Construído pela Light em 1911, o Hotel Avenida foi um dos edifícios
mais populares da Avenida Rio Branco e um dos pontos mais movimentados da
cidade. Ele era tão importante que acabou se transformando em marco histórico
do Centro e cartão-postal do Rio Antigo. No térreo funcionava uma estação
circular dos bondes que trafegavam pela Zona Sul da cidade pertencentes à
Companhia Ferro-Carril do Jardim Botânico e ali existia a Galeria Cruzeiro.
Chamada de Galeria Cruzeiro devido à existência de duas passagens em cruz, ela permitia o embarque e desembarque dos ilustres passageiros com conforto e segurança. Além disso, oferecia bares, restaurantes, cafés e leiterias. A Galeria Cruzeiro também foi um dos principais cenários do carnaval carioca, concentrando os foliões que chegavam nos bondes lotados e ruidosos. O Hotel Avenida foi demolido em 1957 para dar lugar ao Edifício Avenida Central. Um de seus locais mais tradicionais era a Leiteria Mineira, que vemos à esquerda, com seu leite, queijos, manteiga, cremes, chá, lanches, refeições ligeiras.
A Galeria Cruzeiro era ponto de encontro no centro da cidade, inclusive com mesas na calçada da Av. Rio Branco.
As passagens da galeria tinham saída para a Av. Rio Branco, o Largo da Carioca, a Rua São José e a Rua de Santo Antônio, hoje Bettencourt da Silva. No encontro dos dois corredores havia uma pequena fonte. A Laranjada Brasil era outro ponto famoso. A Laranjada Brasil também se destacava como uma primeira loja de sucos.
Em 1957 o Bar da Brahma publicou o seguinte anúncio: “Galeria
Cruzeiro, Av. Rio Branco 152. Será vendido sem reserva de preço, para demolição
do prédio, pelo leiloeiro Júlio, talheres, fruteiras, floreiras,
liquidificadores, jarras, travessas, farinheira Fracalanza, faqueiro Wolf com
130 peças novo sem uso, ventilador GE, ar refrigerado portátil, um quadro a
óleo de destacado pintor representando os camelos no deserto, notável obra de
arte, balcões, divisões, etc, etc.
O Bar da Brahma ficava voltado para a Rua São José.
Leny Eversong (lembram-se dela?) gravou “Adeus Galeria Cruzeiro”:
"Você viu, você leu, você ouviu
Os comentários que correm pela cidade?
Você viu, você leu, você ouviu
A dolorosa verdade?
É certo que a Galeria Cruzeiro
Vai desaparecer
É a lei do progresso
Que faz a cidade crescer.
(...)
Este samba, triste samba
É o adeus do artista
Adeus galeria
Do chopp gelado
Das noites de boêmica
Dos carnavais do passado
Galeria adeus
Galeria adeus
Olá, Dr. D'.
ResponderExcluirInfelizmente não foi da minha época. Só peguei como o edifício Avenida Central, a partir dos anos 80.
A "empadeira" mostrada em algumas fotos de hoje rendeu boas discussões no grupo.
Antes de ler o texto, pensei que o JÚLIO da penúltima foto fosse alguma propaganda política.
A Leiteria Mineira se transferiu para a Rua da Ajuda. Ainda se mantinha aos trancos e barrancos até o ano passado. Não sei a situação atual.
Bom dia a todos. A foto 3 é do Bar Simpatia, que não ficava na Galeria Cruzeiro. As fotos 1 e 4 são do interior e as fotos 2 e 5 são externas.
ResponderExcluirAcredito que a derrubada de hotéis construídos no início do século passado, se deva mais até o baixo fluxo de turismo na cidade naquela época do que ao envelhecimento das edificações. O Rio embora sempre dita como a cidade maravilhosa, não tem atração e um fluxo de turismo estrangeiro, que sustente a indústria hoteleira da cidade. Aliás hoje em dia devido as circunstâncias de conhecimento de todos, jamais a cidade se tornará um polo de atração turística internacional.
