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quarta-feira, 7 de agosto de 2019

AVENIDA ATLÂNTICA




 
Há postagens que têm que ser copiadas, para serem divulgadas para todos os apreciadores do Rio Antigo, entre eles os que acessam o “Saudades do Rio”. A de hoje é o estupendo, minucioso e completo estudo que o prezado Maximiliano Zierer (a quem peço publicamente licença  para publicação e parabenizo) fez do quarteirão entre as ruas Bolívar e Xavier da Silveira, Copacabana. É um trabalho magnífico, que todos devem conhecer, abrangendo “ontem” (década de 30) e “hoje” (2019):
Descreve Zierer: “Da esquina com a rua Bolívar em direção à rua Xavier da Silveira temos atualmente os seguintes prédios, nesta sequência:
edifício Oceânico, rua Bolívar número 7, antigo Av. Atlântica número 766
edifício Brandt, Av. Atlântica número 3102
edifício Jurista Ruy Barbosa, Av. Atlântica número 3114
edifício Pedra Branca, Av. Atlântica número 3130
edifício Praia, Av. Atlântica número 3150, antigo número 784
edifício Embaixador, Av. Atlântica número 3170 (ex-local da sede do Praia Clube, Av. Atlântica antigo número 790, inaugurada em 14 de julho de 1928. Informação do André Decourt)
edifício Lincoln, Av. Atlântica número 3186, antigo número 792
edifício Vicente Duarte, Av. Atlântica número 3196
edifício São Carlos dos Pinhal (esquina da Xavier da Silveira) Av. Atlântica número 3210
De acordo com o mapa publicado pela Secretaria de Viação, Trabalho e Obras Públicas da Prefeitura do Distrito Federal (PDF) no início da década de 30, havia nove casas nesse quarteirão. Indiquei no mapa qual é o edifício que ocupa atualmente o local de cada uma daquelas antigas casas de beira de praia. O mapa deve ser comparado com a foto de 1930 das nove casas e também com a foto atual do mesmo local (2018), obtida através do Google Street View. Em ambos os casos, indiquei o nome do edifício que está no local atualmente. Como veremos adiante, a maioria daqueles casarões, construídos durante a década de 1910, tiveram uma existência de apenas 25 a 30 anos, sucumbindo logo em seguida à voracidade da especulação imobiliária.
Quero destacar duas dentre as nove casas neste quarteirão: a casa da esquina da Av. Atlântica com a rua Bolívar, apelidada de castelinho da Bolívar, e a casa que foi sede do Praia Clube, bem no meio do quarteirão. O castelinho da Bolívar, cujo endereço era Av. Atlântica número 776 (numeração antiga) era uma elegante casa de dois andares com uma torre pontiaguda no seu lado voltado para a esquina. Esse castelinho recebeu destaque em 1916, quando foi selecionado como exemplo de uma das mais belas casas do Rio de Janeiro daquela época de ouro, o início do século XX (ver foto da matéria publicada na Revista da Semana de número 51, de 1916). O terreno foi adquirido em dezembro de 1911 pelo Dr. Raul Camargo, que era Curador de Órfãos do Distrito Federal, e o castelinho foi construído entre 1912-13. Logo na primeira metade dos anos 30 (1934-35), o castelinho foi demolido, tendo sido construído no seu lugar o edifício Oceânico (1936-37), cujo endereço é rua Bolívar número 7, pois a portaria para a entrada no prédio é pela rua Bolívar.
A segunda casa que vamos destacar nesse quarteirão era a sede do Praia Clube, que era dirigido pelo industrial Armando Marinho. Na verdade, esta casa já era então a terceira sede do Praia Clube: a segunda sede foi uma casa que deu lugar ao prédio do cinema Rian e a primeira sede foi uma casa na rua Santa Clara número 168. Esta terceira sede, inaugurada em 14 de julho de 1928 na Av. Atlântica número 790 (numeração antiga), era um grande casarão de dois andares com belas varandas e um amplo terreno, cujo lote, nos seus fundos, ia até a rua Aires Saldanha. No casarão eram organizadas diversas festas, chás dançantes, saraus e outros eventos culturais da elite de Copacabana do final dos anos 20 até a primeira metade dos anos 30 (a belle époque de Copacabana).
O Praia Clube também organizava eventos nas areias da praia de Copacabana e na pista da Av. Atlântica, os quais atraíam multidões para as suas imediações, tais como as festas das sombrinhas, os desfiles de misses, os desfiles de pijamas e os banhos de mar à fantasia. Como a sede do Praia Clube era uma casa alugada, os proprietários tiveram interesse em vender o casarão e, após a venda por volta de 1935-36, ele foi em seguida demolido. No seu lugar, foi erguido o edifício Embaixador (1937-38), cuja inauguração foi anunciada pelo jornal Correio da Manhã em 9-6-1938.
Diferentemente do quarteirão da Av. Atlântica entre as ruas Santa Clara e Constante Ramos, onde o rápido processo de verticalização começou somente a partir da segunda metade da década de 40 com a construção dos edifícios Albion (1945-46) e Cairo (1947-48), no quarteirão entre as ruas Bolívar e Xavier da Silveira esse processo se iniciou uma década antes, ou seja, ainda na metade dos anos 30, com a construção dos edifícios Praia (1935-36) e o Oceânico (1936-37, este no local do castelinho na esquina com a rua Bolívar). Na sequência, foram construídos: o edifício São Carlos do Pinhal (1936-37, com apenas oito andares, sendo o mais baixo do quarteirão, localizado na esquina com a rua Xavier da Silveira), depois, entre 1937-38, foi construído o edifício Embaixador (ex-local da sede do Praia Clube) e, na virada da década de 30 para a década de 40, foram erguidos os edifícios Brandt e Jurista Ruy Barbosa. Até a metade dos anos 40, mais dois edifícios foram construídos: o edifício Lincoln (1944-45) e o edifício Vicente Duarte.
Ao final da década de 40, somente uma única casa sobrevivia de pé daquele conjunto de nove casas que havia no quarteirão. Era uma casa que possuía um torreão quadrado (que servia como mirante para observar a praia e os movimentados eventos do Praia Clube) e que ficou emparedada entre o edifício Praia e o Ruy Barbosa. Essa casa ainda resistiu até o início da década de 60, quando finalmente foi demolida (1961-62) e no seu lugar foi construído o edifício Pedra Branca (1963-64). E assim terminou a era de ouro das belas casas e bangalôs de praia neste quarteirão entre as ruas Bolívar e Xavier da Silveira, todas substituídas pela implacável modernidade e praticidade dos famigerados arranha-céus!”
Texto e pesquisa de Maximiliano Zierer - fontes: Jornal do Brasil, Correio da Manhã, Jornal do Commércio, revista Careta, revista da Semana.
 

