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sábado, 28 de janeiro de 2023

DO FUNDO DO BAÚ - BRINQUEDOS

 

BRINQUEDOS, por Helio Ribeiro

Hoje vamos voltar no tempo e relembrar alguns das dezenas de brinquedos existentes na nossa infância. Como a maioria dos visitantes do SDR é do sexo masculino, a predominância de brinquedos será referente a esse sexo ou àqueles que podiam ser usados indistintamente por meninos ou meninas. Apenas um ou outro se refere exclusivamente a meninas. Também não vou colocar fotos de carrinhos de brinquedo, dada a imensa variedade deles. Eram os meus preferidos.

Lembrando que na nossa infância dispúnhamos de espaço para os folguedos, fosse por morarmos em casas com quintal, fosse por podermos brincar na rua ou, eventualmente, em alguma praça próxima. Muitos dos brinquedos antigos não poderiam ser usados atualmente, eis que a moradia padrão é um "apertamento" e é totalmente proibitivo brincar na rua, seja por causa do trânsito, seja por falta absoluta de segurança.

Antes que alguém reclame, esclareço que esta postagem é só sobre brinquedos passíveis de serem usados por uma criança isoladamente.

Voltemos agora ao passado. Peço desculpas pelo tom pessoal que costumo sempre dar a meus relatos.

 1) Rema-rema

Era um dos meus favoritos. Para quem não o teve, funcionava assim: a criança colocava os pés na barra das rodas dianteiras, as mãos na barra de madeira (na foto) e empurrando e puxando essa barra o rema-rema se movia. Os pés eram usados para mudar a direção do movimento, bastando empurrar com um deles a barra dianteira das rodas. Era um bom exercício. 

Luiz: na foto abaixo vemos o Marco Yparraguirre, antigo comentarista do "Saudades do Rio", no seu rema-rema.


2) Velocípede e tico-tico


Também eram meus favoritos. O tico-tico se destinava a crianças pequenas e o velocípede a um pouco maiores, dadas as dimensões dos brinquedos. Além disso o velocípede costumava ter uma plataforma entre as rodas traseiras, de modo que dava para transportar outra criança ali, a título de carona. Muitas vezes as crianças pequenas não conseguiaam acionar os pedais do tico-tico e o movimentavam andando com os pés no chão.

Luiz: na foto abaixo vemos meu primeiro velocípede.


3) Kit de cozinha


As pobres meninas não tinham praticamente nenhuma variedade de brinquedos a escolher. Um dos mais famosos era o kit de cozinha, apresentado em diferentes versões, com mais ou menos componentes. 

4) Servicentro Esso

Esse era um clássico. Havia alguns em versões mais simples e menores.

Luiz: tive um desses, em madeira. Tinha até um "box" para lubrificação. Aquele elevador de carro subia por meio da rotação de uma roldana.

5) Jipe e trator


Eram o sonho de muitas crianças, porém só as de família rica podiam usufruir deles. Não era o meu caso.

O jipe tinha muito mais saída do que o trator, pelo menos nas cidades. Talvez no interior o trator fosse o preferido. 

Luiz: não tive jipe ou trator, mas tive uma querida "baratinha", que vemos na foto abaixo, colorizada pelo Conde di Lido. A foto ficou boa, mas, na realidade, a cor original era cinza.


6) Disco voador


Esse brinquedo me deixou lembrança triste e eterna. Num Natal, meu tio-avô Cravinho (o nome dele era Arlindo, e não sei por quais cargas d'água tinha esse apelido) me deu um brinquedo desses de presente. Havia dois discos no kit. Fui para o quintal, coloquei um disco na base, puxei o cordel e lá se foi o disco subindo, subindo, subindo... e caiu em cima do telhado do vizinho, uma casa de dois andares muito alta. Com menos de um minuto de brincadeira, perdi um dos discos. Sobrou o outro, e fiquei com muito medo de perdê-lo também. Praticamente encostei o brinquedo.

7) Bonecas


Selecionei as três bonecas da foto: Amiguinha, Beijoca e Meu Sonho. É pouco provável que as visitantes deste SDR tenham brincado com uma delas, em virtude da infinidade de modelos existentes.

