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quarta-feira, 28 de outubro de 2020

O NOVO SENADO - anos 50

O “Saudades do Rio” já havia feito uma postagem sobre este assunto, mas novos dados foram levantados pelo prezado Carlos Paiva. Podemos ver que o Palácio Monroe já estava na alça de mira dos que queriam demoli-lo faz tempo.

Em 1956 houve um concurso para a construção do novo Senado Federal no terreno do Palácio Monroe, na confluência da Av. Rio Branco, Av. Beira-Mar, Rua Luís de Vasconcelos e Rua do Passeio. O anteprojeto vencedor foi o de Sergio Bernardes, ficando em segundo lugar o de Henrique Mindlin. Com a posse de JK e a decisão de transferir a capital para Brasília, o projeto não foi adiante.

O concurso se desenvolveu com muitas controvérsias, com críticas ao projeto vencedor. Por exemplo, no edital se pedia que o antigo prédio do Monroe não fosse demolido antes do término das obras do novo Senado. O projeto de Bermudes não considerava isto, mas o de Mindlin, sim.

Os Diretórios Acadêmicos de Arquitetura fizeram um manifesto contra o projeto: “Nós, como representantes das Faculdades de Arquitetura e Urbanismo, fomos unânimes em repudiar a realização do concurso. Achamos que a verba (bastante Grande) deveria ser destinada à Nova Capital. Considerando que a Capital Federal deve ser mudada para o Planalto Central, claro está que a construção do Senado no Rio é considerada inconstitucional”.

Conta o Luiz Agner:  "Em 1955 foi realizado um concurso público no Rio de Janeiro, para o projeto da nova sede do Senado Federal. Este seria construído na área da Praça Paris, centro do Rio, local do Palácio Monroe. Período confuso, o Presidente da República ainda era Café Filho, que sucedeu a Getúlio Vargas e precedeu Carlos Luz. Meu pai participou deste concurso junto com outros 16 escritórios de arquitetura". Nas duas primeiras fotos vemos este projeto.”


Nosso amigo Rouen também abordou este assunto no “Arqueologia do Rio”, mostrando o projeto do Sergio Bernardes, como vemos nas duas próximas fotos:

“O projeto é de um edifício de vinte e quatro pavimentos e dois de subsolo interligados por quatro sistemas de comunicação interna. Estão previstos onze elevadores, escadas e rampas, telefones internos e um sistema pneumático. Este sistema pneumático fará todos os trâmites burocráticos dos escritórios, expedindo todos os papeis e documentos. Este conjunto chamado de “Central Pneumática” estará localizado no 24º andar para maior eficiência de seu funcionamento.

O projeto é para um terreno situado no prolongamento da Praça Mahatma Gandhi, limitado pelas avenidas Rio Branco, Beira Mar, Luis de Vasconcellos e Rua do Passeio.
No desenho abaixo podemos ver:

1 – Hotel Serrador.

2 – Ed. Odeon.

3 - Ed. Brasília.

4 – Obelisco no final da Av. Rio Branco.”




Nas duas fotos seguintes vemos mais detalhes do projeto vencedor, de Sergio Bernardes.



O Carlos Paiva nos mandou as fotos a seguir mostrando o projeto de Mindlim:








Finalmente, vemos um desenho que consta na tese sobre Modernismo de Dafne M. Mendonça, que compara os dois projetos.


 Ao final de todo o "imbroglio" nada foi realizado e o Palácio Monroe sobreviveu até meados dos anos 70 quando a sentença de morte veio com o aviso nº 964, de 09/10/1975, onde o General Golbery despachou: "Presentes as alternativas de utilização de que dá notícia o processo, cumpre-me transmitir a V.Exa. recomendações do Excmo. Senhor Presidente da República nos sentido de demolição do prédio e consequente transformação da área em logradouro público".

19 comentários:

  1. O erro foi a transferência da capital para Brasília.Mas esse elefante branco caso fosse construído,seria em profundo desacordo com o conjunto arquitetônico da região.## O filho de Carlos Luz,Rui Luz,era dentista e possuía um consultório na Senador Dantas.## Golbery sacramentou a demolição do Monroe,mais uma das muitas barbaridades praticadas pela ditadura militar.

