faria de Alencar. Era um dos navios mais poderosos do mundo na época de sua entrega, porém tornou-se rapidamente obsoleto devido à grande evolução da tecnologia naval no inicio do século XX.


O Cruzador-Misto Primeiro de Março, inicialmente classificado como Corveta, foi o único navio a ostentar esse nome na Marinha do Brasil em homenagem a data em que terminou a Guerra do Paraguai em 1870. Foi construída pelo Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro, antigo Arsenal de Marinha da Corte, segundo os planos do Engenheiro Naval João Cândido Brasil. Teve sua quilha batida em 2 de julho de 1879, foi lançada ao mar em 7 de outubro de 1881 e incorporada em 13 de julho de 1882.

 A Caça-Torpedeira Gustavo Sampaio, ex-Aurora, foi o único navio a ostentar esse nome na Marinha do Brasil, em homenagem ao Oficial do Exercito Gustavo Sampaio, morto com a guarnição da peça que comandava, na Fortaleza do Lage, em 1893. Foi construído no estaleiro Armstrong de Elswick, em Newcastle-on-Tyne, Reino Unido. Foi adquirido em 1894 pelo Governo do Marechal Floriano Peixoto, com o propósito de compor a Esquadra Legalista e enfrentar as Forças Navais rebeldes, durante a Revolta da Armada. 

O Transporte de Guerra Carlos Gomes, ex-Itaipú, ostentava esse nome em homenagem a Antonio Carlos Gomes, maestro brasileiro. O Paquete Itaipú foi construído na Inglaterra e pertencia à Cia. Nacional do Rio de Janeiro. Em dezembro de 1893, depois de receber armamento o Vapor Itaipú foi incorporado à Esquadra por ocasião da Revolta da Armada.


O Cruzador Torpedeiro Tupy foi o primeiro navio a ostentar esse nome na Marinha do Brasil em homenagem ao guerreiro e a nação Tupi. Recebeu o esse nome pela O.D. n.º 219 de 29 de outubro de 1896. Foi construído pelo estaleiro Germânia, Sttetin, em Kiel, na Alemanha, junto com o Tymbira e Tamoyo, unidades semelhantes. Foi lançado ao mar em 14 de novembro de 1896 e submetido a Mostra de Armamento e incorporado em outubro de 1897.


O Vapor Recife, em homenagem a essa cidade, capital de Pernambuco, foi construído no estaleiro da Ponta da Areia, no Rio de Janeiro, para o governo. Foi lançado ao mar em 29 de setembro de 1849 e submetido a Mostra de Armamento e incorporação em 7 de novembro de 1850. Foi seu primeiro comandante o 1º Tenente Tomas da Cunha Vasconcelos. O Recife, também figurou nas listas oficiais como Corveta.


O Cruzador Andrada, ex-Britânia, ex-América, teve o nome em homenagem a José Bonifácio de Andrada e Silva, Patriarca da Independência. O Navio Mercante América foi construído em Bergen, Noruega e lançado em 1890. Era empregado no transporte de passageiros, Foi adquirido pelo Brasil em 1893.

 O Encouraçado Aquidaban foi construído pelo estaleiro Samuda & Brothers, na Inglaterra. A fiscalização das obras, esteve a cargo do Chefe-de-Esquadra José da Costa Azevedo (Barão de Ladário). Foi lançado em 17 de janeiro de 1885, sendo submetido à Mostra de Armamento em 14 de agosto de 1885. Naquela ocasião, assumiu o comando o Capitão-de-Mar-e-Guerra Custódio José de Mello.

Este postal foi enviado por alguém de nome Avany, em 11/05/1906, a partir de Petrópolis, para a Mademoiselle Charlotte Tellier, 47, rue Ménilmontant, Paris, contando o acidente ocorrido com o cruzador Aquidaban: "L'Aquidaban est le cuirassé qui a fait explosion le 21 janvier dernier, à la baie de Jacuacanga, située à peine à quelques lieues au sud de Rio de Janeiro. Ce désastre eut lieu à dix heures et demie du même jour du départ de ce bateau de Rio et quand il était nouillé depuis quelques heures déjà. Il était parti avec deux autres bâtiments de guerre, qui menaient le ministre de la marine et son frère, le chef de l'état major naval, tous deux amiraux lesquels se faisaient accompagner d'une fort grande suite d'officiers de marine de tous les grades, qui allaient vérifier les conditions de Jacuacanga pour la construction prochaine d'un port militaire et arsenal de marine. L'Aquidaban, le plus gran des trois bateaux et ayant un plus grand nombre de logements qu'il n'en fallait pour son équipage, devait servir de dortoir à la plus grande part de la suite du ministre. Et comme tous ceux qui devaient y coucher j'étaient déjà à l'heure du sinistre, il arriva que parmi ceux (...) au nombre de 200 qui y trouvèrent une mort inesperée, était l'élite de la suite (...) ainsi parmi beaucoup d'autres officier le commandant, trois amiraux, um commodore, un fils et une soeur du propre ministre."


O Encouraçado Guarda-Costas Deodoro foi encomendado em 1895 e construído pelo estaleiro Forges et Chantiers de la Mediterranée, em Toulon, na França. Foi lançado ao mar em 1898 e submetido a Mostra de Armamento e incorporado em 20/06/1898. Naquela ocasião assumiu o comando o Capitão-de-Fragata João Batista das Neves.


