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sábado, 23 de setembro de 2017

DO FUNDO DO BAÚ: ELEGÂNCIA

 
Hoje é sábado, dia da série “DO FUNDO DO BAÚ”. E de lá sai esta fotografia de um grupo na Praia de Copacabana, nas vizinhanças do Copacabana Palace, num amanhecer do Rio. Hoje, tal atitude seria impossível.
É verdade que a desigualdade de renda sempre foi um problema na cidade, com uns poucos tendo muito e muitos tendo pouco.
A par disso, é de se lamentar, na minha opinião, a perda da elegância que existia no Rio de antigamente. Elegância no sentido de mais educação, mais respeito, mais possibilidade de todos desfrutarem melhor da cidade, ricos ou pobres.
Havia uma elegância no vestir, um certo pudor e boas maneiras que, paulatinamente foram desaparecendo, junto com muitos outros valores. Hoje em dia as camisetas regatas, bermudas, sandálias, tops mínimos, roupas alguns números menor do que o recomendado, aparecem todo o tempo. Já testemunhei um médico de bermuda e sandálias passando visita na Casa de Saúde São José num domingo!
O ambiente da cidade, como um todo, tornou-se violento, hostil, amedrontador.
Fica a saudade da boa música, dos shows de bossa nova, das boates com artistas do quilate de Dick Farney, Lucio Alves, Elizete Cardoso, dos passeios tranquilos de bonde pela cidade, onde ir ao Corcovado não era arriscado, com crianças indo sozinhas para os estádios de futebol ou para escola sem a menor preocupação.
Uma cidade com praças frequentadas despreocupadamente, onde parar no sinal não era preocupante, ir à praia era programa agradável.
A foto lembra também que, um dia, o Rio teve temperaturas mais frias do que atualmente.

17 comentários:

  1. Na verdade "os tempos eram outros". Vários fatores contribuíram para essa realidade, fatores esses amplamente discutidos aqui, mas um requisito é fundamental para que esse estado de coisas possa ser revertido: A conscientização pela população alfabetizada e produtiva de que será preciso abolir certos paradigma, entre eles o de ser "politicamente correto", o de ser paternalista em determinadas situações, e principalmente o de achar que "somos o melhor povo do mundo". Já será um bom começo...

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  2. Bom dia. Se pelo lado da ciência, tecnologia, medicina etc tivemos uma evolução necessária, no aspecto de relacionamentos na sociedade perdemos um bocado. Vendo as notícias atuais do que acontece no Rio (SP não é melhor), fico triste. Lembrar de como passava algumas férias na cidade, já com uma certa preocupação típica dos anos 1980, não imaginava que poderia ficar (bem) pior. Valorizou-se tanto a individualidade que esqueceram de outros valores em relacionamentos sociais.

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  3. Bom Dia! Quatro a três, uma está sobrando ou o seu par é quem está fotografando?

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  4. Em 1961 as preocupações se resumiam na área política, na "carestia", na falta de luz, de água, mas vivia-se razoavelmente. Havia oferta de serviços de saúde pública, embora fosse possível pagar uma consulta médica, havia emprego, havia condições de se manter uma família, havia a certeza de poder se aposentar sem morrer de fome, e havia a tranquilidade de sair à rua sem o risco de assaltos e arrastões. Era uma vida mais simples mas coerente com a realidade do país, onde "cada um conhecia o seu lugar". Após um forte êxodo rural em direção às capitais nos anos 70, seguido de um enfraquecimento do poder central nos anos 80, uma constituição que concedeu direitos indevidos a quem não os merecia e suprimiu direitos legais de quem os possuía, a ascensão de elementos políticos do nível de Jurunas, Benexitas, Lulas, Garotinhos, Brizolas, e muitos outros cujas qualidades dispensam maiores comentários, era óbvio que, como diria João Saldanha, "a vaca fosse para o brejo". Para se resgatar valores cívicos, políticos, e morais vigentes no passado e de acordo com o meu comentário anterior, "muita coisa terá que ser revista" e certamente muitos terão de "descer do muro" onde se encontram...