8) Cinturão com dois revólveres


Sem nenhuma sombra de dúvida, esse foi sempre o brinquedo que mais vezes pedi. Ganhei várias versões, porém nunca a de dois revólveres, porque era cara. Sempre ganhei a de um único revólver. Como quem não tem cão caça com gato, eu peguei dois cinturões de um revólver, soltei o coldre de um e o coloquei no outro, fazendo assim um cinturão com dois revólveres. O problema é que esse segundo coldre ficava ao contrário e o revólver não encaixava direito nele. Mas quebrava o galho.

Na vida há coisas estranhas: quando criança, eu lia o tempo todo gibis de faroeste, como os do Roy Rogers, Hopalong Cassidy, Gene Autry, e outros. E sempre pedia um cinturão com revólver no Natal. Uma vez crescido, seria de se supor que essa preferência iria se manifestar. Porém, tal não aconteceu: um dos tipos de filme que não me atrai nem um pouco é justamente o de faroeste. 

Luiz: ao contrário do Helio, sou fã de filmes de faroeste. Dia sim, dia não, vou no Youube e me delicio com os clássicos estrelados por James Stewart, John Wayne, Henry Fonda, Kirk Douglas, Glenn Ford, Gary Cooper, Marlon Brando e tantos outros (alguns menos votados como o Ronald Reagan). E não posso deixar de lembrar dos rolos, cor de rosa, das espoletas, comprados nas Lojas Americanas. Encaixavam dentro do revólver, no lugar das balas.

9) Pequeno Engenheiro


Brinquedo também muito famoso, mas que não conseguia manter o interesse da criança por muito tempo. Foi o meu caso, pelo menos.

Luiz: lembro das peças, mas não me lembrava do nome do jogo.

10) Laboratório de química

Brinquedo interessante, mas que me deixava frustrado porque algumas das substâncias químicas se esgotavam rapidamente e não havia como substituí-las, limitando as experiências. 

Luiz: gostava deste laboratório, mas era como o Helio descreveu. A graça acabava logo.

11) Kits da Revell


Brinquedo muito interessante e bem fabricado. Exigia cuidado e paciência para montagem. Havia muitos modelos de aeronaves e navios à disposição. Eu me lembro de ter ganho um Boeing 707, um B-24 Liberator, um navio de guerra (não lembro qual), uma caravela e um avião caça (também não lembro qual).

Luiz: Também gostava muito. Comprei o kit de tintas e de decalques. Dava prazer, após a montagem, fazer o acabamento do modelo. O último que montei foi o navio S.S. Brasil.

12) Bambolê


Era mais usado por meninas. Possui uma história interessante, narrada abaixo.

Acredita-se que o bambolê tenha surgido há pelo menos três mil anos no Egito. Confeccionados com fios de parreira secos, eram utilizados pelas crianças que queriam imitar artistas de rua que faziam apresentações de dança com os bambolês. Entretanto, o brinquedo, tal como o conhecemos hoje, surgiu apenas em 1958, nos Estados Unidos. A ideia veio de uma viagem à Austrália, onde os americanos Richard Knerr e Arthur Melin, sócios em uma fábrica de brinquedos, viram crianças brincando com círculos feitos de bambu. O projeto do bambolê foi batizado com o nome de “hula hoop” e em menos de quatro meses após o seu lançamento já havia vendido cerca de 25 milhões de unidades.

O bambolê chegou ao Brasil através da marca Estrela, no mesmo ano do lançamento nos Estados Unidos. Aqui, finalmente recebeu o nome Bambolê, devido a uma associação com a palavra “bambolear”, que significa gingar, rebolar. Vários outros países se renderam à moda do brinquedo. Porém, em países como a Inglaterra, por exemplo, o bambolê era feito de madeira ou de metal, o que o tornava perigoso, chegando a ser conhecido como aro mortal.

Posteriormente o uso do bambolê foi desaconselhado pelos ortopedistas. Não sei o quanto de verdade há nisso.

13) Polipticon


Não me lembro se já existia na minha época de criança. Mas é um brinquedo muito instrutivo para quem se interessa por microscópios e telescópios.

