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sábado, 14 de novembro de 2020

FUNDO DO BAÚ - TEMPO DOS MOCINHOS - Helio Ribeiro

Hoje é sábado, dia do esquecido “Fundo do Baú”. Do Helio Ribeiro recebi a foto em P&B e o texto abaixo:

“TEMPO DOS MOCINHOS

Houve um tempo, há muitas décadas, em que as crianças gostavam de fazer o papel de mocinho. Hoje, preferem o papel de ladrões (vide GTA), assassinos e bandidos, supervalorizados e homenageados em filmes, novelas e livros. Sinal da modernidade.

A foto abaixo é dessa época muito antiga, e mostra eu (do lado esquerdo da foto) e meu irmão, posando na rua onde morávamos, na Tijuca. Na cintura, porto um cinturão com dois revólveres e faço cara de mau, ajudado pelo sol que batia de frente no nosso rosto.



 Esse cinturão era fake, porque embora meu sonho de consumo fosse um com dois revólveres, meus pais não tinham dinheiro para comprar isso. Então, peguei dois cinturões com um revólver cada, retirei o coldre de um deles e coloquei no outro. Ficava ao contrário do normal, mas quebrava o galho. Revólver com espoleta era uma decepção. Não funcionava direito.

Meu mocinho favorito era o Kid Colt. Já meu irmão preferia o Kit Carson.

Minhas primeiras leituras foram gibis de faroeste: Gene Autry, Roy Rogers, Rex Allen, Cavaleiro Negro, Hopalong Cassidy, "Aí, mocinho!", Reis do Faroeste, e outros. Kid Colt, Ken Maynard, Kit Carson e outros não tinham gibis próprios. Creio que Durango Kid também não. Daniel Boone e David Crocket nunca me interessaram, embora eu não deixasse de ler suas aventuras, já que gibi comprado tinha de ser lido até o fim.

Nossos cavalos eram vassouras, em cujo cabo amarrávamos um barbante a título de rédeas, e cavalgávamos alegres na rua e, melhor ainda, no enorme quintal de terra do nosso vizinho, com a parte de piaçava de nossos "cavalos" levantando poeira. Era a glória!!  Quando a vassoura era de pelo, aí era o máximo, porque levantava ainda mais poeira.

Contraditoriamente, quando me tornei adulto deixei de gostar de faroeste, e este é um tema de filmes que nunca me interesso em ver, há décadas. Assisti a alguns clássicos, como "Os Brutos Também Amam" ("Shane"), "Matar ou Morrer" ("High Noon"), um ou dois do John Wayne e do Clint Eastwood, vários da série do Trinity, e um ou outro que já me fugiram da memória. Os do Giuliano Gemma, não assisti a nenhum. Achava uma heresia faroeste italiano.”

Para relembrar os ídolos do Helio consegui fotos de capas de revista daquela época:














26 comentários:

  1. Eu era fã das revistas de faroeste, inicialmente em P&B, depois, aos poucos, coloridas. A principal editora era a EBAL (Editora Brasil-América), de Adolfo Aizen. Outra era a Rio Gráfica. Era uma época onde o faroeste dominava a cena. Cavalguei com Roy Rogers (e sua namorada Dale Evans e seu cavalo Trigger), Hopalong Cassidy (meu conhecido por estar sempre presente nos filmes de 35mm que eram passados nas festas de aniversário pela Correia & Souza Filmes), Gene Autry, Rex Allen, Bill Elliott. Improvisei com cintos o chicote de Don Chicote (todo de negro, tinha um irmão, todo de branco, ambos habilidosos no manejo do chicote). Dei tiros com Rocky Lane, Tom Mix, Buck Jones, Tim Holt, Audie Murphy, Tex Ritter, Monte Hale. Ao ver Bat Masterson, cantava "no velho Oeste ele nasceu, entre bravos se criou, seu nome em lenda se tornou, Bat Masterson, Bat Masterson". Desejei as longas pistolas, diferentes, de Wyatt Earp (Hugh O´Brien, na TV). Ansiava pelo toque de corneta anunciando a chegada da Cavalaria em Rin-Tin-Tin (com o Cabo Rusty, sargento O´Hara e o tenente Rip Masters, no Forte Apache). Roubei lenços de minha mãe para fazer máscaras como a do Cavaleiro Negro com seu cavalo Satan (era o pacato Dr. Robledo na "vida civil" e o cavalo Satan o Moleza) e Zorro (que só disparava balas de prata e montava Silver, enquanto seu fiel amigo Tonto montava Escoteiro). Me fantasiei de índio para imitar Flecha Ligeira e Apache Kid, e de caçador para imitar Daniel Boone, Davy Crockett, Kit Carson e Búfalo Bill.