20 comentários:

  1. Bom dia, Dr. D'.

    Trabalho digno de louvor. Copacabanólogos em festa. Decourt fazendo escola.

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  2. Que trabalho de pesquisa magnifico! muito legal a comparação do visual e a comparação deste trecho da orla como era e como agora está. Pela arquitetura destes prédios, achava que haviam sido construídos nos anos 50 e não nos anos 30.

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  3. Sensacional este trabalho.Parabens ao Zierer.Vendo os casarões da antiga Atlantica,só fico imaginando minha igreja instalada naquela área e com todas as mordomias para dizimistas.Um show.

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  4. Bom dia a todos.
    Ok. Tudo muito bonito, tudo muito arrumadinho. Mas aí vem da pergunta que não quer calar: Teria êxito nos dias atuais?
    Veja que nessas casas, contando com família e empregados, talvez não chegasse ao número de 10. Quantos moradores habitam em um edifício deste? Resposta: Muitos.
    Esse tipo de coisa é impraticável em uma metrópole. Que existisse em cidades como Guapimirim e entre outras, tudo bem, mas em regiões metropolitanas é impossível.
    Seja pelo que falei ou seja pelos motivos dos quais o Joel não se cansa de repetir diariamente aqui.
    O que resta apenas para aqueles que lamentam é corroborar com as palavras do Lino: "Deveria existir uma lei que proibisse mais de 1 milhao de pessoas em qualquer cidade da Terra."

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  5. FF: saiu no Globo... Estudantes do CSI assaltados na rua Sorocaba.

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    1. Eu tive acesso ao vídeo e infelizmente a ação é corriqueira. O autor do roubo estava usando uma camisa da seleção Argentina e aqueles corredores de Botafogo são palco dessas ações: Apenas um armado e o outro aguardando na moto. Deram sorte, pois um motorista ou transeunte armado daria dado facilmente cabo de pelo menos um deles. O curioso dessa ação criminosa foi que a indumentária de um dos criminosos fugiu ao "padrão habitual", já que na maioria da vezes tem as cores vermelho e preto. "um espanto"!