Eu sempre me interessei por Astronomia, desde colecionar figurinhas de álbuns a esse respeito até a ler livros sobre o assunto, já adulto. Depois de II Guerra Mundial, é o meu tema favorito. Tenho 17 livros a respeito.

Por volta de 1963, a irmã de um vizinho possuía uma luneta e ele ma emprestou durante alguns meses. Eu passava tempos no quintal, olhando para as estrelas. Durante o dia, olhava a encosta do Sumaré, na época ainda visível do quintal lá de casa por não haver prédios nas imediações. Gostava de ver as torres de TV e a casa do bispo, além de alguns poucos barracos. Se bem me lembro, só a TV Rio e depois a Excelsior tinham torres no Sumaré, nessa época. Hoje aquilo é um paliteiro.

Luiz: o meu, tenho até hoje, embora algo desfalcado, como se pode ver na foto abaixo:


 

14) Pião


Havia dois tipos, como mostrado nas fotos acima. Eu tive o do lado esquerdo. Nunca me atraiu o do lado direito.

15) Ioiô


Não era dos meus preferidos.

16) Forte apache / Soldadinhos de chumbo


Fazia muito sucesso entre a meninada. Na época a TV exibia a série Rin-Tin-Tin, que servia de emulação para o brinquedo.

No caso dos soldadinhos de chumbo, meu irmão e eu os separávamos em dois grupos (um para ele e outro para mim), colocávamo-los distantes um do outro no corredor lá de casa, e usávamos bolas de gude para derrubarmos os soldadinhos um do outro.

Luiz: ainda faz sucesso. Meu neto organiza "batalhas épicas" perto do forte, com soldados e índios, mas acrescenta figuras de super-heróis e dinossauros...

17) Carrinho de rolimã

Não era tão comum assim, mas sem dúvida era divertido. E fonte de muitas escoriações. Nunca brinquei num desses.

18) Cavalinho de pau


Bastante comum entre as crianças. Acho que tive um, mas não estou certo. O mais comum era meu irmão e eu pegarmos vassouras, amarrarmos barbante no rebaixo do cabo delas, a título de rédeas, e sairmos galopando no quintal, com cinturões de revólver na cintura.

Na casa vizinha à nossa havia um caminho de grama e terra entre o portão de veículos e a garagem. Eu gostava de pegar uma vassoura de pelo e cavalgar nesse caminho, vendo a terra levantar poeira, tal como nos filmes de faroeste.

 

------------- BÔNUS -------------

Nessa parte da postagem descreverei sucintamente alguns "brinquedos" inventados por mim e por meu irmão e que não fazem parte de nenhum rol, e portanto não há fotos deles. Espero que os visitantes também façam o mesmo e descrevam os seus.

1) Volante de tampa de panela

Pegávamos as maiores tampas de panela e as usávamos como se fossem o volante de ônibus. Corríamos pelo quintal dirigindo o "pesado veículo", evitando trombar com os bambus que serviam para subir e descer os varais de roupa lavadas por minha mãe.

2) Rodo a título de ônibus

Os rodos antigos eram totalmente de madeira e a parte onde havia a borracha era inclinada em relação ao cabo. Então, fazíamos de conta que essa parte era o parabrisa do ônibus. Colocávamos o rodo na horizontal, apoiado no ombro direito, e "olhando" pelo parabrisa conduzíamos nosso ônibus entre os bambus já citados acima, tomando cuidado para não arranhar a "lataria" neles.

3) Pilotando nave espacial

Na época da corrida espacial, eu me divertia sozinho assim: pegava um pedaço de tábua, colocava-a em cima da mesa e punha na tábua uns controles de rádio amador que meu tio guardava em casa (aqueles redondos e graduados, destinados a mudar a frequência), colocava fones de ouvido também de rádio amador, botava na cabeça um boné estilo militar (aqueles que se compra no Carnaval) e lá ia eu pilotando minha nave espacial pelo Universo afora.

 ---------------  FIM DA POSTAGEM  -------------

Mais uma vez agradeço ao Helio Ribeiro pela colaboração.

 

DO FUNDO DO BAÚ

 Não sei a razão, mas a postagem saiu incompleta. 

Como é longa, não terei como refazê-la agora. 

