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sexta-feira, 19 de outubro de 2018

AVENIDA CHILE









Hoje temos fotos das obras da Avenida Chile, do acervo do Correio da Manhã, no final dos anos 60.
 

O texto é uma colaboração do Andre Decourt, que conta a história mais antiga deste local.
 

"Imaginada desde os anos 30, como uma via de articulação entre o Estácio e o litoral do Centro da Cidade, englobando para isso a Av. Alm. Barroso, a Rua da Relação, a Av. Henrique Valadares e a Rua Frei Caneca e traçada em definitivo nos anos 40 como parte do Plano 100, ou 1000, que previa a modificação de grande parte “dos fundos” do Centro da Cidade, com novas vias que requalificariam praticamente toda a região entre o Castelo e Lapa,  indo até a Praça Tiradentes e por fim até as encostas do Morro da Conceição.
 
Plano este que nunca saiu do papel, deixando inúmeros prédios dos anos 50 com afastamentos enormes e pilotis agachianos em estreitas ruas da SAARA e legando parte da urbanização da Esplanada do Castelo, bem como o túnel Martim de Sá.
 

Tão logo o desmonte do Morro de Santo Antonio permitiu a ligação entre o Castelo e a Lapa, a nova avenida foi aberta sem um plano urbanístico e até mesmo um PA definitivo, pois todo o resto da região ainda era tomado por lama, abas do morro que desaparecia e decrépitos sobrados na região da Rua do Lavradio, que desde os anos 40, com o julgo da desapropriação aguardavam seu fim sem muita dignidade.
 

Inaugurada por JK a avenida cortava a árida região, com um arremedo de urbanismo, como iluminação pública, árvores, meio-fios e algumas calçadas. Mas como ela ficaria ninguém sabia, bem como ela seria ocupada, visto que os terrenos ainda pertenciam ao Distrito Federal e à Igreja, o que pode indicar o destino da avenida como sede de inúmeras estatais nos anos 70.
 

Desse urbanismo nada mais resta, nem mesmo a quota da avenida, pois na obra do Governo Negão de Lima, onde ela ganhou seu atual contorno, ela foi recaixada neste ponto, ficando plana, para a passagem da Av. República do Paraguai, antiga Norte-Sul, conforme os planos dos anos 40."


Podemos observar, como conta ainda o Decourt, "a iluminação por lâmpadas fluorescentes, determinação da PDF à Light para todas as novas vias da cidade, bem como nos circuitos modernizados. Esse tipo de iluminação começou a ser implantado no Estado Novo e, até a criação da CEE no Estado da Guanabara, imaginava-se como a iluminação adequada para a cidade. Mas to amanho das lâmpadas e luminárias, manutenção delicada, a necessidade de se importar as lâmpadas e luminárias de maior capacidade (a produção nacional resumia-se as potências de 20 e 40 W e na via pública se usava a partir de 80W) sepultaram seu uso, substituídas pelas já ultrapassadas lâmpadas a vapor de mercúrio, mas que causaram uma total mudança na iluminação pública do Rio de Janeiro dos anos 60 até os 80. A iluminação por lâmpadas fluorescentes foi uma herança do Rio para Brasília, pois afinal a equipe que levantou e equipou era originária da PDF."
 

18 comentários:

  1. Esta é mais uma avenida da cidade que acho horrível. Dá uma sensação de estéril, com arranha-céus imensos, fria. E ainda tem pertinho aquele outro horror que é a catedral.

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  2. Porque será que no Rio nenhum plano é concluido ou dá certo.
    Concordo com o Plinio : Essa avenida é horrorosa e a catedral idem.
    Porque a curia não escolheu uma igreja entre tantas da cidade para ser a catedral?

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  3. Excelente sequência de fotos, mostrando a evolução da grande área proporcionada pelo desmonte do Morro de Sto. Antônio.
    Aquele sobrevivente da farra dos guardanapos mostrou exatamente o que era a travessia do trecho, em ritmo de Alah-la Ô, mas que calor.
    Imagino que os passageiros do bonde de Sta. Teresa também passavam por apertos, com sol ou com chuva forte, para chegar até a estação, que mudou de local mais de uma vez após essas obras, segundo já li em comentários no SDR.