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  5. É certo que havia alguns exageros de um reduzido grupamento que foi denominado de "café soçaite", distante economicamente anos luz das demais classes. Mas a elegância era apreciada até pelos menos aquinhoados, que por intermédio dos bailes de formatura podiam experimentar a sensação de vestir os smokings a "black tie" ou as moças com seus modelitos de gala, para a alegria das costureiras de então. Discutir as alterações dos costumes é perda de tempo pois os motivos são os mais variados, inclusive as alterações do clima. O certo é que bairros como Copacabana elegeram novos hábitos e encontrar alguém de terno andando por suas ruas ou é um eventual advogado ou um pastor. Minha impressão é parecem uma espécie de ET e que a qualquer momento vou ouvir um gritos de "pega, pega...". Chistes à parte, moro a poucos metros da loja da "Só a Rigor", em pleno funcionamento, e observo clientes saindo da loja regularmente com peças envoltas na embalagem em plástico negro. Só não sei dizer que tipo de indumentária foi alugada, talvez para cerimônias de casamentos.

    Quanto aos outros aspectos como as tradicionais noites boêmias com as boates fervilhando isso é coisa do passado. A última tentativa nesse sentido foi a do empresário mineiro, radicado no Rio, Omar Peres, atual dono da Fiorentina e ex do desaparecido Sindicato do Chope no Leme, que montou uma casa noturna no Lido chamada "La Boate". Sua pretensão era atrair um público mais maduro e apreciador dos sucessos musicais dos anos '60. Ele apenas se esqueceu que esse público/alvo, se ainda está vivo, é composto de sobreviventes dessa época e hoje prefere ficar em casa à noite vendo tv ou ligado no PC.

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  6. Se foi depois da festa,já havia Lei Seca.Comportados...***Realmente os hábitos e costumes foram mudando através do tempo,para pior é claro.Se no exemplo citado,o gerente fosse conversar com o colega a respeito da roupa usada na visita aos pacientes,estaria correndo o risco de ouvir poucas e boas.Um espanto!!!

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    1. Belletti, neste caso específico o da bermuda é que ouviu poucas e boas de um médico antigo da São José. Colocou o rabo entre as pernas e foi embora, sem completar a visita.

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    2. Melhor assim...Espero que tenha aprendido um pouco de bons costumes.

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  7. Eram bem interessantes os bailes de formatura ou comemorativos como os do Clube Naval ou do Colégio Militar. Nos nos 70 eu fui a vários. Eram "outros tempos", e era obrigatória uma ida ao "Rolla's" na Augusto Severo para alugar um "smoking". Hoje em dia para os frequentadores daquela região, a palavra Rolla's tem uma outra aplicação...

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  8. Boa tarde a todos!
    Alguns dos rostos, em especial a senhorinha que está olhando diretamente para a câmera, parecem um tanto familiares. Seria a condessa Pereira Carneiro?

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  9. Boa tarde a todos.

    Não diria que hoje uma foto dessas seria impossível, mas bem improvável. Seria necessário um reforço na retaguarda...

    Vou evitar comentários sobre a situação atual para não ferir certas sensibilidades.

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  10. Considerando o comentário das 09:45, a "situação atual" que estamos vivendo é o resultado natural do eterno "muro" no qual grande parte da nossa sociedade está "encarapitada". Tibieza, covardia, omissão, e pusilanimidade, são as expressões formais equivalentes à metáfora empregada, cuja permanência será "ad eternum" caso não haja uma contundente mudança. O tempo de mudança é diretamente proporcional ao D.N.A da população. Em 1854 o Comodoro Peary à frente de uma forte esquadra americana, adentrou a baía de Tokio em um Japão medieval onde se lutava com lanças, espadas, e arcos. Exatamente 60 anos depois, esse mesmo país medieval, agora dono de uma poderosa esquadra de encouraçados e tendo à frente o Almirante Togo, destroçou a Marinha Russa, a terceira maior do mundo na época no estreito de Tsushima. Por outro lado, existe uma demanda judicial no norte fluminense onde um grupo de "quilombolas" requisita o título de propriedade onde vivem em um "quilombo" desde...1854! É uma maneira crua mas real de se medir "o tempo de mudança" entre um POVO e um povinho...

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  11. Não sei porque mas essas festas da nata da sociedade me lembra muito o Di Lido. E por falar em Di Lido e falar em carrões, Lancaster, Camisa de amorela e mocassim branco.

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  12. Concordo que o modo de se vestir entrou em grande decadência, mas casaco de pele, mesmo naqueles tempos da foto, era um exagero e só podia ser por questão de status.

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