Nas fotos de hoje, das décadas de 20 e 30 do século passado, vemos o Teatro
Phoenix, que ficava na Rua Barão de São Gonçalo (atual Av. Almirante Barroso) nº
65, esquina da Rua México, telefone 22-5403. Foi o Cine-Teatro Phoenix de 1914 a 1932, transformou-se
no Cine Ópera de 1937 a
1944 e voltou a ser apenas o Teatro Phoenix até a década de 1950, quando foi
demolido. Em seu lugar foi construído o Edifício Cidade do Rio de Janeiro
Houve várias tentativas para acabar com o teatro: em novembro de 1940,
os proprietários fizeram um contrato com a Cia. Imobiliária Rex para a sua
demolição, mas ele foi rescindido. Em 1948, o empresário Vital de Castro quis
expulsar a Companhia de Sandro Polonio e Italia Fausta, que ali se apresentava,
para transformar o teatro em cinema. Italia Fausta, fez com que todos os
artistas mudassem para os camarins, formando uma barreira e transformou a situação
num escândalo. Com isto o advogado Clóvis Ramalhete ganhou a questão em juízo e
a companhia permaneceu no teatro. Em 21/06/1951, a Câmara Federal autorizou o
Prefeito a desapropriar o teatro, incorporando-o ao Patrimônio Municipal, para
que não fosse demolido. Mas, por falta de verbas, a desapropriação não foi
feita. O JB de 20/08/1957 noticia que “foi interrompido, com pedidos de vistas
dos desembargadores Bulhões de Carvalho e Roberto Medeiros, o julgamento pela 4ª
Câmara Cível do mandado de segurança impetrado pelo Sr. Guilherme Guinle para
derrubar o Teatro Phoenix. O mandado foi impetrado contra a Prefeitura do Distrito
Federal, pois pretende o impetrante demolir o prédio para construir outro no
mesmo local”. O teatro finalmente foi demolido em 1958 para dar lugar ao prédio
de 22 andares.
Em 1951 Otávio Rauge, diretor de cena do teatro, fez levantamento informando
que no térreo havia um grande “hall” de entrada, escadaria de mármore e ferro para
acesso ao 1º e 2º andares, banheiros e lavatórios laterais, “hall” do elevador.
No 1º um grande salão central com 5 janelas e mais 2 salas laterais, “foyers” e
galerias, além de 6 camarins com lavatórios. No 2º andar outro grande salão central
e também 2 salas laterais, “foyers” e galerias, além de 8 camarins com lavatórios..
Havia ainda no térreo 2 chapeleiras com lavatórios e banheiros. Na sobreloja mais
2 chapeleiras com lavatórios e banheiros. Havia recinto para a orquestra, tinha
uma boca-de-cena amplas. No 3º andar havia um salão, 3 camarins, lavatórios e
banheiros. No 4º andar havia um salão para ensaios de balé e mais 5 saletas
para vestiário.
A lotação era de 713 lugares: no térreo platéia com 320 poltronas
estofadas e 6 frisas; na sobreloja, balcão nobre com 135 poltronas estofadas,
12 frisas nobres e 2 camarotes especiais com ante-câmara, destinados à
Presidência da República e à Prefeitura; no 1º andar, balcões de 1ª com 115
poltronas, 10 camarotes e mais 2 camarotes com ante-câmara; e no 2º andar,
balcão de 2ª com 105 poltronas e 4 camarotes, além de 2 outros camarotes com
ante-câmara.
Neste teatro apresentaram-se artistas famosos como Bibi Ferreira em “Sétimo
Céu”, de Austin Strong, com tradução de Elsie Lessa. Ou em “Que fim de semana!”
de Noel Coward, com tradução de Tyndaro Godinho. Italia Fausta se apresentou
com “Dona e Senhora”, de A. Torrada e L. Navarro, tradução de C. Bittencourt e J.
Wanderley. “Vestido de Noiva”, de Nelson Rodrigues, foi ali apresentado por Maria
Sampaio, Stypinska, Carlos Perry, Stella Perry e Graça Melo. Zeni Pereira se apresentou
em “Amanhã será diferente”, de Paschoal Carlos Magno.
A 3ª foto foi enviada pelo Francisco Patrício.
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Culto e Egrégio Membro da Confraria Ortopédica,
ResponderExcluirUma incomensurável saudade me acometeu ao vislumbrar a bela edificação que tanto freqüentei em minha juventude. Monumento à dramaturgia edificado em terras cariocas, O Phoenix rivalizava com seu ilustre vizinho o Municipal na quantidade e qualidade dos espetáculos. Muitas vezes eu e minha amada esposa, a suave e cândida Madame Pintáfona, nos deleitamos ao som de óperas e de peças de famosos dramaturgos neste templo dedicado à cultura teatral. Inolvidável também a ocasião do primeiro baile carnavalesco neste teatro em 1932.
Aceder ao seu sítio internético de convívio virtual é sempre uma agradabilíssima surpresa e uma aula magna sobre a nossa histórica urbe. Beber desta fonte de conhecimento é como encarnar Ponce de León e ir ao encontro da fonte da eterna juventude, pelas doces lembranças que invadem a minha velha e já cansada mente.