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  4. Bom dia a todos. Na foto 1 vemos ainda em construção o Ed. Santos Vale e o terminal de bondes para Sta Teresa ainda provisório. Foto 2. Vemos parte do morro onde existe creio que até os dias de hoje, um pomar do Frades do Convento de Santo Antônio, onde muitas vezes fui pegar frutas, manga, amoras, pitangas, goiabas quando era criança. Foto 3. Já no início dos anos 60, vemos o ponto final de lotações com destino ao Largo da Carioca. Foto 4. Deixo para o mestre Obiscoitomolhado identificar os automóveis estacionados. Foto 5. Do lado direito vemos o fundo do Teatro Recreio e lá ao fundo a cúpula do Min. Agricultura.
    Foto 6. Estava um calor danado neste dia, e a poeira piorava ainda mais a situação. Foto 7. A avenida já no seu atual nível, vemos diversos prédios alguns já não existem mais, como a frente do prédio do lado direito superior da Faculdade de Letras, hoje estão as torres do prédio Ventura, ao centro da foto vemos do lado direito a Escola de Belas Artes, do lado esquerdo onde funcionava o jornal a Tribuna da Imprensa, e ao fundo a cúpula onde funcionava o hotel dos "soldados da democracia" dos regimentos MR-8, ALN, VPR, COLINA, AP, CM, CORRENTE, DISP, FLN, G-11, JR-8, M3G, MAR E MCR, hotel este também muito conhecido como DOPS. Lembrei mais um LIBELU. Foto 8. Vemos toda a lateral da Faculdade de Letras da UFRJ, a torre da igreja de Sto Antônio, a construção do 3º prédio residencial onde existia a Vila Rui Barbosa, cujo o projeto total previa a contrução de mais 7 outros prédios e eu nunca saiu do papel, ficou paralisado durante quase 3 décadas e onde hoje foi construído o complexo técnico da Petrobras recentemente, o estacionamento visto pela lateral da faculdade foi onde existiu por pouco tempo o campo do Real.

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    1. Lino Coelho, o "hotel dos soldados da democracia" só abriga atualmente órgãos burocráticos e o Museu da Pcerj. Na verdade o Departamento de Ordem Política e Social atuou de forma menos intensa a partir de 1970 quando foi criado o famigerado Doi-Codi com sede na Barão de Mesquita. A partir daí os "elementos perniciosos" de maior notoriedade não eram tão frequentemente encaminhados ao prédio da Rua da Relação 42. Cheguei a trabalhar no princípio dos anos 80 da Divisão de Investigações do Dops naquele prédio. Já não se ocupava mais de "crimes políticos" e atuava em crimes comuns e ainda havia presos naquelas dependências. É um belo prédio mas ainda carece de "algum trato". O gabinete de Filinto Mulller está conservadíssimo e faz parte do museu. É aberto ao público e vale a pena conhecer, já que muitos presos ilustres ficaram presos ali. Mas no tempo do Estado Novo o "inferno" mesmo era no quartel da Polícia Especial no Morro de Santo Antonio. Afinal eram "outros tempos"!

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  5. A foto 7 mostra que todo o lado ímpar da rua da Relação e por conseguinte todo o o lado ímpar da Henrique Valadares deveriam ser demolidos para que houvesse alguma coerência nesse projeto. A futura Avenida República do Paraguai que atualmente cruza a Avenida Chile em viaduto não leva à lugar algum e termina abruptamente na Rua da Carioca. Volto a mencionar a qualidade do projeto. Se fosse um projeto atual, poderiam atribuí-lo a um arquiteto "cotista"? Dizem que Lacerda recebeu como pagamento por "serviços prestados" quando atuava na Tribuna da Imprensa, três andares de um prédio a ser construído na futura Avenida Chile e que tais serviços teriam relação com a viabilização efetiva do projeto. Essa suposta negociação é mencionada livro "Carlos Lacerda, o demolidor de presidentes, de Marina Gusmão de Mendonça. O fato é que Lacerda deve ter recebido "muitos presentes" para erradicar todo o sisteme de bondes da Guanabara, e disso eu não tenho dúvida.

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  6. A região estranha como se costuma dizer por aqui.A Catedral eu diria que é um espanto. Será que o Biscoito já saiu do pacote?

