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terça-feira, 2 de maio de 2023

COPACABANA - EDIFÍCIO FERRINI


O jornal Beira-Mar, em 1935, derramou elogios sobre os “Apartamentos Ferrini” no recém-construído Edifício Ferrini, localizado na esquina da Rua Sá Ferreira com Avenida Atlântica. Tinha como endereço Rua Sá Ferreira nº 12, em Copacabana. Conforme as normas do Plano Agache havia um recuo no lado da Av. Atlântica, tal como o Ed. Guarujá, na Rua Constante Ramos. O Ferrini seria demolido em 1978.

O prédio se destacava por suas linhas de estilo Renascimento Italiano, de bom gosto, meticuloso cuidado em suas minúcias e a mais completa ordem de direção.

Na fachada do prédio duas figuras romanas guardam em posição de sentido sua entrada. O hall, espelhando a beleza de seus mármores, faz refletir flocos de luz branda sobre o baixo-relevo que o separa do pátio, onde, num repuxo luminoso, peixes passeiam entre plantas aquáticas.

Os pisos da galeria térrea, em mosaico veneziano, são cercados de floreiras, que perfumam o ambiente.

Tomando o elevador até o 5º andar. Da galeria circundada por jardineiras, olha-se para a área aberta que deixava entrada livre à luz do sol, enchendo todos os lados internos do edifício, de uma beleza calma que lembra um paraíso.

Entrando num apartamento nota-se a discrição das cores dos papéis pintados, usados nas decorações murais, os lustres, as guarnições, o soalho, tudo denotando distinção e bom gosto.

O tipo padrão de apartamentos é: duas salas, três quartos, quarto completo de banho, casinha, copa com geladeira, filtro, cofre embutido na parede, quarto para empregada, com banheiro, área com tanque e condutor de lixo. Instalações internas de antena de terra e força, com eliminador de ruídos (estática). De qualquer apartamento se avista o mar.

Em todos os andares aparelhamentos completos para extinção de incêndios. Nas galerias, perto da porta do elevador, cinzeiros. Campainhas com funcionamento direto em todos os pontos de entrada dos apartamentos. Telefones em todos os andares, ligados à Gerência, para serviços internos.

O elevador só vai até o 5º andar, daí se acessa o terraço por uma escada. Encontram-se lá diversos jogos de salão, balanços, bancos de jardim, cadeiras de vime com mesinhas, vasos com plantas.

Detalhe da portaria do Edifício Ferrini.

Detalhe do hall de entrada do Ed. Ferrini

Detalhe do pátio interno do Ed. Ferrini.


Anúncio do "Correio da Manhã" de 1935



Nesta foto vemos a esquina da Sá Ferreira com Av. Atlântica, tendo, à esquerda, o Hotel Miramar e, à direita, o Posto Texaco que foi instalado, provavelmente no início dos anos 50, no terreno do Edifício Ferrini, que aparece atrás do posto de gasolina.




Foto do Edifício Ferrini em seus últimos dias. Em 1975 o prédio foi vendido à Veplan e desocupado por volta do final de 1977, quando foi rapidamente posto ao chão, certamente com medo de algum protesto por tombamento. Talvez para a época fosse apenas mais um prédio velho no bairro, pois por muito pouco o Guarujá não teve o mesmo destino, evitado por uma disputa entre herdeiros e finalmente salvo em 1989, quando foi tombado junto com muitos prédios dos anos 20, 30 e 40 em Copacabana.



28 comentários:

  1. Não imaginava que já na década de 1930 houvesse um edifício assim tão luxuoso em Copacabana.
    O recuo determinado pelo plano Agache era uma solução interessante para não fazer sombra na praia.
    Acho que não haver uma certa padronização de estilos tornou a orla num salve-se quem puder.
    Aquele hotel do posto 5, de um arquiteto famoso, é muito feio.
    Alguns prédios altíssimos também destoam.
    Mas o que vale é $$$$$.