Apenas lastimo, douto companheiro, que o belo teatro tenha sido posto abaixo para dar lugar a um frio e impessoal edifício moderno de escritório. O culto e adoração à modernidade é um dos males destes insanos tempos em que vivemos.
Por isso, culto amigo, mantenho-me recolhido em minha alcova, cercado de livros e de minha espirituosa e inconstante assistente, Mme Simmons.
Volto agora aos meus estudos de Fatoração Comportamental Aplicada às Manadas de Elefantes Abissínios e a uma Chávena de Chá Afegão, com broa de milho.
Despeço-me teatralizado e demolido.
Seu criado,
Dr. Hermelindo Pintáfona
Bom dia. Não há mais espaço nos dias atuais para grandes teatros como esse. Por uma diversidade de motivos, o fato é que o público amante das artes cênicas encolheu a ponto de a maioria dos teatros em funcionamento não comportar mais do que oitenta pessoas.
ResponderExcluirUm belo prédio que foi abaixo como tantos outros do Centro. Nunca fui atraído pelo teatro pois acho que a interpretação é artificial e dispõe de poucos recursos em relação ao cinema.
ResponderExcluirEste Dr. Pintáfona é uma figura.
Muita historia e claro mais conhecimentos.Lamentável o destino.***Poder ler mensagens Dr.Hermelindo é sempre um enorme prazer.Tem comentarista que não vai dormir...Um espanto!!!!
ResponderExcluir???????????
ExcluirFalar em cultura no Rio é difícil pois não temos nem escolas a altura dos alunos. A boa educação é a base de tudo,não somente na escola como em casa. O prédio belíssimo , poderia ter ser conservado ,mas como até hoje acontece, não foi feito.
ResponderExcluirTeatro é cultura e cultura não é o forte do brasileiro. Já foi mais presente, visto que a formação escolar no passado era mais robusta e isso ensejava uma boa formação cultural. No meu entender e pelo andar da carruagem, os teatros serão em um futuro próximo, apenas uma curiosidade, tal como os bondes. Por outro lado, grandes casas de espetáculo como o Barra Music, funcionam com lotação esgotada quando as atrações são pagodeiros, funkeiros, e sertanejos. Isso é o Brasil."É nóis"...
ResponderExcluirO outro teatro foi construído, mas não no mesmo local. O novo Teatro Fênix foi erguido no Jardim Botânico, na Rua Lineu de Paula Machado, onde antes funcionava uma cocheira do Haras São José e Expedictus, da família Guinle/Paula Machado. A casa ficou fechada por mais de uma década, até que início dos anos 70 a Globo arrendou e transformou em auditório. Com a mudança para o Projac, o teatro foi demolido nos anos 90.
ResponderExcluirAlguns hão de perguntar a razão de “DANSA”, escrito na fachada do teatro. Segundo a Prof. Frusca, “Dança podia ser grafado Dansa, por ser esse termo derivado deverbal, tendo duas grafias, originária de duas raízes: do francês arcaico "Dancier" e do francês moderno "Danser". Era correta a grafia "dansa", até os anos trinta. Sobreviveu, porém, a forma mais adequada ao português, embora oriunda do francês arcaico, dançar (deverbal = dança).
ResponderExcluirComo já citou o Rafael Netto, na ortografia vigente até 1943, “A lingua portugueza é uma das poucas que sofreram grandes reformas orthographicas em tempos recentes. Até 1943, vigorava a chamada "orthographia ethymologica", segundo a qual as palavras eram escritas de acordo com sua origem, muitas vezes bastante diferente de sua pronuncia. Assim tinhamos cousas como "sceptro", "sabbado", e (acreditem!) "phthysica". Palavras indigenas usavam sempre a letra Y, como Pery, Ypiranga, Paysandu. O uso de accentos também era bastante timido.
Dos annos 40 em diante, reformas orthographicas feitas de forma independente no Brazil e em Portugal acabaram por criar graphias distinctas em ambos os paizes. A reforma de 1943 acabou com as "letras mudas" e criou os "accentos diferenciativos", que foram eliminados em 1971. No Brazil, a orthographia ethymologica acabou por caracterizar a Belle-Époque, enquanto a regra de 1943 (cheia de accentos) ficou typica dos "annos dourados".”
A Prof. Frusca observa que a Língua Portuguesa no Brasil foi um caso inédito, onde após as reformas de 1907 e 1911, e vários adendos, o último em 1931, Portugal avançou sozinho na evolução da grafia e o Brasil continuou grafando como antes. Ou seja, Portugal adotou uma ortografia moderna, o Brasil continuou com a velha ortografia pseudo-etimológica. É um caso raro de involução da linguagem aprendida por povo colonizado. Normalmente acontece o oposto. Em compensação, na reforma de 1971, caiu não só o acento diferencial de timbre, como também o trema das palavras saudade e vaidade, cuja existência nem era conhecida pelos estudantes brasileiros. Ou seja, o brasileiro sempre descumpriu as regras ortográficas. Não é de hoje.
