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sábado, 29 de abril de 2023

DO FUNDO DO BAÚ - MARIAS

                     POT-POURRI DE MARIAS, por Helio Ribeiro

Esta postagem lista uma série de pessoas e personagens conhecidas por terem a palavra "Maria" no seu nome, real ou não. Nenhum critério de escolha foi adotado. A lista foi surgindo conforme eu ia me lembrando de quem a poderia compor. As informações obtidas foram muito condensadas, para não alongar demais a postagem, eis que todas as Marias possuem extensíssimo currículo.

1) ÂNGELA MARIA


Nascida Abelim Maria da Cunha (13/05/1929 - 29/09/2018), celebrizou-se na chamada Era do Rádio. Seu pai era pastor evangélico, e Ângela desde criança cantava no coral de uma igreja Batista próxima de casa. Por volta de 1948 apresentou-se várias vezes no programa de calouros Pescando Estrelas, onde sempre tirava nota máxima. Depois foi cantar no Dancing Avenida e na Rádio Mayrink Veiga. Em 1951 gravou seu primeiro disco e sua carreira deslanchou. Em 1954 gravou seu primeiro álbum de estúdio, A Rainha Canta. Foto abaixo.


Um dos seus primeiros sucessos foi a canção Babalu, de autoria da compositora e cantora cubana Margarita Lecuona, composta no início dos anos 1940. A letra é em espanhol. "Babalu-ayê", palavra repetida várias vezes na letra, corresponde ao orixá Obaluaê.

Ângela teve uma vida sofrida, mas aos cinquenta anos encontrou o amor na pessoa de Daniel d'Ângelo, de dezoito anos, e com ele viveu até o fim de seus dias, em 2018.

2) MARIA BONITA


Maria Gomes de Oliveira (17/01/1910 - 28/07/1938) foi uma cangaceira, companheira de Virgulino Ferreira da Silva, o famoso Lampião.

Aos 15 anos casou-se com seu primo Zé de Neném, por arranjo familiar. O marido era alcoólatra e adúltero contumaz e agredia constantemente Maria, quando ela reclamava de suas infidelidades. Por vingança, passou a também trair o marido, até que em 1929 conheceu e se apaixonou por Virgulino, quando então seu casamento ruiu de vez, embora legalmente ainda fosse esposa de Neném.

No mesmo ano, resolveu fugir de vez com Virgulino, entrando para o bando de cangaceiros por ele chefiado, onde era conhecida como Maria da Déa (apelido de sua mãe) ou Maria do Capitão.


Há muito romantismo e ficção na história dos cangaceiros, pintados como Robin Hoods tropicais. Na verdade, eram extremamente cruéis, matando, estuprando e roubando a população dos vilarejos que invadiam. Abaixo, foto do bando de Lampião.


Maria usava joias roubadas por Lampião e o mesmo perfume francês que ele. Portava um revólver Colt .38" e um binóculo alemão, com o qual espionava previamente as cidades a serem atacadas pelo bando. Também portava um punhal de 32cm, feito de prata, marfim e ônix.

Em 1931 teve uma filha de Lampião, de nome Expedita Gomes de Oliveira Ferreira, entregue a um casal de vaqueiros amigos para ser criada. Foto atual de Expedita.


Na manhã do dia 28/07/1938, enquanto se preparava para o desjejum, o bando foi emboscado pela polícia armada oficial, conhecida como volante. Maria foi morta a tiros e degolada por José Panta de Godoy, o mesmo que nela havia atirado. Lampião também teve o mesmo fim, degolado.

O apelido de Maria Bonita somente surgiu após sua morte. A origem do mesmo é controversa.

3) MARIA ESTHER BUENO


Maria Esther Andion Bueno (11/10/1939 - 08/06/2018) começou sua carreira esportiva aos seis anos de idade, no Clube de Regatas Tietê, do qual era vizinha. Seu pai queria que ela estudasse balé. Inicialmente disputou com sucessos algumas provas de natação, na modalidade 50 metros livre, mas sua paixão era o tênis.