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    1. Também acho a fachada do Hotel Emiliano destoante e muito feia.

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  2. Bom dia, Dr. D'.

    Figura fácil em fotos de Copacabana. A década de 70 foi literalmente devastadora para a arquitetura carioca.

    Ficarei acompanhando os comentários.

    PS: sobre a postagem de ontem, o site www.ccsq.org.br tem informações sobre o SESC Quitandinha, transformado em centro cultural.

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  3. Quantos apartamentos tinha esse prédio? Eram todos os apartamentos voltados para locação ou também eram oferecidos para venda? O que chama a atenção no anúncio publicado em jornal da época é o detalhe: "para famílias de fino trato". O que significava para a sociedade da época "fino trato?" A esse prédio belíssimo e construído com requintes de luxo faltava o que seria atualmente um transtorno: a inexistência de vagas para veículos, o que faria com que o Edifício Ferrini fosse um "elefante branco". Além disso a quantidade de banheiros era insuficiente para um imóvel daquele porte.

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  4. Em um passado recente não se alugava imóveis para qualquer um. As administradoras eram bastante criteriosas, e em alguns casos verificavam até a "folha corrida de candidatos . Às Delegacias Distritais era solicitado o "atestado de bons antecedentes", e se nele houvesse uma única ocorrência policial, a ficha do candidato era reprovada. Que diferença dos dias atuais, onde diante de leis penais decadentes e ridículas criminosos contumazes colecionam dezenas de "passagens" sem nenhuma condenação, o que de acordo com as regras atuais, os torna "cidadãos respeitáveis".

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  5. Bom dia.
    Na descrição do apartamento no texto:
    " ... quarto completo de banho, casinha, copa ...".
    Casinha? O que poderia ser?
    O termo era usado para banheiro externo às casas, mas aqui não faz sentido.

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    1. Será que um compartimento separado para o vaso sanitário dentro do "quarto de banho" ?

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    2. Eu acreditaria mais em erro de grafia. Não seria "cosinha", com a grafia da época?

      Mas posso estar errado.

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    3. Você está certíssimo Augusto.
      Até pela posição na descrição, imediatamente antes de "copa com geladeira", deve ser cosinha mesmo.

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    4. Corretor Ortográfico2 de maio de 2023 às 09:59

      O anúncio é anterior à reforma ortográfica de 1943.

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    5. O Brasil já mudou de regras gramaticais 4 vezes! Na última, aboliu-se o trema, eliminou-se alguns acentos, etc. Os defensores dizem que era para alinhar com Portugal, Angola, Cabo Verde, e outros países lusófonos. Pra mim, foram mudanças para pior. Preocupa-me o que virá na próxima....

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  6. Li em algum lugar que o Ferrini era de um único proprietário e que este alugava os outros apartamentos.

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  7. Tendo em vista as dimensões do prédio, o número de empregados devia ser grande e em razão disso fica uma pergunta: havia um condomínio edilício instalado? Em caso negativo, como eram divididas as despesas entre os moradores? O valor era proporcional à área do imóvel? Certamente as "pessoas de fino trato" eram "abonadas", já que naquele tempo "850 Mil Réis" era uma uma quantia considerável.

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  8. Esse edifício e o Guarujá eram uns dos poucos que respeitavam o recuo do Plano Agache. Tratava-se de não sombrear a praia. Ferrini fez o posto depois e o Guarujá tinha um bar e depois conseguiram fazer um prédio.
    O mais triste e que no Balneário Camboriú tiveram o mesmo problema de sombra na areia. Resumindo, quase 100 anos depois governo e construtora fazem o que querem.

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    1. O que aconteceu em Camboriú é uma ode à estupidez: prédios altíssimos na beira da praia, sombra à 1 da tarde ...
      Aliás, a infraestrutura é precária, não acompanhou nem de perto o crescimento que aconteceu já no final da década de 70.
      Lugar a ser evitado.

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  9. A pergunta séria , como o Rio seria hoje respeitando o Plano Agache.