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  6. Bom dia,Luiz,pessoal,
    Postagem magnífica! Parabenizo a vc por tê-la feito e ao Zierer pelo trabalho detalhadíssimo de levantamento de dados,numerações antiga e atual,posicionamento,etc.
    Aí é que podemos ver o quanto se massacrou Copacabana.Permita-me o Wolfgang uma discordância, mas pelo menos a orla deveria sim, ter sido mantida com estas mansões.Que se levantassem os espigões da N.S.Copacabana para dentro.Teríamos mais circulação de ar,mais luz nos prédios de trás,e uma frente de costa esteticamente impecável.
    Seria como se preservassem toda a Av.Rio Branco com os imóveis originais da Era Passos, mas cercada de tudo o que existe hoje.

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  7. O assunto é por demais complexo mas vamos por partes. O preço do metro quadrado na Atlântica é de tal monta que ninguém manteria atualmente uma mansão como as citadas no post, podendo lucrar muito mais construindo prédios de apartamentos. A desigualdade, a enorme quantidade de favelados, crackudos, e miseráveis, leis pífias onde as penas para invasão de propriedade, furto, roubo, etc, são ridículas, e a politica do vitimisto, coitadismo, e demais patranhas engendradas pela esquerda comunista, são fatores determinantes para inibir a construção e a manutenção de tais imóveis. Seus proprietários deveriam manter, caso residissem nelas, um exército de seguranças, cercas elétricas, etc.

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    1. No meu caso,instalando minha igreja em qualquer dos casarões, teria antes a presença de um esquadrão anti tarjas-verdes.

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  8. Sensacional a pesquisa histórica ! Parabéns pela divulgação.

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  9. Parabéns pelos 500.000 acessos!!!!

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  10. Então os eventos do Praia Clube atraíram os investimentos imobiliários mais cedo para aquele trecho de Copacabana.
    Considerando-se a arquitetura e o urbanismo, o maior problema é essa "muralha" construída com tantos prédios colados uns nos outros.

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  11. Parabéns ao gerente do bar, já são mais de 500.000 visitas.

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  12. Ninguém reparou (será?),mas neste exato momento em que escrevo, 12h25,o blog atingiu 500.065 acessos. Parabéns!!!
    E que continue assim...

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  13. Acabei de ver agora. E depois nos comentários de vocês.
    Realmente, nesta fase em que os blogs do Rio Antigo se deslocaram para o Facebook, é um número significativo.
    Obrigado.

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  14. Peralta,o implicante7 de agosto de 2019 às 12:56

    Peralta informa:Tia Nalu deixa Curitiba e vai para Sampa.

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  15. Como curiosidade: estes são os números de visualizações de agosto até o dia de hoje:
    Brasil = 4941
    USA = 242
    Portugal = 49
    Itália = 30
    Irlanda = 29 (devem ser os Darcy de lá)
    Espanha = 27
    Russia = 25
    Argentina = 11
    Reino Unido = 10
    Origem desconhecida 11

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    1. Considerando-se o tamanho da Irlanda, realmente só pode ser alguma ligação especial.
      Na média geral, nesses 2 anos e 8 meses, são aproximadamente 520 visualizações por dia.

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  16. Boa tarde a todos. Inicio meu comentário de hoje parabenizando o mestre Dr. Luiz D' pelos 500.000 acessos, rumo ao 1 milhão. E vou continuar parabenizando pela excelente postagem de hoje, referente ao trabalho de pesquisa do mestre Maximiliano Zierer. As construtoras são as principais responsáveis pela destruição da qualidade de vida da cidade certamente amparadas pelos nossos políticos. É lógico que não foi só o crescimento e a concentração populacional ocorrida na cidade os responsáveis pela destruição da cidade, os próprios formadores de opinião dos moradores da cidade as principais mídias aqui instaladas são coadjuvantes importante nesta tarefa.

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  17. Peralta,o implicante7 de agosto de 2019 às 20:46

    Peralta informa:Tia Nalu permanece em vigília lá em Curitiba.Bom dia,boa tarde,boa noite....

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