Aos 11 anos disputou seu primeiro campeonato de tênis; aos quatorze, venceu o Campeonato Brasileiro Infantil e dois meses depois o Brasileiro de Adultos. Em 1955, aos dezesseis anos, conquistou em dupla a medalha de bronze nos Jogos Pan-Americanos do México.

Entre 1956 e 1959 venceu cerca de 35 torneios, simples ou em dupla, em vários países.

Em 4 de julho de 1959 ganhou o primeiro título de simples num torneio do Grand Slam, em Wimbledon, pondo fim a 21 anos de supremacia norte-americana naquele gramado. Como preêmio, ganhou um voucher de 15 libras, para trocar por munhequeira e meia, pois o torneio era amador. No mesmo ano venceu o atualmente denominado US Open, sendo considerada a melhor tenista do mundo pela Federação Internacional.


Em 1964, ao vencer a partida final do US Open em apenas 19 minutos, entrou para o Guinness Book of Records.

Acostumada a treinar com homens, Maria Esther adquiriu uma técnica diferente de jogar o tênis feminino. A forma como "deslizava" na quadra lhe rendeu o apelido de Bailarina do Tênis. Abaixo, foto dela em ação.


Suas vitórias foram tantas que não é possível enumerar aqui. Também teve vários problemas de saúde: hepatite em 1961, contusão no joelho em 1965 e finalmente epicondilite, também conhecida como cotovelo de tenista, por jogar durante mais de 10 horas seguidas em partidas de duplas e duplas mistas em Wimbledon, em 1967. Sua carreira brilhante teve uma interrupção em 1968.

Na década de 1970 voltou a jogar, após uma longa série de cirurgias, porém já sem o brilho de antes.

Em 1977 encerrou de vez a carreira.

No ano seguinte teve seu nome incluído no exclusivíssimo International Tennis Hall of Fame, sendo a primeira sul-americana a merecer essa honra. No mesmo ano teve sua estátua em cera inaugurada no famoso museu de Madame Tussauds. Foi eleita a melhor tenista latino-americana do Século XX por jornalistas do mundo todo.

4) MARIA THEREZA FONTELLA GOULART



Nasceu em 23/08/1936, em São Borja, filha de imigrantes italianos. Era vizinha da casa de João Goulart (Jango), tendo-o conhecido aos 14 anos de idade, mas não se interessou por ele à primeira vista, eis que não imaginava poder ter algum relacionamento com alguém tão importante. Somente após haver terminado seus estudos começou a se relacionar afetivamente com Jango, então Ministro do Trabalho.

Casaram-se em 26/04/1955, quando Jango concorria a vice-presidente do país. Em 1956 tornou-se a mais jovem segunda-dama do Brasil, aos 19 anos de idade, ao ser Jango eleito como vice de Juscelino Kubitschek e posteriormente de Jânio Quadros.

Quando Jango se tornou presidente, ela ficou sendo a mais jovem primeira-dama do país, aos 25 anos de idade. Foi considerada pela revista People como uma das dez mais belas primeiras-damas do mundo, e pela revista Time uma das nove Belezas Reinantes mundiais, ao lado de Jacqueline Kennedy, Grace Kelly e Farah Diba.

Participou ao lado do marido do famoso comício de 13/03/1964, um dos motivos deflagradores do golpe militar que se seguiu semanas depois.


Após a deposição de Jango, a família exilou-se no Uruguai e posteriormente na Argentina, onde Jango morreu em 06/12/1976. Em 15/11/2008 ela e Jango receberam anistia e ela passou a ter direito a um salário mensal correspondente ao de um advogado sênior, pois Jango era bacharel em direito. Também recebeu valor retroativo referente a esse salário e uma indenização por ter sido impedida de voltar ao Brasil por quinze anos.

5) MARIA BETHÂNIA


Maria Bethânia Viana Teles Veloso (18/06/1946), embora tenha várias habilidades artísticas, é mais conhecida como cantora. Irmã do cantor e compositor Caetano Veloso, teve seu nome escolhido por ele, baseado na valsa Maria Betânia, do compositor Capiba, grande sucesso na época na voz de Francisco Alves.

