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quinta-feira, 7 de setembro de 2023

PARADA DE SETE DE SETEMBRO

Nos anos 50 o programa lá de casa era irmos todos ver o desfile de 7 de Setembro. Saíamos no grande Chevrolet preto do "velho", ali pelas 8 horas. Dias da Rocha, N.S.Copacabana, praias de Botafogo e Flamengo, Lapa, Mem de Sá, rua de Santana e estacionávamos perto da Presidente Vargas. 

Junto com meus irmãos, todos com uma bandeirinha do Brasil e um chapéu feito de papel, na forma de "bibico", ouvíamos o barulho dos soldados marchando sobre a areia depositada no asfalto.Não sei como aguentávamos até o final, mas só íamos embora depois do nosso tio, então Coronel, passar num jipe do Exército e do desfile dos soldados montados a cavalo.

Do José Roitberg recebi este email: “Luiz, restaurei alguns trechos de filmes do desfile de 7 de Setembro de 1946 na Av. Pres Vargas no RJ. Vemos os cavalarianos Dragões da Independência e o marechal Eurico Gaspar Dutra, a cores, artilharia no final com alguns 280 mm (não sei ao certo). Os filmes foram feitos pelo Signal Corps do exército americano durante a visita ao Brasil do general Dwight Eisenhower (Ike) o grande comandante da Invasão da Normandia (Dia D) e combates posteriores até a derrota dos nazistas. Posteriormente foi eleito presidente dos EUA. Certamente muitos ex-combatentes ainda incorporados estavam presentes.

A saber, o que parece ser areia no chão, realmente é. Nos desfiles militares costuma-se colocar areia para os coturnos fazerem um barulho diferenciado ao marchar. Participei em várias, enquanto oficial.

Continua o Roitberg: “O filme é rapidinho, 6 minutos. O “link” é: http://youtu.be/8k3N_bFypXI  

Recomendo verem o filme, que é de ótima qualidade e bastante interessante.”



Esta foto, do acervo do Silva, foi enviada por nosso amigo Francisco Patricio (a quem agradeço a gentileza), com a seguinte dedicatória:

"Mais uma homenagem ao Ilustre General Miranda, oficial culto e exemplar - algo pouco comum no atual círculo militar (e que foi tão injustamente enclausurado no Forte de Copacabana)".

Na época, assim respondeu o General Miranda:

"Ilustre Sr. Francisco Patricio, comovido, vejo encherem-se os olhos de lágrimas e redobrada é a honra por receber, nesta homenagem, foto dos tempos em que os companheiros de farda tinham admirável espírito cívico e porte moral invejável, algo em falta no momento atual.

Passo-a ao senhor Luiz D', com o pedido de publicação da mesma, pois quando já não se vêem manifestações, em tempo, de certo e especial respeito e instinto de conservação para com os marcos artísticos ou repletos de tradição, é um deleite ver a memória da cidade aqui exposta diariamente.

Lamento o quanto foi impiedosamente destruído para construir, muita vez, um novo sem alma e sem estilo.

Por isso, nossa cidade encontra-se desfalcada de muitas construções (e de tradições, como as paradas militares do Dia da Pátria), que poderiam refletir e documentar fases de épocas pretéritas ou manifestações do belo".

Ao ser informado deste presente, o Historiador Militar, que eventualmente nos visita, registrou que "o General Miranda se notabilizou, não só pela sua inteligência, mas pela extraordinária bravura: tomou parte na FEB que participou do assalto à Abadia de Monte Cassino (1944), enfrentando forças muito superiores àquelas que comandava.

Ao longo de sua gloriosa carreira, exerceu os lugares de instrutor de esgrima, diretor das oficinas de reparação de automóveis do Exército, vogal do Conselho Central da Cruz Vermelha Brasileira e do Pró-Sanatório dos Sargentos Tuberculosos dos Exércitos de Terra e Mar.

