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terça-feira, 18 de janeiro de 2022

GRANDE HOTEL INTERNACIONAL

Está decidido. Já fiz uma reserva para o “feriadão” no Grande Hotel Internacional por indicação do mestre Rouen. Após ler este anúncio, escrito numa língua parecida com “portunhol” fiquei entusiasmado.

Segundo já contou obiscoitomolhado um amigo assim descreveu o local do hotel: “O Hotel Internacional era em seguida e atrás dos Bombeiros. Ficava num terreno plano com 5000 metros quadrados, que pertence a um amigo meu, que construiu uma casa com elementos de concreto pré-fabricados, pela firma dele de postes de concreto "Cavan". Talvez ele tenha preservado partes do piso onde era a cozinha, alguns muros, mas o casarão já tinha sido demolido. Ele tem entrada para carros pela estrada da Equitativa, no primeiro larguinho antes da subida.” Nada tem a ver com o atual Hotel Santa Teresa.

Monsieur Rouen, o “Sherlock” dos FRA-Fotologs do Rio Antigo, andou por lá e deu uma dica importante da localização: “Resumindo, antes de chegar nos Bombeiros, quando se vem dos Arcos da Lapa, pegar uma pequena rua (Rua Moacir Santos Silva) que passa por detrás do prédio do Corpo de Bombeiros. Estaremos praticamente por cima do Túnel Rebouças. Lá, no início da rua, iremos encontrar à direita um resto do pilar que sustentava o portão e à esquerda um muro com decoração de “raízes” como era comum na época.”


Postal garimpado pelo Tumminelli. O texto, traduzido, seria mais ou menos: “Querido(a), aí está a vista do hotel e do chalé onde estou hospedado, assim como também o restaurante onde faço minhas refeições. Receba uma quantidade de bons beijos”. Talvez a assinatura seja “Papa”.


Foto garimpada pela desaparecida Julinha mostrando a bela vista que tinha o hotel. Pertencia a Ferdinand Mentges, que propagava o maravilhoso clima de Santa Teresa em seus anúncios.

A primeira referência a ele, feita no Almanaque Laemert é de 1892. Ele funcionou até meados dos anos 30. O prédio do hotel foi construído para abrigar um sanatório para doenças do pulmão. Anos mais tarde tornou-se um dos principais hotéis da cidade. O hotel era mais cosmopolita, além de pianos e bilhares para o entreter os hóspedes, ele oferecia a moda inglesa das quadras de tênis e do campo de cricket.


E para esta foto enviada pelo Carlos Paiva, que apareceu há tempos no “Saudades do Rio”, o Sr. Eleuterio Miranda, irmão do pranteado General Miranda, mandou cópia de um antigo alfarrábio que dizia: “O edifício onde ficava o Hotel Internacional, foi construído outr'ora para um Sanatório para tuberculosos em um ponto bastante elevado, abrigado por várias colinas, as de Polux e Castor, a Serra do Corcovado etc. Pertenceu, successivamente, a particulares, à Companhia Melhoramentos de Santa Thereza e finalmente tornou-se propriedade do Sr. Ferdinand Mentges, em 1893. O Hotel, situado na collina de Santa Thereza, na Rua do Aqueduto 76, é favorecido por um clima muito mais suave que o da Cidade. Observa-se alli uma differença notável de temperatura para 3º ou 4º menos que na Cidade.

As communicações para o Hotel são as melhores possiveis, havendo tramways que partem de quarto em quarto d´hora da estação do Largo da Carioca. O percurso dura 20 minutos, em tramway, do Largo da Carioca ao Hotel, e é feito por um caminho muito pittoresco e interessante.

O Hotel está rodeado por mattas e os passeios são muitos e variados, taes como Lagoinha, Sumaré, Sylvestre, Paineiras, Corcovado. O Hotel é principalmente para familias e estrangeiros que desejem residir em logar socegado durante a noite. O seu parque e as suas mattas, da extensão de 40.000 metros quadrados, são de grande attractivo para os estrangeiros.

O Hotel, augmentado e inteiramente reformado no ano de 1911 com todas as commodidades modernas, contém 150 leitos. Divide-se em um edificio central, 3 villas e 10 chalets; a sua sala de jantar, que é uma das mais lindas do Rio de Janeiro, serve também para banquetes, e ha uma grande sala de bilhares, com 4 bilhares, sala de leitura, sala para correspondencia e apartamentos de luxo, com banho particular. Tem o Hotel dois elevadores, um dos quaes para conduzir os viajantes á altura onde ficam os chalets, e um grande jardim com tennis e cricket. A cullinária é affamada. Do alto da collina Pollux, descortina-se magnifico scenário.”

Este hotel, cuja primeira referência que a ele faz o Almanaque Laemmert é de 1892 e que se manteve em funcionamento até a década de 1930, ao lado do Santa Teresa (Rua do Aqueduto 176, atual Almte. Alexandrino), Vista Alegre (Rua do Aqueduto 68), Lisboa (depois Bellevue, na Rua Marinho 1), Estrangeiros (Largo do Catete 1), Metrópole (Rua das Laranjeiras 181), Jourdain (Estrada da Cachoeira, Alto Tijuca), Seaton´s (Rua Conde de Bonfim 117), Ville Moreau (que existiu em Vila Isabel, depois no Andaraí Pequeno e, finalmente na Rua Conde de Bonfim 123), formava a aristocracia da hotelaria do Rio daquela época. O grupo de hotéis acima fazia contraponto aos hotéis de baixa qualidade existentes no Centro do Rio de então.

