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quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

CASA SUCENA


 
As fotos, garimpadas pelo Nickolas e pelo J.C. Cardoso, se relacionam com a Casa Sucena, de J.P. de Souza & Cia, localizada na Av. Rio Branco nº 76 a nº 86. Um dos funcionários que mais tempo trabalhou nesta loja foi Antonio Feliciano Leão que, tendo começado entre os mais humildes, tornou-se sócio. Há várias citações desta loja que vendia artigos religiosos, fantasias, fazendas, modas, etc. nos jornais antigos do Rio.
Como eu nunca ouvira falar desta loja fui fazer uma pesquisa e fiquei surpreendido: a Casa Sucena foi fundada em 1886 pelo Visconde de Sucena, sendo o estabelecimento comercial mais antigo da cidade em reportagem dos anos 70 do século XX. Começou na Rua do Ouvidor, ficou muitas décadas na Av. Rio Branco e depois mudou-se para a Rua Buenos Aires nº 96. Não sei se ainda existe.
Uma das primeiras notícias no JB, em 1900, informa que “Na Casa Sucena está exposta uma artística imagem de madeira representando N. S. dos Navegantes, que foi mandada executar na cidade do Porto, nas importantes oficinas do Sr. Antonio de Almeida Estrella, e é destacada á egreja da Candelaria. A imagem, cuja altura total é de 1m60, está apoiada em uma nuvem, sob a qual, em um barco desmantelado, dous náufragos andrajosos, prestes a serem devorados pelas ondas espumantes que os cercam, implora a sua proteção. Tem a imagem a mão direita em atitude de impor calmaria ás vagas e sustenta no braço esquerdo a imagem do menino Jesus nú. As roupagens esculpidas são adornadas por uma cercadura dourada em rlevo, com pedrarias de diversas cores, trabalho de muito gosto e perfeição.”
 Na Casa Sucena se podia encontrar “completo sortimento de novidades para senhoras, homens e creanças. Calçados dos melhores fabricantes e os mais lindos modelos. Completa secção de Camisaria e artigos para homens. O maior e mais variado sortimento de artigos religiosos, paramentos e alfaias para igrejas”. Também “novo sortimento de confecções para senhoras, lãs, sedas, algodões, linhos superiores para lençóis. Artigos para bordados. Roupas para cama e mesa e novidades para homens e creanças.”
Anúncios do JB em 1940: “No melhor ponto da Avenida. Alugam-se para os 3 dias de carnaval. Todo conforto. Altos da Casa Sucena”. Outros diziam “que “Profecias a respeito da guerra” era vendido na Casa Sucena” e que seus proprietários também “enviavam donativos à Casa do Pequeno Jornaleiro, como se pode ler em agradecimento da Fundação Darci Vargas às seguintes firmas: Moinho Inglês, Moinho Fluminense, Açúcar Pérola, Panificação Masson, Confeitaria Colombo, Produtos Nestlé and Anglo-Swiss, Casa Sucena, Casa Mattos, Casa Superball, O Cruzeiro e outras.”
Em 1941 o JB noticiava que “um reflexo da animação e riqueza do carnaval nordestino está nas vitrines da Casa Sucena, à Av. Rio Branco, onde se vê exposto o novo e rico estandarte do Clube Carnavalesco Mixto Prato Misterioso, um dos mais populares do Recife.”
Um dos anúncios mais curiosos é o do JB de 05/08/1941: “Troco - Casa Sucena: pede-se a quem recebeu de troco na Casa Sucena uma nota de 10$000 com assinatura e dedicatória, telefonar para 25-0467. Será gratificado”.
Em 1942 podemos ler “Acha-se em exposição nas vitrines da conceituada Casa Sucena o quadro de formatura dos primeiros alunos diplomados em Assistência Social pela Escola Técnica de Serviço Social. Além dos 33 diplomados o quadro apresenta em primeiro plano a fotografia da ilustre Sra. Darci Vargas, paraninfa da turma, do reitor da Universidade do Brasil, dos oradores, patrocinadores e cooperadores”.
As últimas menções que encontrei foram na década de 1980, com a Casa Sucena já na Rua Buenos Aires reclamando das pessoas nas filas de ônibus na porta da loja prejudicando o acesso.

28 comentários:

  1. Ótima pesquisa já que também nunca ouvira falar desta casa comercial. Vamos ver outros comentaristas,Mas tenho certeza que Alcyone ,a antiga colega,já esteve no local.O que não sei é se foi para comprar uma bíblia ou uma fantasia.Grande espanto.

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  2. Voltei.Estes dois "Tontos"ou perderam os cavalos ou foram sacaneados pelo Zorro...