Fez parte do júri para as provas especiais de aptidão, para a promoção ao posto de major, dos capitães taifeiros.

Em meados dos anos 50, combateu ardorosamente os insurretos do General Lott, o que lhe valeu uma curta detenção no Forte de Copacabana (punição que se revelou, mais tarde, injusta).

Entre outras condecorações, é Comendador da Ordem de S. Gregório Magno (classe militar) com que Sua Santidade João XXIII o agraciou.

É autor de várias obras sobre assuntos bélicos, em que se destaca uma monografia muito interessante sobre o "Canhão Vickers de Seis Polegadas da Artilharia de Costa", tão apreciada neste Fotolog.

Por seu elevado nível moral e intelectual, este distinto morador da Rua Sorocaba, nos impressiona com a sua primorosa linguagem, como se pode ler em seu agradecimento.

Pelo que é justissima esta homenagem".

Fica,  pois, neste 7 de Setembro, a homenagem do "Saudades do Rio" ao inesquecível General Miranda.

 


Dizia o AG: "Confesso que não sou muito chegado a desfiles militares. E, ainda que tenha conhecido alguns militares (principalmente na Aeronáutica) muito legais, me embaralha a cabeça um sujeito se formar para "lutar na guerra". Sei que não é só de guerra que vivem os militares, mas, no fim de tudo, é para a guerra que existem todas aquelas armas nos quartéis."

Um conhecido comentarista, há tempos desaparecido do "Saudades do Rio", escreveu: "Acho estas demonstrações de poderio militar, tipo Parada de 7 de Setembro, uma brincadeira de meninos que cresceram mal educados e viraram homens recalcados que acreditam que seu poder sexual está todo localizado num grande rifle ou num grande canhão". 


Ainda existe desfile no Rio? Ano passado, salvo engano, fizeram um arremedo de desfile e comício eleitoral no Posto 6.


Jeovah Ferreira, de Taquari-DF, ontem n´O Globo: 

"Neste 7 de Setembro estarei na Esplanada com muita alegria, vou ver as tropas marchando com garbo, sem nenhuma afronta à nossa Democracia.
Este ano lá estarei. Vou estar juntos daqueles que amam o nosso Brasil.
Estou certo de que naquele espaço não haverá militantes do ardil.
Este ano eu vou. Eu sei que será diferente.
Não haverá inimigos da liberdade querendo ficar no poder eternamente.
Vou levar os meus netos. Todos com bandeiras nas mãos. Vamos gritar bem alto "Salve a nossa Democracia, salve a nossa Consituição".
O Hino da Independência, com júbilo vamos cantar, nossa pátria está livre daqueles que estavam a nos ameaçar".








27 comentários:

  1. Bom Dia! Velhos tempos , boas recordações. Hoje como será?.

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  2. Bom dia, Dr. D'.

    Desfilei alguns anos na Domingos Lopes na época de escola.

    O desfile na Presidente Vargas continua (começa daqui a pouco). Ano passado foi a exceção. Em Brasília também tem desfile, assim como em outras cidades. Provavelmente exceto nas cidades gaúchas atingidas pelo ciclone.

    A data do Sete de Setembro foi instituída já na república. No império a data mais festejada era o 12 de Outubro.

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  3. Uma pequena correção: a FEB não participou da Batalha de Monte Cassino ocorrida em Janeiro de 1944, época em que a tropa brasileira nem sonhava ir à Itália. O comentarista quis certamente se referir à Batalha de Monte Castelo, cujos combates se iniciaram em Novembro de 1944.

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  4. PS: o desfile este ano será molhado. Mas até o momento nenhuma gota por aqui, diferente de outros pontos da cidade.