Bom dia a todos. As fotos mostram como era bonita esta construção, outra coisa que me chama a atenção era a quantidade de Teatros próximos entre si, o Phoenix, o Lírico, o Municipal, não tão perto o João Caetano, o Carlos Gomes e o Recreio. Ainda tinha o Cine Teatro Trianon que era uma casa de variedades. E aí levanto a questão, a população era mais interessada em arte, o acesso era mais barato, ou a qualidade dos artistas e espetáculos eram melhores. E nesta época os espetáculos eram apresentados sempre de 3ª feira a domingo, e as vezes aos sábados e domingos ocorriam duas apresentações. Hoje os espetáculos são na sua grande maioria patrocinados, tem a Lei Roannet para ajudar no financiamento dos espetáculos e os Teatros estão vazios, a grande maioria das peças são apresentadas somente de 6ª feira a domingo em uma sessão. Para mim o que ocorreu, é que o custo dos espetáculos são caros, a qualidade é ruim e a safra de novos atores muito fraca. Se olharmos na TV, a qualidade dos humoristas de hoje chega a ser patética.
ResponderExcluirConcordo e assino embaixo do comentário do Lino. Apesar dos subsídios oficiais os custos de montagem e manutenção dos teatros tornaram proibitivos os atuais preços dos ingressos. Nem os incentivos aos idosos e outras classes conseguiram motivar o aumento do público. Vez por outra surge uma montagem digna de ser vista por contar com bom texto e atores competentes mas até nisso há problemas. A atual classe de atores e atrizes não se arrisca a não ser por necessidade, mesmo quando alegam seu amor à arte. Essência da interpretação, o teatro é onde uma falha só pode ser corrigida com improviso e talento. Hoje preferem as gravações televisas onde erros podem ser corrigidos e são garantidas altas remunerações. O teatro permanece como uma escola mas começa perder o interesse do público, mesmo o considerado mais culto, pelas acomodações tecnológicas de sua sala de estar, sem falar no óbvio fator segurança.
ExcluirQuanto ao motivo da postagem não conheci essa sala mas lembro do lançamento do prédio que está no local e que, junto com as salas comerciais, oferecia um título de sócio do Clube da Cidade, instalado no mesmo edifício. Desconheço se esse clube ainda existe.
Em tempo: Lembrei daquelas inciativas que promoviam a arte teatral como "Vamos ao Teatro", e outras, que reduziam por certo tempo os preços dos ingressos. E também de empreendimentos como a "Câmara de Arte" que vendiam ingressos a preços módicos. O dono de uma dessas empresas, doublê de ator e empresário, morou na Av. Beira Mar. O problema dessas últimas é que geralmente trabalhavam com peças sem grandes atrativos.
ExcluirTia Nalu garante que conhece grandes atores.Todos estrelados.
ResponderExcluirAcho que o prédio atual tem mais do que os 22 andares mencionados no texto.
ResponderExcluirNa primeira foto temos uma jóia. A calçada é digna de uma musica. Como dizia uma antiga comentarista: Sou uma viúva saudosista mesmo que no mundo moderno existam jóias outras como por exemplo o Museu do Amanhã.
ResponderExcluirAliás, tô de volta. É a crise.
ResponderExcluirBoa tarde a todos.
ResponderExcluirA primeira foto é bem conhecida, salvo engano, do Malta. As outras não lembro de ter visto.
Também me chamou atenção a "dansa". Impressiona o quanto a língua portuguesa (ou seria brasileira?) mudou com o correr do século XX. Tanto que lá fora o nosso idioma é chamado de " brazilian portuguese" e os portugueses chamam o idioma de lá de "português continental", sendo bem reticentes à última reforma ortográfica.
Nota de Falecimento:
ResponderExcluirHoje. Jorge Bastos Moreno, Apenas 63 anos.
Na Broadway, os espetáculos musicais, humorísticos, peças teatrais clássicas e contemporâneas, lotam teatros sete dias por semana! Um fator que é fundamental foi abordado no comentário das 10:50: o preço dos ingressos! Grande parte pelos altíssimos custos mas principalmente pelo baixíssimo poder aquisitivo do brasileiro. Quanto custa um ingresso de uma boa peça? Mesmo com descontos promocionais, não saem por menos de R$ 40,00. Em um universo salarial onde o salário mínimo é de R$ 937,00, o que dizer? Algum dos comentaristas pode imaginar se alguém que ganha esse salário pode pensar em teatro?
ResponderExcluirNão consigo ver alguma beleza neste acanhado prédio.
ResponderExcluirCriada por Collor para irrigar os bolsos de artistas, esta malfadada lei Rouanet ajuda muito os espertalhões. Vide as contas numeradas nos paraísos fiscais.
Um significante exemplar da arquitetura eclética, que não acho tão bonito, mas marcou uma época do Rio Antigo.
ResponderExcluirNa primeira foto um lado pouco mostrado do Morro do Castelo. Pena que não ficou tão nítido, mas parece uma área arborizada.
No edifício "Cidade do Rio de Janeiro" há fotos antigas da cidade em todos os andares. Vale a pena conhecer.
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