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  2. Fico com uma raiva quando leio algo sobre o Palácio Monroe.
    Quer dizer que na década de 50 já queriam derruba-lo?
    O projeto do Monroe, de Souza Aguiar, ganhou o primeiro lugar nos EUA na época. Acho que é o único título que o Brasil tem na arquitetura.
    Uma pena que não sobreviveu.

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  3. Em minha avaliação, dois monstrengos arquitetônicos, se comparados a importância arquitetônica do Monroe, que foi criminalmente ceifada pela arbitrariedade dos militares.

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    1. Sem sombra de dúvidas... projetos preguiçosos, feios. Quase que sem necessidade de ser graduado em arquitetura para fazer aquilo.

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  4. Bom dia, Dr. D'.

    Quem diria que o Monroe teria uma sobrevida graças ao JK? Seria realmente um contrssenso essa construção. Mas nos dias de hoje...

    Não discuto os padrões arquitetônicos da época, ainda mais comparando com o que foi construído no planalto central.

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  5. Luiz, no segundo parágrafo está escrito "Rua Lins de Vasconcelos", mas o correto é "Rua Luis de Vasconcellos", como num parágrafo mais adiante.

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  6. Bom dia a todos. Hoje temos mais um pouco da história obscura da arquitetura e construção civil do Rio de Janeiro. Vinha de longe o desejo de botar no chão o Monroe e para piorar os projetos em nada preservavam a harmonia com as demais construções do seu entorno.
    Acho que ao invés de ensinar no currículo escolar essas matérias que pouco acrescentam ao aluno e menos ainda para o desenvolvimento do País, deveria ser criadas duas matérias novas, uma de honestidade e outra de ética, para serem ensinada aos alunos desde o pre escolar até o último ano de ensino superior em todos os cursos. Estas também não acrescentariam nada ao desenvolvimento do País, mas com certeza diminuiria muito o deficit público e as despesas do governo no futuro.

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  7. Na Era Geisel as liberdades foram solapadas implacavelmente e isso incluiu também a demolição da faculdade de medicina da Praia Vermelha,que segundo o ditador era um antro de comunistas e agitadores.Foram anos difíceis.

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    1. Dois dos comunistas e agitadores frequentam este espaço, o gerente e o Conde di Lido. São perigosíssimos.

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  8. A revolta da vacina deve estar de volta em breve.Tem comentarista que vai adorar.Sou Do Contra.

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    1. As lideranças dos neo revoltados do século 21 já estão espalhando fake news dizendo que a Alemanha "descobriu que não é virus e sim bactéria" e que, portanto, "a vacina não vale nada".

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    2. Sou a favor da vacinação obrigatória.O interesse sanitário deve prevalecer e quem se recusar poderá sofrer sanções econômicas.Nas comunidades deveria ser oferecido um bônus de cem Reais para que seja vacinado.Não creio que haja problema porque serão bem remunerados.O brasileiro é pacífico.

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  9. Esse sistema pneumático em inglês seria "p-mail".
    Vi esse equipamento em filme do tempo da II Guerra Mundial.
    Os constituintes de 1948 mantiveram a ordem de mudança da capital e consta que JK prometeu cumprir logo no inicio da campanha eleitoral em 1955.
    O prédio ficaria muito bem na Esplanada do Castelo, inclusive para ficar mais próximo do Palácio Tiradentes.

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    1. Interessante que o sistema ainda é usado em pequena escala principalmente por hospitais, para transporte de prontuários, prescrições e medicamentos.

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  10. Quem se preocupa com algo construído a 30 anos, nós anos 80. Essa era a idade do Monroe em 1950. Temos que ver no momento que foi feito o projeto.
    Já a demolição posterior foi um crime, agora temos um estacionamento caro e vazia assim como todo o centro Rio.
    Vamos em.passos largos para o fim total da cidade.

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  11. Duas considerações:

    1 - Onde funcionaria o Senado entre a demolição de um prédio e a inauguração do outro? No Senadinho??? Com certeza mais despesas às nossas custas.

    2 - A fotomontagem da proposta vencedora foi feita tomando por base uma foto bem mais antiga que mostra o canteiro central da Rio Branco...

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    1. Na verdade foi a Praça Mal. Floriano que virou um canteiro no retoque da foto-montagem.

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