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  5. O problema do Brasil é essa áurea que as FFAA gostam de ter. Somos perfeitos, não corruptos e por aí vai....
    São parte da sociedade Brasileira com suas coisas boas e ruins. A última associação com o ex presidente prova isso.
    Militar tem que ser apolítico e ponto. Quer carreira política pede baixa e se candidata.
    Enfim, acho desfile militar algo pra levar criança, elas ficam muito felizes . Ainda adquirim alguma forma de amor a Nação.

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    1. E o último presidente ainda chamava de "meu exército", numa tentativa patética de se apropriar das Forças Armadas, como já tinha feito junto com os seus seguidores com as cores verde-amarelo e com o adjetivo de "patriota".

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  6. E eu que achava que a areia depositada no asfalto destinava-se a absorver materiais oleosos deixados por veículos - antes - e equipamentos mecanizados - durante - o desfile, para que soldados e cavalos não escorregassem, soube agora que a finalidade era pura e simplesmente sonoplástica, para os coturnos fazerem um barulho diferenciado ao marchar.
    Vivendo e aprendendo.

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  7. Bom dia Saudosistas. Fui a muitos desfiles de 7 de setembro na Av. Pres. Vargas, com a turma do colégio, mas quase sempre abandonávamos o desfile para jogar uma peladinha no Campo de Santana. Outra coisa muito comum nos dias 7 de setembro, ou chove ou venta muito, principalmente no final da tarde.
    Acho esses desfiles militares no Brasil sem qualquer atrativo, gosto dos desfiles militares da China, Rússia, Coréia, eles colocam o bloco na rua, com destaque para as suas alegorias bélicas, para mostrar o que o balacobaco é forte.

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  8. "O patriotismo é o último refúgio do canalha".
    Tradução da frase de Samuel Johnson "Patriotism is the last refuge of a scoundrel".

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  9. Acho que a nossa independência foi fora do normal, mas era o que tínhamos para a época. De outra maneira seria um risco a transformação em várias republiquetas.
    Colocar D. Pedro como um dos libertadores da América é meio estranho, mas pior ainda manter ligação com a absolutista Carlota Joaquina, eminência parda do outro filho, o Miguel, já que D. João VI durou pouco.
    Nada contra os desfiles, mas Forças Armadas só se for para defesa, para possíveis pacificações em território alheio temos a ONU e a OEA.
    No vídeo é estranho o Dutra em uniforme militar mesmo exercendo a presidência da república. Nem os generais presidentes no período da ditadura 64 eu lembro de ter visto isso.
    Sobre o a tomada do Monte Cassino realmente ainda não tinha a FEB na Itália. Só consta que os americanos convidaram alguns oficiais brasileiros, mas apenas como observadores da batalha, sendo que um deles seria o Castelo Branco, futuro marechal.

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  10. A independência foi um processo que se deu ao longo de 1822 (e até antes), se estendendo até o ano seguinte em outras regiões do país. Portugal "reconheceu" a independência de sua principal colônia depois de uma "indenização".

    A situação era tão esdrúxula que poucos anos depois de "declarar" a independência, Dom Pedro se viu rei de Portugal, abdicando em favor de sua filha mais velha, sendo que o seu herdeiro já havia nascido.

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    1. Ele foi declarado Rei de Portugal em 1826, depois da morte do pai, mas ocupou o posto por apenas dois meses, de março a maio daquele ano. Nessa época, D. Pedro I ainda era imperador no Brasil e decidiu abdicar o trono português em favor da filha, Maria da Glória (Maria 2ª)
      Os constantes atritos com a Assembléia, o seu relacionamento extraconjugal (1822-1829) com Domitila de Castro Canto e Melo, a quem fez Viscondessa e depois Marquesa de Santos, o constante declínio de seu prestígio e a crise provocada pela dissolução do gabinete, fizeram com que após quase nove anos como Imperador do Brasil, abdicasse do trono em favor de seu filho Pedro (1830) então com cinco anos de idade.
      Voltando a Portugal, com o título de Duque de Bragança, assumiu a liderança da luta para restituir à filha Maria da Glória o trono português, que havia sido usurpado pelo irmão, Dom Miguel, travando uma guerra civil que durou mais de dois anos. Inicialmente criou uma força expedicionária nos Açores (1832), invadiu Portugal, derrotou o irmão usurpador e restaurou o absolutismo. Porém voltara tuberculoso da campanha e morreu no palácio de Queluz, na mesma sala onde nascera, com apenas 36 anos de idade, e foi sepultado no panteão de São Vicente de Fora como simples general, e não como rei. No sesquicentenário da independência do Brasil (1972), seus restos mortais foram trazidos para a cripta do monumento do Ipiranga, em São Paulo.