Por isto fica adiada para amanhã. 

Sorry. 

sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

ONDE É?

 As fotos de hoje foram enviadas pelo GMA

FOTO 1

            FOTO 2 (depois posto a foto completa)


FOTO 2 (completa, com o prédio do Armazém Colombo, à direita).


FOTO 3


FOTO 4


FOTO 5 (exceção à regra de fotos antigas)

quinta-feira, 26 de janeiro de 2023

PRAIA DE BOTAFOGO - SEARS


A Sears está na memória afetiva de toda uma geração nascida em meados do século XX. Como conta o Rouen:

Quando criança a seção de brinquedos no 1º andar, o departamento de roupas infantis no térreo, local chato onde perdíamos horas com nossas mães experimentado um tênis ou uma sandália Alpargata

• Depois crescemos e viramos “teens”, visitando a seção de discos e com a rala mesada comprando LPs de 33 1/3 RPM de Rock, Twist, Bossa Nova, Música Italiana.

• Passamos a ser adultos e frequentávamos a seção de peças e assessórios de carro, também no 1º andar, porém com instalação no térreo com entrada pelas ruas Prof. Alfredo Gomes e Muniz Barreto. Quanta grana gastamos em Radio Motoradio, Alto-Falantes Bravox ou Novik, Pneus Sears (fabricados pela fantástica marca Michelin), antena Truffi, Capas Procar para os bancos, etc...

• Casamos e passamos a comprar ferramentas. Vieram os filhos, as fotos do fim de semana entregues para revelar em um balcão ao lado da escada rolante (3 dias para pegar o envelope com as 36 fotos).

• O Milkshake da lanchonete ou, pagando com cheque, um almoço no 8º andar na Camponesa, que aceitava reservas pelo tel. 46-9022.

• Sem esquecer a máquina de pipoca que emanava o seu cheiro num raio de 50m e o artesão de vidro que fabricava na hora pequenos bibelots com tiras coloridas de vidro e um maçarico.


Nesta fotografia, de 1958, vemos o prédio da Sears e sua vizinhança. Acervo Correio da Manhã, Arquivo Nacional.


O prédio da Sears, no Rio de Janeiro, foi construído pela Construtora Pederneiras, em tempo recorde, com a colaboração da R.W. Hebard & Co., de Nova York, no local onde funcionava o Hotel Botafogo, demolido em 1948, e inaugurada em 06/06/1949.

Ficava na esquina da Praia de Botafogo com a Rua Professor Alfredo Gomes, indo até a perpendicular da Praia de Botafogo, a Rua Muniz Barreto. 

O "slogan" da Sears era: "Satisfação garantida ou seu dinheiro de volta".


A SEARS foi um choque de modernidade em nossa cidade na época da inauguração em 1949, com um conceito de loja que já existia nos EUA desde o século XIX com a Bloomingdale de NY. 

A colorização é do caríssimo Conde di Lido.

Segundo o prezado Rafael Netto e outros comentaristas do "Saudades do Rio" a SEARS era assim:

 1º piso: vestuário, perfumaria e acessórios. Na entrada da Praia de Botafogo era moda feminina, da escada rolante para trás, seção infantil do lado da Rua Alfredo Gomes e masculina no fundo da loja.

 2º piso: brinquedos, seção automotiva, esportes/camping, bonbonnière, utilidades domésticas, fogões/geladeiras e cozinhas planejadas (e mais alguma coisa que eu posso estar esquecendo) A seção automotiva era no "canto" onde ficava a entrada do estacionamento. Entrando na loja a área esportiva/camping e em frente a ela a seção de brinquedos (com a parede tomada de bonecas até o alto). Em frente à escada rolante a bonbonnière (com a famosa pipoca) e do outro lado utilidades domésticas. O fundo da loja (a parte virada para a Praia de Botafogo) eram as cozinhas planejadas.

 3º piso: Discos, som/TV, tapetes, decoração e móveis. Caixa central e lanchonete. A escada rolante acabava deixando um grande vão livre, a parte do fundo (na direção do estacionamento) era a enorme seção de móveis (acho que não existe nenhuma loja atual que tenha algo parecido), de um lado da escada rolante discos e som/TV, do outro decoração e tapetes. A caixa central era virada para a Praia de Botafogo, com janelas. A lanchonete ficava no caminho entre a caixa e a escada que descia até a entrada da Praia de Botafogo e fechou nessa época.

