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terça-feira, 19 de julho de 2022

GALERIA MENESCAL


A Galeria Menescal, no nº 664 da Av. N.S. de Copacabana, foi inaugurada na segunda metade da década de 1940, talvez em 1946. Na minha infância lembro-me de após o lanche de domingo em casa (era uma época em que não havia o hábito de levar crianças para comer fora), saíamos caminhando da Barata Ribeiro em direção à Raimundo Correia e seguíamos pela N.S. de Copacabana até a Galeria Menescal.

Pelo caminho passávamos em frente à Sloper, que tinha o Metro-Copacabana do outro lado da rua, pelo Rei da Voz, pelas Lojas Brasileiras, atravessávamos a Travessa Angrense, olhávamos as fotos das noivas no mostruário do fotógrafo Azmann, atravessávamos a Santa Clara, que tinha numa esquina o Bazar 606 e na outra a Joalheria Krause. A Galeria Menescal ficava no meio do quarteirão seguinte, defronte ao Mercadinho Amarelho, depois de termos passado diante da Casa Mattos e do prédio do IBEU (Instituto Brasil-Estados Unidos).

Percorríamos a Galeria Menescal, então com quase todas as lojas fechadas, não lembro se a Baalbek ficava aberta. Voltávamos pela Barata Ribeiro olhando a eterna Flora Santa Clara, que tinha na mesma quadra o Colégio Santa Filomena. Atravessando de novo a Raimundo Correia passávamos em frente à Galeria Bonino e chegávamos em casa.

A foto é de 1971, de Gyorgy Szendrodi.


Fotograma da Galeria Menescal, garimpado pelo Nickolas (não lembro de que filme). A galeria liga a N.S. de Copacabana à Barata Ribeiro, com suas sancas decoradas e o piso de mármore colorido intercalado com mármore liso. À esquerda, havia a loja de tecidos Desirée, à direita, a famosa Sapataria Santa Fé, que após décadas fechou.  Na época ali ficavam a Lucia Boutique com o máximo da moda carioca; a loja de fotografia FILM CANETA COPACABANA, a Baalbek, com a comida árabe; a New Gipsy; pequenas óticas; as malhas da La Danse; roupas infantis e para grávidas na Suzette Pré-Maman. A loja de brinquedos A Toca do Coelhinho.  A loja de flores com vitrine que escorria água era a Floricultura Belinha. 

À época da construção, tempos de guerra, foi construído um "bunker" no subsolo para proteção contra ataques aéreos. Como a construção terminou após o fim da guerra o local virou uma garagem.


A Galeria Menescal teve seus dias de glória na segunda metade do século passado. Há algum tempo instalou grades nas extremidades, que ficam fechadas em horário não comercial. Só há acesso liberado para os moradores do prédio. 

Na foto acima vemos a loja FILM CANETA COPACABANA fundada por Klaus Scheyer, alemão que veio para o Brasil na época da 2ª Grande Guerra. Ficava do lado esquerdo no sentido N.S. de Copacabana - Barata Ribeiro. Era onde eu levava meus filmes para revelar. Eram tempos bem diferentes dos de hoje, pois havia sempre uma ansiedade grande para saber se as fotos teriam saído boas. Hoje esta loja se chama Óticas Karina, nome da neta de Klaus Scheyer. 

Embora o anúncio indicasse a inauguração em 01/08/1945 acho que a obra atrasou. Foi um empreendimento de Humberto Menescal, tio do músico e dos irmãos dele, que foram citados aqui recentemente quando do "post" sobre o Clube Costa Brava. 


O Instituto Científico de Estética e Cosmética "Votre Beauté" foi uma das primeiras lojas a se instalar na Galeria Menescal.

Contam as más línguas que o Conde di Lido foi o primeiro cliente.


17 comentários:

  1. Olá, Dr. D'.

    Área fora da minha jurisdição. Acompanharei os comentários.

    Até hoje vemos propaganda de traquitanas para "embelezamento" e afins. Ainda tem quem compre.

    Outras galerias também ficaram famosas, por motivos diversos.

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  2. A Galeria Menescal tem sua confirmação semelhante à Galeria dos Empregados do Comércio na Avenida Rio Branco. O acabamento interno é esmerado e é composto de materiais de ótima qualidade. A existência de grades é medida necessária em razão da decadência de Copacabana ser uma realidade. Moradores de rua, crackudos, e vagabundos em geral, só não se instalam na Galeria Menescal em razão da segurança proporcionada pelos comerciantes e das grades existentes. Mas do lado de fora a situação é preocupante.