Na juventude participou de várias peças teatrais junto com Caetano Veloso. Seu sonho era ser atriz. Em 1963 mudou-se para o Rio de Janeiro e foi convidada pelo irmão para cantar algumas faixas da trilha musical da peça Boca de Ouro, de Nélson Rodrigues, sendo este seu primeiro trabalho profissional com a música.

Em 13 de fevereiro de 1965 iniciou sua carreira musical ao substituir Nara Leão no espetáculo Opinião. No mesmo ano gravou seu primeiro álbum, de nome Maria Bethânia. Algumas das músicas eram: Carcará, Mora na Filosofia, Feitio de Oração. Foto abaixo.


Sua discografia é muito extensa, com 34 álbuns gravados em estúdio, 22 ao vivo e dezenas de participações em trilhas sonoras de filmes e novelas, além de colaborações com outros artistas. Durante sua carreira vendeu mais de 26 milhões de álbuns, sendo uma recordista no Brasil.

Na maior parte das vezes apresenta-se com cabelos soltos, vestidos longos e descalça. Já foi fruto de imitação por diversos comediantes, entre os quais Tom Cavalcante.

Não costuma dar entrevistas, exceto quando do lançamento de um álbum. Diz que sua vida particular não interessa, pois o que ela tem a mostrar o faz no palco.

6) CAROLINA MARIA DE JESUS


Carolina Maria de Jesus (14/03/1914 - 13/02/1977) nasceu numa comunidade rural de Sacramento, interior de Minas Gerais, filha de pais analfabetos. Este texto é extremamente resumido, eis que a vida de Carolina foi um nunca acabar de sofrimentos, mudanças de moradia e altos e baixos financeiros.

Estudou apenas até o segundo ano primário, o suficiente para aprender a ler e escrever, tendo desenvolvido o gosto pela leitura.

Em 1937 sua mãe morreu e ela se mudou para São Paulo, onde construiu sua própria casa com papelão, lata, madeira e o que mais pudesse encontrar. À noite saía para catar papel e vender o resultado da coleta, para conseguir dinheiro.

Em 1947 mudou-se para a favela do Canindé e se empregou na casa do famoso médico cardiologista Euryclides de Jesus Zerbini, aproveitando para ler os livros de sua biblioteca nos dias de folga. Ao ter seu primeiro filho, em 1949, perdeu o emprego e voltou a ser catadora.

Passou a registrar, nos cadernos que encontrava jogados fora, o cotidiano da comunidade onde morava. Eram mais de vinte cadernos. O conteúdo de um deles originou o livro Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada. Foto abaixo.


Publicado em 1960, a tiragem inicial de 10 mil exemplares se esgotou em uma semana. Desde sua publicação, o livro foi editado em quatorze idiomas e vendeu mais de um milhão de exemplares.

A publicação do livro gerou a raiva e inveja dos vizinhos, que a acusaram de expor suas vidas sem autorização. Chegaram a jogar nela e nos seus três filhos o conteúdo de penicos.

Em 1961 foi lançado o disco Quarto de Despejo: Carolina Maria de Jesus cantando suas composições, com músicas de sua autoria. Foto abaixo.


Em 1962 e 1963 o livro foi publicado nos EUA por três editoras diferentes, sendo que só de uma delas vendeu 300 mil exemplares, o que daria direito a que ela recebesse mais de 150 mil dólares. Não existe registro de que ela tenha recebido uma parte substancial disso, embora periodicamente lhe fossem pagos alguns caraminguás a título de direitos autorais.

Após a publicação do livro, Carolina e os filhos mudaram-se primeiro para Santana, bairro de classe média em São Paulo, e depois para Parelheiros, onde residências ricas eram vizinhas de casebres. Parou então de receber os direitos autorais e ela e os filhos voltaram a catar garrafas e papéis. No terreno de sua casa ela cultivava algumas verduras e vendia esses produtos a uma comerciante local. Em Parelheiros sua vida era melhor do que no Canindé, porém muito abaixo do mínimo decente.

Ao longo da vida, além de coletar material pelas ruas e escrever livros, fez faxina, lavou roupas para fora e deu aulas de alfabetização.

Morreu de complicações de asma, doença que portava desde o nascimento.