 4º piso: escritórios (folha de pagamento, contabilidade, gerência geral, etc.)

 5º piso: depto. pessoal, refeitório

 6º piso: telefonista, dentista e outras utilidades

 7º piso: estoque

 8º piso: restaurante A Camponesa (fechou por volta de 1980) e estoque 

Nesta foto vemos a família de Mark Ackley, um americano em visita ao Brasil, almoçando no Restaurante A Camponesa, no prédio da Sears. Foto garimpada pelo Nickolas Nogueira.


Foto de Kurt Klagsbrunn, do Acervo de Victor Hugo Klagsbrunn. Havia uma enorme expectativa pela abertura da Sears. Muitos "teasers" na Imprensa levaram uma multidão à loja naquele 06/06/1949. 


Chama a atenção o modo de vestir daquela época bem como o intenso tráfego na pista interna da Praia de Botafogo, no sentido em direção a Copacabana. Aparentemente o bonde parado defronte à Sears é o causador do engarrafamento. Podemos ver entre o casarão à direita e o prédio da Sears, o Colégio Anglo-Americano. 

Escada rolante da Sears em 1949, instalada pela “Otis”, fez um enorme sucesso enre os visitantes. Alguns não tiveram coragem de utilizá-la nos primeiros tempos. 

A primeira escada rolante no Brasil foi instalada, em 1931, na loja "Casas da Criança", que tinha como endereço Rua Ramalho Ortigão 8-10 e Rua Sete de Setembro 151-153.

Foto de Kurt Klagsbrunn.

Foto de Kurt Klagsbrunn. A inauguração da primeira loja da Sears, na Praia de Botafogo, atraiu multidões. A revista Life, de 27 de junho, informou que "nunca houve uma inauguração como a do Rio de Janeiro: a massa começou a se juntar no alvorecer e permaneceu por horas a fio na fila até que as portas se abrissem. 

Um Núncio Apostólico abençoou a instituição. Os 123 mil compradores amontoaram-se nas cozinhas modelo, lançaram-se feito moscas sobre as geladeiras e voltaram para casa com tudo que puderam, de algodão absorvente a sementes de zínia".


Foto  de Uriel Malta, da Brasiliana Fotográfica. Em destaque o prédio da Sears na Praia de Botafogo.


A Sears fervilhava na época do Natal. A decoração era atração.


Foto do acervo de "Saudades do Rio - O Clone". A foto com Papai Noel era uma exigência dos pais. Muitas crianças ficavam aterrorizadas...


Foto garimpada pelo Nickolas, num belo ângulo. Notar parte da decoração da Sears.



Neste dia dos anos 60 a Sears teve pouco movimento e, provavelmente, os fregueses que já lá estavam tiveram que aguardar longo tempo para voltar para casa. 


A foto, do JBAN, mostra o estacionamento da Sears, em Botafogo, no segundo andar, com entrada pela Rua Muniz Barreto. 

Muitas e muitas vezes subi esta rampa, anos antes desta foto, no Kaiser da família D´. Minha avó era freguesa assídua e ir à Sears era considerado um grande programa por todos nós.

Nesta época, conta o JBAN, o estacionamento da loja, ridiculamente pequeno para os padrões atuais, era disputadíssimo nos períodos de Natal, Páscoa e Dia das Crianças. Estacionar ali era um inferno. Vemos também um caminhão que sempre estava ali, recolhendo embalagens de papelão e caixotes, e a entrada para loja, que dava para a seção de pneus e acessórios. 


O JBAN, revirando uns guardados, encontrou um envelope de negativos e, dentro dele, a nota fiscal da revelação. Qual não foi a alegria e a surpresa de encontrar a nota da saudosa Sears Roebuck, emitida em 8/6/1976. 


Anúncio de página inteira do "Correio da Manhã" nas vésperas da inauguração da Sears, em 1949.

