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sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

POSTO DE GASOLINA



Cada vez há menos postos de gasolina pela Zona Sul, pois os terrenos estão sendo vendidos para a construção de edifícios de apartamentos. Este, entretanto, sobrevive há uns 80 anos.

Fica perto do Jockey Club, no final da Av. Bartolomeu Mitre, esquina com Rua Rodrigo Octávio. Era “Atlantic” e hoje em dia é “Ipiranga”.

Segundo o Dieckmann vemos uma Vemaguet de 1957, Universal é seu nome, já com a porta traseira abrindo para baixo e para cima. E bicolor, com um esquisito friso cromado dividindo as cores e que foi uma invenção da Vemag, pois nunca vi tal ousadia nos carros alemães. É o carro mais fácil de identificar. Depois, vemos um Mopar 46-48, quase encostado no lotação Chevrolet. Há outro igual, de capô aberto, estacionado.

Na penumbra, um Ford 37 ou perto, e um caminhão, que parece ser um Chevrolet Gigante - mas não garanto. À esquerda, um saia e blusa que tem jeitão de Chevrolet 51-52.



Nesta foto vemos o posto de gasolina no ângulo oposto à foto anterior. No fundo vemos as instalações do Jockey Club. À esquerda, ficaria a Praça Santos Dumont. O fotógrafo está na Rua Rodrigo Octávio.


Vemos um ônibus se dirigindo para a Av. Bartolomeu Mitre. Esta avenida já foi de mão-dupla e já teve seu trânsito em mão-única em ambos os sentidos. 
Antigamente a Bartolomeu Mitre se chamou Rua Conde de Avelar.


Posto Rio Jockey em imagem do Google Maps em 2010.


Posto Rio Jockey em imagem do Google Maps em 2010.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

A MURETA DO MORRO DA VIÚVA

O tema hoje é sobre a mureta que existe em frente ao Morro da Viúva. O primeiro nome dado a este penedo foi “Mont Henry”, dado pelos franceses de Villegaignon. Sua nomenclatura atual originou-se do fato deste morro ter pertencido, no século XVIII, a D. Joaquina Figueiredo Pereira de Barros, viúva de Joaquim José Gomes de Barros.

Em 1863, com a ocorrência da Questão Christie foi construída neste morro uma bateria objetivando defender a enseada de Botafogo, Flamengo até o Passeio Público. Pertenceu, durante muitos anos, ao Comendador e construtor Antônio Januzzi, que dele extraiu pedras para suas obras em toda a c idade até meados de 1920. O Obelisco da avenida Rio Branco foi confeccionado com pedras deste morro. Em 1922 foi circundado pela Avenida Rui Barbosa, sendo então loteado.


Quando o Prefeito Pereira Passos construiu a Avenida Beira-Mar, em 1904/1906, preferiu ligar as praias do Flamengo e Botafogo através da "Avenida de Ligação", hoje Avenida Oswaldo Cruz. Anos depois, em 1921, o Prefeito Carlos Sampaio construiu a "Avenida do Contorno", hoje Avenida Rui Barbosa, contornando o Morro da Viúva. 

O que sempre me intrigou foi ver esta "falha" na mureta em diversas fotos do Rio Antigo, separadas por décadas. A foto acima provavelmente é dos anos 1940, como podemos supor ao ver os edifícios da Praia de Botafogo.


A mureta é aproveitada por pescadores na década de 1950. E era um perigo para as crianças. Contam que foi daí que o nosso querido Lavra, o Bispo Rolleiflex, se lançou para nadar até a Urca (como achou muito cansativo, desenvolveu a conhecida habilidade de caminhar sobre as águas, o que tornou este passeio mais confortável).


Outra foto bem antiga, do tempo em que ainda se escrevia "Pão de Assucar". Será que esta abertura na mureta se destinava ao acesso a barcos?

É sabido que, durante certa época, de Botafogo partiam barcos a vapor com destino ao Saco do Alferes, à Ponta do Caju e ao Cais do Brito (perto do Cais Pharoux). 

Por terra havia acessos como o do Caminho Velho de Botafogo (atual Rua Senador Vergueiro) e o do Caminho Novo de Botafogo (atual Rua Marquês de Abrantes).





