Aproveitando
o belo cartão postal publicado pelo Achilles Pagalidis, que mostra a região do
Jardim de Alá, com a Cruzada São Sebastião, o Conjunto dos Jornalistas, o clube
Monte Líbano e o clube dos Caiçaras, além daquele famoso edifício em curva na
Avenida Epitácio Pessoa, vamos falar um pouco da Favela da Ilha das Dragas que
aparece também nas fotos, ao lado do Caiçaras.
Boa
parte dos muitos clubes desta região, como o Paissandu, AABB e Monte Líbano
tiveram uma extensa área aterrada junto à Lagoa doada pela Prefeitura. Os
projetos de urbanização do então Distrito Federal foram se valendo desses
aterros para "a construção de sedes e praças de esportes de entidades
desportivas de primeira categoria", como previu a Lei 770.
Os
terrenos, na realidade, mal podiam ser chamados de terrenos, tal a quantidade
de lixo, lodo e brejo. Pelo lado da Lagoa havia a Favela da Ilha das Dragas,
pelo lado da Rua Humberto de Campos, a Favela da Praia do Pinto.
Em
fevereiro de 1969 a Secretaria de Serviços Sociais efetuou a erradicação total
da favela da Ilha das Dragas, com a transferência das últimas 70 famílias para
os terrenos de sua propriedade na Baixada Fluminense. Anteriormente 435
famílias tinham sido levadas para a Cidade Deus.
Após
levantamento sócio-econômico verificou-se que 204 famílias que possuíam renda
superior a dois salários mínimos foram alojadas em 204 apartamentos de 2
quartos, sala, cozinha e área com tanque.
As
que possuíam renda familiar inferior a dois salários mínimos foram alojadas
provisoriamente em Triagem Grande, num total de 164 casas com sala, quarto,
cozinha e banheiro.
Depois
da saída das últimas famílias a área foi entregue à SURSAN, que completaria a
limpeza e urbanização do local, além de dar continuidade à duplicação das
avenidas Epitácio Pessoa e Borges de Medeiros, completando as avenidas no
entorno da Lagoa.
Muitas
árvores, principalmente amendoeiras, foram aproveitadas pelo Departamento de
Parques para colocação em parques da cidade. No local ficou apenas o
ambulatório que atendia aos moradores da Cruzada São Sebastião.
Embora
muitos se dissessem satisfeitos era notório o desolamento de alguns como o José
Alves da Silva que reclamava da distância da Cidade de Deus. Disse ele à época:
"Moro aqui desde 1950 quando dei baixa do Exército e casei. Naquela época
só havia cinco famílias aqui na Ilha das Dragas. Aqui criei meus filhos. Sou
empregado do Clube dos Caiçaras e agora vou ter que tomar três conduções para
vir trabalhar: os ônibus Cidade de Deus - Barra da Tijuca; Barra - Hotel Leblon
e um circular. Trabalho das 18h à meia-noite. Antes podia fazer uns biscates
para ajudar. Agora não sei como vou fazer para sustentar minha família tendo
que pagar aluguel e gastar muito com as conduções.”
A
se notar também o enorme aterro da Lagoa feito pelo Clube dos Caiçaras para aumentar
seu terreno, onde foram construídas quadras de tênis e também campo de futebol,
entre outras coisas.
Alguém
saberia de que ano é o edifício em curva na Epitácio Pessoa?
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Assunto polêmico e que sempre "dá panos pra manga". Do edifício da curva da Epitácio Pessoa não posso precisar a data com exatidão, mas de acordo com as características de construção, parece ser da segunda metade dos anos 50. Existe um site na internet que tem o nome de "Favela tem memória" e infelizmente teve grande parte de seu conteúdo "modificado e suprimido" no correr dos anos para atender ao ditames da ditadura do "politicamente correto" e por tal razão, parte preciosa de seu conteúdo se perdeu, inclusive sobre a remoção da Ilha das Dragas. A Ilha, por estar em terreno da Marinha, entrou em 1965 nos planos de remoção do governo. Sandra Cavalcante {sempre ela}, uma espécie de "Benedita da época" apesar de ser professora primária, sempre levantou a "bandeira dos favelados" e nesse caso, junto à outros interessados cuja lista é bem grande, foi uma das interlocutoras dos interesses dos moradores. O fato é que por duas vezes os líderes locais foram chamados para reuniões que decidiriam o destino da favela. Não houve um terceiro encontro porque os líderes comunitários "desapareceram". Sem externar qualquer tipo de juízo de valor, fico pensando como seria a Lagoa nos dias atuais sem as remoções. Seria a Lagoa um local aprazível como é, valorizado, e um dos grandes cartões portais do Rio?
ResponderExcluirNaquele tempo as soluções eram mais fáceis e havia mais preocupação com a "coisa pública" e não com "supostos direitos". Se você invade o terreno, constrói uma casa, furta água e energia elétrica países sérios, é considerado criminoso e como tal é sujeito às penas da lei. Durante um bom tempo isso funcionou no Brasil. Existia uma legislação do antigo DF onde a proibição de se construir casas de alvenaria nas favelas era punida com a demolição da mesma! Daí explica-se em parte a dimensão da tragédia ocasionada pelas chuvas de 66. Hoje os imóveis nas favelas servem como casamatas do tráfico. Uma grande maioria de moradores NÃO quer sair da favela devido às "facilidades" com que são agraciados. Muitos se fazem de "vítimas oprimidas" mas não passam de espertalhões. Não posso arcar com o ônus do descaso ou "algo mais" do governo. Na minha opinião, "quem refresca bunda de pato é lagoa".