Sobre a Sears, alguns comentaristas do SDR se manifestaram:

P. Stilpen lembra de duas coisas interessantes: 1) uma máquina que permitia que você visse seus pés dentro de um sapato (como um Raios X) que desejava adquirir; 2) do show do Roy Rogers e da Dale Evans, no estacionamento do 2º andar, com entrada, hot-dogs, pipoca e Coca-Cola grátis. Creio que em meados da década de 1950.

O JBAN se recorda da doca de carga na fachada lateral para a Rua Alfrego Gomes. Todos os dias entravam aqueles caminhões verdes de marcha-a-ré para descarregar mercadorias, sem atrapalhar o trânsito.

O Plinio se lembra do estacionamento do segundo andar: "Mal o carro parava eu já saltava correndo para abrir aquela pesada porta (pelo menos para as crianças) que dava entrada à loja, bem junto de onde se vendia pneus. Brincar na escada rolante, tomar Coca-Cola com torrada Petrópolis na lanchonete, tudo era divertido. Menos é claro esperar minha mãe terminar suas compras. "

Cristina Coutinho fala do "cheiro de pipoca, do friozinho do ar condicionado e das subidas e descidas pelas escadas rolantes que nos transportava para variados mundos, tudo isso, tão marcante, faz com que até hoje me refira à "rua da Sears", ao "shopping no lugar da Sears". Tenho uma foto com o Papai Noel da Sears. A última compra que fiz foi uma bicicletinha de presente para um filho. Comprei às vésperas de seu fechamento."

 O Richard disse: "Memória olfativa é das melhores que ficaram. Lembro-me bem do aparelho de Raio X para se ver o pé dentro do sapato. Era o máximo! Calça jeans da Sears, ferramentas Craftsman (marca própria), pipoca e milhões de outras coisas faziam essa loja ser a melhor!" 

FlavioM: Alguns detalhes que pedem destaque, porque eram quase exclusividade da Sears: os equipamentos de som para carros, a seção de ferramentas, o "clube do disco" (ou coisa parecida), acumulando créditos para compra de um disco grátis a cada 10 (era isso?), os boxes para instalação dos pneus, ao lado das baias de descarga, os descontos fantásticos quando eles resolviam renovar o estoque ("Semana do Tapete", p.ex.), milk-shake ou waffles na lanchonete, uma das maiores áreas de brinquedos da cidade, e vai por aí afora...

Eu me lembro da minha última ida à Sears, com a namorada, em 1972. Desde então uma vida se passou, mas a memória da Sears continua.





quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

PRAIA DA URCA - HOTEL BALNEÁRIO

Conforme conta Claudia Gaspar em seu estupendo "Orla Carioca", em 1895 Domingos Fernandes Pinto planejou o novo bairro da Urca. O Ministério da Guerra, a princípio, alegou que era incompatível com a vizinhança da Fortaleza de São João. Após muita discussão, em 1920 constituiu-se a Sociedade Anônima Empresa da Urca.

Entre 1920 e 1923 a Empresa construiu o volumoso edifício eclético para funcionar como hotel balneário, dotado de acomodações para hóspedes, quadra de esportes e vestiários. Nesta foto, da Coleção Alayde Parissot Mascarenhas, vemos a Avenida Portugal, na Urca, recém-aberta, tendo, à esquerda, parte do Hotel Balneário em construção, em 1922.


Vemos outro aspecto da construção do Hotel Balneário da Urca, em foto do acervo de Patricia Penna Ramos. Tanto nesta fotografia, quanto na anterior, é possível ver que não havia ainda a Praia da Urca. A varanda do hotel era projetada sobre o mar. Ao fundo, à direita, podemos ver a construção das cabines (vestiários).


Aqui, em foto garimpada pelo Nickolas, vemos o Hotel Balneário já concluído. 

Foi projetado pelos arquitetos Archimedes Memória e Francisco Cuchet para acomodar turistas que viriam à Exposição Internacional do Centenário da Independência do Brasil, em 1922. Mas, pelo que consegui descobrir, ficou pronto somente em 1925. Funcionou como Hotel Balneário até 1935, quando foi adquirido pelo empresário dos jogos Joachim Rollas, que o converteu em cassino. 