7) MARIA LENK


Maria Emma Hulga Lenk Zigler  (15/01/1915 - 16/04/2007) começou a nadar aos 10 anos de idade, após uma pneumonia dupla, pois seus pais acharam que a natação seria boa para ela. Por incrível que pareça, praticava nas águas do Rio Tietê, na época ainda sem poluição.

Entre 1932 e 1935 venceu quatro vezes a tradicional Travessia de São Paulo a Nado. Aos dezessete anos já era nadadora de nível internacional, tendo sido a primeira mulher sul-americana a competir nos Jogos Olímpicos de 1932, em Los Angeles. Ela e outros 68 atletas custearam a viagem vendendo o café que haviam levado a bordo. Competiu com um uniforme emprestado, devolvido ao final das provas. 

Jamais ganhou medalhas em Olimpíadas, porém é considerada pioneira da natação moderna, ao introduzir o nado borboleta numa competição de nado de peito,  realizada em 1936, em Berlim. nos Jogos Olímpicos de Verão.

Quebrou dois recordes mundiais em 1939, nos 200 e 400m nado de peito, nos jogos preparativos para as Olimpíadas de Tóquio de 1940, que não foram realizadas em virtude da eclosão da II Guerra Mundial.

Em 1942 ajudou a fundar a Escola Nacional de Educação Física da então Universidade do Brasil, atual UFRJ.

Até hoje ainda detém vários recordes mundiais de masters, tendo entrado para o International Swimming Hall of Fame da Federação Internacional de Natação em 1988, quando foi incluída nos Top Ten por ser um dos 10 melhores nadadores master do mundo.

Em 2000, no campeonato mundial da categoria 85-90 anos de idade, voltou de Munique com cinco medalhas de ouro, sendo a vencedora nas categorias 100 metros peito, 200 metros livre, 200 metros costa, 200 metros medley e 400 metros livre.

Em 2007 a Prefeitura do Rio de Janeiro batizou de Maria Lenk o Parque Aquático preparado para os Jogos Pan-Americanos daquele ano.

Em 20 de julho de 2002 foi considerada a Patrona da Natação Brasileira.

Até o fim da vida nadava 1500 metros diariamente.

 -------------  FIM  DA  POSTAGEM  ------------

O "Saudades do Rio" mais uma vez agradece ao Helio pela brilhante colaboração.

 

quinta-feira, 27 de abril de 2023

LAGOA

A Lagoa é um privilégio que o Rio ainda tem. Ali se pode caminhar, correr, pedalar, remar, passear, não mais ver as mortandades de peixes, admirar o trabalho do Moscatelli que recuperou a flora e a fauna local. É de dar inveja a qualquer cidade.

Hoje temos fotos familiares das décadas de 30, 50 e 60 do século passado, para lembrar como era antigamente.

DÉCADA DE 1930


DÉCADA DE 1930


DÉCADA DE 1930


DÉCADA DE 1950

DÉCADA DE 1950

DÉCADA DE 1950


DÉCADA DE 1950


DÉCADA DE 1960

quarta-feira, 26 de abril de 2023

VOLEI DE PRAIA - ANOS 60



Esta foto, enviada por alguém que pede para ser identificado apenas como um "Amante do Rio", mostra a Praia de Copacabana na década de 60. Ela retrata um jogo de vôlei de praia em frente ao BEG (Banco do Estado da Guanabara), ali na esquina da Rua Rainha Elizabeth.

Nela podemos ver como a areia ficava perto dos prédios, na antiga Avenida Atlântica de pista única, de mão-dupla. O curioso é que, por acaso, conheço muita gente que aparece nesta foto que apresenta um dos campeonatos vôlei de praia, patrocinado pelo "Jornal dos Sports" e "Casas Garson", que faziam grande sucesso em todos os verões.

Um dos times é o da rede RENO, que tinha sua quadra bem em frente ao Castelinho, em Ipanema. A jogadora que está em pé na quadra é a Carminha, que namorava o Paulinho, filho do futuro presidente Figueiredo.