Do amigo Francisco Patricio recebi esta foto e as abaixo, todas do acervo do Silva. Agradeço a ambos.




 

15 comentários:

  1. Olá, Dr. D'.

    Vou acompanhar os comentários. Sobre o portunhol, o que seria um jardim "ombroso"?

    Do postal em francês, reconheci "voilà", "hotel", "chalet", "vue" e "chérie"...

    Este feriadão não será como os outros.

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  2. Onde fica essa admirável região? Em que país? Ironia à parte e sem comparar o "ontem e o hoje", no local mostrado existe atualmente a favela Paula Ramos cujo núcleo fica na rua do mesmo nome. Ficam na região o "Clube do Alemão" e a antiga casa de festas "Le Buffet", que foi à falência por razões óbvias. De acordo com o texto, os hotéis citados e que se situavam nos números 117 e 123 da rua Conde de Bonfim, possivelmente tratava-se do mesmo prédio e que de acordo com a numeração e levando-se em conta a atualização da mesma, estariam no trecho próximo à Rua e Barão do Amazonas (atual Marquês de Valença). Mas não tenho certeza.

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  3. Bom Dia! Além de acompanhar os comentários sérios, me divirto com aqueles que aproveitam o espaço para mostrar suas preferências políticas.

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  4. Bom dia Saudosistas. Santa Teresa poderia ser o Bairro mais charmoso e valorizado do RJ, com sua localização central da cidade, com vistas deslumbrantes para todas as regiões da cidade, tem todas as prerrogativas para tal, porém o desleixo das autoridades, juntamente com a demagogia vem destruindo o bairro ao longo do tempo. Nasci em Santa Tereza, na Rua Santa Cristina, uma rua que tem uma vista muito bonita para a Igreja da Gloria, do Aterro e da Pça XV, hoje já tem até uma pequena favelinha, que se expande a cada dia. Creio que hoje deva existir mais de 30 favelas espalhadas por Santa Tereza e que se expandem sem qualquer controle. Como seria Sta Tereza com os seus casarões preservados, as ruas de paralelepípedos, os bondes funcionando por todo o bairro, seus antigos armazéns e restaurantes no Curvelo e Largo dos Guimarães e principalmente o ambiente descolado e característico do morador do bairro.

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  5. Ainda dentro do SDR, mas fora da foto de hoje: na postagem do dia 14 coloquei um comentário final que talvez interesse aos amantes da música e/ou aos curiosos.

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  6. Refeições a qualquer hora e até illuminação electra, já tem a minha preferência.
    E tanto lazer que não é preciso sair de suas dependências, pra nada.
    Não vejo a hora de aprender o "emocionante" jogo de cricket.
    Conforme foi ficando menos difícil subir a Serra do Mar, Santa Teresa foi perdendo a preferência como local de veraneio. Petrópolis disparou como principal rival, com Teresópolis, Miguel Pereira e outras localidades de menor expressão vindo bem depois na preferência.
    Atualmente a Região dos Lagos é a principal opção para a "rota de fuga" do verão.

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  7. O Lino está coberto de razão em seu comentário 10:12 mas há muito mais problemas em Santa Teresa e cercanias. Tudo lá é precário u inexistente, desde transporte público ou privado {táxis. O perfil de seus moradores que antes viviam em uma "área nobre" se inverteu por completo. Hoje o Bairro é uma grande favela que possui alguns pontos turísticos cada vez menos visitados. Conheço bastante a rotina do bairro e pode-se ver com clareza a sub-condição em que vivem os moradores. lá é o paraíso dos motoboys e entregadores de qualquer natureza e se acessarem a página de "Amigos de Santa Teresa" poderão perceber que lá "vende-se de tudo", desde quinquilharias como aparelhos usados, botijões da gás, roupas velhas, eletrodomésticos "baratos e sem nota fiscal", celulares a "preços módicos", e se prestarem atenção "otras cositas más". E já que comentei sobre entregadores, a última "pérola do PSOL" foi apresentar um PL no qual as Empresas que utilizam serviços de entrega por motoboys deverão dispor de uma sala de descanso para os entregadores, assistência médica extensiva aos familiares, seguro de acidentes pessoais, prêmio por produtividade, e uma altíssima multa diária para as empresas que não cumprirem. O resultado disso? A Uber Eat, uma empresa internacional com filiais em diversos países, simplesmente encerrou suas atividades desse segmento no Brasil e outras seguirão o caminho. Assim é a esquerda brasileira, oferecendo maravilhas com dinheiro alheio sem oferecer qualquer contrapartida, e aumentando ainda mais o desemprego. Podem imaginar qual será a próxima "atividade laboral" desses motoboys desempregados...

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    1. Joel o PSOL e os partidos de extrema esquerda deveriam ter seus projetos de leis estudados pela NASA. rs, rs, rs.....

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    2. Como diria o Faustão: "Ô lôco, meu!"

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    3. Os projetos do PSL e afins deveriam ser alvo de estudo de uma junta médica...

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    4. Leia julgamentos contra os aplicativos nós EUA e Europa, para dizer dois lugares que admiramos.
      Estrema direita só produz pérolas.

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  8. FF: ontem foram sorteados os confrontos das duas primeiras fases da Copa do Brasil. Botafogo, Flamengo e Fluminense entram somente na terceira fase, quando com mais nove clubes se juntam aos vinte sobreviventes das duas primeiras fases.

    Na primeira fase estão Vasco, Volta Redonda, Portuguesa, Nova Iguaçu e Maricá FC.

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