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  7. Biscoito saindo do pacote... Vou ser breve pois cheguei agora e tem muita coisa para acertar.
    A primeira foto mostra a estação de bondes depois do desmonte do Santo Antônio. Era chamada de Nova Brasília, ou simplesmente Brasília. É a melhor foto que ja vi da estação. Pena que o fotógrafo não esperou um bonde.
    Em atenção ao Belletti, lata dupla e tatu duplo, informo que na foto 4 está um magnífico Buick 47-48 conversível, logo atrás de um carrinho inglês pequeno, Austin, ou Morris, também 47, pretinho. Comparar os dois automóveis, com características tão diversas e da mesma época, só com sorrisos.
    Depois eu volto.

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  8. Estava esperando o "biscoito" dar o pitaco. Esse Buick era bem bonito.

    Se eu ganho na Mega-Sena, ia "cultivar" uns cinco clássicos...

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  9. Boa tarde ! Pois é, andei muito por aí nessa época, quando ainda estudava no Cruzeiro. Aliás, falando nisso, me lembrei de um fato hilário que ocorreu com o meu vizinho, lá da Vila Jardim Santa Cecília. Na época, havia um ponto de ônibus, da CTC, mais ou menos em frente à estação dos bondes de Santa Teresa, na avenida Chile. Vinha meu vizinho passando pelo ponto de ônibus, quando divisou dentro do mesmo uma conhecida dele que já havia passado pela roleta e já se encontrava instalada em uma das poltronas do veículo. Acenou para ela e lhe disse para ela descer, pois ele lhe daria uma carona. Aceitando o gentil convite, ela desceu do ônibus e os dois, conversando, se dirigiram ao estacionamento para pegar o carro dele. Chegando no dito, procura daqui, procura dali, e nada de ele encontrar o carro dele. Foi quando, subitamente, se lembrou que naquele dia, não havia ido de carro para o centro... (Pano rápido).

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  10. Só falta mesmo acabarem com o que restou da rua da carioca.

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  11. Vários registros nessas fotos e entre outros noto a falta de registro do começo da construção do Prédio da Petrobras, da Catedral, esses também já antigos. Foto 6 o Pastor procurando o caminho de casa.

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  12. Em 1959 a estação dos bondes de Santa Teresa funcionava junto à garagem, que ficava em uma parte do morro ainda de pé, voltada para Senador Dantas entre a nova avenida e Evaristo da Veiga. Ficava na altura do quinto andar dos prédios da citada rua. Em 1961 ou 62 a estação passou a funcionar em um ponto quase "ao rés do chão" entre a pista da nova avenida e a Catedral. Isso pode ser visto no filme "Orfeu Negro". Como frequentador da região naquele tempo, o Walther pode explicar melhor.

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    1. Eu também posso. A estação dos bondes não ficou junto à garagem. Ali sempre foi uma parada para aguardar a passagem de outro bonde pelos Arcos. Depois da gare no edifício da Seda Moderna, a estação passou para o rés do chão, exatamente onde hoje é o prédio da Petrobras. Mais tarde, passou para sobre a garagem do prédio da Petrobras. A cena em Orfeu Negro retrata uma ficção e, mesmo nela, nela, apenas a bonitona sobe no bonde. Os passageiros nunca desceram ali para ir até a Senador Dantas, posso garantir.

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    2. Dieckmamm, então ali não havia embarque e desembarque de passageiros? A ficção mal feita foi a de Orfeu conduzindo um bonde pela Senador Dantas e Treze de Maio em pleno carnaval e saltar do "mesmo bonde" na garagem citada por você, confere?

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    3. Dieckmann, a foto 1 mostra bem o que postei. O resto de morro que aparece ma foto é o local que menciono. Na parte alta é que ficava a garagem voltada para a Senador Dantas, confere?

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  13. "Boa noite".

    Mais uma aula do Decourt. Passava pela Avenida Chile vindo do Rio Comprido para a Praça XV ou Castelo.

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  14. Na foto do Buick, o carrinho pretinho é um Austin 8, 46-47. Quase na esquina de Senador Dantas, há um carro esporte dos anos 50, ao lado de um Mercury 1951 branco. A diferença de altura é grande. Pode ser um MGA, ou algum Fiat, está difícil.
    Na quinta foto, na calçada do Teatro, um reluzente Buick 1951. Mais atrás, um saia e blusa, talvez alemão e um Citroên Traction 11 Familiale, muito grande.
    Na outra calçada, um Pontiac 1951 e um Jaguar Mk VII.

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