Sentado na areia, sem camisa, em primeiro plano, meu saudoso amigo Arnaldo Jannuzzi. Na rede RENO jogavam, entre outros, os irmãs Arnaldo e Tonico Jannuzzi, o Luciano, o Eduardo (Lila), o Bebeto, o Viterbo, o Nelsinho, o Luiz Carlos (Matador), o Rubão, o Gaio, vez por outra o Nuzman e o Ari Graça. A camisa da rede RENO era amarela com listras pretas, para as mulheres. Os homens jogavam sem camisa.

Para ver o nível dos jogos basta dizer que em 1964 a Rede Reno foi derrotada pela Rede Bolivar que tinha em seu time os craques Feitosa, Nuzman, Victor e Rui Marcondes.

Na época, disputei um campeonato por uma rede do Posto 6, acho que se chamava Tatuís, onde o destaque do time era o Renato (que foi goleiro profissional do Atlético Mineiro e, depois, do Flamengo, do Fluminense e da Seleção Brasileira). Fomos logo eliminados.

O Renato era também goleiro do time de futebol de praia do Posto 6, o Lá Vai Bola. O reserva dele era o Candeias.

Lembro do nome de algumas redes que participavam desses campeonatos, como as redes Frazão, IBM do Brasil, Vidigal, Piraquezinho, Pracinha, Pinguins, Olinda, Porangaba, Grade (Grêmio Recreativo dos Amigos Desocupados da Esquina, do Paulo Marcio), Icaraí, Real Constant, Maninho, Copaleme, Três M, Juventus, Esparta, Atlanta, Thomas Silva, Buda, etc.

Qual seria a história fundiária do prédio da esquina da Rainha Elizabeth onde funcionou o BEG, depois Banerj e Itaú, além de ter na sobreloja a 5º Região Administrativa?


Também veio esta foto do time da Rede Thomaz Silva, onde jogava o "Amante do Rio". De Pé: Zé Maria, Fernando, Arnaldo, Dudu e Carlos (ou era o Delano?). Agachados: Idácio Cardeal, Nereu, Helinho, Ítalo e Roberto Bianco.


Nesta foto, também do Posto 6, não identifico ninguém. Pobres dos PMS com aqueles uniformes pesados sob um sol de verão em Copacabana.

Os campeonatos de volei de praia eram amplamente divulgados pelo "Jornal dos Sports". O de 1964 contou com mais de 70 equipes inscritas. Havia diversas categorias como "principiantes", "especial", "mista". Às vezes até a Rádio Continental transmitia as partidas (a audiência devia ser pífia).


terça-feira, 25 de abril de 2023

CINEMA CARIOCA



Vemos fotos do Cinema Carioca, localizado na Rua Conde de Bonfim nº 338, na Tijuca, foi inaugurado em 26/03/1941, tendo mais de 1000 lugares. Em estilo "art-déco", era um belo cinema, em cuja arquitetura havia requintes como mármore de Carrara. Atualmente em seu lugar, há muitos anos, existe um templo da Igreja Universal. O imóvel é tombado.


Foto do acervo do Correio da Manhã no dia da inauguração do Cinema Carioca. Ele partilhava no seu interior alguns elementos comuns do antigo Cinema Leblon, pois eram cinemas construídos na mesma época e pela mesma distribuidora.


Vemos o magnífico "hall" e as belas escadas do Cinema Carioca. Segundo o Waldenir é um exemplo perfeito de Art-Déco. Desde os elementos verticais escalonados ao longo das fachadas (mais visíveis na  lateral) até as escadas amplas, com arranque e corrimão curvos,bem dentro da vertente "streamline" do Déco.

As colunas da entrada principal têm luminárias no topo, da mesma forma que o Edifício São Miguel, no Castelo - com a diferença que as deste último são embutidas no fuste, enquanto as do Carioca são em torno do mesmo.
Não sei se ainda funcionam.



Vista da plateia. Hoje em dia é raro ver, senão impossível, cinemas com mil lugares.


Esta foto foi feita pelo Rafael Netto há quase 20 anos, mas o aspecto do templo pouco mudou. 

Luis Carlos Benites de la Torre comentou certa vez que: "Fui a Tijuca resolver uns problemas e passei em frente ao Cine Carioca, ocupado hoje pela igreja universal. Estava rolando um culto, então rezei 10 pai nossos e resolvi entrar para ver o interior do cinema.

