Vemos hoje fotos do bonde 14 – General Osório, a linha que mais utilizei, pois fazia o trajeto entre minha casa em Copacabana e o colégio em Botafogo.
Nesta fotografia vemos o bonde 14, com destino à Praça General Osório em Ipanema, trafegando pela contramão pela Av. N. S. de Copacabana. Até o início dos anos 60 o tráfego era muito complicado nesta avenida, pois além da contramão que os bondes faziam em toda a sua extensão, como ainda não existia o túnel no final da Rua Barata Ribeiro, havia um trecho também em mão-dupla para automóveis, entre as ruas Djalma Ulrich e Francisco Sá.
O trajeto do 14 era: Tabuleiro da Baiana - Senador Dantas - Luís de Vasconcelos - Augusto Severo - Largo da Glória - Russel - Praia do Flamengo - Tucumán - Senador Vergueiro - Praia de Botafogo - Marquês de Olinda - Bambina -São Clemente - Real Grandeza - Túnel Velho - Siqueira Campos - N. S. de Copacabana - Francisco Sá - Gomes Carneiro - Visconde de Pirajá - Teixeira de Melo - Praça General Osório.
Era o bonde que muitos amigos pegávamos ao sair do Colégio Santo Inácio. O Stross e o Zé Pedro nem pagavam passagem, pois saltavam logo ali na Real Grandeza. Passado o Túnel Velho descia toda a turma da Santa Clara e da Siqueira Campos, como o Padilha, o Guedes, o Jonas, o Belmiro. No último ponto da Siqueira Campos era a vez do Plinio e, às vezes, do Manoel e do Freddy (quando não queriam pegar o 21 - Circular). Ali perto da Figueiredo Magalhães descia toda a turma da Domingos Ferreira, como o Alexandre, o Pieranti, o Marcelo, o Bene, o Tuca, o Chico. No ponto entre Raimundo Correa e Dias da Rocha, bem em frente à "Spaghettilandia", desciam o Bauer, os Falcão, os Araújo Pena, os D´. E ainda seguia muita gente até o final de Copacabana, como o Osvaldo, que não vejo há décadas. No ponto final, na General Osório, toda a turma de Ipanema: o Renato, o Severiano, o Sanson, o Arnizaut, o José Norberto, o Visconti, o Norton, o Fontainha. Infelizmente meia-dúzia dos citados já se foram.
Hoje vemos uma fotografia do bonde 14, com uma estranha
abreviatura no título (PR. GENal. OSORIO), vindo de Copacabana em
direção ao Centro da Cidade. A rua é a Real Grandeza, na lateral do cemitério.
Os passageiros que vinham de Ipanema ou Copacabana tinham acabado de pagar a
"segunda seção" ao condutor. A "primeira seção" ia de
Ipanema até o primeiro ponto após o Túnel Velho, em frente a uma grande loja de
flores (ali se faziam as coroas que ornamentavam os caixões). Como o bonde
estava vazio e pelas sombras suponho que já fosse o meio da manhã e os alunos
do Santo Inácio, do Jacobina, do Anglo-Americano, do Santa Rosa de Lima, do
Imaculada Conceição e demais colégios de Botafogo já nas salas de aula. A Real
Grandeza era uma típica rua em que se colocavam os automóveis sobre os trilhos
de bonde para evitar a trepidação dos paralelepípedos. O problema era nos dias
de chuva, pois a chance de derrapar era grande. Este trecho da rua atualmente
parece ser mais largo, embora os imóveis baixos sejam ainda a predominância.
Como terá se dado o alargamento? Às custas de terreno do cemitério? Foto:
Arquivo Nacional
Nesta foto vemos o bonde 14 bloqueado pelos estudantes em frente ao prédio da UNE na Praia do Flamengo, por conta de uma greve contra o aumento das passagens. Provavelmente em 1957. O letreiro mantém a mesma estranha abreviação da Praça General Osório.
Aqui vemos um grave acidente com obonde 14. O guarda de trânsito ainda usava aquele antigo uniforme com bonè e calças esverdeadas. O local parece ser a Rua Bambina, mas não tenho certeza. Foto da Última Hora.
Tenho ainda uma bela foto do bonde 14, colorida, mas sem autorização para postá-la.
Olá, Dr. D'.