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  2. Quanto aos filmes de faroeste eu continuo a assistir com prazer. No YouTube tem muitos. Vejo vários toda semana, estrelados por Randolph Scott, Burt Lancaster, James Stewart, Gary Cooper, John Wayne, Henry Fonda, Yul Brinner, Charles Bronson, James Coburn, Gregory Peck, Robert Mitchum, Henry Fonda, Glenn Ford, Richard Boone, Kirk Douglas, Robert Ryan, Lee Marvin, Jeff Chandler e outros, em filmes memoráveis. Dos italianos gosto dos do Sergio Leone. Sam Peckinpah também tem uns antológicos. Além de John Ford, é claro.

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  3. Bom dia, Dr. D'.

    Cheguei a brincar de Polícia e Ladrão com colegas de rua. As bancas vendiam (acho que ainda vendem) um kit mixuruca de plástico com acessórios de xerife e policial. Quando era permitido também vendia arma de espoleta. Acho que hoje é proibido.

    Das revistas mostradas, a última já é dos anos 70 ou do começo dos 80, pois eu lembro do personagem.

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    1. Como o gerente incluiu mais uma revista na postagem, tenho que editar meu comentário, para não ficar sem sentido. Agora é a penúltima (da RGE) que eu me refiro.

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  4. Passei minha infância na Tijuca na casa de meus avós na Andrade Neves 73. Então acho que só faltou falar que Rua é essa e que altura. Lembra a Homem de Melo.

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    1. Ricardo, moramos perto um do outro, mas talvez em épocas diferentes. De 1950 a 1973 norei na rua Dona Delfina, 46. Na metade do quarteirão entre a Conde de Bonfim e a Maracanã. A foto foi em frente ao 31 ou 33.

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    2. A rua Dona Delfina ainda mantém muitas características mostradas na foto. O lado esquerdo ainda mantém alguns prédios dos anos 50. No lado direito e na esquina existe um dos acessos da estação do Metrô e quase na esquina da Avenida Maracanã ainda existe milagrosamente conservada uma Villa construída nos anos 30. As árvores são as mesmas.

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  5. Bom dia a todos. Outro tema espetacular escolhido pelos mestres Dr. D'e Hélio Ribeiro. Não sei se nos dias de hoje as crianças teriam vontade de brincar de mocinho, cowboy, forte apache, como brincávamos quando éramos criança. As crianças de hoje já nascem vendo os aparelhos e brinquedos eletrônicos. Li muito gibis quando criança, também particularmente gostava dos temas de faroeste, li também muitos pockets books de faroeste, que existiam antigamente e vendidos nas bancas de jornais, não sei se os comentaristas mais novos chegaram a conhecer.
    FF. Fato curioso acontecido na semana passada aqui em casa com minha esposa e meu neto. Minha esposa pegou o seu radinho de pilha e trocou a estação, meu neto pediu, vovó deixa eu ver, ele pegou o radinho e começou a passar o dedinho na face do rádio e virou-se para ela e falou, vovó não consigo mudar a música. Essa é a geração que já nasce interagindo com os celulares, será que gostariam das nossas brincadeiras na maioria das vezes usando a imaginação, porém coma vantagem de estarmos brincando na rua.

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  6. Alguem se recorda do rabugento Gaby Hayes ? E o Xuxá?

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    1. Em sua homenagem, Jaime, adicionei uma foto do Gaby Hayes na capa de O Guri.
      Xuxá, não me lembro.

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    2. Boa lembrança. Quando escrevi o texto para o Luiz tentei lembrar o nome do Gaby Hayes, mas não consegui.

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    3. Xuxá era uma revistinha com uma tira por p´´agina. Diria que parecida com um talão de cheques , surgida em 1951 ou 52. Custava uma ninharia e tinha as aventuras do herói Xuxá na Guerra da Coréia.Volta e meia vinha um distintivo de lata litografada, disputadissimos pela garotada.

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  7. Eu era fã do Roy Rogers e ganhei de Natal um cinturão duplo com dois revólveres cromados, com espoleta de serpentina, aquele lixo. Só servia para irritar os cachorros, quando estourava...
    Filme de faroeste, nada de Sergio Leone, acho insuportável, só John Ford e os americanos. Acho Liberty Valance o máximo e Big Country (Da Terra Nascem os Homens) o que mais vi, só umas 40 vezes. Jean Simmons é fabulosa.
    Interessante que os franceses acham o filme da Natalie Wood o melhor dos Johns, Ford e Wayne, mas eu só vi uma vez e olha que eu tenho o DVD. O nome só veio agora, é Rastro de Ódios (The Searchers), é a idade...