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  3. Bom Dia! Lembro que certa vez fui numa loja de brinquedos que fica ou ficou nesta galeria. FF: Acho que ví ontem no Ramatiz um comentarista deste espaço .

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    1. A S.E.R (leia-se Ramatis) tem uma grande afluência de espíritas, mas certamente não era eu, pois costumo ir às Quintas-feiras. ### O nosso "comentarista Canadense" é um assombro, pois um dia ele enfrenta uma "nevasca no Canadá" e no outro frequenta a Galeria Menescal...

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    2. Como disse um juiz mexicano: "É impossível uma pessoa estar em dois lugares ao mesmo tempo, a menos que ela seja um pássaro".
      Quem sabe o Rodrigo é um beija-flor? Ou uma libélula (embora isso não seja uma ave)?

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    3. Nosso comentarista que se diz policial , sempre ofendendo, típico, quero ver rir tanto em outubro. Estou no Brasil, pq posso e gosto de viajar.

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    4. Infelizmente o Luiz ainda permite que indivíduos com "pouco estofo moral" se escondam atrás de pseudônimos para ofender comentaristas em razão de lhes faltar coragem para fazê-lo abertamente. Quanto ao fato de "rir em Outubro", não vou esperar até lá: "já estou rindo desde já."

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  4. A família Menescal era bem eclética.

    Lojas de filmes fotográficos e de revelação viraram anacronismo. Atualmente até se pode levar o cartão de memória ou o próprio smartphone para fazer uma cópia em papel mais profissional. Mas é uma minoria.

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    1. Em tempo, a maioria dessas lojas sobrevive com a impressão em outros materiais, como roupas, canecas e faixas.

      Hoje até os álbuns são virtuais.

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  5. Bom dia Saudosistas. Infelizmente já não é mais possível fazer os passeios como o descrito no texto pelo Dr. D'. Ainda lembro no final dos anos 70 quando ia ao cinema a tarde em Copacabana com a minha atual esposa na época ainda namorávamos, após o filme passeávamos pela N. Sra. de Copacabana, olhando as vitrines das lojas iluminadas com os produtos expostos, outros tempos onde a grana só dava para a compra das entradas do cinema e um lanche depois. Pouco antes da pandemia entrei na galeria Menescal e a loja de venda de esphira ainda estava aberta, até com um bom movimento, mais as demais lojas da galeria a sua maioria não demonstravam estar em boa situação.

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  6. Minha avó morava na Rua Toneleiros ,330, Ed. Amaryllis. Como ia muito lá , pois tinha futebol na garagem e primos que lá se hospedavam no verão, essa área me foi bem familiar. Ainda tinha a academia de judô Katayama na Travessa Angrense. Todo um comércio substituído. Eram os últimos respiros da Copacabana do glamour. Com a extinção da geração que ainda mora , teremos jovens ocupante em grandes apartamentos baratos, ou transformação das grandes unidades em várias menores. Amiga arquiteta visitou ontem o antigo Hotel Everest. Reconfiguração total das unidades, sendo transformadas em micro aps . Saudades dessa Copa. Tinha seu charme Inda nós anos 70.

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  7. Sempre que passo pela Galeria como no ÁRABE, melhor do Rio.
    Sobre as grades tem mais de 20 anos, como álias o bairro todo. No começo dos anos 90 copacabana já estava gradeda. Conheço um Sr. Com mais de 70 anos que fez uma aposta nos anos 70 e passou de fusca em horário comercial pela Galeria.

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  8. A pouco tempo passei por lá e a excelente loja Westminster onde eu comprava roupas ainda está lá.

    Me lembro quando eu era criança de uma floricultura onde o vidro interior da vitrine escorria agua, nunca mais vi isso.

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  9. Existe um filme nacional dos anos 70 onde aparece bem essa galeria. Não me lembro o nome.

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  10. Há quase 40 anos não vou à Galeria Menescal.
    Morador de Copacabana entre 1960 e metade dos anos 80, era florequentador assíduo.
    Agora, o post de hoje me fez tomar a decisão de visitar a galeria, enquanto ainda existo eu ou existe ela ..

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