ResponderExcluirO bonde marcou uma época na cidade. Hoje só Santa Teresa (mal e porcamente) é atendida pelo serviço. Semana passada, o governo estadual lançou um programa para uma eventual privatização desse serviço, conforme nota do Anselmo Góis.
"O governo do Estado abre um Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI), dentro do programa "Facilita RJ", para receber estudos sobre a viabilidade da concessão do sistema de bondes de Santa Teresa.
O projeto vai incluir uma linha da estação da Carioca à estação Silvestre, passando pelas áreas do Curvelo, Largo do Guimarães e Dois Irmãos, um ramal ligando o Largo dos Guimarães ao terminal Paula Mattos, além da manutenção e gestão de todo o sistema."
A conferir...
Acompanharei os comentários de quem já usou os bondes, o que não é o meu caso.
Esse projeto é falacioso quando menciona que "vai incluir uma linha ligando a estação Carioca à estação do Silvestre e um ramal do Largo do Guimarães ao terminal Paula Matos", pois está "chovendo no molhado". Na realidade o sistema de bondes de Santa Teresa possuía originalmente uma "linha tronco" partindo do Largo da Carioca e terminando no Silvestre, passando pelo Curvelo, Guimarães, França, Dois irmãos, e Lagoinha; uma linha (Paula Matos) ligando o Largo da Carioca ao Largo das Neves, passando pelo Largo dos Guimarães; uma linha que partia da rua do Riachuelo (Francisco Muratori) e se incorporava à linha tronco antes do Curvelo. Que me corrijam os mais antigos.
ExcluirNa primeira fotografia, um Ford camionete (ou Woody, como se fala na Barra) de 1946 a 1948. As repartições usaram muitos carros desses até os anos 60. Esse tem a placa branca e na plaqueta indica ser do Serviço Público Federal, do Distrito Federal, 1949, o nove por minha conta. 1943 não pode ser porque o friso do paralama traseiro dos modelos 41-42 era mais fino. Do outro lado do bonde, um Cadillac 46-47 vai sumindo em direção ao velório.
ResponderExcluirNa foto dos estudantes, um Chevrolet 48 furgão (Advanced Design) bem escondido para não ser tomado de assalto.
Bom Dia! No meu entendimento o bonde é que deveria se chamar ônibus.Pois era mais "para todos" que os veículos que carregam este nome. Faltam 52 dias.
ResponderExcluirO trajeto do General Osório era utilizado também por aqueles que moravam "no miolo" de Botafogo. A partir de Setembro de 1962 o Túnel Velho passou a ser o caminho obrigatório para todas as linhas de boné com destino a Copacabana e Ipanema. A razão dessa mudança se deveu ao início da operação dos Trolley-buses com destino a Copacabana cujo trajeto seria pelo Túnel Novo. Isso se manteve até Março de 1963, quando foi encerrado o tráfego de bondes para Copacabana e Ipanema, mas a circulação de bondes na zona sul se encerrou definitivamente em 21 de Maio de 1963.
ResponderExcluirO alargamento da Real Grandeza ocorreu com a demolição de parte dos imóveis da pista da direita em direção ao túnel. Não sei a data exata desse alargamento. O período de 1962/63 foi confuso no setor de transporte público na região de Botafogo, já que ocorreu a coexistência de bondes e Trolley-buses, contando ainda com uma garagem para os bondes (Voluntários da Pátria) e outra para os Trolley-buses (Largo do Machado), ainda que por breve período.
ResponderExcluirO comentário da segunda foto, em relação a estreita pista na lateral do cemitério é pertinente. Confirmei agora no Street View, que todas as construções do lado direito foram derrubadas para o alargamento da rua.
ResponderExcluirDepois ficam dizendo que como no passado o Rio era bom, imaginemos a loucura dos bondes na contramão e os acidentes que isso ocasionava. Isso que éramos capital imagina o resto do país.
ResponderExcluirbom dia.Por onde anda o Sr.Do contra?
ResponderExcluirsempre fui avesso ao metro abaixo da terra no RJ. Deveríamos copiar Chicago com metro aéreo. Não é das coisas mais bonitas, mas seria muito mais barato e eficiente. 1 km de metro aéreo custa 50x menos do que o subterrâneo
ResponderExcluir. As cidades que fizeram metros subterrâneos, fizeram em tempos antigos, como Paris, Londres e NYC. Hoje é um grande problema de desapropriação, etc...Desestabiliza o terreno, pp aqui, um terreno arenoso.