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    1. No geral não sei, mas a Princesinha do Mar estaria bem menos triste, com o impacto daquela aparência de "muralha" à beira-mar bem menor.

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  10. Vontade de sentar naquele pátio interno, em um final de tarde, para um bate-papo ou para ler algum livro, com o som das ondas do mar ao longe.

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    1. Esse anônimo das 11:15h sou eu.
      Meu computador preferido teve pane e , coincidência (ou não?), logo após uma revisão "on line" que fiz na declaração do IR.
      Para me identificar aqui tive que refazer o "entrar com endereço do Google" no lap top que passei a usar provisoriamente.

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  11. frequentei o Farrini com alguma requencia, pois um amigo, Gerardo, lá morava. Era um palácio deslumbrante. A coisa mais desagradável era o cheiro de gasolina que invadia o apto em dias de vento. Fora isso e a ausência de garagem, era um dos mais elegantes prédios que conheci. Um absurdo a febre de demolições que Copacabana foi alvo até a época dos tombamentos. Os prédios hoje demolidos seriam motivo de disputa .

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    1. Fiquei pensando como deixaram construir um posto de gasolina no terreno do prédio, será que nessa época já estava em declínio ou pisaram na bola?

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  12. Boa tarde Saudosistas. O prédio tinha uma beleza extraordinária, lembro dele na sua fase final de sobrevivência, já naquela época me incomodava a falta de consciência das autoridades e da sociedade com a não preservação de edificações com passado histórico ou relevante existentes na cidade. Ainda hoje no Centro da Cidade temos inúmeros prédios abandonados que tem uma história relevante, cujo o seu fim com certeza deverá ser a demolição.

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  13. Matéria muito interessante que saiu no jornal O Dia sobre fotos antigas de famílias que são descartadas no lixo.

    Luiz, será que não teria a possibilidade de entrar em contato com o Rafael Cosme e fazer um parceria para poder publicar as várias fotos que ele tem?

    https://odia.ig.com.br/rio-de-janeiro/2023/04/6623204-guardiao-de-memorias-pesquisador-viaja-pela-historia-do-rio-atraves-de-fotografias-resgatadas-do-lixo.html

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    1. https://odia.ig.com.br/rio-de-janeiro/2023/05/6623204-guardiao-de-memorias-pesquisador-viaja-pela-historia-do-rio-atraves-de-fotografias-resgatadas-do-lixo.html

      link correto

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  14. Luiz, já peço desculpas pela propaganda do meu blog.

    Amigos,
    O blog Histórias de Inhaúma vai sortear o livro da Dra. em História, Rachel Lima, sobre Inhaúma.

    O livro se chama "SENHORES E POSSUIDORES: PROPRIEDADE, FAMÍLIAS E NEGÓCIOS DA TERRA NO RURAL CARIOCA OITOCENTISTA (INHAÚMA, 1830-1870)".

    E para concorrer ao sorteio é muito fácil.

    Só responder as 10 questões do questionário que está no link abaixo:
    https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSf6uis3Aqfzj4GlGn1ZGkijx1eyuc43rsmLllpJTj6aLemfuQ/viewform?fbclid=IwAR3DNxpAdcAN-fwHvom5zJs_UtuY8bXjAorWAf-eDtah77Y8DUy3-ORDuno


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  15. Caso queiram saber mais, acesse:

    https://historiasdeinhauma.blogspot.com/2023/05/sorteio-do-livro-senhores-e-possuidores.html

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  16. FF: feito sorteio para as oitavas de final da Copa do Brasil. Teremos Fla X Flu como único confronto regional. O Botafogo pega o Athletico/PR. Outros confrontos: Bahia X Santos, Grêmio X Cruzeiro, Corinthians X Atlético/MG, Inter X América/MG, São Paulo X Sport, Fortaleza X Palmeiras. A sorte foi lançada. Pelo menos um carioca garantido na próxima fase. No máximo dois.

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