ExcluirAcho que as favelas deveriam ter sido removidas como muitas foram. Mas deveria ter tido um programa habitacional decente que permitisse, sem populismo, a aquisição de moradias financiadas. Os novoslocais deveriam ter infraestrutura adequada, com transporte, saúde, educação, rede sanitária, empregos, etc.
ResponderExcluirMas isto é querer demais. Se até a Barra, região “nobre”, foi feita do jeito que foi, não há esperança.
O Rio sempre foi mal gerido, com péssimos governantes.
Só para efeito de comparação: o metrô de Buenos Aires é do início do século XX e o nosso é uma tripa.
Tudo no Brasil ocorre nos moldes da "Lei Feijó" de 1831, ou seja "para inglês ver". Não vamos entrar no mérito de como ocorreu a abolição da escravatura mas se naquele tempo fossem implementados programas socais e de alfabetização, e obviamente um controle de natalidade, a realidade seria outra. Escravos eram proibidos a aprender a ler e calçar sapatos. Com a abolição e sem ter qualquer qualificação, o resultado foi funesto. Subiram os morros e fizeram o que só sabiam fazer: muitos filho, que em progressão geométrica, agiram da mesma forma. Após o "boom" populacional dos anos 70, fato agravado pela migração em massa de nordestinos igualmente sub ou desqualificados, a coisa saiu de controle. Com a saída dos militares de cena, ex´terroristas, ex-exilados, e oportunistas se alçaram a à cargos eletivos e passaram a manipular essas populações faveladas, munindo-as de "supostos direitos", valendo-se delas para administrarem seus currais eleitorais e fortalezas do tráfico. Tudo isso aliado à desqualificação do ensino, que acabou formando uma população de analfabetos. Essa é a dura realidade.
ResponderExcluirO eterno hábito de aterrar espelhos d´agua, vem de longe !
ResponderExcluirBata ter uma oportunidade e lá vem um aterro!
A Ilha do Governador é um bom exemplo. Não se espantem de algum "Gênio" qualquer dia destes resolver ligar a Cidade Universitária e Governador ao continente através de um mega- aterro...
O diretor deste set de filmagens deve estar fazendo uma pegadinha de final de ano para exibir estas coisas horrorosas no fotolog.Vai contar com admiração das viúvas de antanho mas já falei que gosto de ver coisa bonita,moderna e dinâmica.Quem gosta de favela é dinamarquês desde que ela esteja no Rio e não em Copenhague ou o dito popular que pimenta no dos outros é refresco.Aliás as viúvas deveriam se associar aos populistas ou entrar para alguma ONG em defesa das belas construções que costumam enxergar desde aqueles tempos do malfadado Morro do Castelo e cercanias.Muito bem para quem trabalhou na erradicação destas aí na Ilha das Dragas e quem não estiver satisfeito um abraço pois continuo diante destas postagens sendo Do Contra.
ResponderExcluirA propósito do tema, a quem interessar. https://www.youtube.com/watch?v=39cIdNg1uaE
ResponderExcluirBoa tarde a todos. Estou de acordo com o comentário do mestre Joel Almeida, nossos problemas com os administradores públicos são hereditários, mal comparando são como os muares que usam antolhos, com uma pequena diferença, os nossos administradores públicos ainda por cima são míopes. Outros defeitos também são observados e se agravam a cada geração, mas isto são outros quinhentos mil réis.
ResponderExcluirConcordo com o Joel. Pergunto: Quem idealizou construiu e decidiu que esse tal conjunto dos jornalistas deveria ser edificado nessa região?
ResponderExcluirMayc, não responde à sua pergunta mas este é um depoimento de quem morou nesse conjunto, com foto da época de sua construção. https://almacarioca.wordpress.com/2013/06/01/rio-antigo-17-condominio-dos-jornalistas-no-leblon/
ExcluirGrato, Docastelo.
ExcluirO tempo está mostrando que as remoções ocorreram na hora certa. Houve truculência? De certa maneira sim, masse não fosse daquela maneira, nosso "confinamento" teria começado mais cedo. Hoje estamos vivendo um "Soweto às avessas". Vai chegar um momento em que haverá uma dura reação do "asfalto" com graves comoções sociais. Fruta comida antes do tempo de maturação causa graves problemas orgânicos. O Brasil foi precipitado quando comeu prematuramente o fruto que lhe disseram ser "democracia". Está pagando caro por isso.
ResponderExcluirCorrigindo: Mas se
ExcluirSó os que têm um temperamento autoritário pensam desse jeito. É verdade que o exercício da democracia é cansativo mas não há outra solução. Se aqui fosse uma ditadura de esquerda ninguém poderia defender esse tipo de ponto de vista. Em sentido contrário se a ditadura fosse de direita. E isso os verdadeiros e autênticos observadores já assistiram esse filme. E tem mais: quem espera alguma forma de intervenção militar pode comprar uma cama e esperar deitado. A própria internet que propaga essa ideias deletérias se encarrega de neutralizar qualquer movimento.
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