Bom dia a todos. Sou fã dos bondes, acho que poderiam conviver tranquilamente nos dias de hoje, para isso bastava que assim como as ruas e avenidas se adequaram a mão única, bastava o mesmo ser feito com os trilhos dos bondes. Mas acho que os bondes deveriam ter percursos curtos e de preferência abrangendo no máximo dois bairros, com trajeto pelas ruas internas desses bairros cujo o transporte público de ônibus não utilizam.
ResponderExcluirPostagem de bonde no SDR é igual aquele jogador de que tem o mesmo apelido, quase todos dizem que ele é ruim, mas sempre comentam falando das suas virtudes.
Hoje eu dia, com a malandragem que domina o Rio, pouquíssimos pagariam o bonde. Prejuízo certo!
ExcluirOs bondes serviram à cidade desde 1866 a 1966. Um século. Foram o maior fator de expansão da cidade e vários bairros surgiram ou se desenvolveram graças a eles.
ResponderExcluirMas vivem sendo criticados aqui.
Peço ao Luiz que poste fotos dos famigerados ônibus elétricos, que só serviram à Zona Sul durante 4 anos e à cidade como um todo durante 9 anos. Isso tudo após um projeto mal feito, mal implantado, e que não serviu a nada para a cidade, exceto para enriquecer alguns.
E ficarei aguardando as críticas que essa excrescência merece. Aposto que os que desmerecem os bondes se calarão e fecharão a matraca.
Fico no aguardo da postagem.
Quando os bondes a burro começaram a circular, em 1866, a passagem era de 100 ou 200 réis, dependendo do trajeto. Em 1942, ou seja, 76 anos depois, o preço continuava a ser 200 réis. Tenho uma foto do bonde 2048, linha Cascadura, com a plaqueta indicativa do preço.
ResponderExcluirComo uma empresa pode renovar a frota e dar lucro com essas condicões? Ai a culpa é dos bondes, acusados de ultrapassados.
Façam o mesmo com as empresas do Barata, congelando o preço das passagen de ônibus de hoje até 2097, e vamos ver como estarão os coletivos naquele ano.
Tenham a santa paciência! Critiquem quando tiverem conhecimento da situação.
Tive nas mãos um estudo solicitado pela Light a uma consultoria canadense, em 1925. Era sugerida a construção de uma linha de metrô, com os bondes alimentando aquele meio de transporte. Em 1925. O govetno não aceitou a sugestão.
ResponderExcluirO metrô começou a ser construído quase meio século depois. E não substituiu os milhares de ônibus que circulam na cidade.
Mas a culpa é dos bondes e da Light.
A Jatdim Botánico inaugurou tração elétrica em 1892. Quinze anos depois, todo o centro, os bairros periféricos e toda a área de São Cristóvão, além da Tijuca, Andaraí e Grajaú eram ainda servidos por bondes a burro. A Light assumiu o serviço de bondes em 1907 e três anos depois TODAS AS LINHAS estavam eletrificadas.
ResponderExcluirMas a Light é uma merda. Bom mesmo eram a CTC e as companhias de ônibus do Barata.
É mais ou menos assim: você contrata um engenheiro para projetar uma casa térrea. Ai, vinte anos depois, você constrói dois andares e tudo desaba. E você culpa o engenheiro pelo desastre.
ResponderExcluirOu ele, em 1940, projeta a tubulação d'água em chumbo e ferro. Décadas depois surgem os tubos em PVC. Quando a tubulação antiga entope, você culpa o engenheiro.
Concordo com quase tudo que vc disse. Há bondes circulando muito bem em cidades menores do que o RJ como Sevilha, Amsterdã, etc... Aqui seria um problema para o transito. Mal o RJ consegue conviver com o VLT.
ExcluirAlém do bonde de Sta. Teresa temos o bonde VLT na região portuária e Centro em linhas que poderiam ser expandidas.
ResponderExcluirBom mesmo era andar de bonde entre Botafogo e o Catete, no segundo carro (reboque), à tarde, indo e voltando das aulas de alfabetização acompanhado pela minha mãe. Ou, ir à praia no Posto 6. (na realidade tenho lembrança de voltar do Posto 6 para Botafogo de bonde, mas de ir sempre de lotação, não sei porque)
ResponderExcluirAh, e o que eu queria mesmo era viajar de pé no estribo, mas os bondes acabaram antes que tivesse idade suficiente para isto.