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    2. Realmente o Brasil carece de "heróis nacionais". A moral e o caráter de D. Pedro I dispensam um juízo de valor diverso daquele que todos conhecem. O toque sarcástico da Proclamação da Independência reside na indagação de qual das duas "obras" de D. Pedro realizadas naquele 7 de Setembro foi a mais marcante?

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    3. Não lembro se a legislação brasileira permitiria a filha mais velha de Dom Pedro I assumir o trono se não houvesse um herdeiro masculino (futuro Dom Pedro II). A questão a respeito da Princesa Isabel foi resolvida por "fatores externos" à corte.

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    4. Eu acredito que sim, para não deixar dúvida no ar. Seria o caso, anos depois, da Princesa Isabel (casada com um príncipe estrangeiro - até porque não havia "príncipe brasileiro" disponível).

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    5. Na legislação brasileira nunca houve qualquer impedimento para que na falta de um primogênito masculino acendesse ao trono uma mulher. Era comum mulheres subirem ao trono de grandes impérios nos últimos 1500 anos sem que houvesse qualquer empecilho. A Rainha Elizabeth (Isabel) I da Inglaterra, filha de Ana Bolena, no Século XVI e a Imperatriz Catarina da Rússia no Século XVIII, são exemplos disso. Porém houve um exemplo na França em 1328 quando por interesses políticos foi aprovada a "Lei Sálica", na qual na uma mulher não poderia ascender ao trono. As consequências desse ato criaram uma crise dinástica sem precedentes e que culminou na Guerra dos Cem Anos, que durou de 1337 a 1453.

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    6. Por isso o meu comentário anterior. Se o filho de Dom Pedro II tivesse sobrevivido, ele seria o primeiro na sucessão, em vez da irmã.

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  11. Este comentário foi removido por um administrador do blog.

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  12. Não sei como o Luiz permitiu o comentário publicado às 12:16. Fica o meu protesto!

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  13. Foi excluído o comentário de um pretenso "neto" do General Miranda, a pedido de sua esposa D. Alayde e demais membros da família.

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  14. Este pequeno vídeo (menos de 3 minutos) da United News de setembro de 1942, mostra o desfile de 7 de setembro em frente ao Palácio do Catete e "celebra" a entrada do Brasil na guerra.
    https://www.youtube.com/watch?v=Qbq77CK3KGQ

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  15. Para o ADM do espaço precisar intervir, deve ter sido um "primor" de comentário.

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    1. Não, Augusto. Era até interessante. Mas o uso indevido do nome da distinta família motivou a exclusão. O verdadeiro autor já entrou em contato comigo. Ficou aborrecido e disse que talvez não comente mais. A turma do “deixa disso” já entrou em ação.

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  16. Hoje é o meu feriado favorito, não tem nada a ver com política ou história. Não sei porquê mas Setembro é o meu mês favorito, talvez porque começa a primavera, o céu fica mais azul, o Natal tá quase ai, difícil de dizer. 🤔

    Alguém mais ou só eu?

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  17. Será que este Love is in the air é o “neto”?

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  18. Sobre monarquia em geral, parece que os monarquistas brasileiros deletaram da história o período absolutista, com certeza para "vender" melhor a sua ideologia.

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