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  3. Também nunca ouvi falar desta loja. As vitrines serviam para mostrar os artigos à venda mas também para expor imagens, curioso isso.

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  4. É uma loja conhecida. Mas a modernidade acabou com a utilidade de muitos artigos. "Aviamentos" e principalmente tecidos para indumentária de padres e da própria fé católica, caíram em desuso. Padre hoje em dia usa até bermudas e camisetas. A própria igreja católica está em baixa...

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  5. Sobreviventes do Cacique de Ramos no pós desfile.
    Esse trecho da avenida hoje é dominado por agências bancárias, que disputam com as farmácias, óticas e lojas de colchão o maior número de pontos comerciais no Brasil.
    Sei que não é, mas como aquela senhora com a criança, à direita, faz lembrar a minha mãe. Até no jeito de segurar o menino, que no final dos anos 50 poderia ser meu irmão e em meados dos 60 eu mesmo. Afinal, mesmo no sábado de carnaval, ainda era comum ir até a Cidade levando o pimpolho.

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  6. Muito conhecidas essas lojas. Havia também propaganda radiofônica. Lembro desse estabelecimento desde os tempos em que morei no Engenho Novo. Passava em frente à loja da r. Arquias Cordeiro, no Méier, quando estudava no Visconde de Cayru. Essa loja do subúrbio ainda existe assim como a da r. da Constituição. Em Mogi das Cruzes,São Paulo, também existe uma loja com esse nome.

    FF: Pela segunda vez não tenho um comentário postado. Ontem fiz um reparo em um comentário do Lino sobre o patrocínio do Torneio de Pelada do Aterro que foi instituído pelo Jornal dos Esportes, e não pela Tribuna da Imprensa, como registrou o comentarista. Participei desse torneio. Salvo engano a Tribuna nunca patrocinou eventos esportivos, dedicando-se preferencialmente às matérias políticas. Segue o link: http://www.museudapelada.com/resenha/peladas-no-aterro-joao-saldanha

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    1. Docastelo, seu comentário foi publicado sim. Está lá abaixo do comentário do Lino. Talvez vc só tenha olhado o final dos comentários. O seu estava mais acima.

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  7. Em tempo. Para ser mais preciso segundo o link recomendado a organização do Torneio de Pelada, depois Campeonato, cabia ao Jornal do Esportes e o patrocínio a empresas, sendo a Esso a primeira em 1966.

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  8. Os comentários dados como “responder” não seguem ordem cronológica, mas sim ficam no comentário respondido.

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  9. Tia Nalu adora assinar e faz0er dedicatórias em notas de 100.Euros..

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  10. Recordo perfeitamente da Casa Sucena nos anos 50, na avenida Rio Branco. Uma das vitrines ostentava várias imagens e no interior alguns paramentos religiosos. Na minha ignorância infantil, achava que era uma Igreja...

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  11. Bom dia a todos.

    Dá raiva ver essas marcas d'água mutilando fotos.

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  12. Com o crescimento absurdos das igrejas pentecostais, onde não existem paramentos nem vestimentas litúrgicas liturgica, a fé católica está em baixa. Em cada quarteirão da cidade existe uma igreja evangélica, ainda que em locais remotos. É uma concorrência desleal. A movimentação financeira é colossal. Para arrecadar dinheiro tudo é válido. A mais nova e incrível maneira foi criada pela "Bispa" Sonia Hernandez" da igreja Renascer em Cristo: frascos com o "cheiro de Jesus" a preços módicos...p

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  13. Mestre Do Castelo, os Torneios de Pelada do Jornal dos Sports, foram repetidos por vários anos, já este do Jornal da Tribuna ou Última Hora, só foi realizado uma vez em 1967, os jogos eram noturnos nos dias de 3ª, 4ª e 5ª feira, nos campos 3, 4, 5 e 6, os únicos com iluminação naquela época, os campos 1, 2, 7 e 8 não tinham iluminação. Os jogos ocorriam em dois horários em cada campo, o primeiro jogo às 19:00h e o segundo às 20:30h. Acho que este campeonato foi anterior ao 1º Campeonato do Jornal dos Sports, cujo o campeão foi o Capri de Sta Tereza, o segundo foi o Ordem e Progresso, time do Capitão e o Terceiro foi o Embalo do Catete, somente na terceira edição do campeonato do Jornal dos Sports, é que foram criadas as divisões do torneio, Infantil, Juvenil, Adulto e Veteranos.