Passei pelo foyer, onde um sijeito me perguntou: veio para o culto? eu disse: não vim pelo espaço. dar uma olhada. Ele riu e entrei.  Pasmem: o cinema esta intacto . Ele foi tombado mas a igreja esta mantendo ele inpecavelmente bonito. Todo em art déco , o carioca mantem as cadeiras originais , as paredes com decorações da decada de 40 e lustres mantidos como novos. Sentei na poltrona e por alguns segundos o pastor que ocupava um palco onde existia uma tela me pareceu desaparecer dando lugar a um belo filme. Matei saudades. Verdade seja dita, parabéns à igreja que ocupa o espaço por manter este patrimonio tombado com tanto zelo. A quem possa interessar, vale a pena entrar no Carioca da Praça Saens Peña e matar saudades. Ele continua belo."


 

segunda-feira, 24 de abril de 2023

GARIMPAGENS DO NICKOLAS

As fotos de hoje são garimpagens do Nickolas e mostram a Av. Atlântica na altura do Copacabana Palace e da Pedra do Inhangá.

Vemos parte do Copacabana Palace com um anúncio da Coca-Cola na vizinha Pedra do Inhangá. Era neste local a antiga divisão entre Copacabana e Leme, que passou depois para a Av. Princesa Isabel.

Mais adiante a Pedra do Inhangá foi mais recortada ainda para a construção dos edifícios Chopin, Prelúdio, Balada e Barcarola.

Conta o Gustavo Lemos que o terreno da Pedra do Inhangá foi duramente disputado por D. Mariazinha Guinle, proprietária do Copacabana Palace, e o empresário polonês Henryk Alfred Spitzman Jordan. A briga foi feroz e o polonês levou a melhor. D. Mariazinha não se conformou e pretendia construir um muro na lateral do hotel para tirar a vista dos prédios. O empresário ameaçou colocar as cozinhas e áreas de serviço voltadas para o muro. Finalmente foi selada a paz e as partes chegaram a um acordo. Henryk construiu os prédios e foi morar na cobertura do Chopin, em companhia da sua mulher brasileira Josefina Jordan, definida por Ibrahim Sued como a grande locomotiva da nossa Alta Sociedade.

Segue o Gustavo: Henrik Alfred Spitzman Jordan era polonês de nascimento e sobrenome. Com a diáspora, os judeus se espalharam pelo mundo e adotaram os sobrenomes locais, principalmente para não serem discriminados. Os sobrenomes típicos judeus seguem o modelo semita, também adotado pelos árabes: Prenome, nome do pai e algumas vezes o nome do avô. O fundador do Estado de Israel chamava-se David ben Gurion (David filho do Gurion). Este é um sobrenome típico judaico. Os árabes imigrantes eram chamados de turcos, porque entravam no Brasil com passaporte da Turquia. Isso foi antes da ONU, que hoje fornece passaportes para refugiados. Isso aconteceu com imigrantes de outros países que recebiam passaportes que não eram do seu. Essa confusão acabou a partir de 1948.


No detalhe do anúncio vemos que a garrafa de Coca-Cola custava Cr$1,30 por volta das décadas de 40/50. Os especialistas em atualização monetária poderão fazer uma comparação com o preço de hoje.

Esta foto, defronte ao Copacabana Palace, mostra dois "banhistas", atualmente chamados de "guarda-vidas", posando para o fotógrafo. O da esquerda, com um cigarro na boca. Usavam aqueles antigos calções que pareciam ser feitos de lã.

O Gustavo e o Jason, ao verem a foto, chamaram a atenção para o Packard amarelo-vermelho estacionado na portaria do hotel. Eram do serviço de "expresso-rápido" para Petrópolis, oferecido aos hóspedes do Copacabana Palace.


Nesta belíssima foto da Av. Atlântica, 
de meados dos anos 50, vemos acima do cartaz da Coca-Cola, o anúncio da obra para a construção dos edifícios Prelúdio, Balada e Barcarola.

Os amantes dos carros antigos poderão identificá-los.