Enfim, lembranças de uma cidade em que era mais fácil, menos estressante, viver.
Bom fim de semana para todos.
O que o mestre Hélio comentou sobre os bondes: "Foram o maior fator de expansão da cidade e vários bairros surgiram ou se desenvolveram graças a eles", é corretíssimo.
ResponderExcluirEm "Big Field" as regiões de Cabuçu/Rio da Prata, Ilha e Pedra, não teriam se adensado e desenvolvido sem os bondes.
Parece que no antigo estado do Rio apenas Niterói, São Gonçalo e Campos tiveram bondes. Fez falta em muitas outras regiões...
A pesquisadora Elisabeth van der Weid publicou um trabalho intitulado "O bonde como elemento de expansão urbana no Rio de Janeiro" (facilmente encontrado na Internet, no site da Fundação Casa de Ruy Barbosa). Nesse trabalho ela disseca como os bondes, desde os puxados a burro até os elétricos, contribuíram para o progresso e a expansão da cidade.
ResponderExcluirBairros inteiros devem sua existência a eles, como Vila Isabel, Copacabana, Ipanema e Leblon, para citar apenas alguns. Outros progrediram enormemente com eles, como Tijuca e Andaraí.
Os detratores dos bondes se apegam aos últimos momentos de sua existência, já sucateados e enfrentando a má vontade do governo e a concorrência de ônibus e lotações, para falar mal deles.
É como olhar um velhinho moribundo e criticar o fato de ele só dar trabalho e despesa, esquecendo todos os anos em que ele foi útil e prestou grandes serviços.
Antes de falar mal dos bondes, sugiro lerem o trabalho da Elisabeth van der Weid que citei em outro comentário e compararem com a grande contribuição que a CTC, os ônibus elétricos e as frotas do Barata e de outros insetos fizeram à cidade.
ResponderExcluirO VLT deveria ser expandido, já que já provou sua excelência. Tenho ultimamente viajado nele e a sua qualidade se mantem. Há que se concordar que não há vandalismo, muito em razão de o centro do Rio ser bem policiado. O Centro da cidade tem sido ultimamente assolado por desocupados e marginais em geral e não sei se sem esse policiamento o VLT ficaria incólume.
ExcluirNão esquecendo também o sucateamento da frota de ônibus provocado pela brilhante ideia do Eduardo Paes ao criar os consórcios de empresas. Várias delas faliram depois disso e outras, que eram modelo de eficiência, viraram ferro-velho, como a Real, a Nossa Senhora de Lourdes, a São Silvestre, a Redentor.
ResponderExcluirSerá um bom assunto para uma postagem nesse blog: os ônibus elétricos, a CTC, o Barata e outros insetos e sua grande contribuição para o progresso da cidade. Fica a sugestão. Sem esquecer as vans dominadas pela milícia.
O "golpe" contra os bondes começou no final dos anos 40 quando a Light foi proibida de aumentar o preço das passagens. A compra dos 200 ónibus elétricos italianos nos anos 50, sua implantação em 1962, sua rápida evicção, e o decreto que proibiu os lotações e obrigou seus donos a constituem empresas de ônibus, foram etapas de um plano onde vários atores lucraram e "apenas o Rio se f..". A CTC nunca poderia dar certo no Rio, principalmente depois do Governo Brizola. Quanto ao transporte alternativo, eles prosperaram graças às milícias que se formaram na zona oeste por motivos que não cabem ser discutidos aqui. O fato é que embora muitos aqui possam discordar, até 1985 não havia milícias, tráfico de drogas, ou transporte alternativo na zona oeste.
ExcluirA Estrela Azul faliu em 2019, que tinha linhas importantes como a 434 e 435, Grajau-Gávea e a Vila Isabel está indo pelo mesmo caminho. Acabou com a linha 439, Vila Isabel-Leblon, que trefegava pelo Rebouças. Soube através de um ex-motorista que fiz amizade, que me levava diariamente do Leblon ao Centro, que hoje a situação é caótica, com 5 meses de atraso salarial.
ExcluirE não podemos nos esquecer da grande contribuição que Lulu & Dudu com todo esforço e humildade deram ao desenvolvimento do Rio.
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