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  14. Lino, agradeço seus esclarecimentos pois não me lembraria desse campeonato. Não encontrei referência no site do Museu da Pelada. Como você ficou na dúvida eu arriscaria que o evento deve ter sido promovido pelo jornal Última Hora, mais afeito a esse tipo de promoção. A propósito do seu registro encontrei este link: http://www.museudapelada.com/embalo/

    Como curiosidade, participei em 1974 da competição que ficou conhecida como o Campeonato dos Garçons. Na verdade era composta de garçons, cozinheiros, funcionários e frequentadores dos bares, restaurantes e demais casas noturnas do Rio. Joguei pela equipe da boate Frank Sinatra que existiu no Largo da Carioca. A Taberna Atlântica do Leme foi campeã de uma dessas competições. Como os jogos só podiam ser realizados após o expediente dos estabelecimentos as partidas eram de madrugada e suas torcidas eram um atrativo à parte, composta que eram de boêmios, funcionários e até das chamadas "damas da noite". Fui testemunha do dia em que apareceu uma jovem esbaforida antes do início de uma partida e, para surpresa das outras, disse que teve de largar o "cliente" no hotel porque havia esquecido que era dia de jogo.

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  15. Parodiando Millôr: No dia que o primeiro espertalhão encontrou o primeiro imbecil, surgiu a religião.

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  16. Falar nisso o prefeito, na velha tática da melhor defesa é o ataque, está querendo jogar toda a comunidade evangélica contra a Globo, mas a grande rede só pega no pé do Bispo Edir Macedo, sua Universal do Reino de Deus e outras neo-pentecostais. Duvido que Luteranos, Metodistas, Batistas, Presbiterianos e outras igrejas protestantes tradicionais pensem como o Sr. Crivela, que daqui pra frente corre o risco de nem voltar para o senado em eleições futuras.

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  17. Boa noite! Docastelo: Embora tenha estudado no Dois de Dezembro,conheci bem o Visconde de Cayru que hoje não é nem sombra do que foi no nosso tempo.

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    1. De acordo, Mauro. O Cayru foi uma experiência educacional inédita nas escolas públicas do Rio. Tive a sorte de ser aluno nesse tempo. Os recursos que foram disponibilizados aos alunos eram então os melhores de toda a rede. Professores catedráticos, salas de estudo dirigido, laboratórios, incentivo à prática esportiva com um ginásio taqueado e quadra externa, aeromodelismo (introduzido por mim), artes marciais, banda de música e estudos musicais com a formação de grupos como jograis (músicas da Idade Média) e corais. Tudo sob o incentivo do então diretor Enéas Martins de Barros. Todavia, mais tarde soube que esse cidadão foi processado por improbidade administrativa por ter imposto seu livro nas obras didáticas adotadas pelo colégio. Nem tudo é perfeito.

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  18. Olá sou Jefferson gostaria de entrar em contato com alguém da casa asucena pois estou com livro muito antigo com um selo da casa asucena livro religioso aguardo reaposta

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  19. Oi Luiz,neste tempo de quarentena,mexer em guardados é uma distração. Encontrei santinhos da Casa Sucena 1922 que despertaram a curiosidade.Pesquisando encontrei sua página ,como sempre elucidando e aumentando a saudades do Rio.

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  20. olá, como voce descobriu que a Casa Sucena foi fundada em 1886? Posso colocar algumas informações daqui em um livro que estou fazendo? sou pesquisador de Nepomuceno, Minas Gerais, aqui tem uma Igreja com santos que vieram da Casa Sucena.

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  21. Através de pesquisa no site da Hemeroteca Nacional nos acervos do Correio da Manhã ou do Jornal do Brasil.

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  22. Tenho uma lembrança muito antiga de ouvir minha mãe falar desta loja, ligada a uma tia dela, minha tia avó, portanto, de nome Carlota Gomes e de um Sr. Domingos. Isso no final da década de 1950, por aí. Não tenho certeza se era a mesma loja. Se alguém tem notícias desse passado, gostaria de conhecer detalhes.

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  23. Meu pai tem um catecismo da casa Sucena 1921.

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  24. Olá, bom dia à todos! Por acaso, ou por algum destino, peguei um quadro para restaurar, com a imagem da Santa Ceia, feita em gesso, com moldura e vídeo. A moldura interna que envolvia a imagem, estava comida por cupins, tive que procurar um marceneiro para confeccionar outra peça, e restaurei a pintura no gesso bem como partes do gesso que estavam danificadas. Atrás dessa imagem em gesso, tem o selo da casa Sucena, um carimbo, e uma anotação até lápis, " Pellucia Gremat...Esse quadro pertence à uma senhora de 93 anos, e a mesma disse que o quadro está na família há uns 100 anos ou mais. Fiquei curioso e fui ao Google pesquisar essa casa Sucena. Será que ainda existe no RJ?

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  25. Na minha Igreja tem uma imagem da Casa Sucena, pena que o ano está ilegível.

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