A última parte do seu comentário é a mais pura verdade. Nunca mais o Rio de Janeiro será "a Cidade Maravilhosa" que atraía muitos turistas e que ainda pode ser vista nos filmes de Jean Manzon. Já foi o tempo em que Walt Disney andava por essas paragens então encantadoras e belas atrizes americanas eram aqui cortejadas por Jorginho Guinle em meio a festas no Copacabana Palace. Qual ator ou atriz de sucesso Internacional vem ao Rio de Janeiro atualmente? A resposta todos já sabem. Quem em sã consciência sairia de um país europeu ou Norte-americano para "curtir" um passeio pela Avenida Atlântica, pela Floresta de Tijuca, ou ir ao Corcovado, para correr o risco de ser esfaqueado ou passar por um "arrastão"? Quem se abalaria "de além mar" para passear em meio a "crackudos", moradores de rua, pedintes, em meio a um mobiliário urbano depauperado, e sem um transporte público adequado? Sejamos realistas: o SDR é um dos poucos "sítios" em que é possível lembrar e divagar sobre um Rio de Janeiro que só existe em nossas lembranças. É como se estivéssemos em uma sessão de "regressão ou de psicografia", a qual após o término retornamos ao "umbral" em ué vivemos...
ExcluirSou carioca da gema, e não me conformo e nem me conformarei com isso. Vivemos numa cidade cinematográfica, com uma integração única entre natural e urbano. Apesar dos pesares, ainda é a vitrine do Brasil. Quase todos os grandes referenciais que os gringos têm são intrínsecos do Rio: samba, feijoada, caipirinha, copacabana, garota de ipanema, dentre tantos outros. Se o seu maior potencial não for o turismo, nada mais será. Quem gosta do Rio tem que acreditar, e até mesmo ter fé nisso! Ao invés de só ficar no saudosismo melancólico, vamos crer na possibilidade de dias melhores, cada um fazendo a sua parte para manter uma boa imagem da cidade (não focar só nos aspectos negativos; quem tem comércio, procurar tratar bem os clientes etc), e na medida do possível, cobrando dos responsáveis a superação de todos esses anos de descaso com a desigualdade social que geraram esse estigma de "cidade partida". Só assim para começarmos a sair do atoleiro.
ExcluirTeria sido mesmo necessária a demolição da Galeria Cruzeiro? O fato é que muito se perdeu com essa demolição. Meu avô paterno foi um emérito frequentador e sempre falava de suas idas. A estação de bondes da Galeria Cruzeiro foi desativada por volta de 1939 em razão da construção de Tabuleiro da Baiana. Com ele os bondes da Jardim Botânico não mais atravessavam o Largo da Carioca.## Leny Eversong tinha uma voz potente, proporcional às dimensões de seu corpo...
ResponderExcluirUm planejamento decente da cidade preservaria ao menos os prédios frontais a Rio Branco e pra trás tome arranhacéu. Pena não ter pego essa época. A cidade vai mudando. Creio que a redução do tamanho dos apartamentos pela legislação atual permitiu essa enxurrada de novos prédios. O bairro do Jardim Botanico vem sendo dizimado pelas Mozaks e Baits que derrubam todas as casas que encontram para produzir mini gaiolas de moradores. Nas minhas andanças detectei resquicio arqueológico, o mosaico da entrada da Churrascaria Plataforma. Fotografei, e mandei para o Ancelmo Góis, que publicou a nota dizendo que a construtora se comprometera a preservar aquele pedaço de calçada. Bastou construir o stand de vendas e lá se foi o afresco de chão. Cobrei uma posição de um dos donos da constutora 1 mês atrás e ... nada. Vou começar a buzinar nas redes. Uma vez destruído, o que fazer..?
ResponderExcluirUm solitário Oldsmobile 1954 empresta um ar saudoso à demolição de um ícone da velha cidade.
ResponderExcluirToda vez que se fala dessa galeria, ou vejo fotos, lembro da música "Camisa Amarela", do Ary Barroso.
ResponderExcluirCoincidentemente, achei agora a pouco um informativo da prefeitura sobre o reordenamento da Rio Branco nesta região, que se processará nos próximos dias. Interessante. Está no link abaixo.
https://diariodorio.com/ordenamento-urbano-no-centro-do-rio-se-estendera-ate-edificio-central/amp/
Bom Dia! Usei a Galeria Cruzeiro para cortar caminho quando ia para a 13 de Maio. FF: Será que algum comentarista sabe me dizer por onde anda o "aquecimento global"?
ResponderExcluirNa costa oeste dos Estados Unidos.
ExcluirEstou com o Lino. Assim que bati o olho na terceira foto, também identifiquei como sendo o Bar Simpatia, onde serviam os famosos frapês gelados de côco. Quando comecei na empresa de meu pai, como contínuo, em 1980, ainda existia e era meu alívio no calor em minhas andanças pelo Centro da cidade, fazendo toda a sorte de pagamentos e enfrentando as longas filas nos caixas de bancos.