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    1. Há muitas obras-primas. The man who shot Liberty Valance é uma delas.

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  8. Dessa lista apenas Wyatt Earp realmente existiu, mas muitos outros bandidos fizeram fama: Robert Leroy Parker, o "Butch Cassidy", Harry A.Longabauch, o "Sundance Kid", Willian Bartholomew Masterson, o "Bat Masterson", Willian Boney, o "Billy The Kid", os irmãos Jesse e Frank James, a quadrilha dos Daltons, e muitos outros. Eram indivíduos torpes e grosseiros, mas que foram romantizados por Hollywood. Bat Masterson usava longos bigodes mal aparados e nada tinha de semelhante com o ator Gene Barry que o interpretava.

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  9. Nunca havia visto gibi do Kid Colt nem do Kit Carson. O Luiz citou varios cowboys cujo nome eu já havia esquecido. Hoje tudo aquilo faz parte de um passado longínquo. A moda agora são os super-herois, os robôs, os híbridos de homem e máquina, algo tão distante da realidade. Antigamente só o Superman, o Batman e o Capitão Marvel tinham poderes especiais. Hoje, todos os têm.

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  10. O revólver dos mocinhos e bandidos era o lendário Colt 1873 Peacemaker. Para mim, o revólver mais bonito que já existiu.

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  11. nunca fui fã de faroeste. Tentei ver todos e o tal do Shane, considerado o melhor, eu achei uma merda. O que vale aqui é a maravilhosa coleção de posters que o Luiz tem. Maravilha!!!!

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  12. alias, o Luiz com cara de mau não convence. Por isso é que ele é essa pessoa fina e educada. Ao contrario seria como os herdeiros do Castor....

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    1. Conde, não sei onde vc viu a minha cara de mau...

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    2. Conde di Lido estava calibrado. Não leu o texto do post. Rsrsrs

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  13. Lembrando: Roy Rogers e Gene Autry tinham revistas próprias na Ebal. Os demais, Buck Jones, Tim Holt, etc. saíam em Reis do Faroeste, Aí, Mocinho, O Herói e até no Álbum Gigante. Rocky Lane era da Rio Gráfica (RGE)

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  14. Já que ontem e hoje os temas fazem parte do varandão da saudade das nossas infâncias, amanhã dia de eleição, veremos muitos retratos de candidatos sendo distribuídos pelas ruas, poderíamos recordar dos álbuns de figurinhas antigos desde os de times de futebol com suas figurinhas carimbadas e as figurinhas chaves que tinham um carimbo em alto relevo com a logomarca do álbum normalmente estes davam prêmios quando o colecionador enchia aquela página, outros tipos que não davam premiação, normalmente eram só para transmitir conhecimento, como os de selos, automóveis, ciências naturais, etc.

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  15. Passada a fase dos gibis de cowboy, comecei a ler as revistas X9 e Detetive. A primeira tinha as páginas amarelas, com casos reais, e as brancas, com ficção. A Detetive era só casos reais de crimes cometidos nas décadas de 1920 e 1930. Eu gostava mais dela.

    Mas, por incrível que pareça, também lia fotonovelas da Grande Hotel, Sétimo Céu e outras.

    Romance com crimes. Que mistura!!

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  16. Éramos (e ainda somos) muito influenciados pelo que vinha (vem) dos "States". Achávamos normal chamar os cowboys de "mocinhos" e os peles-vermelhas de "bandidos". Alguns não gostam do revisionismo recente, chamando até de "politicamente correto".

    Sobre o Kid Colt, é publicado pela Marvel (acho que até hoje ou bem recentemente) e saía nos almanaques de heróis da RGE, com X-Men, Homem-Aranha, Demolidor, entre outros, ou em almanaque próprio, como o da postagem de hoje. Nos EUA tem outro nome e, recentemente, foi "revelada" sua homossexualidade.

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  17. Complementando, não sou chegado a filmes de faroeste, com algumas exceções recentes, como o "Cowboys & Aliens" (mais ficção científica que faroeste), a versão do James West do Will Smith, e, forçando um pouco a barra, o "De Volta para o Futuro III", comédias inspiradas em faroestes.

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