As obras de adaptação foram realizadas pelo engenheiro Mário Chagas Dória, ficando a decoração interna a cargo do arquiteto Wladimir Alves de Sousa, que criou os belos salões em estilo art-déco, que ainda subsistem. Seu período áureo foi de 1938 a 1946, quando grandes nomes artísticos nacionais e internacionais, além de uma clientela selecionada, contribuíram para que se tornasse uma das mais disputadas casas de "shows" das Américas. 

Com a proibição do jogo no Brasil nos anos 40, passou a abrigar os estúdios da TV Tupi na década de 50.


Esta é uma das fotos mais conhecidas e mais bonitas, na minha opinião, do Hotel Balneário e da Praia da Urca. 


Propaganda do Hotel Balneário da Urca garimpada pelo prezado Rouen. 


Vemos o Hotel Balneário provavelmente numa tarde de segunda-feira, de tempo nublado, dada a ausência de banhistas na praia. No Hotel Balneário da Urca era possível encontrar serviços de fisioterapia, massagens e helioterapia, tudo a cargo do Instituto Fisioterápico do Dr. Gustavo Arnobrast, com sede no Largo da Carioca. 



Estas eram as cabines para troca de roupa na Praia da Urca. 

O periódico "Rio Ilustrado", de outubro de 1928, relata: "Quem ainda não poz a pele de molho na água barrenta do balneário, não veio de boa gente. Ali é o supra-sumo do "chic". 

Fora, ficam os carros, esquentando ao sol. Lá dentro, aqueles cinqüenta palmos de areia regorgitam. De cima do trampolim, moças e rapazes exibem os últimos modelos de saltos, apresentados pelos jornais da "Fox Films". 

Em cima, dança, "cock-tail" e "flirt". Uma jazz-band comunica tremuras coreográficas aos corpos quentes. E à frente, a paisagem abrupta das matas colorindo morros, bangalores, escorregando pelas vertentes verdes e a paisagem tranqüila da enseada, riscada de embarcações de sport. 
(...) 
Lá embaixo, há cubículos para trocar de roupa e outros misteres íntimos. A empresa não os fiscaliza nem a polícia tampouco: pode-se entrar aos pares e demorar quanto quiser. 

Na areia senhoras respeitáveis, a julgar pela pintura e pelo volume, conversam coisas graves, fumando cigarros turcos. 
(...) 
Mas, à tarde, o balneário perde este aspecto familiar da manhã. A jazz banda ataca músicas mais frenéticas, os "cock-tails" ganham ingredientes fortes e o "flirt" é mais íntimo. Atrizes, cocotes, demiverges e algumas famílias inocentemente enganadas, que não chegam a aperceber-se do que se passa em roda. 

Dentro da água, ensina-se a nadar com menos inocência do que de manhã. Nos cubículos de aluguel há pares que se demoram desusadamente. 
(...) 
Só. Não há mais nada. Tudo o mais é muito moral, muito correto, muito direito. Não se ouve falar em cocaína. Nem de morfina, nem de ópio...".


Balneário da Urca em 1927. Coleção Elysio de Oliveira Belchior. O prédio era ladeado por cabines para troca de roupa e varanda avançada sobre pilotis visíveis. Os antigos moradores da Urca tomavam chá no salão e jogavam tênis no terraço. À esquerda, o "water-shoot", escorrega onde a garotada divertia-se.

Foto enviada pelo meu amigo Hugo Hamman: "Acredito que seja do final dos anos 20, pois o terraç o descoberto original do Hotel já tinha recebido uma cobertura.Veja que o enrocamento de pedras (vindas do Morro do Castelo) da Praia da Urca ainda está em construção. Note os carros da época. Pela perspectiva, essa foto deve ter sido tirada da Av. São Sebastião. Veja também que a primeira seção do bairro - delimitada pela Av. Portugal e pela Av. Marechal Cantuária - já está totalmente urbanizada, ainda sem edificações. 


Esta foto já é dos anos 30, quando já havia o cassino.


Engarrafamento na passagem sob o terraço do Hotel Balneário.



Aspecto da Praia da Urca, em frente ao Hotel Balneário, em dia de certo movimento.


Um domingo de sol, no verão, na Praia da Urca...