ResponderExcluirSempre interessante as fotos dessa galeria.
ResponderExcluirMeu pai dizia que era por aí, provavelmente no Bar da Brahma, que ele e os colegas de banco comemoraram o fim da II Guerra na Europa e, uns 2 meses depois, a volta dos pracinhas.
No texto sobre o leilão tem uma curiosa farinheira que não imagino porque o destaque do proprietário ou do leiloeiro e o ar refrig. portátil que não sabia que já existia.
A fonte ficava naquele "quiosque" magrinho que parecia uma obra de arte?
A caixa do Correio, poste e luminárias, também eram uma beleza.
Quem será que ficou com essas maravilhas?
A galeria era aberta de madrugada?nao digo as lojas...mas os acessos...
ResponderExcluirComo registrei em outra oportunidade visitei esse hotel em companhia do meu saudoso pai que chamou minha atenção para alguns aspectos da então famosa Galeria Cruzeiro. Os bondes que entravam e saiam foram o foco da minha admiração.
ResponderExcluirCom relação à extraordinária cantora Leny Everson que obteve reconhecimento internacional no auge de sua carreira há um documentário sobre ela que é apresentado vez por outra no Canal Brasil. Para quem se interessa sobre o tema vale conferir.
O comentário das 12:12 suscitou-me uma dúvida: teria o ilustre comentarista realmente a "assistido" a entrada dos bondes na Galeria Cruzeiro? Pelo que consta a Galeria Cruzeiro não mais abrigava o terminal de bondes desde 1939. Não teria o comentarista se confundido?
ResponderExcluirEm relação ao posto Docastelo, tenho em minha memória, que no final dos anos 40 havia um edifico em cuja área interna passava um bonde... Realmente, próximo a entrada do convento de Santo Antônio, havia uma estação de bondes no térreo de um edifício. Em 1962 já não haviam bondes atravessando o Largo da Carioca, porém as Lojas Palermo e seus discos continuavam na Galeria Cruzeiro
ExcluirO senhor deve estar se referindo ao Edifício da Seda Moderna onde os bondes de Santa Teresa faziam ponto final. Nos anos 50 ocorreu a demolição do Morro de Santo Antônio e os bondes de Santa Teresa passaram a ter seu ponto final provisoriamente em uma parte do morro que ainda estava de pé na altura da Senador Dantas.
ExcluirA admiração mencionada foi pela INFORMAÇÃO sobre o entra-e-sai dos bondes pela galeria. Mais alguma dúvida?
ResponderExcluirAdeus Galeria Cruzeiro
ResponderExcluirEdel Ney, Aires Viana
Você viu, você leu, você ouviu
O comentário que corre pela cidade?
Você viu, você leu, você ouviu
A dolorosa verdade?
É certo que a Galeria Cruzeiro
Vai desaparecer
É a lei do progresso
Que faz a cidade crescer
Praça Onze, Café Nice
(O samba chorou e a saudade ficou no coração do sambista)
Galeria (Galeria)
Este samba (triste samba)
É o adeus do artista
Adeus Galeria do chopp gelado
Das noites de boemia
Dos carnavais do passado
Adeus Galeria reduto do samba
De Chico, Noel e de tanta gente bamba
Galeria (adeus)
Galeria (adeus)
Uma lástima terem demolido essa linda e histórica Galeria Cruzeiro e o Hotel Avenida. Um pedaço do Rio Antigo e da Belle Époque que se foi!
ResponderExcluirPara os amantes desta época, recomendo o recente livro "Metrópole à Beir a Mar" de Ruy Castro, e o romance, que causou escândalo por ocasião de sua publicação em 1923, "Os Devassos" , de Romeu de Avelar. Eu AMO o Rio Antigo!!
Aos mais informados, gostaria de saber em que ano puseram abaixo o saudoso Tabuleiro da Baiana, de tantas memórias - 62 ou 63? Concordo e me recordo do antigo terminal dos bondes de Sta.Teresa, situado no térreo do inesquecível prédio, onde, mais adiante, tinha também o Supermercados Mercy e Mercearias Nacionais e, mais à frente, a Seda Moderna, o mesmo prédio, aliás, onde trabalhava o Assis Valente (que também era protético). Quanto às Lojas Palermo, que tanto frequentei, que me desculpem a ressalva, mas esta ficava do outro lado da praça, na esquina da São José, ao lado da leiteria. Mas, por caridade, "respeitáveis escribas", em respeito ao nosso rico vocabulário, vamos todos tirar "CAMÕES" do OSTRACISMO...
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