 Esta fotografia já é da década de 1960. Embora menor, a "falha" continuava lá.
Ao fundo, em "alta", o anúncio dos "Pneus Firestone".


segunda-feira, 9 de dezembro de 2024

HOSPÍCIO D. PEDRO II - HOSPITAL DOS ALIENADOS


FOTO 1: De Georges Leuzinger, década de 1860 (Brasiliana Fotográfica).

Texto a partir de consulta no Sindegtur.

Desde 1830 a Santa Casa de Misericórdia lutava para erguer um hospício destinado a abrigar deficientes mentais, haja vista que o expediente até então era de acolhe-los no antigo Hospital da Santa Casa, na Rua Santa Luzia, construção do século XVIII e já completamente obsoleta. Já há alguns anos os loucos mais furiosos eram encarcerados na cadeia pública, processo desumano e incompatível com os progressos científicos da época e que já eram conhecidos no Brasil.

A Santa Casa, que vivia em dificuldades durante o Primeiro Reinado, na Regência, quando assumiu como Provedor José Clemente Pereira, se reergueu. Ele conseguiu as verbas necessárias para um novo hospital, que seria o Hospício de D. Pedro II.

A construção ficou a cargo de José Domingos Monteiro, arquiteto do Hospital Central da Misericórdia, o qual, usou como modelo de seu projeto, o velho Hospital de Charenton, casa-mãe da Psiquiatria francesa. Depois interveio na construção o arquiteto Major José Maria

Jacinto Rebêlo, o qual acrescentou ao prédio a Capela de São Pedro de Alcântara.

Ocupava o prédio uma área de 140 mil metros quadrados.

A 30 de novembro de 1852 realizou-se a cerimônia da bênção do Hospício de D. Pedro II. Pertenceu à Irmandade da Santa Casa da Misericórdia até 11 de janeiro de 1890. Quando, por desentendimentos políticos com o Provedor Visconde de Cruzeiro, passou o hospital para o Ministério da Justiça e Negócios do Interior. Logo depois, quando se lhe anexou a Colônia de Alienados da Ilha do Governador, passou a receber o nome de Hospício Nacional de Alienados. Em 1911, houve uma separação dos sexos, fundando-se uma nova colônia para as mulheres em Engenho de Dentro. Em 1942, as instalações da Praia Vermelha foram transferidas, aos poucos, para novos hospitais como Colônia Juliano Moreira e Gustavo Riedel, em Jacarepaguá. Estes modernos nosocômios foram inaugurados em 14 de janeiro de 1944, podendo receber os primeiros doentes removidos da Praia Vermelha.

Desocupado o velho prédio, foi então permutado com a Universidade do Brasil, que dele tomou posse em 1947. Sendo reitor da instituição o erudito professor e acadêmico Pedro Calmon Muniz Bittencourt, soube, com rara perícia, obter do Ministério da Educação e Saúde as verbas necessárias à restauração e adaptação do belo palácio, com o fito de ali sediar a Reitoria e diversas faculdades da área biomédica.

A inauguração da nova sede universitária ocorreu oficialmente a 5 de dezembro de 1952.

Trinta anos depois, a Reitoria foi transferida para a Cidade Universitária, na Ilha do Fundão, sede da agora rebatizada Universidade Federal do Rio de Janeiro, ficando no velho prédio algumas faculdades da área biomédica e cursos diversos de extensão universitária.

O prédio é tombado pelo IPHAN.


FOTO 2: Nos dois primeiros séculos de existência da cidade, todo o trecho marítimo que ia do Morro do Matias (hoje, do Pasmado), em Botafogo ao Morro da Urca eradenominado de Praia de Martim Afonso ou Praia de Santa Cecília. No século XVIII deram-lhe o nome de Praia da Saudade.

No século XVIII, o Cônego Dr. Antônio Rodrigues de Miranda, Vigário-Geral do Bispado do Rio de Janeiro e proprietário daquelas terras fez doação de toda a orla e chãos adjacentes à Santa Casa de Misericórdia.

Um século depois, a Santa Casa aproveitou esses terrenos para ali erguer, de 1841 a 52, seu novo nosocômio para alienados, o qual recebeu o nome de Hospício de D. Pedro II.