O Cruzador Tiradentes foi construído no estaleiro Armstrong de Elswick, no Reino Unido, sendo lançado ao mar em 1892.


O Cruzador Tamoyoem homenagem ao guerreiro Tamoio, da tribo ameríndia que, no século XVI, dominava a costa brasileira entre Cabo Frio e Ubatuba, e que deixava em continuo alarme os povoados portugueses no litoral. Foi construído pelo estaleiro Germânia, Sttetin, em Kiel, na Alemanha, junto com o Tupy e Tymbira, unidades semelhantes. Foi lançado ao mar em novembro de 1895 e foi submetido a Mostra de Armamento e incorporado em novembro de 1896, sendo a última unidade da classe a ser entregue. 

O Cruzador  Torpedeiro Tymbira, ex-Caramuru, tinha este nome em homenagem ao guerreiro Timbira, da nação indígena do Maranhão. Foi construído na Alemanha, em Kiel. Foi submetido à Mostra de Armamento e incorporado em 1896.


O Cruzador-Escola Benjamim Constant foi construído na França e teve sua quilha batida em 1891 e foi lançado ao mar em 1892. Seu primeiro comandante foi o Capitão-de-Fragata Henrique Pinheiro Guedes.



O Encouraçado Riachuelo teve sua quilha batida em 31 de agosto de 1881, foi lançado em 7 de junho de 1883, sendo submetido a Mostra de Armamento em 15 de julho de 1884. Naquela ocasião, assumiu o comando o Capitão-de-Mar-e-Guerra Eduardo Wandenkolk.

 

segunda-feira, 18 de dezembro de 2023

ÁGUAS FÉRREAS

Águas Férreas era o nome da região onde fica o atual Cosme Velho. Segundo Brasil Gerson, o nome se devia à Bica da Rainha, de águas ferruginosas (esta afirmação é contestada hoje em dia, pois a água da Bica da Rainha não seria ferruginosa). O nome Águas Férreas se manteve na “vista” dos bondes da linha 3 até sua substituição pelos ônibus elétricos da CTC.

FOTO 1: Com fotos, em sua maioria, enviadas pelo amigo GMA, colaborador frequente e grande incentivador do “Saudades do Rio”, vamos falar do Edifício Águas Férreas.


FOTO 2Vemos o Edifício Águas Férreas, no nº 550 da Rua das Laranjeiras. Um prédio impressionante para a primeira metade do século XX. À época Águas Férreas era um bairro de grandes mansões, muito verde e pouco movimento, o que seria alterado na década de 1960 com a construção do Túnel Rebouças.

FOTO 3O projeto do arquiteto Mario M. Pinto previa apartamentos de diversos tamanhos.

FOTO 4: O preço dos apartamentos e a forma de pagamento.



FOTO 5: A localização do edifício na Rua das Laranjeiras.


FOTO 6: Aspecto do prédio em foto do Google Maps de 2017.


FOTO 7: O bonde Águas Férreas foi muito fotografado (abaixo algumas dessas fotos).  Nesta, garimpada pelo Julio Reis, o vemos na Rua das Laranjeiras na altura da Rua Soares Cabral.

Segundo o Helio Ribeiro, o trajeto era Tabuleiro da Baiana - Senador Dantas - Luís de Vasconcelos - Augusto Severo - Largo da Glória - Catete - Pedro Américo - Bento Lisboa - Largo do Machado - Laranjeiras - Cosme Velho.


FOTO 8Esta foto, feita por volta de 1915, mostra o Largo da Glória. Destaques para a Igreja do Outeiro da Glória, ao fundo, e o monumento a Pedro Alvares Cabral, obra de Bernardelli para as comemorações do 4º centenário do descobrimento do Brasil. Em primeiro plano o bonde de nº 177, que fazia a linha 3,  Águas Férreas.

FOTO 9Largo do Valdetaro, ficava pertinho do Palácio do Catete. Vemos a tranquilidade da vida carioca daquele tempo, com os passageiros comodamente sentados no bonde, alguns lendo o jornal do dia. Uma senhora calmamente sobe os estribos, sem nenhuma preocupação. O bonde "Águas Férreas", de número de registro 108, cujo trajeto, na década de 50, era Tabuleiro da Baiana, Senador Dantas, Luis de Vasconcelos, Mestre Valentim, Augusto Severo, Largo da Glória, Catete, Pedro Américo, Bento Lisboa, Largo do Machado, Laranjeiras, Cosme Velho, tinha duas tabuletas na frente: uma com o itinerário "Via Cattete, Laranjeiras, Cosme Velho". A outra, com um anúncio onde está escrito "TENNIS", que se tratava de um anúncio de cigarros da Cia. Souza Cruz. O maço custava 200 réis.


FOTO 10O bonde nº 2502, da linha 3, Tabuleiro da Baiana-Águas Férreas, sobe a Rua Cosme Velho em direção ao seu ponto final. Ao fundo vemos as obras do Colégio São Vicente de Paulo. Era o bonde ideal para quem queria pegar o trenzinho para o Corcovado.