Em 1920, a família Guinle, chefiada pelo empresário Guilherme Guinle, bem como a família Rocha Miranda, dona da primeira concessão de uma linha de ônibus para a Praia Vermelha, assim como outros amantes do iatismo, resolveram fundar o Fluminense Yachting Club, cuja sede inicial foi no estádio do Clube Fluminense, em Laranjeiras, logo depois transferida para a Praia da Saudade. Nesta nova sede, frequentemente ampliada, havia casas de banho de mar antes de terem tornado mais acessíveis os de Copacabana.

A Praia da Saudade foi definitivamente aterrada em 1934/1935, para ali ser construída uma pista de pouso de aviões, desativada na década de 1940.

Um projeto de ampliação do Fluminense Yachting Club foi organizado por Oscar Niemeyer, mas as ampliações acabaram sendo feitas aos poucos, sem um plano específico, até hoje. O estabelecimento, depois rebatizado para Iate Clube do Brasil e, desde os anos 60, de Iate Clube do Rio de Janeiro.


FOTO 3:  De Leuzinger, de 1865, mostrando o Hospício Nacional dos Alienados, na Praia da Saudade, Urca. O prédio, hoje da Reitoria da Universidade Federal do Rio de Janeiro, é um grande retângulo enquadrando quatro grandes pátios internos, separados por um corpo central, destinado de certo modo a distanciar as alas masculinas e femininas do asilo. No bloco central estava a entrada única. Três grandes portões conduziam ao átrio nobre, de onde se erguia uma escadaria monumental, que levava diretamente à capela, no andar superior e, à meia altura, se bifurcava em dois lances.

O prédio foi iniciado em 1842 e inaugurado em 1852, como Hospital Pedro II. Em 1890 tomou o nome de Hospital dos Alienados e funcionou até 1944 quando os pacientes foram removidos da Praia Vermelha para o novo hospício construído no Engenho de Dentro.

O prédio passou a ser usado pela Reitoria da Universidade do Brasil, hoje UFRJ.


FOTO 4: De Marc Ferrez, de 1890, com outra vista da Praia da Saudade, na Urca. Esta praia teve anteriormente o nome de Praia do Suzano e Praia de Santa Cecília, nome que perdeu em 1868, quando a Câmara a rebatizou como Praia da Saudade. Acabou na década de 1920, durante a gestão de Alaor Prata na Prefeitura, com a construção do Iate Clube do Rio de Janeiro. Na mesma época a Rua da Praia da Saudade recebeu o nome de Avenida Pasteur.


FOTO 5: Aspecto da Av. Pasteur em frente ao Hospital dos Alienados/Reitoria. Notar a mureta que existia antes do aterro para a construção do Iate Clube do Rio de Janeiro. O Rio perdeu a Praia da Saudade para a construção do clube e os cariocas a bela visão da baía, a partir da Av. Pasteur.

FOTO 6: Postal da coleção de Klerman W. Lopes mostrando a área da Praia da Saudade, na Avenida Pasteur, antes da construção do Iate Clube do Rio de Janeiro. Pode-se ver o Hospital dos Alienados (Hospício).

FOTO 7: Aspecto do prédio ainda no tempo dos bondes. Os trilhos que levavam à Praia Vermelha, ponto final da linha 4, passavam bem junto da estreita calçada.

FOTO 8: Pesquisa da Conceição Araújo: No Brasil, em 1830, não havia ainda tratamento para os doentes mentais: os ricos eram mantidos isolados em suas casas, longe dos olhares curiosos, enquanto os pobres perambulavam pelas ruas ou viviam trancafiados nos porões da Santa Casa da Misericórdia.

Nessa época, inspirados pelos ideais revolucionários franceses, Pinel e Esquirol propuseram novas formas de assistência à doença mental, que tinham, na existência da instituição manicomial, o próprio método de tratamento. Essas ideias contagiaram a recém-criada Sociedade de Medicina do Rio de Janeiro, que se mobilizou em torno do lema: "Aos loucos, o hospício!", pleito esse formulado, em 1839, pelo contundente relatório de José Clemente Pereira:

"...Parece que entre nós a perda das faculdades mentais se acha qualificada como crime atroz, pois é punida com a pena de prisão, que, pela natureza do cárcere onde se executa, se converte na de morte".

Sensibilizado por essas denúncias e impressionado com os gritos dos loucos vindos dos porões da Santa Casa, D. Pedro II assinou, em 1841, o decreto de criação do hospício.